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Visual Hai-Kai

2009, Travessias

The book - BETWEEN GEISHAS AND SAMURAIS - Photographies and stories of a trip - narrates a travel of 12 months carried out by Atlio Avancini to Japan. It shows, through photographies and words, the history of a country that is composed of tradition and modernity, of new and old; of reality and myth. The author plunges into the experience of photographing and writing about a thousand-year-old civilization and, in sensitive way, reveals the new sense of the urbane space that is outlined in Japan nowadays.

1 HAI-KAI VISUAL VISUAL HAI-KAI Dra. Lucilene Cury1 Ligia Capobianco2 RESUMO: O livro - ENTRE GUEIXAS E SAMURAIS - Fotografias e Relatos de Viagem narra uma viagem de 12 meses realizada por Atílio Avancini para o Japão, onde, por meio de fotografias e palavras vai se desvendando a história de um país composto de tradição e modernidade; do novo e do velho; da realidade e do mito. O autor mergulha na experiência de fotografar e escrever sobre uma civilização milenar e, de maneira sensível, revela o novo sentido do espaço urbano que se delineia no Japão de hoje. PALAVRAS-CHAVE: Fotografia, Cultura, Comunicação, Japão, História. ABSTRACT: The book - BETWEEN GEISHAS AND SAMURAIS - Photographies and stories of a trip - narrates a travel of 12 months carried out by Atílio Avancini to Japan. It shows, through photographies and words, the history of a country that is composed of tradition and modernity, of new and old; of reality and myth. The author plunges into the experience of photographing and writing about a thousand-year-old civilization and, in sensitive way, reveals the new sense of the urbane space that is outlined in Japan nowadays. KEYWORDS: Photographies, Japan, Culture, Communication, History. Atilio Avancini é Professor de Fotojornalismo da ECA/USP e participou de exposições fotográficas no Brasil e no exterior, entre as quais podem ser citadas as do espaço Milton Santos na Escola de Comunicações e Artes e na Europa.Viajou ao Japão para dar aulas em Kyoto durante um ano(2006/ 2007) como Professor de Cultura Brasileira e Comunicação, na Kyoto University of Foreing Studies (KUFS) - Departamento de Estudos Luso-Brasileiros, em convênio com a Universidade de São Paulo(USP). Da sua permanência no país, resultou o livro-objeto dessa resenha. Docente da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Coordena o Grupo de Pesquisa Cibernética Pedagógica - Laboratório de Linguagens Digitais. E-mail: [email protected] 2 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Comunicações da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Cibernética Pedagógica. E-mail.: [email protected] 1 2 Fonte: Capa do Livro Entre Gueixas e Samurais. Foto de Atílio Avancini. O livro é composto por doze capítulos, com setenta e duas fotos e doze textos, misto de fotografia e narrativa, arte e história, terra e homem. Cada um deles conta a experiência do autor durante o período de sua viagem, descrevendo as paisagens e o cotidiano do cidadão nas cidades, de acordo com o mês, a estação do ano, a tradição e a modernidade, de modo a revelar o legado histórico, artístico e cultural do Japão de hoje, que oscila entre o Oriente e o Ocidente, num movimento calmo e inquieto ao mesmo tempo, conforma apresenta Atílio. Os capítulos são iniciados com ideogramas desenhados pelo artista japonês Junichiro Eto e representam o elemento fundamental do pode ser chamado Diário de Bordo, que se assemelha a uma História composta por doze jornadas, cujos temas são: a natureza, o indivíduo, a comunidade, a cultura, o tempo, num continum, que se alterna entre a dinâmica, a individualidade, a complexidade, o real, o mito, o aparente e sua sombra correspondente, num exercício de claroescuro, onde as fotografias (ou reflexos da realidade) juntam-se aos textos escritos com emoção, mas sem perder, em momento algum, o objetivo de mostrar a vida, a sociedade, a história real e a arte milenar do país do Sol Nascente. 