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Rev. Cient. HSI 2020;Jun(2):89-99
ATUALIZAÇÃO DE TEMA
Alterações Pulmonares na COVID-19
Pulmonary Abnormalities in COVID-19
Camila Melo Coelho Loureiro1*, Juliane Penalva Costa Serra1, Bruna Melo Coelho
Loureiro2, Thais Dourado Matos de Souza2, Thiago Meira Góes2, José de Souza
Almeida Neto1, Fernanda de Souza e Silva Dantas1, Antonio Bruno Castro Magalhães
Valverde1, Jamocyr Moura Marinho1
1
Serviço de Pneumologia do Hospital Santa Izabel - Santa Casa da Bahia; Salvador,
Bahia; 2Instituto do Câncer do Estado de São Paulo - Universidade de São Paulo; São
Paulo, São Paulo, Brasil
Correspondence addresses:
Dra. Camila Melo C. Loureiro
[email protected]
Received: April 16, 2020
Revised: May 12, 2020
Accepted: May 17, 2020
Published: May 31, 2020
Data Availability Statement:
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Funding: This work was the
result of authors’ initiative.
There was no support of research
or publication funds.
Competing interests: The
authors have declared that no
competing interests exist.
Copyright
© 2020 by Santa Casa
de Misericórdia da Bahia.
All rights reserved.
ISSN: 2526-5563
O primeiro caso de COVID-19 foi identificado na China no final de 2019 e
rapidamente foi declarada pandemia em consequência da elevada transmissibilidade
e morbimortalidade do vírus Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2
(SARS-CoV-2), seu agente etiológico. O espectro clínico é altamente variável, desde
sintomas respiratórios e sistêmicos leves até quadros graves com sepse, síndrome
do desconforto respiratório agudo (SDRA) e disfunção de múltiplos órgãos.
Postula-se que a desproporcional resposta imune do hospedeiro humano ao vírus
seja responsável pelas injúrias teciduais e hiperinflamação sistêmica. Os achados
tomográficos principais incluem opacidades em vidro fosco e consolidações periféricas
e podem variar ao longo do curso da doença, sendo, portanto, inespecíficos. Exames
diagnósticos baseiam-se na detecção de proteínas do vírus e resposta imunológica
à inflamação. Agentes antivirais e drogas imunomoduladoras estão sendo testados.
Até o momento, o tratamento baseia-se em terapia de suporte, controle de sintomas
clínicos e manejo de complicações.
Palavras-chave: Coronavirus; Pneumonia; Inflamação; Síndrome do Desconforto
Respiratório do Adulto; Tomografia Computadorizada.
The first case of COVID-19 was identified in China in late 2019 and was rapidly declared
pandemic due to the high transmissibility of the Severe Acute Respiratory Syndrome
Coronavirus 2 virus (SARS-CoV-2). The clinical spectrum of the symptoms is highly
variable, from mild respiratory and systemic symptoms to severe disease with sepsis, acute
respiratory distress syndrome (ARDS), and multiple organ dysfunction syndromes. It is
postulated that an excessive host immune response to the virus is responsible for tissue
damage and systemic hyperinflammation. The main tomographic findings are nonspecific
ground-glass opacities and peripheral consolidations and may vary over the course of the
disease. Diagnostic tests are based on protein detection and immune response to infection.
Antiviral agents and immunomodulatory drugs are being tested. So far, treatment is based
on supportive therapy, control of clinical symptoms, and management of complications.
Keywords: Coronavirus; Pneumonia; Pandemics; Inflammation; Adult Respiratory
Distress Syndrome, Computed Tomography.
