30 de dez. de 2010

Novo de novo



Queridos e queridas,

Obrigada pela companhia diária e pelos comentários sempre lindos e inspiradores.
Desejo que 2011 seja o melhor ano de suas vidas,
cheio de paz, amor e muita saúde para correr atrás do que move cada um de vocês.


Feliz ano novo!

PS: estou meio ausente do blog, mas prometo resolver isso em janeiro.

Sabrina Davanzo



21 de dez. de 2010

Mudança


Meu coração mudou-se de lugar,
foi morar no seu abraço.

Seu amor veio morar
num lugar vazio no meu peito.

E foi assim que nos tornamos vizinhos:
eu apaixonada por você e você por mim.


Sabrina Davanzo

18 de dez. de 2010

Livro: Da gastrite e da Ira



A Milena de Almeida, uma amiga virtual muito querida,
acaba de lançar o seu primeiro livro de contos.
Os textos dela são sensacionais.
Se você quiser comprar o seu, é só clicar aqui:

Sabrina Davanzo


15 de dez. de 2010

Sobre o que importa



O que realmente importa eu não quero mais saber.

Um viva à banalidade, à previsão do tempo,
à chegada do verão, ao índice monetário no Japão.

Aos assuntos que não ferem, que não ardem,
uma grande ovação!

Aos temas mais imbecis, nesse momento,
volto todo o meu interesse
como se deles dependesse a minha felicidade.

O que realmente importa eu quero guardar esquecido e abandonado
no lugar das coisas que não têm mais razão de se dizer.



Sabrina Davanzo

Agora



Vez em quando o agora é tarde.
O agora é nunca
e nunca mais torna a acontecer.
Vez em quando o agora é nada
e nada muda isso agora.

Sabrina Davanzo

12 de dez. de 2010

Encontro



Hoje eu estou pronta para te encontrar.
Quero estar em teu abraço num laço que nunca mais vai se desfazer.
Hoje quero ouvir sua história e me mostrar para você.
Não demora, pois eu te quero agora, amanhã pode já não ser.
Hoje vou me permitir sentir teu gosto e provar que posso te pertencer.
Se é isso o que você quer também, não espere o mundo dar mais uma volta.
Eu estou bem diante da sua porta, me atende, meu bem.

Sabrina Davanzo

10 de dez. de 2010

Bem-aventurados os que...

Maria é dessas tantas que nascem em um dia comum e recebem um complemento para o nome de acordo com as crenças e gosto dos pais. O complemento do nome dela não sei não, porque para Maria e para qualquer outro, tanto faz.
Se tivesse o que contar sobre ela eu contaria, mas sei tão pouco de Maria. Conheço apenas sua preferência pelo dia, sorvete de baunilha e lençóis brancos.
Maria é dessas que não se mostram, ouve batidas à porta e não vai abrir porque não espera ninguém. Não quer saber de conspiração do universo, coincidências do destino (se é que sabe lá o que isso significa).
Quando Maria ainda era Mariazinha a mãe viajou para vender doces nas redondezas e nunca mais voltou para lhe trocar as fraldas. Enquanto Maria crescia, ia esquecendo a feição da mãe. Hoje, a lembrança é só um borrão.
Maria é um pouco de tudo o que aprendeu e aprendeu direitinho todas as coisas porque muito cedo o suor já lhe deitava na cara. A vida nunca foi amiga de Maria. Brinquedo não teve, mesa farta não tem, beleza não tem, amigos não tem, amor não tem. A única coisa que sobra em Maria é ruga, mas ela mesma não acha que a vida é só amargura. Num domingo, durante a missa, experimentou a alegria quando o padre explicou sobre os bem-aventurados. Com todo seu histórico, Maria passou a acreditar que um dia o céu se abrirá bem diante dos seus olhos e ela será recebida como uma rainha. Maria tem essa esperançazinha que não a deixa por nada, e isso já basta para lhe fazer meio feliz.


Sabrina Davanzo

Papel de parede



Eu e o João Célio fizemos mais um papel de parede para a Papel e Tudo.
Se quiser baixar um, é só clicar aqui:
Papel e Tudo


Sabrina Davanzo

Utilidades



Eu estava no mercado para comprar arco-íris para o meu céu quando uma vendedora me alertou:
- Leva nuvens! Leva nuvens, minha filha, que não tem erro! No sol quente, ela é sombra. Para a aridez do coração, ela é regador. No ócio, ela brinca de adivinhação sendo formas variadas. Leva! Nuvens são camas para quem sonha alto e, no caso de uma queda, são tapetes, almofadas fofinhas espalhadas pelo chão.


Sabrina Davanzo

7 de dez. de 2010

Um



Que hoje eu viva apenas este dia, plena de mim.
E que eu não tenha medo do que está por vir,
nem pena do que tem de partir.


Sabrina Davanzo

5 de dez. de 2010

Mundo da lua


Já faz tanto tempo, mas de vez em quando parece que foi ontem. Às vezes, o que eu ouço não faz o menor sentido e o tempo parece só piorar. Tenho a impressão de que tudo está como antes, quando sei que nada mais é igual.
De vez em quando pareço ir para o mundo da lua, o relógio desperta e eu não quero acordar. Por que tem de ser tão difícil?
Deus, quando passa o próximo cometa? Quem sabe não parto com ele para outra galáxia ou talvez ele me traga de volta à terra. Enquanto isso.. só mais um minutinho....

