Alberto de Oliveira (1857-1937)
Quero-te aqui, minha somente! os braços
Meus, e o colo, e cabeça, e a boca, e o rosto!
Tu matarás todo o infernal desgosto,
Toda a amargura que me segue os passos.
Seja dia ao nascer, seja sol-posto,
Ou chova ou torrem cálidos mormaços
Tu me serás repouso aos membros lassos,
Minha somente, meu marmóreo encosto...
Em ti, como num céu que é meu agora,
As asas canse o espírito suspenso,
Sacie-se o ideal que me devora.
Vamos: dos seios mostra-me o tesouro,
Solta o cabelo, e que eu sonhe e morra, o incenso,
Bêbado, haurindo dessa nuvem de ouro.