Dia desses me olhei no espelho, nas raras vezes em que realmente
olho para ver, para sentir o tempo e suas marcas, e cheguei a ligeira conclusão
de que tenho mais cabelos brancos do que talvez devesse e isso me remete a refletir
sobre uma série de situações e circunstâncias. Ora minhas, ora de tantos outros
adultos igualmente grisalhos.
Já observaram
quantas vezes jogamos para debaixo do tapete dos nossos grisalhos a arrogância
e a prepotência da nossa idade? Utilizamos subterfúgio a idade, e os charmosos
grisalhos que naturalmente virão com ela, para justificar razões muitas vezes
inexistentes e ações que nem mesmo a quantidade de horas vividas neste plano são
capazes de salvar.
O tempo é implacável
e nos força a sentir e aceitar as transformações que fatalmente nos submetemos à
medida em que ele passa. Apesar da resistência, as mudanças são incontestáveis
e estão estampadas porque somos fadados a isso. No fim, os meus e os seus
grisalhos são meros detalhes naturais...
... e apesar de
usarmos como indicativo de algo, só estão ali porque funciona assim... e que,
na verdade, independem do tempo em si.
Abraço!