Sabrina Davanzo

O que será


Demora um bom tempo para a gente perceber que a vida é que leva a gente e não o contrário.
Não sou eu quem escolho o que será do meu dia ao acordar. Posso programar a roupa que vou vestir, o sapato, mas não controlo o que acontecerá daí por diante.
Um dia mágico. Um dia trágico. Não cabe a mim desobedecer quem está no comando. Destino é o nome dado a essa mão invisível, capaz de mudar em alguns segundos toda a nossa trajetória.
Se eu ainda estou aqui e você está aí é simplesmente porque o destino quer que estejamos. Ele não brinca de acasos e eu estou convencida de que não adianta resistir.
Não sei o que será do amanhã, nem do fim dessa noite. Se tudo for como antes (e isso não é uma certeza para mim) o sol nascerá às seis da manhã.

Sabrina Davanzo

S. B. e E. tiveram mais uma chance ontem.


22 de nov. de 2010

Cambalhota



Para ter uma ideia de como as emoções lhe chegam, imagine uma cambalhota. O mundo fica de cabeça para baixo, tudo fora do lugar por alguns instantes. A vida gira, gira e para, de repente, num solavanco. Não entende muito de gravidade, nem de física. Pensa que o assunto é de anatomia: um corpo dobrado, pescoço curvado e... virou!
Quando se estica, tenta perceber o lugar que estava normal, depois ao contrário e então, normal de novo. Ou será que é do outro jeito que é certo? Nunca vai entender. Só sabe que qualquer coisinha revira tudo.


Sabrina Davanzo


18 de nov. de 2010

Dicionário


E se:


Grande depósito imaginário para onde vão todas as histórias/fatos que deveriam ter acontecido e por alguma razão não aconteceram.



Sabrina Davanzo

11 de nov. de 2010

Colheita


Meu pensamento estava em pleno salto
quando soube que não havia uma grama macia
Pensamento é fruto que dá na árvore da imaginação
tem que ficar de olho
se não vem o coração e apanha antes da hora
se não ele cai de maduro, como agora
Bem feito!
Onde foi que ele aprendeu que fruta
por mais deliciosa que seja
quando vai ao chão não sofre arranhão?
Antes tivesse ficado preso ao pé
morrendo de medo
mas experimentando, em segredo, o gosto doce da ilusão

Sabrina Davanzo


10 de nov. de 2010

Ainda não



Não quero falar de mim. Ainda não estou pronto para me saber.



Sabrina Davanzo

Chama



Quando fica triste e só ele brinca de pique esconde, procura dentro dele a felicidade.
Ela está bem ali: uma chama escondida atrás de preocupações e ilusões, mas basta olhar com os olhos do coração e ela aparece.
A felicidade mora nele... é que vez em quando fica emburrada e fecha as janelas de casa.



"Nosso propósito nesta vida é recuperar a saúde do olho do coração através do qual se pode ver Deus"
Santo Agostinho

Sabrina Davanzo

9 de nov. de 2010

Amor?


Eu queria saber falar do amor

Eu queria entender o amor
Eu queria experimentar o amor

Dizem que enlouquece
Dizem que completa
Dizem que cega...

Eu queria achar...
Alguém que entendesse o que o amor significa
Alguém me explicasse como ele funciona
Alguém que me falasse como ele acontece

Dizem que amor não se procura
Se encontra
Dizem que não precisamos ir atrás dele
Ele vem até nós

Será que ele vem como um brisa?
Ou envolve como um dia frio?
Que sensação ele causa?
Será como uma rajada de vento?
Ou como a fúria de um furacão?
Será que é gostoso como um banho de chuva?

Como é o amor?
Como se sente?
Como se vive?
Como se sabe que é amor?

Como explicar algo que nem quem viveu entende?
Dizem que o amor é cego
Mas eu acho que cegos...
Somos nós

Gabriela R.

Este texto foi escrito pela minha amiga Gabi e foi postado aqui para que ela nunca se esqueça de que é capaz de amar e ser amada.

Gabis, a poesia vive em você. Permita-se.

Sabrina Davanzo

5 de nov. de 2010

Dicionário




Ilusão

Fita de tecido transparente que envolve os olhos e impede que a realidade seja vista.



Sabrina Davanzo

Ítaca


- Ulisses, por que você tem andado tão parado? Nem parece satisfeito com esse aquário só para você...


- Ulisses, por que você não tem mais vontade de nadar nessa água toda sua?

- Ulisses, você não está feliz? Sua barbatana já não é mais tão colorida....

- Ulisses, você não percebe que tem toda a liberdade que precisa nesse espaço?

- Ulisses, você está seguro aí dentro...

Ulisses partiu e não houve como evitar. Às vezes, a gente pensa que está fazendo o suficiente: troca a água, lava o aquário, dá comida, conversa... Mas Ulisses desejava mesmo era essas coisas de peixes vividos, experientes...

- Você queria o mar, Ulisses. E o mar eu não poderia te dar. Desculpa...



Ps: Ulisses viveu por muito tempo em um áquario pequeno até que envelheceu e cansou de nadar sempre no mesmo lugar.


Sabrina Davanzo


4 de nov. de 2010

No caminho


… pode-se comparar à sensação de caminhar em um corredor estreito, margeado por flores que beijam suas canelas na medida em que você avança.
Ao serem tocadas, elas fazem uma espécie de cócegas doce e divertida. Suas pétalas sacodem levemente o pingente da tornozeleira.
É uma reverência simples que, na pressa, você nem nota.
Tenho me demorado pelos caminhos só para receber esses beijos que são capazes de mudar toda a cor do dia.
Atribuo a esses momentos o nome de paz, mas talvez não seja bem isso... Porque paz é quando além de sentir os lábios das flores, você consegue ouvir o que elas lhe dizem.

Sabrina Davanzo

3 de nov. de 2010

No espelho


Quando saiu, deixou um recado escrito com batom no espelho:

A vida tem me consumido de uma forma maravilhosa. Há muito tempo não experimentava dias tão intensos.
Estou me permitindo... Chego a ficar exausta de tanta felicidade.
Não espere por mim, pode ser que eu não volte.

