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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Dia tres

"Lembrem-se do saco plástico"

No programa, uma " idazinha" ao Chile, ao Parque Puyehue, coincidência, o nome do hotel onde ficamos em Sao Carlos de Bariloche, na Argentina. Criança que  sou, eu e meus porques,  pergunto no hotel o  que quer dizer : Hue  é lugar, Puye, que se diz " puche", é um tipo de peixe. Mas no parque o que  nos atraia seriam as fonte termais. André já visitara algumas na Bolivia e eu, na Grecia, mas queríamos conhecer essas. Aduana, filas, cães farejando os carros, sustos por não encontrarmos os documentos do Miguel e Mamãesaimos da Argentina e encontramos paisagens espetaculares na zona fronteiriça.Me parecia chão de areia entre as coniferas, Andre explica que são cinzas vulcânicas, que na ultima erupção no Chile, Bariloche ficou coberta de cinzas. Visto agora, na mata é lindo. Uma extensão enorme de árvores secas. Queimadas ? ou teria sido ainda do Vulcão ?  Mas chovia, a altitude aumentando - eu estava "pilotando" um GPS técnico, aprendendo - e a temperatura diminuindo, diminuindo, 1,5°c, a chuva passa  a  ser neve, uma amostrinha, mas para mim  que nunca tinha visto, uma maravilha. Mas seguimos,  a volta seria no  mesmo dia, a aduana fecha às  20:00hs, para entrar  no Chile, muito mais rigor, até as duas bananas para o lanche do Miguel tiveram que ir para o  lixo.  E um tempo enorme nas filas, entramos. Sol ! E logo percebemos uma mudança na vegetação circundante, maior diversidade, fazendas de gado,  chegamos ao Parque e...Decepção !  As tais fontes faziam  parte de um   enorme complexo hoteleiro, não como imagináramos, locais abertos onde caminhar. O que um grupo de "bichos-do-mato" iria fazer ali ? Hortências à beira da estrada. Adiante, um rio, e paisagens bem semelhantes às nossas, de nossos rios. Estica-se o esqueleto, o pequeno caminha pelas estradas, vazias, de meias, pois recusa sapatos para desespero da Mamãe. E, frustrados, retoma-se a viagem, de volta. Uma fila lenta e enorme de carros, um tempo perdido, aproveitado para estabelecermos conversa com outros viajantes, a familia chilena logo atras de nós pergunta de onde somos,  e dizem que acabaram de chegar de uma viagem ao Brasil, à... Buzios ! Pensando que não valera a pena, André pára o carro para fotografarmos a " areia" e quem sabe,  pegar uma amostrinha, quando voa pela janela do carro uma sacola plástica. PQP  ! Não se pode deixar esse lixo num lugar daqueles, a sacola voando ao vento, Andre correndo atras, Dani segue para tentar ajudar, o Miguel dormindo no carro, tranquilo, a viagem estava dificil para ele, os dentões nascendo, sem frutas para comer, apenas biscoitos e papas industrializadas, que ele não gosta, o sono ajuda a passar, a chegar logo na comida. E correm, a sacola dandouma canseira, até que finalmente ela é pega e nela coletadas algumas amostras do solo. Ao sair com  carro, por estarmos bem devagar, vemos uma estradinha sobre as cinzas, em direção a uma  "formação rochosa". Vamos ? O carro não tem tração ...Vamos !  E subimos em direção a uma "formação rochosa" e subimos e chegamos a uma das paisagens mais bonitas que eu já vi. Mesmo com céu encoberto que não permitia avistar ao longe, o perto é magnífico ! Paramos onde a estrada passava a beirar  um precipicio, medinho, né, não sabemos com  aquele solo reage à chuva. Carro bem longe da beirada, Andre sobe até  as rochas e nós ficamos aproveitando a Beleza, curtindo o vento que quase nos arrasta, o frio,caminhando,
 fotografando.
Graças a um saco plastico fujão. A partir daí, sempre que algo parecia não ser o que esperávamos, dizíamos :  lembre do saco plastico (e de como algo que parece muito ruim pode ser a entrada para algo incrìvelmente bom)



Mais fotos desse dia, estou postando  AQUI

e REVIAJANDO  nas flores, aqui




domingo, 16 de fevereiro de 2014

DIA DOIS - parte dois

Do hotel, seguimos pelo Parque Nacional Nahuel Huapi.  Tudo ali é Parque. Até a cidade está em áreas do parque. Fazendas, casas e vilas de veraneio. Um conceito bem interessante, a população integrada com a área  a ser preservada, cuidada.   Um Parque que foi fundado em       e expandido por diversas vezes. Possivel coexistir preservação e desenvolvimento ? O diferencial seria a educação dos habitantes? Me parece que sim.
Nesse primeiro dia de passeios  foi escolhido a visita ao setor chamado " Vila Mascardi" que além      do Lago Mascardi, ainda outros lagos e a grande surpresa do dia, a cor das águas do Rio Manso. Neste setor do parque visitamos a Cascada de los Alerces - Alerces  (1)  sao coniferas  que estão consideradas como as árvores mais antigas do mundo, algumas com mais de quatro mil anos de existência. O impacto de duas cachoeiras de águas azuis turquesa foi enorme. Não pude deixar de fazer uma comparação com o Encontro dos Rios, lugar que aprecio, amo, aqui no Estado, mas infelizmente para a nossa beleza, reconheço que aquela cor de lá me encanta. Aquele encontro de rios é mesmo mais bonito, mas são os Andes...
Daí e depois de um lanche em um espaço familiar, o destino foi o Ventisqueiro Negro, um belissimo glaciar que finda entre pedras negras  num lago  esverdeado sob chuva e onde boiam enormes blocos de gelo, icebergs lacustres. Vergonha, não sei termos corretos, tanta coisa não perguntei ao casal de geólogos que me levaram, outras aprendi e muitas ainda, esqueci-me, pois preciso de varias explicações até memorizar termos e acidentes geológicos. Mas que privilégio visitar estes lugares e ainda desfrutar de lições técnicas sobre as origens daquilo tudo.
E dali ao Cerro Tronador. Enormes cascatas surgindo das altitudes, de um glaciar, e que descem virando um rio, o Manso, que de manso só a impressão que deixou nos Espanhóís que encontraram sua foz.
Subi cerca de 400m em uma trilha na mata e sob chuva cerrada, sem abrigo de chuva. Pensava: desistir, nunca, as roupas secam no carro, se gripar, saro. Se morrer por isso, valeu. E subi. Bufando. Mas olhei, escutei, senti os cheiros e a força dos elementos. Molhei  minha mãos nas águas que desciam pelas pedras roladas. ali, onde o rio se mostrava. E depois que desci, já no carro, na volta, abaixo da " linha da chuva"  percebi que ali eu estivera em contato pleno com os "reinos das águas", o ponto onde um rio se forma, dentro de um semicírculo de imensas rochas que permitem à água recem transformada em liquido se apresentar,   e sob toda a água do céu, de nuvens condensadas que se precipitam naquelas rochas geladas. O princípio.
 Senti  com muita força essa experiencia, enriquecida por outra, outro dia adiante: a formação da terra.










