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quarta-feira, 6 de abril de 2011

"Escracho Público ao Machista Agressor". Ato de Feministas contra o Aumento



Por um mundo sem catracas e sem violência machista!


Estamos aqui hoje para falar de um assunto que tem nos afetado muito nesses meses de luta contra o aumento: a presença de um agressor de mulheres no centro das mobilizações.


Há cerca de 6 meses um dos militantes do movimento passe livre de São Paulo ameaçou de morte, perseguiu, constrangeu, agrediu verbalmente, insultou e limitou o espaço físico de uma companheira de movimentos sociais autônomos. Esse agressor tem que ser chamado pelo nome: ele se chama Xavier (Rafael Pacchiega).


Fazemos essa denúncia porque esse agressor continua frequentando os mesmos espaços políticos como se não houvesse acontecido nada ou como se aquilo que aconteceu não tivesse relevância política nenhuma. Que as agressões cometidas contra as mulheres sejam vistas como algo de pouca importância infelizmente não nos surpreende. Os movimentos sociais têm muita dificuldade de enfrentar coletivamente e publicamente as violências machistas que acontecem em seu meio. É estranho ver como as bocas daqueles que defendem todo o tempo que tudo é coletivo ou que assim deveria ser, ficam caladas nesse momento por um bizarro pudor. Insistem em tratar essas questões como algo menor diante das "lutas prioritárias" ou como algo pessoal que deve ser resolvido no âmbito privado. Privado nem pensar! As relações pessoais entre homens e mulheres são encarnações concretas do heteropatriarcado, uma estrutura historicamente desigual de opressão que é anterior à existência das catracas e do próprio capitalismo.


Um exemplo banal (ou nada banal) daquilo que estamos falando: por que se indignar diante de uma brutal repressão da polícia, mas silenciar e consequentemente acobertar a violência exercida contra as mulheres? A integridade dos corpos das mulheres não importam? Os corpos das mulheres têm menos valor que os outros? Ou só importam quando estão aglutinados na massa das lutas prioritárias e são invisibilizados na sua condição específica de mulheres?


Alguns podem pensar e dizer que nossa ação desvia a atenção do foco principal do movimento para coisas menos importantes, enfraquecendo a luta, que somos exageradamente radicais, que estamos "demonizando" alguém que cometeu um equívoco… Alguém vai chegar a dizer que somos loucas, histéricas e inclusive agressivas. A denúncia que estamos fazendo nesse momento é parte da reação ao abuso cometido e se constitui como uma ação direta de autodefesa feminista. Queremos denunciar a existência desse tipo de abuso e garantir que os movimentos sociais não sejam espaços de agressão, medo e opressão a nós mulheres e sim espaços de troca, de estabelecimento de relações de confiança, solidariedade e empoderamento de todas e todos nós. E isso deve ser uma tarefa assumida coletivamente. Entretanto, repetidas vezes, esses movimentos que se colocam como antagonistas de todas as opressões, se voltam contra aquel*s que denunciam a violência sem enfrentar efetivamente a discussão.


Não somos as primeiras e nem seremos as últimas a sermos violadas, agredidas, ameaçadas, silenciadas e invisibilizadas por militantes dos movimentos sociais. Mas também não somos as primeiras e não seremos as últimas a denunciar publicamente o acontecido. Estamos fartas de dividir espaços com misóginos que gostam de perseguir repetidamente as mulheres e depois livrar a cara dizendo que estavam surtados, com a ajuda cúmplice daquel*s que o defendem.


Nenhuma agressão ficará sem resposta.


http://www.youtube.com/watch?v=zvqBxEFJMy0&feature=related


http://feministascontraoaumento.noblogs.org

domingo, 20 de junho de 2010

CAFé-debate feminista 26 de junho


A proposta do evento CAFé promovido pelo Coletivo de Ação Feminista é de começar um espaço cultural ou contracultural feminista, assim como para a visibilidade e incentivo produção de mulheres e para o debate político, exposição de idéias e contestação dos modelos impostos de vida. Um espaço de criatividade, que estimule a produção independente e a formação de outros agrupamentos políticos, apoio a estilos de vida alternativos aos regimes repressivos, ao patriarcado e de enfrentamento ao capitalismo, contrários à lógica de mercado e ao autoritatismo político.

Dar a voz a nós mesmas e divulgar a desconstrução do gênero e das relações assimétricas é um dos passos a serem dados pelas iniciativas feministas. CAFé é o primeiro de muitos espaços a serem tomados politicamente, pois a idéia é de que surjam sempre novas idéias e atitudes e fortalecer o cenário cultural feminista e anti-patriarcal.

Nossas ações são abertas para atingir todxs que estão implicados na construção de outras possibilidades de vida, por isso a presença de todxs que devem aprender do feminismo: homens, mulheres, jovens, velhxs...e neste caso o privilegiamento da voz de garotas numa sociedade em que não temos vozes e queremos começar a falar e nos expressar, repudiar e construir alternativas, fazer visível as limitações e repressões que se tornaram rotinizadas.