Sabrina Davanzo



Para as pessoas especiais que me proporcionam momentos inesquecíveis e me fazem aproveitar cada segundo. Amo!


27 de out. de 2010

Queimando

.... tudo isso que lhe digo se assemelha ao fogo ávido que consome uma folha de papel, varrendo para sempre suas memórias. É rápido, intenso, triste, devastador, angustiante, mas é belíssimo porque há muita vida no desespero das chamas. Há um calor escaldante. Pior é padecer congelado...

Sabrina Davanzo

Paradoxo


É de quietude que eu preciso quando saio a gritar feito doida dentro de mim.


Sabrina Davanzo

Espanca

Quem é que nunca recebeu um duro golpe da realidade a ponto de não conseguir abrir os olhos?
Quem é que nunca tropeçou nas armadilhas do destino?
Quem é que diante da má sorte não chora feito menino?
E a gente nem sonha... Nem sonha o que se passa na lona depois de ser atingido.
Levanta... Leve... Levanta... Leva... levanta... lava...
Quem é que nunca se viu nas mãos de algo mais forte e poderoso que seus joelhos, tornando-se impossível não dobrar-se?
Atire a primeira pedra aquele que tem coração blindado, que tem o cotovelo engessado e nunca sentiu dor.

Sabrina Davanzo

26 de out. de 2010

Verdadeiro ou falso?

Eu invento felicidade para me enganar. Acredito tanto que já não sei se essa alegria é de mentira ou de verdade.

Sabrina Davanzo

25 de out. de 2010

Hortências e Hibiscos


Para Jéssica, Paloma, Gabriela e Lilian
Em agosto decidimos comprar pacotes para uma estadia em um Spa.
“Vamos, gente! Estamos tão estressadas”, “Vai ser legal, vamos?”
Vamos. Conseguimos agendar nossa ida – horários, compromissos, agendas apertadas- só para dois meses depois.
Quanta coisa vivemos nesse tempo...
Neste fim de semana, finalmente, fizemos nossa viagem. Foi no momento em que cada uma realmente precisa estar ali. Precisava parar, refletir, respirar.
Somos cinco. Cada uma com sua história. Famílias, amores, carreiras, pontos de vista. Cada uma traz no coração alguma aflição, embora tenhamos uma vida maravilhosa.
Nós choramos. E como. Diante de nossas fraquezas, da grandeza da vida, da natureza perfeita ao nosso redor. Choramos por dentro, por fora, de olhos fechados, embaixo d’água.
Nós rimos. O tempo todo. De tudo, para tudo, como se nada fosse capaz de nos fazer infelizes.
Tivemos conversas sérias próximas à fogueira, relembrando o passado com músicas velhas na tentativa de extrair um pouco de verdade em suas letras. Era uma forma de nos definirmos. O tempo todo cada uma de nós colocava na balança os prós e os contras de nossa própria existência.
Confinadas ali, só podíamos remoer o que nos consome e tentar achar uma explicação, uma saída mais digna.
Às vezes, ouvindo alguém falar de si, passava por nossas cabeças um certo alívio de nunca ter experimentado aquilo. “Ainda bem que nunca passei por isso...” ou talvez alguma coisa próxima da gratidão... “Nossa, a situação dela é difícil. Não posso reclamar, para mim não é assim...”
O fato é que a vida nos imprime marcas e cada um se recorda muito bem de como as suas apareceram ali.
O tempo todo agradecíamos a Deus pela comida (suco de maracujá, geléia e aquele pão de queijo), pela oportunidade de conhecer um lugar tão lindo, cercado por montanhas e uma cachoeira tímida que serviu para lavar a alma (e até tomar um caldo!).
A hora passou devagar, era só um dia, mas parecia um mês. Tivemos tempo para pensar na vida, na morte das coisas que acreditamos e, (por que não?), no quanto reclamamos sem motivos.
Talvez o segredo seja estar aberta e atenta às coisas simples da vida. Enxergar cada pedra no caminho tendo a certeza de que aquele é o lugar dela... perceber os sapos minúsculos que pululam por todos os lugares na mata enorme provando que o mundo não para, desde a água da cachoeira até os nossos sentimentos, tudo está em movimento. Esse pensamento, de alguma forma, nos deixa mais leves.
Tivemos tempo de criar um roteiro de filme de terror, imaginando todos os clichês do cinema, entre gargalhadas e lágrimas de alegria. Nossa imaginação ganhou asas, mostrando que é possível nos afastarmos dos “problemas” – Sempre vai existir uma saída!
Não poderíamos ter ido outro dia. Ainda vejo as montanhas e ouço nossas conversas e conselhos.
Lá, algumas vezes nos questionamos se Deus não manda sinais, acreditamos que é no silêncio que ele nos fala e por isso tentamos desesperadamente nos calar, ficar em paz. Mas descobri que ele também fala através das pessoas que coloca ao nosso lado, fala através dos momentos felizes, dos gritos de desabafo, das risadas escandalosas que compartilhamos com elas, comendo o melhor pão de queijo do mundo.
No sábado de manhã éramos colegas de trabalho, hoje somos amigas, cúmplices de fatos importantes na vida de cada uma.
A vida muda tudo o tempo todo, afasta e aproxima, constrói e destrói. Essa grande verdade e aquelas montanhas são coisas maravilhosas de se ver.
Ps: Hortência e Hibisco eram os nomes de nossos quartos.
Sabrina Davanzo

22 de out. de 2010

Carrossel de conflitos

Vazio... alívio... saudade... liberdade... vazio... saudade... alívio... liberdade...