Introdução
O coronavírus é um vírus RNA que pode causar infecção em múltiplos
sistemas em vários animais e, principalmente, infecção do trato respiratório em
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Loureiro, CMC; Serra, JPC; Loureiro, BMC, et al.
humanos. Existem seis espécies de coronavírus
que podem causar doença em humanos. Quatro
cepas do vírus (229E, OC43, NL63 e HKU1) são
prevalentes e habitualmente causam resfriado
comum em imunocompetentes. O Severe
Acute Respiratory Syndrome Coronavirus
(SARS-CoV) e o Middle East Respiratory
Syndrome Coronavirus (MERS-CoV) são
cepas associadas a doença potencialmente fatal
e foram os agentes etiológicos de síndrome
respiratória aguda grave (SRAG) em 2002 e
2012, respectivamente.1,2
No final de dezembro de 2019, 27 casos de
pneumonia de etiologia desconhecida foram
identificados em Wuhan, província de Hubei,
na China. Em 7 de janeiro de 2020, o Chinese
Center for Disease Control and Prevention
(CDC) identificou o agente etiológico que
foi subsequentemente nomeado Severe
Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2
(SARS-CoV-2).2 Após a sua identificação,
a Organização Mundial de Saúde (OMS)
nomeou a nova doença de Coronavirus
Disease 2019 (COVID-19). Rapidamente, o
SARS-CoV-2 disseminou-se entre os países,
sendo declarada pandemia em 11 de março de
2019 pela OMS.3
O primeiro caso no Brasil foi diagnosticado
em 25 de fevereiro de 2020 na capital de São
Paulo. Até o final da Semana Epidemiológica
(SE) 25 de 2020, no dia 20 de junho, foram
confirmados 8.634.087 casos e 461.982 óbitos
de COVID-19 no mundo. O Brasil atualmente
é o segundo país com maior número absoluto
de casos confirmados (1.067.579) e óbitos
(49.976), ficando atrás apenas dos Estados
Unidos. A região Norte do Brasil tem sido
a região mais acometida, seguida da região
Nordeste cuja incidência é de 655,2/100 mil
habitantes e mortalidade é de 27,9/100 mil
habitantes. A Bahia, com a incidência de
304,5/100 mil habitantes e mortalidade de
9,1/100 mil habitantes, representa o quarto
estado em maior número total de casos
confirmados do Nordeste.4
Rev. Cient. HSI 2020;4(2)
Fisiopatologia
O genoma do SARS-CoV-2 codifica quatro
proteínas estruturais principais: proteína S (spike),
proteína M (membrana), proteína E (envelope) e
proteína N (nucleocapsídeo). A proteína S se liga
à enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2)
que é o receptor para a entrada do vírus na célula.
Desse modo, há tropismo por células epiteliais
alveolares tipo II secretoras de surfactante pulmonar
e possivelmente macrófagos alveolares residentes
que expressam este receptor. Em seguida, a proteína
S é ativada pela serino-protease TMPRSS2, com
consequente fusão à membrana e internalização do
vírus por endocitose no epitélio pulmonar.5
O período de incubação é de dois a sete dias,
podendo durar até duas semanas. A infecção
viral desencadeia então uma resposta imune
desregulada e excessiva no hospedeiro.6 Além
de dano tecidual com trombose pulmonar
microvascular no local de entrada do vírus, a
hiperinflamação gera efeitos deletérios sistêmicos
de natureza endócrina, renal, cardiovascular e
neurológica.
É comumente observada linfopenia, com
redução significativa de células TCD4+, células
TCD8+, células B e células natural killer,
sobretudo nos pacientes mais graves.7 Também
ocorre aumento da produção de inúmeras
quimiocinas e citocinas pró-inflamatórias, tais
como TNF-α, IL-1β,IL-2, IL-6, IL-8, IL-12,
GM-CSF, IP-10, MCP-1 e CCL3. Destas, a
IL-6 é considerada a principal responsável pela
“tempestade de citocinas” que leva ao aumento
da permeabilidade vascular, extravasamento
de plasma e coagulação disfuncional, podendo
culminar na SRAG ou na falência extrapulmonar
de múltiplos órgãos.8
Nessa fase, autópsias com análise de tecido
pulmonar evidenciam dano alveolar difuso.
