Mulheres
Quem são estas mulheres? Como reconhecê-las para poder ajudá-las?
Julgo que quando falamos de situações de violência doméstica pensamos logo naquelas mulheres pobres, cujo marido chega bêbado a casa e que não tem comida para dar aos filhos. A verdade é que a violência doméstica acontece em todos os estratos sociais e quanto mais alta for a classe social, mais camuflados são os maus tratos.
Como mulher não posso deixar de me revoltar. Porque raio estas mulheres continuam com essas bestas que se apelidam de maridos e que na maioria das vezes foram com elas à igreja jurar-lhes respeito, amor e fidelidade? Porque raio estas mulheres levam uma bofetada e não ripostam com uma joelhada? Porquê? Porquê?
Será porque muitas vezes a violência física é precedida de uma estratégia de violência psicológica e moral? Por vezes o agressor monopoliza de tal forma a situação que a vítima fica sem capacidades de defesa.
Há alguns anos, uma senhora que conhecia a minha mãe entrou lá em casa e sem ter existido qualquer intimidade anterior, desatou a contar as razões do seu divórcio.
Aquela mulher tinha sido capaz de pedir o divórcio, mas mesmo assim, fê-lo aterrorizada. Aquela mulher tinha levado tareias de pau de vassoura, tinha dormido ao relento sem roupa, tinha visto o marido levar prostitutas para a cama dela, etc, etc...
Já passaram alguns anos desde que essa mulher se divorciou, mas ela continua medicada com anti-depressivos e outros tipos de drogas que lhe permitem andar em pé. Nunca mais recuperou do trauma, do medo, da humilhação. O ex-marido está sozinho, mas de óptima saúde.
Assim, sentindo-me impotente perante casos que com certeza existem, mas que não conheço, resta-me apelar a todas as mulheres que estejam atentas e que ao mínimo sinal de humilhação ou de medo, estejam alerta e que se defendam ou que pelo menos marquem a sua posição e o seu território.
Nenhuma mulher merece ser ou morrer vítima de violência doméstica. Nenhum ser merece.