Querido Pai Natal
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Querido Pai Natal:
Este ano, após tantos anos sem te escrever, decidi pedir-te um presente.
É um presente para mim, mas não só, é um presente para o meu Douro.
Sabes, Pai Natal (desculpa tratar-te por tu, mas já te conheço há tanto tempo), o Douro está à beira da ruptura. Os produtores de vinho estão quase na miséria (excepto, claro os senhores ingleses que há tantos anos vivem por lá e possuem quintas que nunca mais acaba), os comerciantes, então, nem te digo! O meu Douro precisa mesmo da tua ajuda. É uma região linda, linda, linda, mas esquecida por aqueles que nos governam e governaram.
O Douro precisa de ajuda, grita por ajuda, mas parece que ninguém ouve. Ainda aqui há dias ouvi algumas pessoas que moram e trabalham por lá, dizerem que não sabem de que vive a região neste momento. Suponho que esteja a viver das parcas economias, que desconfio estarem no fim…
No Douro produz-se o Vinho do Porto, que era um vinho exclusivo, que só podia ser produzido por lá, com as uvas de lá e pelas mãos dos de lá, mas agora, por causa de uma decisão de um organismo internacional qualquer, o vinho já pode ser produzido na Austrália, ou noutros países à volta do mundo. Como resultado disto e de outras coisa que demorava muito a explicar, o trabalho na lavoura também escasseia.
O Douro é uma região muito bonita, dizem que tem grande potencial para o turismo, mas sabes, as empresas metem os turistas nos barcos, sobem o rio e não param em quase lugar nenhum, porque dentro dos barcos há camas, comida e música tradicional. Essas empresas geram emprego, claro, mas a maior parte dos empregados nem são do Douro, são de uma cidade muito grande, o Porto, não sei se conheces. Essas empresas também estão, na sua maioria, sedeadas nessa tal cidade grande. Ou seja, neste momento o Douro funciona como um centro comercial aos Domingos: vê-se muita gente a passear por lá, mas ninguém entra nas lojas, nenhum turista gasta um único euro, nesse enorme centro comercial, cheio de montras lindas, cujas lojas não são visitadas. O centro comercial fica sujo, é usado, mas lucros, nem vê-los. Sim, eu sei que o dinheiro não é tudo, mas sem dinheiro morre-se de fome e o Douro está a viver das últimas migalhas.
Agora o governo pretende criar novas regiões de turismo e ouvi dizer que o modo como o tencionam fazer, vai prejudicar ainda mais o meu Douro.
Assim, querido Pai Natal, como esta carta já vai longa, termino, pedindo-te de presente para o meu Douro, prosperidade, dirigentes corajosos e investidores visionários.
Obrigada e Feliz Natal!