Quadro Clínico
Os sinais e sintomas da COVID-19
configuram um espectro clínico que pode
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Rev. Cient. HSI 2020;4(2)
Alterações Pulmonares na COVID-19
variar desde um simples resfriado até uma
pneumonia grave. Pacientes de todas as
idades são susceptíveis à infecção, sendo a
que a média de idade dos infectados varia de
47-63 anos a depender da região, e a grande
maioria destes apresenta sintomas leves a
moderados. No entanto, pacientes maiores de
60 anos e com comorbidades como diabetes
mellitus, hipertensão arterial sistêmica,
cardiopatia, doenças pulmonares crônicas,
doença renal crônica, doença cerebrovascular,
imunossupressão ou neoplasia têm maior risco
de complicações e apresentam pior prognóstico.
Os sintomas mais comuns são febre (83-99%),
tosse (59-82%), fadiga (44-70%), inapetência
(40-84%), dispneia (31-40%) e/ou mialgia (1135%). Outros sintomas não específicos, como
odinofagia, congestão nasal, cefaleia, diarreia,
náuseas e vômitos, têm sido reportados.9-11
A perda do olfato (anosmia) e do paladar
(ageusia) podem preceder o início dos sintomas
respiratórios.12 Mesmo os casos assintomáticos
podem transmitir o vírus através do ar, do
91
contato pessoal próximo ou por contaminação
de superfícies com secreções respiratórias.13
O maior estudo descritivo de COVID-19
do CDC Chinês observou que cerca de 81%
dos pacientes manifestam sintomas leves, e
com uma taxa geral de letalidade de 2,3%.
Aproximadamente 20% dos indivíduos com
COVID-19 desenvolvem doença respiratória
grave secundária a pneumonia viral. Esses
pacientes tipicamente se apresentam com febre,
tosse seca, dispneia e alterações pulmonares
em imagem torácica, associado a frequência
respiratória maior que 30 irpm, saturação
periférica de oxigênio menor que 94% em ar
ambiente, relação PaO2/FiO2 < 300 mmHg.
Destes, apenas um pequeno grupo (5%) se
apresenta criticamente doente em decorrência
de síndrome do desconforto respiratório
agudo (SDRA), choque séptico e disfunção de
múltiplos órgãos, resultando em óbito em quase
metade desses casos A Tabela 1 demonstra os
critérios de gravidade da COVID-19 propostos
pela OMS.14
Tabela 1. Espectro de manifestações clínicas da COVID-19.
DOENÇA LEVE
DOENÇA
MODERADA
DOENÇA GRAVE
PNEUMONIA
Pacientes sintomáticos que antedem à definição de caso para COVID-19 sem evidência de pneumonia viral ou hopóxia.
Sinais clínicos de pneumonia (febre, tosse, dispneia, respiração rápida), mas sem sinais de pneumonia grave, incluindo
SpO2 ≥ 90% no ar ambiente.
PNEUMONIA
GRAVE
Sinais clínicos de pneumonia (febre tosse dispneia, respiração rápida) mais um dos seguintes: frequência respiratória > 30
respirações/min; dificuldade respiratória grave; ou SpO2 < 90% no ar ambiente.
DOENÇA CRÍTICA SÍNDROME
DA ANGÚSTIA
RESPIRATÓRIA
DO ADULTO
(SARA)
SEPSE
CHOQUE
SÉPTICO
Início: dentro de 1 semana após um insulto clínico conhecido (isto é, pneumonia) ou sintomas respiratórios novos ou
agravados.
Imagem do tórax: (radiografia, tomografia computadorizada ou ultrassonografia do pulmão): opacidades bilaterais, não
totalmente explicadas por sobrecarga de volume, colapso lobar ou pulmonar ou nódulos.
Origem dos infiltrados pulmonares: insuficiência respiratória não totalmente explicada por insuficiência cardiaca ou
sobrecarga de líquidos. Necessita de avaliação objetiva (por exemplo, ecocardiografia) para exluir a causa hidrostática de
infiltrados / edema se nenhum fator de risco estiver presente.
Comprometimento da oxigenação em adultos:
• SDRA leve: 200 mmHg < PaO2 / FiO2 a ≤ 300 mmHg (com PEEP ou CPAP ≥ 5 cmH2O).
• SDRA moderada: 100 mmHg < PaO2 / FiO2 ≤ 200 mmHg (com PEEP ≥ 5 cmH20).
