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domingo, 14 de outubro de 2012

Quem conta um conto, melhora um bolo*

Naquela tarde de sábado, ela receberia visitas em casa. Caprichosa como ela só, além de deixar a casa "um brinco", pensou, para o lache da tarde, em preparar um bolo. Um bolo gigante, fofo, macio, coradinho. Entretanto... sabe como é: entre o pensar e fazer, há mil obstáculos a serem vencidos.
O dia já começou meio atrapalhado porque precisava ir ao centro da cidade fazer umas compras, passar em 785 lugares e resolver 8759 pendengas. Antes disso, como um dia complicado que se preze, o pedreiro, que havia prometido passar por lá para fazer um orçamento de uma reforma havia dias, resolveu aparecer! Que fofo! E conversa vai, conversa vem, medição vai, medição vem, explicação vai, explicação vem... o tempo voou! Resolveu então, fazer o bolo antes de sair porque a volta coincidira com a chegada das visitas.
Já disse que pressa e cozinha são coisas que não combinam, certo?! Pois então, lá foi ela comprovar essa máxima: ovos, açúcar, farinha, leite, fermento. Separa claras de gemas, faz o ritual como Deus manda. Na hora do açúcar, claro, para ajudar, não havia o suficente na lata, então corre até a despensa para pegar um novo pacote. Quando volta, pensa: "...mais três ou mais duas?" Colocou mais quatro xícaras! E vai e vem. Finalmente, despejou a massa borbulhante, linda, nas formas... sim, no plural, porque eram duas.
Enquanto assava, foi se aprontar para sair. Quando saiu do chuveiro, sentiu o cheiririnho do bolo assando... e queimando!!!! Correu para a cozinha a tempo de assistir ao desastre: a massa, por razões desconhecidas no momento, mas apuradas posteriormente, resolveu se rebelar e crescer além dos limtes. Crescia e derramava, num lindo espetáculo vesuviano, sobre a assadeira debaixo (que inexplicavelmente, mantinha-se dentro da forma!). No afã de salvar ao menos uma vítima daquele desastre, abriu o forno (tsc-tsc-tsc!). Assim, o vesúvio parou de se derramar sobre Pompeia ( o bolo debaixo), todavia, este, tal qual um boneco de posto sem ar, foi ao chão, ou, no caso, ao fundo da assadeira. O de cima, bom... era possível escolher: havia a massa crua do meio e o torrão de fora. Tempo para repetir a receita não havia. O jeito foi tentar salvar o que era possível do bolo debaixo. Fez um pratinho.
Mais tarde, quando as visitas chegaram, enquanto ela preparava a mesa para o lanche, pensou bem e concluiu que a história real era tão bizarra que ninguém acreditaria, então resolveu dar uma melhorada nela:
- Eu fui assar o bolo na vizinha porque meu gás estava acabando, quando eu voltava, lá de cima da rua, um caminhão desgovernado bateu numa caçamba que rolou a rua, bateu num poste, que caiu sobre um muro, qua esbarrou numa moto que passava, que se assustou e esbarrou numa bicicleta que passava, que acabou batendo na traseira de um carro, que freeou bruscamente e assustou uma criança que brincava num velotrol que olhando para trás para ver o que acontecia, perdeu o controlo do brinquedo e me acertou em cheio na canela! Com o susto, o pote onde eu trazia o bolo, maravilhoso, assado e cortado, voou da minha mão, deu três loopings no ar e caiu na minha mão de volta. Tudo acabou bem, mas vejam que o bolo foi a maior vítima desse atropelamento.
Todos ficaram tão abismados com a história que nem repararam que o bolo estava meio soladinho... até porque, bonito não estava, mas tinha o delicioso sabor de sempre! Afinal, quem conta um conto, melhora um bolo!!!

*baseado em fatos inacreditavelmente reais!

domingo, 5 de agosto de 2012

A partilha do bolo: um estudo sociopsicológico

Desde os tempos da Bíblia, a partilha do alimento revela traços sociais, psicológicos e culturais de um indivíduo ou grupo de indivíduos. No caso da Bíblia, Jesus quando repartiu o pão revelou ser um milagreiro!

