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Crónica de onomástica paleo-hispânica (4)

Revista Portuguesa de Arqueologia. 5:2, 2002, pp. 233-244

Once again, Iberian onomastics continue to merit special attention. The commentaries that follow in this article are the result of divergences, unfortunately not always on linguistic grounds, in the various studies of place and personal names published mainly in the last two years. We take advantage of this opportunity to correct some interpretations that we defended in earlier works.

Crónicadeonomástica paleo-hispânica(4) ANTÓNIO MARQUES DE FARIA R E S U M O Uma vez mais, a onomástica ibérica continua a merecer da nossa parte uma atenção especial. Os comentários que se seguem resultam de divergências, infelizmente nem sempre de ordem linguística, em relação às abordagens, mais ou menos aprofundadas, de que a onomástica em presença foi alvo sobretudo nos últimos dois anos. Aproveitámos esta ocasião para corrigir determinadas interpretações que defendemos em trabalhos anteriores. A B S T R A C T Once again, Iberian onomastics continue to merit special attention. The commentaries that follow in this article are the result of divergences, unfortunately not always on linguistic grounds, in the various studies of place and personal names published mainly in the last two years. We take advantage of this opportunity to correct some interpretations that we defended in earlier works. abuloraun. Mosaico. Andelo (Muruzábal de Andión, Navarra). Mezquíriz, 1991-1992, p. 365-357; MLH IV K.28.1. Depois de Rodríguez Ramos (1999-2000 [2001], p. 356) ter traduzido este NP ibérico para “el ‘launi’ de Abulo”, não nos espanta que o mesmo autor tenha asseverado que “[l]a forma AUN no se encuentra nunca así en íbero, puesto que sólo se conoce aur ´ y la alternancia r/ n no sólo no se documenta en éste caso, sino que suele limitarse a r, no a´r, así como no se conoce ningún caso en que se use como segundo formante de compuesto” (Rodríguez, 2001, p. 71). A primeira asserção é contrariada pela existência quer de abuloraun, quer de auntigi (Faria, 2000a, p. 123). Quanto à segunda afirmação, esta é desmentida pela observação dos pares onomásticos bir/ bin, bon/ bor, galdun/ galdur, icon/ icor, tigen/ tiger e uśtan/ uśtar (Quintanilla, 1998, p. 204-206). A única afirmação que mantém integralmente a sua validade é a que respeita à inexistência de aun como segundo segmento onomástico (apenas em NNP), já que, em abuloraun, o mesmo surge na terceira posição. REVISTAPORTUGUESADEArqueologia.volume5.número2.2002,p.233-244 233 AntónioMarquesdeFaria Crónicadeonomásticapaleo-hispânica(4) agir ´ tigi. Placa de chumbo. El Tossal de La Balaguera (La Pobla Tornesa, Castelló). Allepuz, 2001, p. 179 e Fig. 85:6. Énossa convicção que em ]Tungiagir ´ tigi deve isolar-se o NPibérico agir ´ tigi. Além da nossa, aquela sequência já mereceu mais duas transliterações, que teremos de considerar inadequadas: ]tunkiakiatiki: (Allepuz, 2001, p. 179) e ]tunkirkiatiki[ (Velaza, 2001, p. 642). aus´es. Placa de xisto. Empúries (L’Escala, Girona). Aquilué e Velaza, 2001, p. 284. Subscrevemos sem grandes reservas a análise dos etnónimos ibéricos levada a cabo há alguns anos por Pérez Orozco (1993, p. 225), cujo acerto é agora corroborado pelo conhecimento de um indivíduo, presumivelmente chamado lacereces (v. infra), apresentado como auśe-s (= ausetanus), originário, pois, de *aus ´ e (Faria, 2002, p. 129). É pena que o citado artigo de Pérez não tenha chegado ao conhecimento de Aquilué e Velaza. Além dos testemunhos fornecidos pelas moedas —belsecuai (CNH 42:41A; Faria, 2001, p. 99), ces[e]cu (García Garrido e Montañés, 1989, p. 48-49; Faria, 2001, p. 99), iCales (CNH 324:3), ildirges (CNH 201:8, 12, 13), sedeis (CNH 219: 5-6, 11, 12) e sesaŕs (CNH 209:1-9) —, este é o terceiro etnónimo que conhecemos documentado no singular em textos ibéricos, a juntar a usecerdecu (K.5.3 = E.7.1) e a bilbiliars (K.28.1), terminando este último com o mesmo formante étnico identificado por Pérez Orozco (1993, p. 225; v. igualmente De Hoz, 2001a, p. 357, n. 67). Não obstante, segundo Aquilué e Velaza (2001, p. 284), “[l]a mención de origo em textos ibéricos no estaba, hasta el momento, atestiguada con seguridad...”