• SDRA grave: PaO2 / FiO2 ≤ 100 mmGh (com PEEP ≥ 5 cmH2O).
Disfunção aguda de órgãos com risco de vida causada por uma resposta desregulada do hospedeiro a infecção suspeita ou
comprovada. Os sinais de disfunção orgânica incluem: estado mental alterado, respiração difícil ou rápida, baixa saturação
de oxigênio, débito urinário reduzido, batimento cardíaco acelerado, pulso fraco, extremidades frias ou pressão arterial baixa,
manchas na pele, evidências laboratoriais de coagulopatia, trombocitopenia, acidose, lactato alto ou hiperbilirrubinemia.
Hipotensão persistente apesar da reanimação volêmica, exigindo vasopressores para manter a PAM ≥ 65 mmHg e nível de
lactato sérico > mmol/L.
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Loureiro, CMC; Serra, JPC; Loureiro, BMC, et al.
Estadiamento Clínico
O estadiamento clínico proposto por Siddiqi
e colegas em um editorial teve como objetivo
estabelecer uma nomenclatura padronizada
e uniformizar o relato da doença. Trata-se de
um sistema de classificação em três etapas que
facilita a escolha terapêutica e a avaliação da
resposta às medidas instituídas (Figura 1).
O estágio I (leve) corresponde à infecção
inicial, com multiplicação do vírus e surgimento
dos primeiros sintomas. No estágio II (moderado),
além da replicação viral, ocorre um a resposta
inflamatória localizada com envolvimento
pulmonar com ou sem hipoxemia, associada à
piora da linfopenia e aumento de marcadores
inflamatórios. O estágio III (grave) ocorre em
poucos pacientes, com piora do comprometimento
pulmonar e acometimento extrapulmonar
significativo devido à hiperinflamação sistêmica,
já mencionada anteriormente.15
TEP na COVID-19
A coagulopatia na infecção por coronavírus
é um fator de mau prognóstico. Eventos
trombóticos associados a COVID-19 são cada
vez mais comumente reportados na literatura.
Chen e colaboradores descreveram 25 exames
de angiotomografia pulmonar de 1.008 pacientes
com COVID-19; 10 foram positivos para embolia
pulmonar. Outros dois estudos identificaram
prevalência de 23 e 30% de TEP agudo das
angiotomografias de pacientes com COVID-19.
Vale ressaltar que em ambos os estudos, os
pacientes selecionados estavam internados, com
sintomas respiratórios graves e/ou com suspeita
clínica de TEP. A Figura 2 exemplifica um caso
de paciente com diagnóstico de COVID-19 e
TEP.
Não é recomendada rotineiramente a realização
da tomografia com protocolo contrastado para
pesquisa de TEP, sendo sua indicação baseada em
parâmetros clínicos e de suspeição diagnóstica.
Nesse âmbito, diferentes pontos de corte para o
Rev. Cient. HSI 2020;4(2)
dímero D vem sendo estudados. Contudo, ainda
não é consensual nenhum valor discriminatório
para a decisão entre monitoramento e início
de terapia anticoagulante em pacientes com
COVID-19.
Diagnóstico
O teste mais usado e confiável para o
diagnóstico da COVID-19 é o reversetranscriptase polymerase chain reaction (RTPCR) realizado com swabs da nasofaringe,
orofaringe ou, mais recentemente, saliva. Uma
variedade de alvos genéticos de RNA é usada por
diferentes fabricantes para a detecção do SARSCoV-2 com diferentes protocolos.16-18
Na maioria dos indivíduos com infecção
sintomática por COVID-19, o RNA viral no
swab nasofaríngeo torna-se detectável logo
no primeiro dia e apresenta pico na primeira
semana do início dos sintomas.19 A positividade
varia com o tipo da amostra e habitualmente
começa a diminuir na terceira semana até tornarse indetectável.20 Em alguns casos, entretanto, o
RNA viral ainda persiste detectável mesmo após
seis semanas, sobretudo em pacientes graves
hospitalizados. Em outros, o teste apresenta-se
positivo após dois testes negativos consecutivos
de PCR realizados com intervalo de 24 horas. Não
está claro se isso é um erro de teste, reinfecção
ou reativação. Um resultado “positivo” da
PCR reflete apenas a detecção do RNA viral e
não indica necessariamente a presença de vírus
viáveis.