Nesse carrossel distinto os cavalinhos brigam o tempo todo. Chamam minha atenção para que eu me decida a qual deles devo me agarrar e não soltar até a cabeça parar de girar. Até aquela música parar de tocar.
Não sei o que fazer com eles...
Qual deles ocupa mais espaço em minha mente? Qual deles me aborrece? Qual deles me enternece?
Existe um ponto de equilíbrio que não seja o eixo em que se encontra um desses cavalinhos?

Sabrina Davanzo

20 de out. de 2010

Um limão, meio limão

A Malu, do blog Pangeia de dois, fez um vídeo/postal lindo, cheio de sonhos, e me mandou lá do México de presente.
Acho que vale a pena dividir com vocês. Cliquem aqui para assistir: " que seja doce"

PS1: aproveitem para assistir aos outros também. São fofos!

PS2: obrigada, Maluzita! Lindo, lindo! Amei!

Sabrina Davanzo

19 de out. de 2010

Firmamento




E um dia, não se aguentando mais no firmamento, o céu desabou sobre a sua cabeça. A lua caiu desengonçada e acabou comprimindo sua garganta com uma de suas faces pontiaguda. As estrelas, pesadas, batiam no alto de sua cabeça para depois rolarem pelo chão. Contando assim parece divertido, ter o céu aos seus pés, mas na hora foi bem dolorido. Alguma coisa ali soluçava baixinho, era um xororô só.
Depois de algum tempo, o céu decidiu que tinha que voltar para o seu lugar. Juntou as estrelas partidas, a lua pela metade e a escuridão para ir embora, mas antes, deixou sobre seus hematomas algumas nuvens carregadas que mais pareciam algodão encharcado.
Mais tarde, ela viu umas luzinhas apontarem no horizonte. Numa mistura de amarelo com laranja, as luzinhas iam tomando conta de todo o azul escuro quase preto. A lua foi repousar e as estrelas se esconderam, assim como as marcas deixadas pela noite em seu corpo.
Algumas horinhas e tudo mudou... só precisou ter paciência. E algumas nuvenzinhas, claro.

Sabrina Davanzo


.




Não, eu não vou falar da sua dor aqui porque não tenho esse direito e porque para quase tudo que realmente importa nessa vida não existe palavras. Sua dor é uma dessas coisas que não se discute, mas será que irá doer menos se eu disser que vai dar tudo certo? Que daqui alguns anos a saudade nem vai doer? Que ele foi uma pessoa maravilhosa e você deve agradecer por tê-lo tido por perto?
Tornará mais leve se eu disser que dói um pouquinho em mim saber que você está passando por isso?
Eu sei. Não há nada que eu possa fazer, ainda mais com toda essa distância. Também sei que nessa altura não adianta muito qualquer coisa que eu diga, mas ainda assim, se eu pudesse te dizer alguma coisa agora, diria que ele está em paz e que existe um plano para que tudo fique bem, para que a vida continue seguindo em frente.
Isso é tudo o que eu desejo. Isso é o que tenho pedido para Deus.

Para M. e Th.

Sabrina Davanzo

Narciso




Estou tentando me ser apesar de mal me conhecer. Estou tentando fazer as pazes comigo e com as escolhas erradas.
Estou tentando me acostumar à aspereza da minha pele. Estou buscando acima de qualquer coisa perdoar-me.
Estou me comprando com livros e frases feitas. Estou me conquistando com longos monólogos diante do espelho.
Eu já não me assusto e arrisco a dizer que mais um pouco de convivência acabo me apaixonando por mim.

Sabrina Davanzo

17 de out. de 2010

Doação


Existe uma doença muito comum que muitos não reparam e outros tantos ignoram, mas ela está presente em quase todos. Trata-se de amor reprimido. Sabe aquela vontade de dar o melhor de você, de amar, de oferecer carinho e não ter a quem entregar? Dentro da gente tudo isso vai virando um peso, quase arrebenta o peito querendo sair para fora, explodir em outro coração.
Não tem remédio que cure essa doença até que apareça alguém disposto a receber tudo o que você tem para doar. E o pior é que temos a impressão de que as pessoas estão procurando por isso, quando na verdade a maioria traz o peito em chamas. Parece não ter solução. Eu mesma estou padecendo desse mal e espero na fila de doadores a minha vez de fazer alguém feliz.

Sabrina Davanzo

15 de out. de 2010

Relógio



São tantas as minhas horas de insônia que até decorei o exato momento em que as lágrimas da madrugada se
condensam em orvalho.