sábado, 15 de fevereiro de 2014

Dia Dois

O começo das maravilhas

Ainda me espanto com minha capacidade de encantar-me.
Ao ser convidada para esta viagem, pensei, como quase qualquer brasileira:  "mas Bariloche no verão?  Todo mundo vai no inverno, ver neve, essas coisas".  Mas, convicta de que qualquer viagem vale a pena, bem, diria que quebrei a cara ?  Pois minhas expectativas de "quase nada" destroçaram-se ante à beleza que vi.  Não só a arquitetura agradável da cidade, e a educação de todos, motoristas principalmente, que não  precisam de semáforos ou guardas de transito para cederem a passagem e fazer tudo fluir calmamente lá,  mas as  belezas das montanhas e lagos, rios e cachoeiras e tanto mais. Sem tempo para uma pesquisa previa fui sabendo quase nada exceto que, cidade turistica - como a que moro,  e  com população equivalente. Sabia que era frequentada por brasileiros no inverno e argentinos e chilenos no verão. Isso confirmou-se, ante comentarios de varias pessoas -"brasileiros no verão?  E por não ter ouvido uma palavra sequer em portugues.
Frio !  Muito frio. Cerca de 8 graus, às 9h da manhã. Para isso eu estava preparada, fui avisada que estávamos sob uma frente fria, que verão lá quase é como o nosso, que os lagos são como praias, banhistas, coisas assim, mas que em toda nossa estadia seria mesmo esse frio. OBAAA!!!!! E vento !  Sob sol e céu azul, ou  nuvens. O clima perfeito !



E flores, tantas flores à beira das rodovias e estradas que se fosse parar a cada jardim, a cada quadro magnífico, não iríamos seguir adiante, nunca.

Das flores que  vi ?  Algumas fotos estão   AQUI

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Foi assim

que acabei novamente em um avião...E como gosto daquela sensação de velocidade, da decolagem.

Mas a historia começa como as outras, assim, de repente, algum filho resolve fazer uma viagem e presentear-me, levando-me junto. Nessas, que fui à Machu Picchu, Cuzco, Grecia, de Atenas até Salonica, do oeste ao leste,  e fui ao norte da  Escocia,  e ao sul da Inglaterra,  Amazonia pelas bandas do Purus e agora Bariloche, Patagonia Andina, Argentina, com uma passadinha até o Chile. E lá fui, como nas  outras, sem dinherinho nenhum mesmo, passeando como se rica fosse...Péeeraí!  Mas sou mesmo muito rica de valores que estão acima de dinheiros, afinal tenho todo esse amor dos filhos e filhas.

Dia zero:  domingo, de casa à Itaguaí, onde  iria pernoitar e encontrar Neto e Mãe, para seguir de volta ao Rio, bem cedo, ao Galeão, dia um. O filho  seguira com a bicicleta dias antes, já estava até cansado de tantas trilhas, dissera ao telefone. Eu e Dani  até fingimos acreditar. Transito lento, conforme esperado, cidade em obras, maquiando-se para os jogos que virão


Tudo dando muito certo, não sei para  que tanta ansiedade, tanta tensão. Tamyres voltou com o Valente para casa, primeira vez que faz isso sozinha. Chegou em casa antes de decolarmos. Tranquila. O voo atrasou  quase duas horas.
Miguel  detesta gente. Como a maior parte da familia, aliás. Pobre menino, sofria no avião enquanto entravam passageiros, tantos desconhecidos. Sofria nos saguões e lanchonetes.  E sofria pelos dentões que ameaçavam  nascer, justo agora. E sofria pois não via Dedé Papai.  que sempre está junto no meio de gentes. Mas como é bravo esse menino ! A tudo suportou e superou. Menos sapatos... mas isso eu conto depois.
O dia um  se completa,  encontrando filho/papai/marido, a cada viajante coube um encontro, e logo um aconchegante quarto, já bem tarde da noite, poucas horas em voos, muitas em  repartições, departamentos, guichês e saguões. Aprendi um monte.
Viajar sempre é melhor. Trago em meu anular um anel, verde,  para que me lembre sempre disso, mesmo quando aqueles  sentimentos  incômodos , disfarçados como depressão ou apego ao lar me arrastam para a desistência, está lá, em meu dedo, um anel de compromisso " viajar sempre que possivel"


De Buenos Aires, apenas o aeroporto.


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