Contudo, deixando o milagre da multiplicação dos pães um pouco de lado e trazendo o tema para a esfera mais cotidiana, toda festa que tenha bolo, depois dos parabéns e da famosa primeira fatia, há sempre alguém que fica incumbido da partilha do bolo para distribuição aos convidados. É desse indivíduo que quero tratar.

Nas festinhas em buffets infantis, via de regra, há sempre um bolo na mesa que, depois dos parabéns, é retirado pelos funcionários do buffet que o levam para os bastidores e seundos depois passa a ser distribuído aos convidados em fatias praticamente de mesmo tamanho (enormes) e, geralmente, acompanhado de uma bola de sorvete (última moda!). O que isso revela? Não há interesse, por parte daquele que fatia o bolo, de privilegiar quem quer que seja. Trata-se de uma partilha imparcial, cuja única finalidade é fazer com que os convidados ingiram ainda mais açúcar!

Tal comportamento também pode ser observado em festas de casamento. A diferença faz-se no fato de que, normalmente, o bolo cortado pelos noivos é falso e o verdadeiro está na cozinha, sendo devidamente fatiado para distribuição.

Entretanto, interessante mesmo, são as festas familiares caseiras!!! Essas, sim, são um prato cheio para observação de certos comportamentos.

Vamos aos tipos:

O aniversariante - não é comum, mas pode acontecer de o próprio aniversariante, após cortar a primeira fatia (e fazer o pedido), permanecer de faca em punho cortando e distribuindo o bolo. Isso revela um certo cuidado por parte dele ou, dependendo do caso, um certo grau de controle sobre a situação. Pedaços grandes? Pequenos? Depende. Ele conhece cada um dos convidados e sabe do gosto de cada um.

A mãe - mãe é pau pra toda obra e num momento de comemoração familiar não poderia ser diferente. Lá está a matriarca chamando para si a responsabilidade pela divisão do bolo. Aqui existe uma subdivisão: a) aquela que já corta um tolete de bolo pra encher a barriga de todo mundo; b) aquela que corta uma isca para cada um, de modo que se assegure que todos terão um pedaço e ainda poderão repetir. No entanto, o objetivo de ambos os tipos é o mesmo: fazer com que todos sintam-se satisfeitos.

A amiga habilidaosa* - esse tipo é aquele prestativo. Tão logo a primeira fatia seja cortada, lá está ela tirando a faca da mão do aniversariante e dizendo "pode deixar que eu assumo, vai se divertir!". Transforma a partilha do bolo em uma linha de produção: separa os pratos, coloca três brigadeiros e dois beijinhos em cada, corta o bolo todo, coloca as fatias nos pratos, cutuca um garfinho em cada e pronto. Aos convidados, cabe pegar cada o pedaço que mais lhes agrada. Desprendimento? Talvez. Mas tanta prontidão pode esconder o interesse no melhor pedaço do bolo!!!

A tia espertinha - esse tipo é o máximo! Se o tipo anterior ambicionava tão somente um pedaço privilegiado de bolo, a tia espertinha ambiciona muito mais!! Podem reparar. Quando é a tia quem está no comando da faca, as fatias de bolo são verdadeiras nano-fatias, todavia, diferente daquele tipo de mãe que faz isso visando a possibilidade de que todos possam repetir o pedaço, essa sujeita quer mais é que sobre muito, muito bolo. Qual objetivo disso? É só ouvir o discurso dela antes de ir embora: "Nossa, que dó, sobrou tanto bolo... vou levar um pedaço pra casa"... pra filha que nunca vai às festas! E pensa que esse será um pedaço como os servidos? Que nada! Lá se vai o bolo todo, restando apenas o tabuleiro.