Sabrina Davanzo

11 de out. de 2010

A busca

Todos os dias, nos mais diversos lugares e momentos, tenho procurado por você.
Pela manhã, ao despertar, te procuro na vontade de começar mais um dia, nas pombinhas que ficam ciscando a telha, no quarto desarrumado que deixo para trás.
Procuro-o na água quente que escalda minha pele, meu sono e leva embora um pouco da preguiça.
Saio à rua procurando em cada rosto desconhecido algum sinal teu.
Tenho te procurado na cadeira vazia ao meu lado na sala escura do cinema.
Tenho te procurado nas crianças que brincam despreocupadas nas praças movimentadas e nos casais apaixonados que não percebem essa agitação porque para eles o tempo parece ter parado.
Tenho te procurado na chuva que vem de encontro à janela da sala. Procuro-o nos sorrisos e palavras de carinho de cada amigo e também em seus puxões de orelha e risadas escancaradas.
Procuro-o durante a minha música preferida que toca no show da banda que gosto.
Tenho te procurado por toda a parte, nos livros, nos diálogos sem sentido, nas minhas horas de inquietação, nos origamis, nos desenhos que tenho tentado ilustrar, em cada letra que escrevo e nos passos de balé que ainda arrisco, em cada ruga que nasce em meu rosto.
Procuro-o no silêncio do telefone que não toca, nas reuniões do centro espírita.
Tenho te procurado na estrada que o carro desliza para me levar para casa, nos Ipês que enfeitam o caminho.
Procuro-o no raio de sol que incomoda meus olhos e na lua que ilumina a escuridão da terra.
Tenho te procurado no olhar de saudade do meu cachorro quando retorno depois de meses. Tenho te procurado no abraço curto que minha mãe me dá e nos passos mais curtos ainda que a minha afilhada ensaia.
Procuro-o a todo momento até no amor que acabou, até no pão com manteiga que como enquanto penso onde estarei daqui alguns anos.
Tenho te procurado no caminho que o ônibus faz quando saio do trabalho, na distância que há entre mim e aqueles que trago no coração.
Tenho te procurado nas notícias de milagres na TV.
Como sei que você não habita somente a luz, procuro-o também na solidão da cama vazia, entre meus pesadelos, nas lágrimas que brotam contra minha vontade, nas experiências e dores de quem amo.
Tenho te procurado nas tragédias que assolam famílias, vidas.
Procuro-o nos jovens que vejo abandonados à própria sorte nas ruas, naqueles que se prendem em vícios e nos velhinhos que repousam, solitários, em algum canto. Procuro-o na culpa de quem errou e se arrependeu. Procuro-o nas mãos que se estendem pedindo uma moeda quando na verdade desejam uma outra vida. Procuro-o nos leitos de hospitais e naqueles que carregam por toda a existência as marcas de uma deficiência.
Não há sequer um dia em que eu não queira sentir sua presença, saber onde você está, Deus. Saiba que eu não vou desistir. Vou viver te procurando, porque eu sei que você também quer me encontrar.

Sabrina Davanzo

6 de out. de 2010

Por nada


Anda tão ausente de si mesma que corre o risco de se encontrar em alguma rua agridoce da solidão.

Traz o queixo colado ao peito e o olhar pregado à rua. Sempre sorri quando vê passar uma barata apressada em direção ao lixo na calçada. Para ela, isso significa que alguma coisa no mundo faz sentido, existe um motivo.

Sabrina Davanzo

27 de set. de 2010

O amor nunca morre


O amor é um bonde onde embarcamos para viajarmos rumo a lugares mágicos e desconhecidos. Passamos ali uma parte deliciosa de nossas vidas até que o bonde para no meio do nada. Para alguns, o bonde dá sinais de que há algum problema, para outros a pausa é repentina. E então, é hora de desembarcar. Não há como seguir em frente. É quase certo que ficaremos perdidos, sem saber que a horas passará outra caravana.
Mais aí... Aí o bonde aponta lá no horizonte de novo e embarcamos rumo a lugares mágicos e desconhecidos outra vez. Porque o amor não morre, não tem fim.
O que acaba são os passageiros que nos fazem companhia nessa linda viagem. O que muda é quem senta ao nosso lado e segura nossa mão nas curvas perigosas, são os ombros em que recostamos nossas cabeças e sonhos enquanto descobrimos o caminho.


Sabrina Davanzo

25 de set. de 2010

Proporção



Quanto mais o tempo passa, menos eu me reconheço.

Sabrina Davanzo


22 de set. de 2010

Notas policiais


Mário anda sobressaltado nos últimos meses. Assassinara sem piedade a criança que existia dentro dele. Teme ter cometido esse infanticídio por puro desespero. Desculpa-se acusando a embriaguez dos compromissos adultos e aguarda em liberdade o julgamento da vida.

Toda vez que passa por um parque, sente um arrepio na espinha e pensa na covardia desse ato.

Sabrina Davanzo

Arquivo


De tempos em tempos as lembranças vão sendo devidamente empacotadas e guardadas em pequenas gavetas sem nenhuma identificação, podendo-se recorrer a elas sempre que se deseja reviver algo.

Esse é o destino de tudo o que acontece. O que é a alma senão um grande armário onde arquivamos nossas experiências?

Sabrina Davanzo

Stress



Meus pensamentos me cansam.
.
.
.

Sabrina Davanzo

20 de set. de 2010

Destino

Honestamente ela nem sabe o que desejar. Seria preciso?
Às vezes sente-se obrigada a sonhar quando tudo o que queria era libertar-se de qualquer esperança e caminhar em direção ao nada. Porque até no que não existe é possível encontrar algo de extraordinário. Não há dor, frustração, fracasso. Apenas a leveza de ter deixado a vida acontecer sem lhe impor obstáculos.
Talvez fosse necessário aprender com os rios, que aceitam o curso das águas e se moldam a elas. Chega de lutar em vão. O que ela quer é confiar no destino e deixar que ele se cumpra.
Se todo mundo já nasce com uma história, por que fugir do roteiro? Por que lutar contra o vento?
Tem sempre anjos que lhe fazem companhia e lhe sopram segredos milenares sobre ouvir sua intuição. “Corra, não há tempo a perder...” Sussurram os anjos enquanto ela decide se sonha.

Sabrina Davanzo

17 de set. de 2010

Sumiu

Por onde anda você, inspiração?
Foi dar uma olhada no portão e por lá ficou.
Volta que eu preciso falar, escrever.
Eu só vivo quando você dita o que devo fazer.

Sabrina Davanzo

Notícias de um mundo invisível: festa da Belinha



Hoje a Sra. Andorinha permitiu, após muita insistência, que seus 17 filhinhos fossem à festa de aniversário da Belinha, no quintal da sua casa, na Travessa Monsenhor Antônio.
Os filhinhos ficaram sabendo pelas crianças formigas que teria um monte de coisas gostosas por lá.
A Sra. Andorinha pediu que eles se comportassem e não voassem em bando para bicar as sobras pelo chão. "Um a um. Tenham educação!".
Na hora de sair, organizou-os em fila indiana e lustrou-lhes os biquinhos.
Aproveitando o sossego no ninho, a Sra. Andorinha ficou ouvindo o vizinho canário tomar aulas de canto. Enquanto isso, os filhinhos comiam farelo de bolo com glacê e granulado de brigadeiro.