A especificidade da maioria dos testes
de RT-PCR é de 100%. Resultados falsonegativos ocorrem principalmente por momento
inadequado da coleta em relação ao início da
doença ou deficiência na técnica de amostragem.
Falso-positivos podem ocorrer devido a erros
técnicos ou contaminação do reagente.18
A infecção por SARS-CoV-2 também pode
ser detectada indiretamente medindo a resposta
imune do hospedeiro à infecção. O diagnóstico
sorológico é especialmente importante para
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Alterações Pulmonares na COVID-19
93
Figura 1. Estadiamento clínico proposto por Siddiqi e colegas [15].
Estágio I
(Infecção Pecoce)
Estágio II
(Fase Pulmonar)
Gravidade da Doença
IIA
Estágio III
(Hiperinflamação)
IIB
Fase de resposta viral
Fase de resposta
inflamatória do hospedeiro
Evolução Temporal
Sinais e
Sintomas
Sintomas
constitucionais leves,
febre, diarreia
Dispneia, hipoxemia,
PaO2/FiO2 ≤
300mmHg
SDRA, SIRS/choque,
disfunção cardíaca
Sinais
Clínicos
Linfopenia, elevação
de dímero D, DHL, TP
Alterações
radiológicas, elevação
de aminotransferases
Elevação de PCR,
DHL, dímero D, IL-6,
ferritina, troponina,
BNP
Potenciais
Terapias
Hidroxicloroquina, azitromicina, remdesevir, plasma de convalescentes
Reduzir
imunossupressão
Corticoides, IVIG, Inibidores IL-6 (Tocilizumabe) e
IL-1, inibidores de JAK
Figura 2. Sinais de tromboembolismo pulmonar agudo, caracterizado por falhas de contrastação na
artéria pulmonar principal esquerda, além de ramos segmentares do lobo superior esquerdo e lobos
inferiores.
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Loureiro, CMC; Serra, JPC; Loureiro, BMC, et al.
pacientes com doença leve a moderada após as
duas primeiras semanas do início da doença.18
O marcador sorológico mais sensível e precoce
é a quantidade total de anticorpos, com níveis
que aumentam a partir da segunda semana dos
sintomas. As imunoglobulinas IgM e IgG podem
ser identificadas por ELISA já no quarto dia
de doença, mas níveis mais altos ocorrem na
segunda e terceira semanas. Depois disso, a IgM
começa a declinar e atinge níveis mais baixos
na quinta semana e quase desaparece na sétima
semana, enquanto a IgG persiste além de sete
semanas.20
Os testes de anticorpos IgM e IgG por ELISA
têm mais de 95% de especificidade para o
diagnóstico de COVID-19. O teste de amostras
de soro emparelhadas com a PCR inicial e de
duas semanas depois pode aumentar ainda
mais a precisão do diagnóstico. Normalmente,
a maioria dos anticorpos é produzida contra a
proteína N, a mais abundante do vírus, de modo
que se acredita que os testes para sua detecção
seriam os mais sensíveis. Anticorpos contra o
domínio de ligação ao receptor da proteína S
(RBD-S), por sua vez, seriam mais específicos
e se espera que sejam neutralizantes. O uso de
um ou ambos os antígenos para detectar IgG
e IgM resultaria em alta sensibilidade.21 Os
anticorpos podem, no entanto, ter reatividade
cruzada com SARS-CoV e possivelmente com
outros coronavírus.18
Altos títulos de anticorpos IgG detectados
por ELISA demonstraram correlação positiva
com anticorpos neutralizantes. A persistência a
longo prazo e a duração da proteção conferida
pelos anticorpos neutralizantes permanecem
desconhecidas.21
Testes rápidos para detecção de anticorpos
também foram amplamente desenvolvidos e
comercializados, porém apresentam qualidade
variável. Muitos fabricantes não revelam a
natureza dos antígenos utilizados. Esses testes
são de natureza puramente qualitativa e podem
apenas indicar a presença ou ausência de
anticorpos SARS-CoV-2.