Aqui apresento apenas quatro, mas são inumeráveis os tipos, como o personal fatiador, que faz o corte ao gosto do freguês (grande, pequeno, com cereja, sem cereja); o atrapalhado, aquele que até tem boa vontade, mas esculhamba todas as fatias, que se transformam em massaroquinhas nos pratos; o tipo arrependido demais, que começa com fatias enormes e, lá pela metade, percebe que há mais convidados que bolo, se arrepende e passa a servir fatias minúsculas; o tipo primeira rodada, que só serve a primeira rodada e se nega a cortar a segunda! E por aí vai.

Observar a partilha do bolo pode revelar traços interessantíssimos das pessoas que circundam a mesa. Pode reparar!!

*Meu caso, confesso!!! hehehehe

domingo, 14 de dezembro de 2008

Nova idade, velhos hábitos!

Perceberam que hoje o dia amanheceu mais bonito, o Sol mais brilhante, o ar está mais puro, que as energias estão todas em harmonia, os gatinhos ronronando, os passarinhos cantando com mais alegria?! Notaram?! Eu tenho uma explicação: hoje é meu aniversário!!! Eu adoro, comemoro mesmo!
Ontem, enquanto fazia meu bolo, aproveitei para fazer aquela revisão-básica-pré-aniversário. Em meio a fôrmas, espátulas, farinha, ovos, leite, doces, chocolates, fui percebendo que alguns hábitos específicos, na cozinha, não mudaram nada ou mudaram muito pouco ao longo dos meus poucos (pouquíssimos) anos de vida.

O bolo de aniversário feito em casa é lei, desde o primeiro ano! Aniversário tem de ter bolo, velas e pedido. A diferença é que nos últimos anos quem faz meu bolo sou eu mesma, com todo amor, carinho, chocolate e doce de leite que uma pessoa é capaz.

Quando era criança, enquanto minha mãe preparava o bolo, eu e minha irmã ficávamos penduradas nela esperando para lamber a tigela e a espátula da batedeira. Havia uma regra: a aniversariante do dia tinha a preferência pela tigela, a espátula sobrava para a outra. O mesmo valia para a panela e colher do recheio e cobertura. Depois de crescidas, com mais idade, é óbvio que isso mudou: a aniversariante tem preferência total em tudo e não divide nada com ninguém!! O mais incrível nisso é que a massa crua, raspadinha até a última manchinha, continua deliciosa.

A lata de leite condensado: o sonho de consumo, a cobiça maior, a delícia das delícias! Para não dar briga, minha mãe dava a lata para a aniversariante e uma colherinha para a não-aniversariante. Mas, ainda que a colher pudesse ter mais do doce, a lata sempre era a mais saborosa porque havia a aventura de enfiar o dedo naquela lata cheia de rebarbas cortantes, o acúmulo nos cantinhos, a lambida na tampa e a mãe com o coração na boca, dando bronca e morrendo de medo de que cortássemos um dedo fora ou perdêssemos a língua por causa de um restinho! Ontem, não era uma, eram duas latas de leite condensado para me lambusar, mas como a mãe não estava perto para me alertar... acabei arrancando um naco do meu dedo numa rebarba-assassina! Ri de mim mesma pela traquinagem e terminei o bolo de band-aid no dedo!

Os anos passam e ainda acho maravilhoso poder comemorar, celebrar a vida, rever a própria história, me reconhecer nos hábitos... poder escolher o sabor do meu bolo e poder lamber tudo, sem broncas, embora com um pouquinho de culpa, afinal, até o bolo ser cortado, já consumi umas 250mil calorias extras, além de ter corrido o risco consciente de pegar uma intoxicação por salmonela pelo ovo cru da massa! Feliz da vida, feliz pela vida, mais um ano. Os hábitos são velhos, mas a idade, ah, essa é novinha em folha! Feliz aniversário pra miiiiiiiiiiiim!
PS:... o bolo da foto é o de hooooje! Massa de chocolate com recheio de doce-de-leite, coco e amêndoas e cobertura de brigadeiro... ui... delícia!!