Se Ela Soubesse (Um Enigma Kate Wise—Livro 1)
De Blake Pierce
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Sobre este e-book
--Avaliações de Livros e Filmes, Roberto Mattos (Once Gone)
SE ELA SOUBESSE (Um Enigma Kate Wise) é o livro nº 1 de uma nova série de suspense psicológico escrita pelo autor best-seller Blake Pierce, cujo best-seller nº 1 Once Gone (livro nº1) (download gratuito) recebeu mais de 1.000 avaliações cinco estrelas.
Kate Wise é uma agente do FBI recém-aposentada e aos 55 anos vive sem os filhos, ela se vê fora de sua tranquila vida de moradora da área nobre quando a filha de uma pessoa amiga é assassinada em uma invasão domiciliar, Kate é implorada para que ajude no caso.
Kate pensou que havia deixado o FBI para trás depois de 30 anos como sua melhor agente, respeitada por sua mente brilhante, habilidades marcantes para lidar com os perigos da rua e uma incrível capacidade de caçar serial killers. No entanto, Kate, entediada com aquela cidade tranquila, em uma encruzilhada da vida, recebe o chamado irrecusável de uma pessoa amiga.
Enquanto Kate caça o assassino, ela logo se vê na linha de frente de uma caçada humana, à medida que mais corpos aparecem - mães moradoras de áreas nobres com seus casamentos perfeitos - fica evidente que há um serial killer atuando nessa cidade pacata. Ela descobre segredos de seus vizinhos que ela desejaria nunca ter tomado conhecimento, descobrindo que nem tudo é o que parece neste mundo perfeito. Casos extraconjugais e mentiras desabrocham sem cessar, e Kate deve vasculhar esse ponto nevrálgico da cidade se ela quiser impedir que o assassino ataque novamente.
Mas esse assassino está um passo à frente dela, e pode acabar colocando Kate em perigo.
Um thriller cheio de ação, um suspense emocionante, SE ELA SOUBESSE é o livro nº1 de uma série nova e fascinante que fará você virar páginas até tarde da noite.
O livro nº 2 da série de enigmas KATE WISE agora também está disponível para pré-encomenda.
Blake Pierce
Blake Pierce is author of the #1 bestselling RILEY PAGE mystery series, which include the mystery suspense thrillers ONCE GONE (book #1), ONCE TAKEN (book #2) and ONCE CRAVED (#3). An avid reader and lifelong fan of the mystery and thriller genres, Blake loves to hear from you, so please feel free to visit www.blakepierceauthor.com to learn more and stay in touch.
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Se Ela Soubesse (Um Enigma Kate Wise—Livro 1) - Blake Pierce
se ela soubesse
(um enigma da série kate wise - livro 1)
b l a k e p i e r c e
Blake Pierce
Blake Pierce é o autor da série de enigmas RILEY PAGE, com doze livros (com outros a caminho). Blake Pierce também é o autor da série de enigmas MACKENZIE WHITE, composta por oito livros (com outros a caminho); da série AVERY BLACK, composta por seis livros (com outros a caminho), da série KERI LOCKE, composta por cinco livros (com outros a caminho); da série de enigmas THE MAKING OF RILEY PAIGE, composta de dois livros (com outros a caminho); e da série de enigmas KATE WISE, composta por dois livros (com outros a caminho).
Como um ávido leitor e fã de longa data do gênero de suspense, Blake adora ouvir seus leitores, por favor, fique à vontade para visitar o site www.blakepierceauthor.com para saber mais a seu respeito e também fazer contato.
Direitos Autorais © 2018 por Blake Pierce. Todos os direitos reservados. Exceto conforme o permitido sob as Leis Americanas de Direitos Autorais (EUA Copyright Act, de 1976), nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, distribuída ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, ou armazenada em um sistema de banco de dados ou de recuperação, sem a prévia autorização do autor. Este e-book é licenciado apenas para seu prazer pessoal. Este e-book não pode ser revendido ou distribuído para outras pessoas. Se você gostaria de compartilhar este livro com outra pessoa, adquira uma cópia adicional para cada destinatário. Se você está lendo este livro e não o comprou, ou ele não foi comprado apenas para o seu uso, então, por favor, devolva o livro e compre a sua própria cópia. Obrigado por respeitar o trabalho duro deste autor. Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, empresas, organizações, locais, eventos e incidentes são um produto da imaginação do autor ou são usados ficticiamente. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência. Imagem da capa Copyright Elena Belskaya, usada sob licença da Shutterstock.com.
