E porque a vida me toma de assalto
Eu fujo
Entrego-me à solidão dos tempos
Num tempo meu, e encontro-me
Lá, onde o mar é azul
E as ondas são verdes
Lá, onde tudo morre
Aos meus olhos cor de prata
Lá, onde a dor é mais leve
Lá, onde o silêncio é um sol dourado
Ao cair da noite
Porque me quero ausente da terra
Faço do céu um novo caminho
Onde o azul é forte
E as estrelas meu norte
E minha sorte
E o sol me diz de mim
Quando ainda era uma criança
E em teu colo chorava
A dor da partida
Porque a minha ausência
Me traça um novo destino
Eu vou a par do teu fogo
E caminho contigo
Até ao fim do mundo
Deste mundo
Que tomo para nós
Num corpo são
E desesperadamente
Belo…o seu rumo
Trago-te um tempo de abraços
Uma cesta de beijos
Um regaço, ajustado a nós
E não me quero ir daqui
Sem me rir contigo
Quero um corpo onde me deitar
Uns olhos onde me afogar
Uma esteira onde me enrolar
Quando daqui me ausentar
Mas tenho medo da fuga
De me ir sem te encontrar
Quero fugir, mas não, sem antes
Me desocupar da desgraça que ocupo
Não, sem antes me consentir
Não, sem antes me desmentir
Não, sem antes me despedir daquilo que sou
Da minha realidade, quase, quase inacabada
No ar que respiro
Não sem antes me encontrar
Verdade na tua verdade
E acabar recomeçando
Por ti…Amor
Só por ti
E que a tua força
Me tome esta minha vontade
De fugir, fugir, e ficar
Lá onde o mar é azul
E as ondas são verdes
Dolores Marques - ÔNIX (A Voz do Silêncio)