Quando o pano abre devagar, numa qualquer sala de teatro, os espectadores tentam rapidamente perceber o cenário, No espaço ainda vazio, antecipam-se actores disfarçados de personagens. A peça começa... o pano é esquecido!
Há dias em que, no palco da vida, o pano devia manter-se, na sua verticalidade de pregas de veludo, fechado. A peça não está pronta. Os ensaios correram mal. Faltam adereços no cenário. A encenadora não tem vontade de ouvir as mesmas falas, repetidas à exaustão, na busca da representação perfeita.
Há dias, nesta encenação real, em que as deixas deixam tudo a desejar. Em que as palavras que se escreveram não previam a reviravolta dada pelos actores.
Há dias em que se devia representar sem abrir o pano. Porque o fracasso é previsível. E o cansaço também!
Há dias assim...
8 comentários:
Há dias em que o palco é uma babel... onde cada um representa um papel que pouco tem a ver com o que é real e importante.
E isso acontece porque os actores são coxos das ideias (e são tantos) ou porque estão num dia não (o que não é grave, acontece aos bons...).
E um actor apenas, não faz uma representação. Ainda que seja um monólogo. Muito frequente, de resto, nos que nem respondem às falas e falam para se ouvirem a eles próprios.
Beijinhos (em diálogo)
A previsibilidade de um fracasso anunciado porque preparado não pode, não deve, prender o pano e, mesmo se o tempo não foi o necessário mas o possível, mesmo se os adereços nos foram ofertados sem hipóteses de recusa, mesmo se os ensaios foram atribulados e exigiram ajustes desajustados, a peça tem de expor-se à crítica porque sempre é melhor a polémica que a cobardia, a prepotência que a hipocrisia, a aniquilação que a indiferença e é, acima de tudo, o melhor teste de revelação dos actores.
Também, nada pode impedir o teatro da vida...
Bj
Emília
Não gosto de responder a comentários, mas achei curiosa a leitura perfeita das minhas palavras.
Nilson, sem conheceres o contexto, gostei da adequação das tuas palavras. Podia, sem dúvida, tê-las feito minhas...
Emília, minha querida amiga, que respeito e adoro como a uma mãe, conheces o contexto És um ser humano lindo e agradeço-te fazeres parte da minha "peça".
Beijos "(em diálogo)" para os dois.
Há dias sozinhos ou que nos parecem tão sozinhos como naquele post do meu sítio peludo...
Um bejinho e boa noite.
("Não gosto de responder a comentários"... porquê???)
O cansaço por vezes faz-nos querer fechar o pano. Mas nem sempre é bom. Um dia de cada vez, minha amiga.
Um abraço
PJB
Agora sei porquê!
Agradeço assim a explicação particular nesse gesto.
Boa noite :)
Renata, peço desculpa por ter apagado o seu comentário. Fui visitá-la e deixei-lhe umas palavras.
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