segunda-feira, maio 24, 2010

Tuas!

Esperava encontrar entre as palavras, uma descrição, algo que mostrasse a falta de apego que lhes ando a sentir. Somente, tanto elas como eu, por agora, pouco nos falamos.


(Re)Toma de Palavras: Lata Amarela...

Era uma Lata...
Amarela com letras gordas Azuis…
Lata enorme de leite em pó que não me recordo de beber…
Mas sei que a Avó Branca a guardava na prateleira do vão da despensa onde rangiam as escadas de madeira que subiam para o sótão - lugar de todos os tesouros a par com o escritório do avô Dado.
Pela tarde, depois de terem perdido a graça todas as brincadeiras no quintal, a Lata Amarela descia da prateleira e sem acanhamento brotavam dela dezenas de Botões que faziam do chão da sala uma paleta colorida. E eram Botões incríveis, de 2 ou 4 casas, verdes e azuis, rosa e vermelho, de madeira ou plástico, eram Botões enormes e muito pequenos. Eram imensos os Botões. E o chão da sala ficava a "mouco-mouco", dizia a avó Branca, tudo espalhado, tudo remexido, tudo fantástico…
Para os por novamente na Lata eu pedia sempre a mesma coisa:
- Vó, dá-me uma "falanga"!!!!
E ela punha-me na mão sempre a mesma moeda de 2$50 que fazia brilhar os meus olhos… Não sei se pela moeda, se pelo prazer de os arrumar sempre de forma diferente:
por cor: azuis, amarelos, brancos, vermelhos; por tamanho: os pequenos, os médios, os maiores, os mais maiores, os mais mais maiores; por feitio: os redondos, os quadrados; sei lá todos de uma só vez..
E no final, o melhor lanche do Mundo: uma carcaça com manteiga e uma caneca de cevada:
-Com água Vó, para ser como tu!!!!!
Acho que a minha cevada minha sempre uma pinga de leite, mas nenhuma carcaça nem cevada alguma vez tiveram o mesmo sabor….
E ficava, a comer, olhando a Lata Amarela e imaginando uma nova forma de arrumar os Botões!


Tenho de procurar a Lata Amarela, qualquer dia a Madalena já pode brincar com ela!
Curiosamente, a Madalena tem já uma mania: por vezes deixo-a brincar com as molas de estender a roupa, hoje de manhã foi o delírio no chão da cozinha e, quando dou conta, tenho em cima da cadeira, todas as molas
azuis!
E não eram só as
azuis claras, eram mesmo todas as azuis!
13 meses hã!


sexta-feira, maio 07, 2010

M

Não são mais do que 2 a 3 minutos de pura intimidade em que voltas a ser só minha, em que os teus olhos consomem a minha luz... e vão ficando pesados, pesados... e vão fechando... e fazes força para os manteres abertos, para me veres, para ficares mais uns segundos comigo... e passo-te a mão pela testa, afago-te o cabelo... e fecham... lentos... serenos... com a certeza que quando se abrirem me iram ver de novo... a sorrir para ti...

M

terça-feira, maio 04, 2010

Poética


Que é a poesia?
Uma ilha
cercada
de palavras
Por todos os lados.

Que é o Poeta?
um Homem
que trabalha o poema
com o suor do seu rosto
um Homem
que tem fome
Como qualquer outro
homem.



Cassiano Ricardo

In: Antologia da Poesia Brasileira por José Valle Figueiredo

sábado, maio 01, 2010

Trabalhadores do Mundo, UNI-VOS!