LIVROS ESCRITOS POR BLAKE PIERCE
SÉRIE DE ENIGMAS KATE WISE
SE ELA SOUBESSE (Livro nº1)
SE ELA VISSE (Livro nº2)
SÉRIE OS PRIMÓRDIOS DE RILEY PAIGE
ALVOS A ABATER (Livro #1)
ESPERANDO (Livro #2)
SÉRIE DE MISTÉRIO DE RILEY PAIGE
SEM PISTAS (Livro #1)
ACORRENTADAS (Livro #2)
ARREBATADAS (Livro #3)
ATRAÍDAS (Livro #4)
PERSEGUIDA (Livro #5)
A CARÍCIA DA MORTE (Livro #6)
COBIÇADAS (Livro #7)
SÉRIE DE ENIGMAS MACKENZIE WHITE
ANTES QUE ELE MATE (Livro nº1)
ANTES QUE ELE VEJA (Livro nº2)
ANTES QUE COBICE (Livro nº3)
ANTES QUE ELE LEVE (Livro nº4)
ANTES QUE ELE PRECISE (Livro nº5)
ANTES QUE ELE SINTA (Livro nº6)
ANTES QUE ELE PEQUE (Livro nº7)
ANTES QUE ELE CAÇE (Livro nº8)
ANTES QUE ELE ATAQUE (Livro nº9)
SÉRIE DE ENIGMAS AVERY BLACK
MOTIVO PARA MATAR (Livro nº1)
MOTIVO PARA CORRER (Livro nº2)
MOTIVO PARA SE ESCONDER (Livro nº3)
MOTIVO PARA TEMER (Livro nº4)
MOTIVO PARA SALVAR (Livro nº5)
MOTIVO PARA SE APAVORAR (Livro nº6)
SÉRIE DE ENIGMAS KERI LOCKE
UM RASTRO DE MORTE (Livro nº1)
UM RASTRO DE HOMICÍDIO (Livro nº2)
UM RASTRO DE IMORALIDADE (Livro nº3)
UM RASTRO DE CRIME (Livro nº4)
UM RASTRO DE ESPERANÇA (Livro nº5)
SUMÁRIO
PREFÁCIO
CAPÍTULO UM
CAPÍTULO DOIS
CAPÍTULO TRÊS
CAPÍTULO QUATRO
CAPÍTULO CINCO
CAPÍTULO SETE
CAPÍTULO OITO
CAPÍTULO NOVE
CAPÍTULO DEZ
CAPÍTULO ONZE
CAPÍTULO DOZE
CAPÍTULO TREZE
CAPÍTULO QUATORZE
CAPÍTULO QUINZE
CAPÍTULO DEZESSEIS
CAPÍTULO DEZESSETE
CAPÍTULO DEZOITO
CAPÍTULO DEZENOVE
CAPÍTULO VINTE
CAPÍTULO VINTE E UM
CAPÍTULO VINTE E DOIS
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
CAPÍTULO VINTE E CINCO
CAPÍTULO VINTE E SEIS
CAPÍTULO VINTE E SETE
CAPÍTULO VINTE E OITO
CAPÍTULO VINTE E NOVE
CAPÍTULO TRINTA
CAPÍTULO TRINTA E UM
CAPÍTULO TRINTA E DOIS
CAPÍTULO TRINTA E TRÊS
CAPÍTULO TRINTA E QUATRO
CAPÍTULO TRINTA E CINCO
CAPÍTULO TRINTA E SEIS
CAPÍTULO TRINTA E SETE
CAPÍTULO TRINTA E OITO
CAPÍTULO TRINTE E NOVE
PREFÁCIO
Ele não viu ninguém que lhe observasse enquanto se esgueirava pela tranquila rua suburbana à noite. Era uma hora da madrugada e era o tipo de vizinhança onde as pessoas iam para a cama cedo, uma noite agitada consistia em muitas taças de vinho enquanto se assistia ao The Bachelor.
Era o tipo de lugar que ele desprezava.
Eles pagavam taxas de associação de propriedade, pegavam as fezes de seus cães em pequenos sacos de plástico para não desagradar seus vizinhos, e seus filhos certamente praticavam esportes não apenas nos campeonatos do ensino médio, mas em campeonatos privados do condado. O mundo era um mar de rosas para eles. Eles se sentiam seguros. Claro, eles trancavam suas portas e ligavam os alarmes, contudo, eles se sentiam seguros.
Isso estava prestes a mudar.
Ele andou até um gramado. Certamente ela estaria em casa agora. Seu marido estava viajando a negócios em Dallas. Ele sabia qual janela era a janela do quarto dela. E ele também sabia que o alarme de segurança nos fundos da casa não funcionava quando chovia.
