Deitei-me a achar que estava com sono suficiente para dormir... Tinha-me deliciado com as primeiras páginas do livro "Deus não precisa de ti - ter fé em Deus é tudo menos fácil".
Apaguei a luz. Fechei os olhos... Não havia barulho. Ia dormir.
Não havia barulho, mas percebi que também não havia silêncio. Ouvia o meu coração. Não o bater que que ausculto com estetoscópio, nenhum sopro... Ouvia o meu coração numa calma inquieta, num monólogo de quem ama e partilha silêncios. Percebi afinal que rezava. Ou melhor, esta foi a "conclusão". No início não percebia. Confundiam-se os meus pensamentos de amor com as minhas dúvidas e certezas existenciais sobre Deus.
Percebi que era eu própria e inteira na oração, como no amor.
Ouvi e senti, numa tão bonita quanto inquietante harmonia, o sim feliz e infinito do amor em uníssono com o sim perfeito e absoluto de Deus.
Deus é louco!
Deus tem em si toda a loucura do amor.
Deus é mesmo amor!
Perdoa sem pensar. Aceita só porque sim. Sorri só de imaginar. Vive em mim, forma-me, transforma-me, preenche-me, constrói-me. É em mim e comigo. Tudo numa perfeição tão (in)definida que somos só um.
A (in)sanidade de Deus é toda a ilimitada dimensão do amor.
(Não) Havia barulho...
Ouvia o meu coração... Falava de Deus, de Amor, de loucura, de nós...
Ni