Rev. Cient. HSI 2020;4(2)
Imagem na COVID-19
A utilidade e aplicabilidade dos diferentes
métodos de imagem na COVID-19 seguem com
incertezas. Atualmente, a tomografia computadoriza
(TC) de rastreamento não é indicada pela maioria
das sociedades de Radiologia e Pneumologia.
Segundo o Colégio Brasileiro de Radiologia
(CBR):22 (a) a tomografia computadorizada não
deve ser usada como rastreio ou para o diagnóstico
inicial por imagem do COVID-19; (b) seu uso
deve ser reservado para pacientes hospitalizados,
sintomáticos, em situações clínicas específicas; (c)
quando indicada, o protocolo é de uma TC de alta
resolução (TCAR), se possível com baixa dose de
radiação. O uso de meio de contraste endovenoso,
em geral, não está indicado, sendo reservado para
situações específicas a serem determinadas pelo
radiologista e/ou médico especialista; (d) após o
uso por pacientes com suspeita ou diagnóstico
confirmado de infecção pelo COVID-19, a sala
e o equipamento utilizado devem passar por um
processo de desinfecção; (e) quando indicado o
raio X de tórax (casos suspeitos ou confirmados de
pacientes internados), devemos privilegiar o uso
de radiografia portátil, pois as superfícies dessas
máquinas podem ser mais facilmente higienizadas
e, ainda, se evita a necessidade de levar os pacientes
para o setor de imagem.
Achados Radiográficos
Modalidade de imagem rápida e relativamente
barata, disponível em muitos locais de assistência
médica com recursos limitados. Apesar de menos
sensível que a TC, a radiografia de tórax pode ser
útil, principalmente no seguimento de pacientes
internados. Pode ser normal em até 18% dos
pacientes, sobretudo na doença precoce e/ou
leve. Os achados radiográficos mais frequentes
são a consolidação (47%) e o vidro fosco (33%),
em distribuição bilateral (50%), inferior (50%)
e periférico (41%), sendo mais comumente
identificados cerca de 10 a 12 dias após o início dos
sintomas.23 (Figura 3).
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Rev. Cient. HSI 2020;4(2)
Alterações Pulmonares na COVID-19
95
Figura 3. Paciente com diagnóstico de COVID-19, confirmando através de teste RT-PCR,
apresentando achados tomográficos típicos: opacidades pulmonares com atenuação em vidro fosco,
por vezes associadas a espessamento de septos intralobulares (configurando aspecto de pavimentação
em mosaico), com distribuição multifocal, bilateral e predomínio periférico.
Achados Tomográficos
Devido ao envolvimento primário do sistema
respiratório na COVID-19, diversos estudos
relataram uma grande variedade de achados na
TC de tórax que podem ser encontrados quando
presente o acometimento pulmonar. Uma revisão
sistemática que incluiu 30 estudos, totalizando 919
pacientes, demonstrou como achados e padrões
de distribuição mais prevalentes: opacidades
em vidro fosco (88,0%), envolvimento bilateral
(87,5%), multilobar (78,8%) e distribuição
periférica (76,0%). Consolidação esteve presente
em 31,8%. Outros achados da TC incluíram
espessamento septal interlobular, bronquiectasia
e espessamento pleural, com taxas variáveis nos
estudos. Segundo os autores, derrame pleural,
derrame pericárdico, linfadenopatia, cavitação,
sinal de halo da TC e pneumotórax foram menos
comuns ou raros.24
As manifestações tomográficas estão muito
relacionadas ao tempo de doença, sem correlação
bem estabelecida com outros fatores como idade
do paciente ou presença de comorbidades.
De modo geral, podem ser cronologicamente
classificadas em quatro estágios de acordo com o
tempo do início dos sintomas e resposta ao vírus25
(Tabela 2). Em alguns casos, o curso da doença
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Loureiro, CMC; Serra, JPC; Loureiro, BMC, et al.