Ele se mexeu e sentiu a presença da faca, enfiada na parte de baixo das costas, entre o elástico da cueca e o jeans. Ele ficou na lateral da casa, abriu a garrafa de água que levava e, quando chegou aos fundos da casa, parou. Havia a luz verde brilhante saindo da pequena caixa do alarme de segurança. Ele sabia que, se tentasse destruí-la, o alarme dispararia. Ele sabia que, se tentasse abrir uma porta ou abri-la, o alarme dispararia.
Mas ele também sabia que o alarme estragava na chuva. Acontecia por causa da umidade, mesmo esse tipo de sistema sendo cem por cento impermeável. Com isso em mente, ele levantou a garrafa de água e a derramou.
Ele viu quando a pequena luz verde piscou, ficou fraca.
Com um sorriso, ele entrou na pequena parte do quintal. Ele subiu as escadas da varanda dos fundos. Usar a faca para forçar a porta de tela foi fácil; fez muito pouco barulho na quietude daquela noite.
Ele foi até a cadeira de vime no canto, levantou a almofada e encontrou a chave embaixo. Ele pegou-a com a mão enluvada, foi até a porta dos fundos, enfiou a chave, girou a fechadura e entrou.
Uma pequena lâmpada estava acesa no corredor estreito que saía da cozinha. Ele seguiu este corredor até uma escada e começou a subi-la.
A ansiedade rodopiou em suas entranhas. Ele estava ficando excitado - não de uma maneira sexual, mas da maneira como ele costumava ficar quando entrava em uma montanha-russa, a antecipação excitando-o enquanto ele subia, latejando na mais alta subida de trilhos.
Ele segurou a faca, ainda em sua mão, por ter aberto a porta de tela. Do topo da escada, ele levou um momento para apreciar a sensação de estar lá. Respirou sentindo a limpeza daquela casa de classe alta e isso o deixou um pouco enjoado. Era exageradamente familiar, um ambiente exageradamente distante da realidade dele.
Ele odiava isso.
Segurando a faca, ele foi até o quarto no final do corredor. Lá estava ela, deitada na cama.
Ela estava dormindo de lado, os joelhos levemente flexionados. Ela estava vestindo uma camiseta e shorts de corrida, nada muito chamativo, sendo que seu marido tinha ido embora.
Ele caminhou até a cama e a observou dormir por um tempo. Ele se perguntou sobre a natureza da vida. Sobre o quão frágil ela era.
Ele, então, levantou a faca e a abaixou quase casualmente, como se estivesse simplesmente pintando ou golpeando uma mosca.
Ela gritou, mas apenas por um momento - antes de ele abaixar a faca de novo. E de novo.
CAPÍTULO UM
Entre as muitas lições de vida importantes que seu primeiro ano de aposentadoria completa havia ensinado a Kate Wise, a mais importante era essa: sem um plano sólido a aposentadoria poderia ficar entediante bem rapidamente.
Ela ouviu histórias de mulheres que haviam se aposentado e escolheram atividades diferentes. Algumas abriram pequenas lojas online no Etsy. Algumas se envolveram com pintura e crochê. Outras testaram a mão escrevendo um romance. Kate achava que todas estas atividades eram boas para se passar o tempo, mas nenhuma delas tinha apelo para ela.
Para alguém que havia passado mais de trinta anos da vida com uma arma presa ao seu lado, achar maneiras de ficar felizmente preocupada era difícil. Fazer tricô não iria substituir a emoção de uma perseguição a pé de um assassino. Jardinagem não iria recriar o pico de adrenalina de invadir uma residência sem antes saber o que esperava do outro lado da porta.
Como nada que ela tentasse parecia sequer chegar perto de atingir a alegria que havia sentido como agente do FBI. Ela parou de procurar após alguns meses. A única coisa que quase chegou perto eram as suas idas ao stand de tiro, que ela fazia duas vezes na semana. Ela iria mais vezes se ela não temesse que os membros mais jovens no stand pudessem começar a achar que ela não era nada além de uma agente aposentada que estava tentando recapturar um momento no tempo quando ela havia sido grandiosa.
Era um medo razoável. Afinal, ela presumia que isso era exatamente o que ela estava fazendo.
Era uma terça-feira logo depois das duas da tarde, quando esse fato a acertou como uma bala entre os olhos. Ela havia acabado de voltar do stand de tiro e estava colocando sua pistola M1911 de volta na sua cômoda na cabeceira da cama, quando seu coração pareceu parar do nada.
Trinta e um anos. Ela passou trinta e um anos com o departamento. Ela foi parte de mais de uma centena de batidas e havia trabalhado como parte de uma força tarefa especial para casos de alto escalão em vinte e seis ocasiões. Ela era reconhecida por sua velocidade, seu pensamento ágil e aguçado e uma atitude de não dar a mínima no geral.