Sabrina Davanzo

Pangeia


Queridos e queridas,

Aproveitando que o post anterior falou sobre a terra, quero indicar um blog lindo de uma amiga: o Pangeia de dois. Nele a Malu e o Vinícius, seu namorado, contam sobre suas experiências no México.
Os dois são fofos e postam fotos incríveis. Vale a pena viajar com eles!

Link: Pangeia de dois

Sabrina Davanzo

16 de set. de 2010

Rotação



Não há quem diga mas, nesse momento, a terra está se movendo.
Transição, translação.
Lentamente, daqui a pouco é outro lugar.
Ainda que pareça que nada aconteceu, chega a noite.
Ainda que eu continue de olhos fechados, já é dia.
E do outro lado escureceu.
A mudança é quase imperceptível.
Quando menos se espera, é dezembro.
Eu mesma já não estarei mais aqui neste ponto quando essa linha se acabar.
Consegues ver? Parti.

Sabrina Davanzo



13 de set. de 2010

Será


Há muito tempo sente alguma coisa agitar em seu inconsciente. Ondas cerebrais que trazem uma ideia embassada do que ela deve fazer. Um futuro iminente que não chega a realizar-se agora.
E ela vira na cama, se ajeita na cadeira, coça o nariz.
Parece que está cada dia mais próxima a hora de tomar uma decisão, sabe-se lá sobre o que e para que.
Essa coisa que ressoa dentro dela está tomando forma e parece não caber em seus pensamentos pequenos.
Essa coisa meio sentimento meio instinto tem vida própria e parece ser a coragem que falta.
Daqui a pouco ela faz as malas e coloca os pés no mundo. Essa coisa é o destino chamando.
E ela vira na cama, se ajeita na cadeira, alisa o cabelo.

Sabrina Davanzo

12 de set. de 2010

Lógica






Se paixão é ter borboletas voando no estômago, amor é tê-las pousadas no coração.


Sabrina Davanzo





9 de set. de 2010

Presente

Levou até a casa dela um pote de mel para que ela se lembrasse dos beijos dele quando estivesse ausente. O amor tem dessas delícias.

Sabrina Davanzo

8 de set. de 2010

Respeitável público


Desconfio que das cartolas dos mágicos
saia mais que coelhos orelhudos.
Por isso, a partir de agora,
eu vou armar minha lona de sonhos
e produzir o espetáculo que eu bem entender.
Bem-vindos ao meu circo!
Aqui, eu escolho o grande truque!
Então prestem bem atenção:
Senhoras e Senhores,
vocês verão,
bem diante dos seus olhos curiosos,
sair de dentro desta cartola,
a felicidade que tanto desejam.
Poderão presenciar também,
com suas feições afetadas,
pular para fora, sem demora, cerejas, amoras
e um tubo de chantilly importado em spray.
Enquanto comem, espirrem à vontade
a deliciosa iguaria em quem lhe faz companhia.
Aproveitem que é só hoje!
Acaba de sair da cartola,
como numa pintura moderninha,
areia, mar e uma bela esteira pra você deitar.
Seu local de repouso está posicionado
bem debaixo de um coqueiro
onde faz sombra o dia inteiro.
Por essa, ó respeitável público, você não esperava!
Acabo de tirar da cartola todos os seus amigos
reunidos num domingo
jogando conversa jogada fora.
Vejam só!
Essa cartola é mesmo de muita serventia,
obedece minha imaginação.
Que belo ofício é esse da ilusão!
Agora vem entrando os palhaços e trapezitas
que a vida é feita de um monte de coisas.
Debaixo da minha lona de estrelas
cabe o mundo das atrações
entra quem compra ingresso para delírios.
Tem equilibrista?
Tem sim, Senhor!
A mágica me faz levitar,
partir, desaparecer,
andar sobre pregos sem doer.
Esse é o encanto!
Há quem ache,
no fundo da cartola,
solução até para os males do coração.
Fecha teus olhos
vai começar a próxima atração.

Sabrina Davanzo

7 de set. de 2010

Início


Hoje fiquei vendo você caminhar tão insegura, buscando apoio nas pernas e paredes mais próximas das suas mãozinhas pequenas.
Hoje você é tão frágil que cada passo é quase um tombo, é um desajeito.
É estranha a forma como, de repente, se começa a andar.
E pensar que você nunca irá se lembrar de como foi difícil se erguer... e pensar que você quase não teve essa chance...
A vida é um pequeno milagre. A todo momento. A cada vez que você procura um apoio e segue mesmo não o tendo encontrado.

Para Lelê. Que começou a dar seus primeiros passos sozinha.

Sabrina Davanzo

O tempo é fogo

O tempo é incêndio que vai queimando as horas, os dias, os meses. O tempo é fogo se alastrando e consumindo sem piedade as histórias que encontra pela frente. Só o que fica são as cinzas. Lembranças apagadas que, aos poucos, são levadas pelo vento.

Sabrina Davanzo


Aprenda

Não confie em alguém que lhe promete o mar sem ter ao menos um copo d'água para lhe oferecer.

Sabrina Davanzo

Ipês



E nessa secura toda, onde os galhos imploram por água para se manterem de pé, os Ipês florescem.
É como se nada os afetassem, nem o sol castigante, nem a falta de vento, nem a chuva que deixou de cair.
Por todos os lados, em várias cores, há Ipês provando que é possível resistir às adversidades do tempo e sorrir. Seria essa a forma de Deus nos mostrar que nada é impossível?
Os Ipês alegram até a pracinha mais pobre e ainda deixam um caminho de flores pelo chão. Queria ser como os Ipês...

