Deve haver poucas pessoas a quem estar grávida faz falta. A mim faz-me falta estar grávida. Tenho saudades das conversas a dois que tinha com o meu filho quando mais ninguém podia ouvir. Se me atrevo a confessar que me custa já não ter barriga e, pior ainda, se acompanho essa afirmação com lágrimas nos olhos, saltam todos em redor, incrédulos, como se isso significasse que não estou feliz por ter o meu filho comigo. Não tem nada a ver. Porque ambas as sensações não têm nada a ver.
Passei mais de dez anos a suspirar por uma gravidez. À surpresa e felicidade de o ter conseguido este ano, seguiu-se o estado de graça literal em que vivi os nove meses. Mesmo com a racionalidade dos 40 anos, mesmo com alguns (felizmente poucos) sobressaltos, não trocava a minha condição por nenhuma outra.
O dia 24 de Setembro foi um dos dois dias mais felizes da minha vida. De então para cá, dou por mim a absorver cada centímetro de pele daquele ser perfeito que me preenche os dias e a vida. Mas nenhuma sensação consegue igualar (e note-se que não digo ultrapassar) a intimidade do toque dele na minha barriga.