3 Assim, essas são as palavras-mote para a narrativa que começa em Abril de 2006 pela cidade de Kyoto (a cidade-alma do país) e termina na viagem de volta pelas paisagens tropicais brasileiras, em Março de 2007: Sakura - Cerejeira Florida. Koi - Carpa. Ame - Chuva Intensa Yubi – Calor. Kane – Sino de Bronze. Mado – Contemplação. Kome – Arroz Ryu – Dragão. Matcha – Chá Verde. Kaeru – Rã. Matsu – Pinheiro. Kaze – Vento, A narrativa transcorre de maneira sutil e forte a um só tempo contando as histórias sedutoras do Japão, ou do espaço/tempo do sagrado e do segredo. As imagens, fotografias em branco e preto, pinceladas de um vermelho significativo, complementam ou são complementadas, ninguém saberia dizer, pela delicadeza do papel artesanal importado do Japão e de tantas outras delicadezas, tais como a vida interior do narrador, a metodologia criativamente empregada nas suas aulas, as músicas, seu violão. As imagens e as palavras vão mostrando os lugares que para nós são ainda paisagens não experimentadas, como, por exemplo, o Monte Fuji, ícone do país que, recentemente foi apresentado na 32ª Mostra Internacional de Cinema, aqui em São Paulo de maneira inesquecível no filme – Hanami, Cerejeiras em Flor, dirigido por Doris Dorrie – que nos é imperioso citar, dadas as semelhanças entre o filme e o livro, quer pelas imagens, quer pela fotografia da capa, quer pela emoção que sentimos ao contemplar as duas obras. Através da sua arte, o fotógrafo vale-se do contraste entre o claro-escuro para distinguir as imagens no espaço e, ao mesmo tempo conferir a tridimensionalidade que permite ao observador aproximar-se do contexto no qual ele esteve. A gradação de luz e sombra incide sobre a realidade 4 das paisagens apreendidas pelo autor e os diferentes elementos modificados pelas nuances de iluminação vão revelando a uma só vez a profundidade e a simplicidade da vida real. Destaca-se então o ponto principal do livro: demonstrar, com o emprego do seu métier e da sua vertente de poeta, aliados ao ofício de pesquisador/professor, a verdade de uma cultura milenar que ultrapassa os limites do antigo e do contemporâneo, novamente um misto de tradição e de modernidade ou de hiper-modernidade. Para qualquer outro autor poderia ter sido uma tarefa demasiadamente complexa; não para Atílio Avancini que superou os limites da individualidade, da frieza urbana e alcançou níveis sutis da subjetividade que aproxima as pessoas da sua própria natureza e, portanto, da natureza universal. Trata-se de um trabalho com estilo genuíno de texto e de imagem dos cenários visitados e da memória que ultrapassa a idéia comum de conservação dos registros. A abordagem de uma cultura é normalmente uma tarefa audaciosa que envolve a dificuldade de expor os princípios ideológicos sem interpretá-los à luz da cultura de origem, pois, ao contrário, é preciso despojar-se desta para atingir os significados da cultura na qual se está inserido, durante o tempo em que nela permanece. Não por acaso, que nos lembramos agora do centenário do antropólogo Lévi-Strauss, mestre de tantos professores que militam por estes trópicos. Concluindo essa resenha do livro ENTRE GUEIXAS E SAMURAIS, podemos afirmar que Atílio Avancini conseguiu, com seu olhar de quem fotografa sensações, considerar o momento de transformação pelo qual passa a sociedade japonesa para comunicar o modo de pensar e de sentir de uma população imensa, que nos tempos presentes, caminha de um passado ancestral para um futuro tecnológico, sem deixar de viver o presente único e inquietante, ao mesmo tempo lento e veloz... REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AVANCINI, Atílio. Entre Gueixas e Samurais. São Paulo, Edusp, 2008. LAPOUGE, Gilles e outros. Claude-Lévi-Strauss – 100 anos. O ESTADO DE S.PAULO. Domingo, 23 de Novembro de 2008. Caderno 2 – Cultura. p.D4 e p.D5.