Burguês
Sempre que falamos do nosso povo dizemos “os portugueses”, como se falássemos de alguém que pouco conhecemos, mas que na maioria das vezes reprovamos.
Quem são os portugueses?
Já sabemos que os portugueses foram grandes navegadores, grandes colonizadores e que Portugal foi um dia império aquém e além mar. Sabemos que os portugueses viveram sob uma longa ditadura e se libertaram dela numa revolta militar em que as armas não tinham balas, mas sim cravos vermelhos. Sabemos também que os portugueses souberam convencer a Europa de que estavam prontos para entrar na CEE, apesar de na verdade ainda precisarem de mais uns anos.
É claro que uma nação não se faz apenas de vitórias e coisas bonitas, mas também à custa de derrotas e de sofrimento.
Mas, quem são os portugueses de hoje e quem serão os portugueses num futuro próximo? Questão difícil, não é?
A maioria das pessoas responderá que neste momento os portugueses são um povo desanimado, e é a verdade. A verdade é que o desânimo tem de ter razões e que cada um dos portugueses terá as suas.
Eu não sei quem são os portugueses de hoje.
Já não somos o povo simplório, já quase não há famílias numerosas (porque agora não podemos mandar os putos para a lavoura aos 7 anos), quase todas as famílias têm carro, uma grande parte tem casa própria (ou melhor, do banco), muitos de nós têm computador e internet em casa, cartão de crédito, os miúdos na escola...
Muitos de nós são pessoas decentes que vivem em bairros sociais/degradados porque a vida não lhes sorriu, têm de esperar meses por uma consulta e não podem trazer os filhos na escola porque estão desempregados.
Muitos dos portugueses de hoje são filhos de pais que lutaram muito para conseguir dar-lhes tudo o que precisavam, pais que faziam muitas horas extra, que não tinham férias, nem carro e que nunca tiveram ténnis de marca, nem playstation , apenas um carro de madeira com rolamentos.
Os portugueses de hoje e do futuro próximo, não sabem como eram as coisas “no tempo da outra senhora” e na sua maioria pensam que podem dizer e fazer tudo, porque são livres, mas não sabem que a liberdade de cada um está dependente da liberdade do vizinho do lado. É por isso que os portugueses, hoje, se atropelam no trânsito, na vida profissional e até na vida pessoal. É por isso que se deixam ofuscar pela nova impressora, ou pelas calças novas de uma marca qualquer que mal têm dinheiro para pagar.
O povo português está no caminho errado (digo eu) de cada vez que pensa ser fácil a vida. O povo português já não é lutador, é vaidoso e já não é trabalhador, é preguiçoso.
Portugal está a aburguesar-se e não dá conta que ainda não atingiu um nível de vida que lhe permita ser burguês.
Vamos trabalhar as nossas ideias, os nossos objectivos e o nosso modo de encarar a vida? Não é um novo Presidente que vai salvar o nosso país, somos nós.
Ser burguês é aborrecido. E engorda...
Quem são os portugueses?
Já sabemos que os portugueses foram grandes navegadores, grandes colonizadores e que Portugal foi um dia império aquém e além mar. Sabemos que os portugueses viveram sob uma longa ditadura e se libertaram dela numa revolta militar em que as armas não tinham balas, mas sim cravos vermelhos. Sabemos também que os portugueses souberam convencer a Europa de que estavam prontos para entrar na CEE, apesar de na verdade ainda precisarem de mais uns anos.
É claro que uma nação não se faz apenas de vitórias e coisas bonitas, mas também à custa de derrotas e de sofrimento.
Mas, quem são os portugueses de hoje e quem serão os portugueses num futuro próximo? Questão difícil, não é?
A maioria das pessoas responderá que neste momento os portugueses são um povo desanimado, e é a verdade. A verdade é que o desânimo tem de ter razões e que cada um dos portugueses terá as suas.
Eu não sei quem são os portugueses de hoje.
Já não somos o povo simplório, já quase não há famílias numerosas (porque agora não podemos mandar os putos para a lavoura aos 7 anos), quase todas as famílias têm carro, uma grande parte tem casa própria (ou melhor, do banco), muitos de nós têm computador e internet em casa, cartão de crédito, os miúdos na escola...
Muitos de nós são pessoas decentes que vivem em bairros sociais/degradados porque a vida não lhes sorriu, têm de esperar meses por uma consulta e não podem trazer os filhos na escola porque estão desempregados.
Muitos dos portugueses de hoje são filhos de pais que lutaram muito para conseguir dar-lhes tudo o que precisavam, pais que faziam muitas horas extra, que não tinham férias, nem carro e que nunca tiveram ténnis de marca, nem playstation , apenas um carro de madeira com rolamentos.
Os portugueses de hoje e do futuro próximo, não sabem como eram as coisas “no tempo da outra senhora” e na sua maioria pensam que podem dizer e fazer tudo, porque são livres, mas não sabem que a liberdade de cada um está dependente da liberdade do vizinho do lado. É por isso que os portugueses, hoje, se atropelam no trânsito, na vida profissional e até na vida pessoal. É por isso que se deixam ofuscar pela nova impressora, ou pelas calças novas de uma marca qualquer que mal têm dinheiro para pagar.
O povo português está no caminho errado (digo eu) de cada vez que pensa ser fácil a vida. O povo português já não é lutador, é vaidoso e já não é trabalhador, é preguiçoso.
Portugal está a aburguesar-se e não dá conta que ainda não atingiu um nível de vida que lhe permita ser burguês.
Vamos trabalhar as nossas ideias, os nossos objectivos e o nosso modo de encarar a vida? Não é um novo Presidente que vai salvar o nosso país, somos nós.
Ser burguês é aborrecido. E engorda...