Rev. Cient. HSI 2020;4(2)
Tabela 2. Estadiamento tomográfico da COVID-19 de acordo com o tempo de doença.
Fase inicial
ou precoce
(0-4 dias)
Fase progressiva
(5-8 dias)
Fase de pico
(9-13 dias)
Fase de absorção
ou dissipativa
o
(> 14 dia)
Inflamação dos bronquíolos e epitélio alveolar cortical com extensão gradual da periferia para o centro;
Dilatação e congestão dos capilares septais, exsudato alveolar e edema intersticial septal.
Única ou múltiplas opacidades em vidro fosco, regiões subpleurais, lobos inferiores;
Discreto espessamento de vasos e septos interlobulares e intralobulares;
Normal em até 50% dos pacientes (sobretudo nas 48h iniciais).
Sucessiva dilatação de vasos intersticiais e acúmulo de exsudato de alta celularidade nos alvéolos (edema
alveolar e intersticial);
Rápida progressão das lesões, com aumento do número, da extensão e da densidade;
Mudanças morfológicas em curto período (surgimento de novas lesões e reabsorção parcial das antigas);
Opacidades em vidro fosco e consolidações mais bem distribuídas, predomínio periférico, múltiplos lobos;
Pavimentação em mosaico, algum grau de distorção arqutetural, broncopati e atelectasias focais.
Infiltração pulmonar difusa bilateral com aumento das áreas acometidas;
Consolidações (predominantes), vidro fosco, pavimentação em mosaico;
Broncogramas aéreos, atelectasias, mínima efusão pleural e bandas parenquimatosas;
Pulmão branco na síndrome da angústia respiratória do adulto (casos mais graves).
Absorção e organização dos exsudatos ao longo do tempo, com gradual diminuição da densidade
e dissipação das consolidações;
Vidro fosco, reticulado, espessamento septal interlobular e bronquiectasias de tração.
Anormalidades perilobulares sugestivas de pneumonia em organização com potencial evolução para fibrose
pulmonar.
é mais curto e as manifestações radiológicas
progridem diretamente da fase precoce para a
fase de absorção.
Com o objetivo de auxiliar os radiologistas
a reconhecerem os achados da pneumonia pelo
COVID-19 na TC de tórax e facilitar a comunicação
com outros profissionais de saúde, não se propondo
a ser um método diagnóstico, foi publicado o
Consenso de Especialistas da Sociedade Radiológica
da América do Norte, endossado pela Sociedade
de Radiologia Torácica e pelo Colégio Americano
de Radiologia.26 Neste consenso, foram propostas
quatro categorias para relatar achados de imagem
de TC potencialmente atribuíveis a COVID-19,
ao invés de outras doenças. As categorias foram:
1) aparência típica (opacidades em vidro fosco
periféricas bilaterais, opacidades em vidro fosco
multifocais e com morfologia arredondada, sinal
do halo invertido ou outros achados de pneumonia
em organização); 2) aparência indeterminada
(opacidades em vidro fosco multifocais, difusas,
peri-hilares ou unilaterais, sem distribuição
periférica e não arredondadas ou poucas e muito
pequenas opacidades em vidro fosco); 3) aparência
atípica (consolidação lobar ou segmentar isolada
sem opacidades em vidro fosco, pequenos
nódulos centrolobulares / em árvore em
brotamento, cavitação pulmonar, espessamento
septal interlobular liso com derrame pleural e 4)
negativa para pneumonia.
Outro método para avaliação padronizada
do envolvimento pulmonar na COVID-19 é
o Sistema de Relatórios e Dados COVID-19
(CO-RADS).27 Elaborado pela Sociedade de
Radiologia Holandesa, o CO-RADS avalia
a suspeita de envolvimento pulmonar da
COVID-19 e classifica os pacientes na seguinte
escala: 0 – não interpretável; 1 – muito baixa
probabilidade; 2 – baixa probabilidade; 3 –
incerta; 4 – alta probabilidade; 5 – muito alta
probabilidade; e 6 – confirmada.