Ela também era conhecida por sua indumentária, algo que ainda a incomodava um pouco mesmo aos cinquenta e cinco anos. Quando ela se tornou uma agente aos vinte e três anos, não demorou muito para ela receber apelidos grosseiros como Pernas e Barbie ─ nomes que provavelmente fariam os homens serem despedidos hoje em dia, mas que na época quando ela era mais jovem, eram comuns para agentes mulheres.
Kate havia quebrado alguns narizes no FBI, porque agentes pegaram na sua bunda. Ela havia jogado um agente de um elevador em movimento quando ele sussurrou algo obsceno em seu ouvido atrás dela.
Embora os apelidos tenham ficado com ela até quase os quarenta anos, os assédios e olhares maliciosos não. Depois que a história se espalhou, seus colegas homens aprenderam a respeitá-la e a olhar além do seu corpo ─ um corpo, ela sabia com algum nível de orgulho, que sempre foi bem cuidado e que a maioria dos homens consideraria um dez.
Mas agora, aos cinquenta e cinco anos, ela se viu perdendo até os apelidos. Ela não achou que a aposentadoria seria assim tão difícil. O stand de tiro era legal, mas era apenas um fantasma sussurrando o que seu passado havia sido. Ela tentou enterrar seu anseio pelo passado lendo. Ela havia decidido que ela iria ler sobre armas em particular; ela lia inúmeros livros sobre a história do uso de armas, como eram fabricadas, a preferência de generais por certos armamentos e coisas do tipo. Era por isso que agora ela usava uma M1911, por causa da sua rica história envolvendo uma variedade de guerras americanas, um modelo mais antigo dela foi usado já na Primeira Guerra Mundial.
Ela tentou ler livros de ficção, mas não conseguiu entrar nessa ─ embora ela realmente gostasse muito dos livros relacionados a crimes virtuais. Quando ela revisitou livros que ela adorou nos seus anos mais jovens, não encontrou qualquer coisa interessante nas vidas dos personagens falsos. E, como ela não queria se tornar a triste senhora recentemente aposentada que passava todo o tempo na biblioteca local, ela comprou todos os livros que ela leu no último ano pela Amazon. Ela tinha mais de uma centena deles empilhados em caixas no porão. Ela percebeu que algum dia teria que construir algumas estantes de livros e transformar o lugar em um local adequado para leitura.
Não era como se ela tivesse muito mais a fazer.
Embalada pela ideia de que ela havia passado o último ano de sua vida sem fazer muita coisa, Kate Wise se sentou lentamente em sua cama. Ela ficou ali por vários minutos sem se mover. Ela olhou para a mesa do outro lado do quarto e viu os álbuns de fotos sobre ela. Havia apenas uma única foto de família. Na imagem, seu último marido, Michael, tinha seus braços ao redor da filha deles enquanto Kate sorria ao seu lado. Uma foto da praia que foi mal tirada, mas que sempre aquecia seu coração.
Todas as outras fotos naqueles álbuns, no entanto, eram do trabalho: capturas dos bastidores, fotos das festas de aniversário internas do departamento, ela em seus anos mais jovens nadando, no stand de tiro, na pista de corrida e por aí vai.
Ela viveu o último ano de sua vida da mesma maneira que um interiorano que nunca sai da sua cidadezinha faria. Sempre convivendo com qualquer um que fingia escutar sobre todos os touchdowns que ela pontuou há trinta anos jogando futebol americano no ensino médio.
Ela não era melhor que isso.
Com um leve tremor, Kate se levantou e foi até os álbuns de fotografias na sua mesa. Devagar e quase metodicamente, ela olhou todos os três. Ela viu imagens dela mais jovem, evoluindo pelos anos até que cada foto tirada estivesse em um celular. Ela viu a si própria e pessoas que ela havia conhecido pessoas que morreram logo ao seu lado em casos e começou a perceber que, embora esses momentos tenham sido instrumentais para o seu desenvolvimento, eles não a definiram completamente.
As matérias de jornais que ela havia reunido e guardado na contracapa do seu álbum contava mais da história. Ela era o assunto em destaque em todas elas. No título se lia AGENTE DO SEGUNDO ANO APANHA ASSASSINO A SOLTA; AGENTE É A ÚNICA SOBREVIVENTE EM TROCA DE TIROS QUE ABATEU 11. E então aquela que realmente começou a incitar as lendas: APÓS 13 VÍTIMAS, ASSASSINO DO LUAR FINALMENTE É ABATIDO PELA AGENTE KATE WISE.