Sabrina Davanzo



31 de ago. de 2010

Rotina

Todos os dias eu nasço e morro. Nasço e morro. Nasço e morro num infinito ritual.
Nasço e morro. Nasço e morro que é para me desfazer do que não valeu a pena, do que não foi completo. Nasço e morro para experimentar o novo.
Nasço e morro numa suave rotina de me deixar ir e voltar sempre outra, outra... Outra que me faz ser eu.
Se não gosto da que sou hoje, não faz mal. Amanhã já não serei. Inconstante diante do meu próprio eu. E é assim que eu aprendo: na marra! Nascer e morrer todos os dias.
Hoje nasci meio sonhadora, mas já passa da hora de enterrar-me. Amanhã devo nascer mais sedutora que é para atrair mais vida e dar tempo de realizar tudo o que eu quero.
Depois é morrer. Nascer. Morrer. Nascer até o infinito. Sempre. Nunca a mesma.

Sabrina Davanzo

29 de ago. de 2010

Des-ocupado



Há uma certa beleza no vazio quando se imagina que alguém pode chegar a qualquer momento e preenchê-lo. O vazio é antes de mais nada um esgotar-se para recomeçar. É ceder um lugar.

Sabrina Davanzo


Uma canção



Vez em quando põe pra tocar a sua música favorita e cala-se. É que está fazendo uma viagem no tempo e a melodia é a nave que o conduz.

Sabrina Davanzo


Bom dia



Bom dia é abrir os olhos preguiçosos bem cedinho e se deparar com um sorriso doce que cobre você de carinho.

Sabrina Davanzo


26 de ago. de 2010

Questionário

Todos os dias, ao levantar, a gente deveria responder um questionário que serviria para nos lembrar o que é importante em nossas vidas e pelo o que nós precisamos continuar lutando.
O meu seria assim:

- Quem sou eu?
- O que me faz feliz?
- Quais são os meus sonhos?
- Qual deles eu gostaria que se realizasse no dia de hoje?
- Quem é o meu melhor amigo?
- Pelo o que/por quem eu daria a minha vida?
- Quem é o meu maior exemplo?
- Quais palavras eu gostaria de ouvir hoje?

Sabrina Davanzo

23 de ago. de 2010

Cortina

Quando eu tinha uns seis anos e dormia no quarto da minha avó, uma cortina bege com uns raminhos verdes bem pequenos me fazia perder o sono. No meio da noite, olhava para a cortina refletindo a luz que vinha do poste na rua e tinha a sensação de que os raminhos se transformavam em seres minúsculo que ficavam construindo alguma coisa, descendo e subindo o tempo todo pelo tecido.
Parecendo macaquinhos atarefados, os movimentos na cortina me davam muito medo e, por isso, eu acordava todo mundo e fazia com que acendessem a luz.
Hoje eu penso nessa história e fico imaginado se a vida tem um pouco disso. Para que cada coisa aconteça, e sem que a gente saiba, Deus espera o nosso sono para, por trás da cortina que guarda o nosso destino, construir novas histórias. E os anjos ficam lá, trabalhando incessantemente para que tudo saia como tem de ser. Se você é criança e tem muita imaginação, consegue enxergar esses operários no corre corre.
Hoje essa cortina não está lá, mas aposto que se estivesse eu não veria nada além de raminhos verdes. Não sei se é porque quando a gente cresce as coisas ficam mais reais ou se é porque Deus está cada vez mais ocupado com outras coisas.

Sabrina Davanzo

O segredo...

Uma coisa que tenho aprendido é que felicidade não é algo que se busca. Ninguém deve sair correndo tentando ser feliz.
Quantos jantares ficaram intactos por conta de uma felicidade programada para aquela noite? Quantas passagens reservadas e perdidas? Quantas roupas compradas e não usadas? Quantos discursos preparados para quando ela chegasse? A frustração é mãe impiedosa de toda felicidade abortada e nos faz companhia quando queremos ser feliz a qualquer custo.
O negócio é levar a sério aquela velha e linda história de não correr atrás das borboletas....
Acho que o que a gente deve fazer é deixar a porta do coração aberta, seguir em frente, em paz, e então a felicidade acontece, nos alcança onde quer que estejamos.
A felicidade é uma brisa leve que nos toca em meio às coisas mais banais. É inútil programá-la para o fim de semana, para o dia do pagamento, para quando o telefone tocar.


Para amigos e amigas que, nesse momento, esperam ansiosamente pela felicidade.

