1. Na passada quinta-feira, estamos a falar de 20 de Novembro de 2008, foi preso Oliveira Costa, ex-presidente e CEO do Banco Português de Negócios (BPN). Na sexta-feira, o juiz aplicou-lhe a medida de coacção máxima, a prisão preventiva, com base no alegado receio de fuga e na gravidade dos factos. Em princípio, a prisão preventiva só é aplicável a arguidos de factos criminosos a que corresponda uma moldura penal superior a 5 anos. Se não estou em erro, Oliveira Costa tem presentemente 73. E fácil adivinhar que, se vier a ser condenado, o seu envelhecimento não vai ser tranquilo.
2. A prisão de Oliveira Costa deixou-me verdadeiramente triste. No começo dos anos oitenta ele era o Director do Departamento de Supervisão Bancária do Banco de Portugal. Foi o meu Director quando eu trabalhei nesse Departamento e deixou-me as melhores impressões como profissional, como trabalhador incansável e como pessoa ousada, muito séria. Vejo-o com esse perfil e não consigo compreender a alhada em que se encontra. Esta confusão não encaixa, de modo nenhum, na imagem que tenho dele. Em meados dos anos oitenta seguimos percursos diferentes. Mas sempre mantivemos contacto de amigos e jamais vislumbrei qualquer situação que me permitisse alterar essa boa imagem.
A Supervisão Bancária deveria vestir luto pesado. Afinal Oliveira Costa foi um homem responsável pela Supervisão… Terá esta sido suficientemente preventiva no caso do BPN?
Senhores investigadores, averiguem tudo muito bem! Parece-me que há histórias sérias a tender para serem mal contadas. Para mim, Oliveira Costa, apesar de, presentemente, se encontrar em maus lençóis, continua a ser um homem bom e trabalhador que nunca ostentou riqueza pessoal imerecida. Não gostaria de ver conclusões que me fizessem mudar esta opinião.
3. Seguiram-se as entrevistas em tom excessivamente nervoso de Dias Loureiro, que foi colaborador de Oliveira Costa no Grupo a que pertencia o BPN, e, ontem mesmo, do Governador do Banco de Portugal. Ambos aparentaram estar muito à tona dos nervos e pouco seguros em questões fundamentais. Parece claro que o sistema financeiro é hoje um enorme barril de pólvora com o rastilho muito exposto. Um morrão de cigarro, uma distracção ou uma simples brincadeira de mau gosto podem provocar uma verdadeira catástrofe. No meu ponto de vista, estes dois senhores teriam feito melhor se estivessem caladinhos. O primeiro, porque sendo uma pessoa experiente em política, deveria ter tido o cuidado de não entrar na roda do diz-se que disse o que eu não disse. Mesmo que tivesse razão, deveria saber que a contradita seria de esperar, e em termos violentos ao ponto de ser havido como mentiroso. Como conheço relativamente bem a outra parte, António Marta, opino no sentido de que Dias Loureiro está, no mínimo, confuso e equivocado. Por ouro lado, o Governador do Banco de Portugal não deveria ter sido tão explícito em relação ao Banco Privado Português, que afinal deixou cair na opinião pública como uma banqueta em queda letal, de somenos importância para merecer significativo apoio estatal.
Meus senhores, cuidado, que há fogo em jeito de chegar ao rastilho….
terça-feira, 25 de novembro de 2008
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