Segundo todos os padrões de saúde razoáveis, ela tinha pelo menos mais vinte anos de vida ─ quarenta se ela conseguisse se segurar e lutar contra a morte de alguma maneira. Mesmo se ela ultrapassasse a média e dissesse que ela tinha trinta anos sobrando, batendo as botas aos oitenta e cinco... trinta anos era bastante tempo.
Ela poderia fazer muita coisa em trinta anos, ela supunha. Por cerca de dez desses anos, ela poderia talvez até ter alguns bons anos antes que a idade realmente começasse a entrar e começar a tirar sua boa saúde.
A pergunta, é claro, era o que ela poderia achar para fazer com esses anos.
E, apesar de ter uma reputação como uma das agentes mais inteligentes a passar pelo FBI na última década, ela não sabia por onde começar.
***
Além do stand de tiro e seu hábito quase obsessivo por leitura, Kate também conseguiu gerar o hábito de se encontrar com três outras mulheres toda semana para tomar café. As quatro delas zombavam de si mesmas, alegando que formavam o clube mais triste de todos os tempos: quatro mulheres recém-aposentadas sem ideia do que fazer com seus dias quase completamente livres.
No dia seguinte a sua revelação, Kate dirigiu até a cafeteria escolhida por elas. Era um pequeno negócio familiar no qual não somente o café era melhor que o mingau super precificado do Starbucks, mas também não era lotado de millennials e donas de casa. Ela entrou e antes que fosse até o balcão para fazer seu pedido, viu a mesa de costume nos fundos. Duas das três outras mulheres já estavam por lá acenando para ela.
Kate pegou sua bebida de amêndoas e juntou-se às suas amigas na mesa. Ela se sentou ao lado de Jane Patterson, uma mulher de cinquenta e sete anos que estava aposentada a sete meses de ir e voltar entre empresas como especialista de uma firma de telecomunicações governamental. Em frente a ela estava Clarissa James, a pouco mais de um ano como aposentada desde quando atuava em meio horário como instrutora de criminologia do FBI. A quarta integrante do pequeno e triste grupo, recém-aposentada de cinquenta e cinco anos chamada Debbie Meade, ainda não havia aparecido.
Estranho, Kate pensou. Deb normalmente é a primeira a chegar aqui.
No momento em que ela se sentou, Jane e Clarissa pareceram ficar tensas. Isso era particularmente estranho, porque não era nada parecido com Clarissa ser qualquer outra coisa além de animada. Diferentemente de Kate, Clarissa passou a adorar a aposentadoria rapidamente. Kate supunha que ajudava o fato de Clarissa ser casada com um homem cerca de dez anos mais novo que ela e que competia em campeonatos de natação no seu tempo livre.
O que há com vocês garotas?
perguntou Kate. Vocês sabem que eu venho aqui para ficar motivada com a aposentadoria, certo? Vocês duas parecem bem tristes.
Jane e Clarissa compartilharam um olhar que Kate havia visto inúmeras vezes antes. Durante sua época como agente, ela o viu em salas de estar, salas de interrogatório e salas de espera de hospitais. Era um olhar que traduzia uma única simples questão sem dizer uma palavra: Quem vai contar para ela?
O que foi?
ela perguntou.
De repente, ela ficou bem ciente da ausência de Deb.
É a Deb,
disse Jane, confirmando seu medo.
Bem, não a Deb exatamente,
acrescentou Clarissa. É a filha dela, Julie. Você já a conheceu?
Uma vez, eu acho,
disse Kate. O que aconteceu?
Ela faleceu,
disse Clarissa. Assassinato. Até agora, eles não têm ideia de quem cometeu.
Meu deus,
disse Kate, genuinamente entristecida pela sua amiga. Deb era sua conhecida a cerca de quinze anos, quando se encontraram em Quantico. Kate havia trabalhado como instrutora assistente para uma nova leva de agentes de campo e Deb estava trabalhando com uns gênios da computação em algum tipo de novo sistema de segurança. Elas se deram bem logo de início e se tornaram amigas rapidamente.
O fato de que Deb não ter ligado ou mandado mensagem para ela com a notícia antes de qualquer outra pessoa mostrava como amizades mudavam rapidamente com o passar dos anos.
Quando aconteceu?
perguntou Kate.
Ontem,
disse Jane. Ela me mandou mensagem esta manhã contando.
Eles não tem nenhum suspeito?
perguntou Kate.
Jane deu de ombros. Ela apenas disse que não sabiam quem foi. Sem pistas, sem indícios, nada.
Kate instantaneamente se sentiu entrar no modo agente. Ela