Diversos estudos têm mostrado correlação
dos achados tomográficos, através de análises
qualitativa e/ou quantitativa, com a gravidade
clínica, com bom potencial em predição
prognóstica.28 As formas de estimativa dos
achados tomográficos tem sido as mais variáveis,
desde análise por segmentos pulmonares, quartis
e até métodos com auxílio de inteligência
artificial.
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Rev. Cient. HSI 2020;4(2)
Alterações Pulmonares na COVID-19
Achados Ultrassonográficos
Considerando que as alterações na
COVID-19 tendem a predominar na periferia
dos pulmões, a ultrassonografia pulmonar
emerge como uma opção no acompanhamento
de pacientes hospitalizados, especialmente
aqueles em unidades de terapia intensiva,
onde o transporte para um tomográfico pode
ser difícil. Os achados ultrassonográficos
que podem ser identificados são: eco pleural
espessado, linhas B confluentes (representam
vidro fosco) e áreas hipoecogênicas com
ou sem broncogramas aéreos (representam
consolidações). Além disso, a ultrassonografia
também pode ser útil para identificar eventuais
complicações ou achados associados como
pneumotórax e derrames pleurais.29
Diagnósticos Diferenciais
Os achados de imagem das pneumonias
virais são inespecíficos, se sobrepondo aos de
outras doenças infecciosas ou inflamatórias
pulmonares. Outras infecções virais tais como
influenza, parainfluenza, adenovírus, rinovírus,
vírus sincicial respiratório, citomegalovírus
ou outros coronavírus, bem como pneumonia
por S. pneumoniae ou Mycoplasma podem se
assemelhar radiologicamente à COVID-19.
Edema pulmonar, pneumonia em organização,
pneumonite actínica, pneumonites induzidas
por drogas, hemorragia alveolar, infarto
pulmonar e outras condições não infecciosas
também fazem parte dos diagnósticos
diferenciais.
Tratamento
A rápida disseminação da infecção por
SARS-CoV-2 em todo o mundo levou à
necessidade imediata de uma vacina ou
intervenção terapêutica para prevenir ou tratar
a COVID-19. Baseando-se na fisiopatologia
da doença, a inibição da replicação viral e
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o controle da inflamação local e sistêmica
estão entre os alvos terapêuticos estudados.
Inúmeros ensaios clínicos vêm sendo
realizados envolvendo drogas tais como
ivermectina, hidroxicloroquina, remdesevir
e inibidores da IL 6, entretanto ainda
não temos disponível nenhum tratamento
comprovadamente eficaz.30
Atualmente, os cuidados de suporte
como sintomáticos, suplementação de
oxigênio quando indicado, bom controle das
comorbidades e o monitoramento rigoroso
são medidas essenciais para o manejo
clínico. Tratamento com antimicrobianos está
indicado na suspeita de infecção bacteriana
associada. Todos os pacientes devem receber
profilaxia química para tromboembolismo
venoso (TEV) e a anticoagulação plena está
indicada quando houver sinais inequívocos
de TEV.30 Há alguns estudos observacionais
e opiniões de especialistas que falam a favor
do uso de doses intermediárias de heparina
de baixo peso molecular dado os efeitos
de hipercoagulabilidade do SARS-Cov-2.
Corticoterapia tem sido usada na tentativa
de bloquear a cascata inflamatória, com o
objetivo de controle sintomático e atenuar
possíveis sequelas pulmonares.
Conclusão
História clínica, testes laboratoriais e exames
de imagem analisados conjuntamente são
essenciais para o diagnóstico da COVID-19. As
manifestações pulmonares e gravidade clínica
são variáveis conforme a resposta imune do
hospedeiro, presença de comorbidades e fase
da doença. A despeito de todos os esforços,
ainda não dispomos de vacinas ou drogas
eficazes, dessa forma, o tratamento se baseia no
controle sintomático e de complicações. Faz-se
necessário mais estudos sobre manifestações
clínicas, fisiopatologia e alvos terapêuticos
para aprimoramento dos cuidados e controle da
doença.
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