Ensaio pelo continuar...



 

     Todos os anos, ciclicamente, chega o dia da despedida. No ano transato, o vírus não nos permitiu a presença no momento do adeus.

     Hoje, voltei a viver a última aula, ao fim de três anos com estes meus lindinhos, essa última aula de Português cheia de palavras, as minhas, como as de todos os dias, [ou não], as deles escritas, partilhadas em privado, para uma leitura mais tarde.

     Depois, foram as lágrimas, os abraços apertados [a pandemia, por segundos, passou a outro plano] entre promessas de que nunca esqueceriam a professora. Não os quis contrariar nesse instante tão sentido, claro que esquecerão a professora, é assim há mais de trinta anos. É certo que alguns nunca esqueceram, tornámos-nos amigos, promovemos jantares de Natal, os filhos já passaram pelas minhas aulas, também. E tudo se repete. 

     Quanto aos ensinamentos, espero que germinem e dêem frutos. 

     Cheguei a casa cansada dos dias, sentei-me e peguei nas folhas brancas preenchidas pelas despedidas dos meus meninos [tão crescidos!]. Chorei. Continuo a gostar de ser professora.