O domingo estava lindo, um sol maravilhoso, um dia para sair de casa!
Foi o que a mulherada fez: pegou seus bonés e suas cuias de chimarrão, toalhas, colchas de retalho, bandeiras, serviram para sentar na sombra das árvores enquanto ouvíamos música de alta qualidade na voz de mulheres maravilhosas, embaladas nos pratos e nos vinis da Garota Vinil Andréia, que iniciou a discotecagem as 13:05 batido!
Com o som rolando gostoso a gente até se animou para dançar na praça - e as companheiras da Marcha Mundial das Mulheres foram as primeiras a puchar a dança! As Feministas levantando a bandeira da diversidade juntinho com a gente! M A R A V I L H O S O !
As Rebeldes já estavam por ali, descalças, fazendo um pique-nique e esperando a hora de caminharmos juntas desafiando as normas.
Algumas passavam "ao largo"... olhavam, rondavam um pouquinho, mas era impossível resistir: tinha muito adesivo com beijo na boca que aos poucos foram enfeitando as costas, as barrigas, as cochas de mulheres de todas as idades, de todas as cores, de todas as identidades!
Começamos com o microfone as 15hs. O sol tava brabo, mas as pessoas foram chegando a Fuzarca Feminista batendo seus tambores, as mulheres do pandeiro sacundindo a galera.
As fotógrafas procurando os melhores ângulos enquanto a gente fazia política e dizia porque estávamos ali....
Foram falas empolgantes: as lésbicas com a LBL (inclusive de SP, que estava conosco), as Rebeldes com a Marian, os partidos politicos com Maria Odete da Diversidade do PMDB, as ativistas com a Marilise da MMM e a Lis da Themis, as bancárias, com a Denise da federação, as sindicalistas, com a Mara da CUT e a Cris do Sintrajufe, a academia, com a Nádia do Nupacs, enfim.... falas que chamaram a atenção daquelas e daqueles que sequer sabiam o que estava ocorrendo naquele dia.
Depois uma caminhada linda, onde mesmo com o carro de som parando de funcionar na primeira parte do percurso, seguramos no megafone a nossa indignação e foi no grito que o Bric parou para nos ouvir... tivemos adesões, ouvimos algumas manifestações homofóbicas (de longe, de dentro dos ônibus e carros, porque os covardes nunca falam na cara!), mas seguimos com nossa alegria e disposição de luta.
No final fechamento com chave de ouro: Ilse lamperte nos esperava com o palco pronto, soltando aquela voz maravilhosa .... Helô arrasando no texto preparado por elas para o evento, Blanca brilhando no escuro, Lu Barros fazendo história com a gente!
Foi realmente maravilhoso e sabemos que não parou por aí: centenas de mulheres, algumas ativistas de longos anos, como a Márcia e as Carlas, algumas saindo ás ruas pela primeira vez, como a Ana e Claudinha que vieram falar comigo, algumas fora, outras aqui do Brasil e muitos homens junto com a gente, segurando a bandeira do feminismo e mostrando que a diversidade é bandeira de todas e de todOs!
Enfim.... nos sentimos recompensadas e cheias de gás para continuar.... finalizaremos com um texto da Silvana Conti, Professora e Coordenadora nacional da LBL. Vamos continuar postando fotos durante a semana. Grande beijo e Obrigada a TOD@S!
Quem Sabe...
Às vezes grito, empurro a porta com força, choro baixinho e bem alto, mas não me conformo, continuo...
Tantas perguntas que não querem calar!
Meu peito, meus pensamentos, meus sonhos, se misturam pelo ar.
Racismo mata e machuca!
Machismo destrói e inculca que somos mercadorias, objetos, abjetas, reféns da hipocrisia, da sociedade e do capital.
Porque não posso amar outra mulher?
Eu posso!
Nós podemos!
A opressão de classe continua implacável, injusta, abominável marca que divide os “bons” e os “maus”.
Qual a medida da dignidade?
Porque uns tem palácios e muitos(as) não tem pão?
Binarismo selvagem que tira a dignidade, o chão, mata os sonhos e as vontades, capitalismo cruel.
Racismo disfarçado...
Lesbofobia velada, que encaixota, suspende, prende mentes e corações dentro de armários, dentro de prisões.
Tantas perguntas, tantas mentiras, tantas misérias, tantas histórias mau contadas.
Os navios negreiros não transportaram escravos, e sim um povo cheio de ciência, cultura, criatividade que foi arrancado, roubado do seu continente,e escravizado.
O ministério da igualdade de oportunidades adverte:
Os direitos sexuais e reprodutivos fazem bem à saúde.
“Respeitem meus cabelos, brancos”.
O armário traz sofrimento, mas quem está lá também precisa ser respeitado(a).
Quem é racista: Assuma! Reveja seus conceitos e ações.
Machistas de plantão: Sempre é tempo de se recuperar desta doença terminal.
Dignidade é bom, e todo mundo gosta. A propósito, não só alguns, mas a grande maioria deste país .
Por fim, ou pra começar:
Vamos jogar os preconceitos fora!
Vamos unir nossas bandeiras!
Vamos ampliar nossas fronteiras!
Quem sabe, cantamos a mesma música?
Quem sabe, damos um grito de liberdade?
Quem sabe a luta pelo socialismo se torna a nossa unidade!
Quem a gente tenta ser feliz...
Quem sabe...
Porto Alegre, 29 de Agosto de 2009.
Dia Nacional da Visibilidade Lésbica.