Sabrina Davanzo




22 de ago. de 2010

Travessia


E numa noite escura e sem lua, ela se viu dentro de um barco miserável, conduzido por um senhor que o guiava em meio as águas turvas e sonolentas. Nem uma estrela, nenhum sinal de vida além dos dois, apenas a imensidão.
Desesperada, ela gritava com o senhor exigindo que voltassem:
-Tenho medo, não vês? Estou apavorada! Nunca vi tanta escuridão. Estou sozinha. Volte! Volte!
Ele pediu que tivesse calma. Certamente chegariam a algum lugar e ele estava ali. Tinha experiência naquela travessia, conduziria-a com segurança.
Quanto mais a noite avançava, mais medo ela sentia. Quase podia tocar a negritude de tão densa, o que lhe causava arrepios. O barco deslizava devagar, dando a impressão de estar parado naquele deserto de água por todos os lados. A respiração dela tinha um ritmo acelerado e então insistiu com o senhor:
- Por favor, tire-me daqui! Estou sufocada... não gosto desse lugar!
Ele tentou confortá-la explicando que era exatamente o que fazia ao comando do barco. Estava tirando-a dali. Sugeriu que ela dormisse e lhe prometeu que ao despertar a paisagem seria diferente.
Ela respondeu que nunca conseguiria dormir naquele estado e que ficar acordada também era ruim. Ameaçou pular do barco. O velho a olhou com bondade e sussurrou como que para si mesmo que na água gelada sua frustração e desespero seriam ainda pior..."Por que eles não enxergam? Por que não entendem?" Resmungou olhando para o céu.
Ela nem sabe quanto tempo passou lutando contra aquela noite assustadora e parada, mas, de tanto pelejar, acabou ficando exausta e adormeceu. Foi um sono sem sonhos, pesado.
Ao despertar, percebeu os primeiros raios de sol aquecendo seu rosto, inchado de tanto chorar.
Abriu os olhos timidamente e notou o pequeno barco ancorado. Olhou ao seu redor e o que via era algo parecido com um paraíso. Cores, aves, terra firme, flores, cheiros, formas. Uma explosão de beleza, delicadeza e felicidade por toda a parte.
Olhou para o velho que havia velado seu sono e sorriu sem entender como tudo aquilo era possível.
Sem esperar que ela lhe dirigisse uma palavra, com bondade, lhe respondeu:
- Às vezes precisamos atravessar horas, meses, anos de escuridão para chegar ao nosso verdadeiro destino. É preciso ter paciência e confiar no tempo. Nada dura para sempre. Se tem uma coisa que é certa nesta vida é que todos os dias, depois de uma longa noite sem luz, o sol aparece para iluminar e aquecer. Não há o que fazer a não ser esperar.

Sabrina Davanzo

20 de ago. de 2010

Novo!


O blog está de cara nova. Presente do meu amigo designer João Célio.
Espero que gostem. Obrigada pelo carinho de sempre.

Bjos!

Tks, Jones!
I like it! So much! =D

Sabrina Davanzo

19 de ago. de 2010

Listas


Ela tinha tantos projetos que anotava-os para não esquecer nenhum.
Em sua lista de prioridades, a vontade de acreditar que todo resto era possível vinha em primeiro lugar.

Sabrina Davanzo

17 de ago. de 2010

Monstro



O melhor amigo de Sofia era um monstro que vivia embaixo da sua cama, junto com a poeira e um pé de meia esquecido. A amizade começou quando, numa noite, ele saiu para assustá-la e a encontrou chorando com a TV ligada para espantar a escuridão.

Sabrina Davanzo





Antônimos



Ela que era noite,
resolveu ser dia
Em vez de chorar,
sorria
Em vez de gritar,
pedia
No lugar da revolta,
cedia
No lugar da reclamação,
compreensão
E, para quem nunca estava disposta,
diversão
Para fazer tudo diferente,
preferiu os antônimos aos sinônimos
nada de letargia, monotonia, empatia
Sua vida ganhou novas cores
e seu coração,
mais amores

Sabrina Davanzo




12 de ago. de 2010

Caixa de entrada

Recebi seu email, amiga, e devo confessar que também me deu saudade daquela época. Quando bastava um astro do rock pra nos fazer felizes. Quando o presente era muito mais importante que o passado. E que o futuro... Tínhamos a eternidade como nosso futuro! As assombrações da meia-noite não vinham perturbar e o dia não era tão pesado quanto é agora.
Quando foi que deixamos de nos divertir? Quando foi que tudo deixou de ser prazer e se tornou uma eterna e intransponível obrigação? Quando foi que deixamos de ter tempo para nós mesmas e para nossos amigos tão queridos?
Tantos queridos estranhos em nossas vidas agora... Estranhos que acabam tomando tamanha importância, que às vezes chego a ficar com medo da presença deles.
Lembra do lançamento do Titanic no cinema? Tivemos tempo de sobra para irmos assistir o mesmo filme com final deprimente 20 vezes! Tínhamos tempo de comprar os presentes mais absurdos de aniversário uma para a outra. Procurávamos interminavelmente. E como era bom! Era como se fôssemos ter aquele tempo pra sempre. E, de certa forma, tivemos. Algo que nunca vai passar, nunca sairá das nossas lembranças. Sonhos que continuam bem vivos.
Naquela música que você falou, o Bon Jovi diz que em algum lugar alguém está sonhando ("Somewhere someone's dreaming"). E acho que é nisso que devemos nos prender, amiga. Nos sonhos. Naqueles sonhos que dependem só da gente. Naqueles em que acreditamos de verdade. Naqueles em que nada é impossível. Nos sonhos inocentes e, mesmo assim, tão reais. Naqueles sonhos que sonhamos acordadas pouco antes da meia-noite chegar.
Não fique triste pela meia-noite que se fez em seu coração, amiga. A meia-noite pode trazer lembranças ruins, pode tirar seu sono, pode até dar medo. Mas é bom pensar que depois dela um dia novo começa e que a dor acaba passando.
Dói tanto porque a gente deixa doer e porque foi importante pra gente. Dói tanto porque, como sempre em sua vida, você se doou. E, se por um lado é triste pensar que dói tanto, pelo outro é bom saber que parte da sua doação vai se transformar numa sementinha plantada no outro, nos outros. Uma sementinha de esperança plantada neste mundo tão injusto às vezes.
Sei que tem sido difícil arrumar tempo pra nos encontrarmos, amiga. Como o Bon Jovi fala na música, eu queria estar lá pra cantar essa música (wish that I was there to sing this song). Queria estar aí ao seu lado agora, amiga, pra te dizer que sua meia-noite vai passar. Mas, quem sabe não conseguimos marcar aquele dia para lembrarmos de dias mais felizes, quando eram três da tarde em plena meia-noite? Vai ser bom rir ao seu lado de novo, deixar sua presença iluminar o ambiente.
Amanhã te ligo, amiga, e combinamos algo pro fim de semana. Quem sabe já não compramos o ingresso para o show?

Carol (por e-mail)