DIA 26 DE JUNHO, SÁBADO às 14h

Onde: Inkustom Tattoo Estúdio - Trajano Reis, 335 - próximo ao Largo da Ordem.

Entrada: R$ 5,00.

sábado, 6 de março de 2010

Manifesto 8 de março


"Estamos aqui pelos 100 anos de 8 março. Se nos vestimos de preto é porque estamos de luto e se nos escondemos é porque não vivemos seguras como mulheres no Patriarcado, quando há cada 15 segundos uma mulher é espancada, 3 mulheres são mortas por semana em Curitiba e Região, somos criminalizadas e presas se necessitando interromper uma gravidez, apelamos ao aborto; e vivemos com medo constante de sermos estupradas e assediadas nas ruas.
Na história fomos queimadas numa greve dentro de uma fábrica e milhares foram queimadas como bruxas. Seguimos sendo perseguidas. Nós mulheres vivemos em estado de medo. E esse medo é da dominância masculina e da repressão do sistema, esse medo tem motivações políticas. Não é seguro uma mulher erguer a voz e por isso não nos expomos. Também não nos expomos porque não temos líderes e não queremos hierarquias. Não estamos aqui para comemorar, estamos aqui para recordar e para lutar. Temos rebeldias nos nossos cotidianos, enfrentando e contestando a autoridade. Mas estamos aqui em nome da Autonomia Feminista. É essa a forma de participação política e luta organizada que acreditamos.

Nós mulheres temos que ser o centro de nossas lutas. Não podemos seguir fazendo papel do sexo secundário nos partidos, ideologias e filosofias políticas, nos sindicatos e organizações, as donas de casa, cuidadoras do bem-estar destes espaços. Gênero não é um complemento. Gênero é uma questão crucial, e mais: uma questão radical. Nós não nascemos para ser complementares dos homens. Completam 100 anos do 8 de março, mas nossa luta vem há mais tempo. Muitas mulheres resistiram e foram mortas para que estivessemos aqui, seus desejos eram de emancipação de todas mulheres, e de que se acabasse a subordinação da mulher. Mas o movimento de mulheres vem reproduzindo seu papel tradicional esperado pela sociedade sexista, que as explora como mães e mulheres. Devemos honras às companheiras que nos deram uma história e um futuro, não podemos aceitar o papel subordinado, agora aos novos patrões e patriarcas acatando as ordens autoritárias dos partidos, organizações centralizadas e bandeiras políticas mentirosas que nos apagam e menosprezam.

Não seguiremos sendo bucha de canhão das revoluções que não nos contemplam. Se não posso dançar, não é minha Revolução. Nenhuma Revolução e nenhum sistema econômico mudou realmente as coisas para mulheres, embora tivessemos trabalhado em todos movimentos de libertação que surgiram. Sem nós, o sistema pára. Trabalhamos nas terras dos senhores, somos o setor mais pobre e explorado da sociedade, realizamos dupla jornada trabalhando nas casas e chefiando famílias. Somos a mão-de-obra mais barata do sistema e a mais empregada em todos setores. Nosso trabalho é invisível e não-reconhecido quando criamos nossos filhos para a nação fascista que nos obriga à maternidade. Precisamos começar a fazer algo por nós mesmas. E é a nossa luta como mulheres e o Feminismo que traz os elementos pra uma verdadeira e ampla revolução social. Um movimento de mulheres Feminista, Autônomo, Libertário, Revolucionário, Combativo e Radical nas propostas e mudanças. Queremos a extinção da feminilidade, do sistema de gêneros, do Patriarcado-Capitalismo, dos Governos e do Estado.

As mudanças que almejamos não serão dadas pelo Estado, nem por nossos Patrões, nem por nossos maridos nem pelos comitês centrais dos partidos que nos exploram e às nossas esperanças tal qual os capitalistas. Porque todos estes são frutos do Patrtiarcado, ou Dominação Masculina, que só consegue conceber modelos binários de dominante/dominado, senhores e escravos, patrões e empregados, sádicos e masoquistas, destruindo qualquer referência a uma possibilidade de relações horizontais, que é uma busca politica feminista em seu apelo à igualdade. Somente uma verdadeira e ampla Revolução Social trará um mundo diferente deste, do sistema do Capital e de Classes, do Imperialismo e Militarismo. Essa revolução não vai ser construída por nossos governantes, mas pela rebelião dos povos. Somos desobedientes, não serão as leis que aprisionam nem as políticas desse mesmo Estado que massacra pobres e negr@s, mata mulheres negando assistência a saúde e aborto seguro, que se silencia e é cúmplice perante o feminicídio e o tráfico de mulheres em prostituição que trarão a segurança e a liberdade que mulheres esperam há tantos anos.

Pelo fim do sistema do Capital – Patriarcado, e suas variantes Racistas, Classistas, Especistas, Lesbofóbicas e seu fascismo original.

Pela Autonomia Feminista. Nem Deus, nem Pátria, Nem Patrão, Nem Partido e Nem Marido. Feminismo já!"

- Coletivo de Ação Feminista, 6 de março de 2010, em ato pelos 100 anos do 8 de março, Curitiba-PR