10! Hoje é dia 18 de Fevereiro e já morreram, este ano, 10 mulheres em Portugal às mãos de companheiro ou antigos companheiros.
Vivemos numa sociedade onde ainda vigora a máxima “entre marido e mulher...” e com ela vigora o terror, a violência e o medo. Onde é mais fácil olharmos para o lado do que agirmos. Uma sociedade onde somos todos culpados destas mortes.
Temos um sistema que beneficia o agressor. É a vítima que, na maioria dos casos, tem de abandonar o lar e colocar-se numa situação dependente é frágil. As condenações são piadas o que leva muitas vezes à falta de denúncia. A situação é insustentável e vamos continuar a morrer.
Não são só mulheres as vítimas de violência doméstica, mas são o principal alvo. E se pensam que o perfil é muito delimitado, enganam-se. Basta ler os dados do estudo Violência no Namoro para perceber que estamos a lidar com uma realidade assustadora, mas real. As nossas meninas acham normal serem vítimas de chantagem, pressão e agressão. Os nossos meninos acham que podem tratar as namoradas como propriedades.
É uma questão cultural e estrutural. É a nossa realidade.
E basta de olhar para o lado. Basta achar que como não somos nós a apanhar nada temos de fazer. Basta.
São dez mulheres em 49 dias.
Ainda temos 316 dias para mudar as estatísticas. Mas sobretudo, salvar vidas.
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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019
segunda-feira, 28 de janeiro de 2019
Nós e Eles
Estamos no final do primeiro mês do ano mas já há tanto para falar e comentar. Alguns assuntos secundários e outros, muito mais sérios, estruturais.
Nestes últimos dias, tenho lido e ouvido muitos diálogos que se sustentam nas dicotomias do"Nós" versus o "Eles".
É um discurso que me enrijece, transtorna. É um discurso para o qual não estou formatada a aceitar. Mas é um discurso comum, partilhado e sobretudo enraizado na nossa sociedade.
Tudo isto começou no episódio no bairro da Jamaica. Sem conseguir apontar dedos e culpas, todo o quadro em torno do episódio em si é assombroso.
Nunca serei uma das pessoas que vai apontar o dedo à lei e aos seus agentes. Mas serei uma das primeiras a dizer que vivemos numa sociedade a duas velocidades ou melhor, a duas cores.
Não sei se o episódio no bairro da Jamaica foi racismo, sei sim que todo o diálogo a seguir foi um exemplo claro daquilo que vivemos e pensamos escondido nas nossas casas.
Eu e o Eddie não somos da mesma cor. Eu sou uma tom amarelo transparente e ele um caramelo brilhante. Estamos juntos à 11 anos e só me apercebi do racismo real quando comecei a namorar com ele.
Nestes 11 anos vivemos as mais inacreditáveis histórias no que diz respeito ao racismo latente na nossa sociedade. Em todos estes anos, já ouvi o diálogo onde o "nós" me inclui e o "eles" o inclui e vice-versa.
Há uma clara separação onde as pessoas me colocam e o colocam a ele. Não apenas por eu ser mulher e ele homem, uma conversa para outra e todas as alturas, mas porque a minha pele não é da mesma cor que a dele.
Não vale a pena tentar amenizar a questão, tão pouco o quero fazer. Já me perguntaram como conseguia namorar com um preto e isto resume tudo.
Vivemos numa sociedade muito pequenina em princípios mas enorme em preconceitos que se elevam nestas alturas. Há tanto a fazer mas tão pouca vontade.
Assim continuamos a falar em picos de popularidade do tema, para não perdermos a onda, mas continuamente a menosprezar a verdade. Somos racistas.
Somos racistas. Repitam comigo. Somos racistas.
Depois de assumir é mais fácil evoluir. Continua à espera desse dia.
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