. Importa, no entanto, ter em mente que a proposta formulada por Santiago Pérez enferma pelo menos de uma fragilidade: nenhuma justificação é fornecida para a presença simultânea do sufixo de “locativo” -n- e do formante étnico -s- em iCalensCen (CNH 326:11-26), etnónimo que remete para os Ιγλητες, mencionados por Estrabão (Geogr. 3.4.19) (Faria, 1991a, p. 15). BILOSOTON. Urna de calcáreo. La Carada (Espeluy, Jaén). González, 1998, p. 109-110. Se o primeiro componente deste NP ibérico é um dos mais comuns, já o mesmo não sucede com OTON, que, desprovido da nasal final, figura no origónimo otobeśCen (Faria, 1995a, p. 327, 328) e nos NNP otoildir (F.21.1) e otoCeildir (F.21.1), ausentes do repertório antroponímico coligido por Untermann (MLH III 1, p. 209-238). Não são raros os elementos onomásticos ibéricos aparentemente terminados em nasal que figuram sem a mesma na primeira posição de compostos nominais e precedendo oclusiva. Encontram-se nestas circunstâncias adin, aiun, atan, *bodon, *eton, ildun, suban, tartin e unin respectivamente em adibur (Faria, 1990-1991, p. 75, 83), aiubas (CNH308:31-32) (ou tratar-se-á de aidubas?), atabels (CNH147:46-47), bodotaś (F.9.5, .6, .7), etogiśa (CNH 51:96-100), ildutaś (F.14.1), subaCe (Faria, 2002, p. 137), tarticeleś (Faria, 1997, p. 110) e unibeice (F.9.5) (Quintanilla, 1998, p. 200-201). A propósito do citado subaCe, Rodríguez (2002b, p. 127) declarou o seguinte: “[p]eor es la situación para el caso de subake, en el que no hay ningún elemento conocido como formante de onomástico, por lo que proponerlo como tal es una petitio principii”. Sucede, porém, que o repertório onomástico ibérico não tem que estar limitado às descobertas de Untermann e Rodríguez Ramos. Assim, se as interessantes reflexões deste último sobre neitin (Rodríguez, 2002b, p. 127-128) vierem a ser confirmadas, ganha força a comparação por nós estabelecida (Faria, 2002, p. 137) entre suba e XVBAN < *suban, ND atestado numa inscrição votiva de Arvas (Haute Garonne) (Michelena, 19772, p. 288; Gorrochategui, 1984a, p. 353), nada obstando a que possamos estar perante um só teónimo. 234 REVISTAPORTUGUESADEArqueologia.volume5.número2.2002,p.233-244 Crónicadeonomásticapaleo-hispânica(4) AntónioMarquesdeFaria BONTAR. Estela funerária. Cazaril-Laspènes (Haute Garonne). Gorrochategui, 1984a, p. 174, n.º 103. Ao contrário do que julgávamos (Faria, 2002, p. 126), a origem de Mondarrain (Ramírez, 1988a, p. 187) não deve ser procurada num homónimo do indivíduo aqui arrolado, mas remete para Montferrand, documentado em 1249 sob a seguinte forma: castrum de Monte Ferrandi (Morvan, 1999, p. 183). ISAS. Placa de calcário. Mirobriga (Chãos Salgados, Santiago do Cacém, Setúbal). IRCP 144. Não restam quaisquer dúvidas de que o presente nome é de origem grega (Lozano, 1998, p. 122), o mesmo acontecendo com ISASVS, derivado daquele (Faria, 2000a, p. 135, 2002, p. 132). Reforça esta atribuição linguística o facto de CHILO, patronímico do único ISASVS até hoje conhecido, ser também ele de ascendência grega (Lozano, 1998, p. 55-56; contra, Le Bohec, 1990, p. 32). Na base de dados antroponímicos correspondentes aos quatro volumes do Lexicon of Greek Personal Names publicados até agora (http:/ / www.lgpn.ox.ac.uk/ data.html), deparámos com aquele NP por 34 vezes, ainda que sob grafias distintas: Χει´ λων (15) e Χι´ λων (19). García-Bellido (2001, p. 61-62 e n. 34), na esteira de Le Bohec (1990, p. 32), prefere atribuir ISAS e ISASVS, nome este pertencente a um membro de uma cohors Lusitan(a, -orum?) (Faria, 2000a, p. 135), à onomástica indígena da Lusitânia, acrescentando ainda, ao ter em consideração a epígrafe de Mirobriga, que “precisamente del convento de Beja [sic] proceden varias de las inscripciones de soldados de cohortes lusitanas: Roldán, supra n.º 391a, 391b y 392”. No entanto, esta afirmação está longe de corresponder à verdade, já que, das três inscrições citadas, recolhidas no catálogo de Roldán (1974), duas procedem de Idanha-a-Velha, e a terceira, de Porto de Mós. laceitor ´ . Vaso cerâmico. El Castelillo (Alloza, Teruel). MLH III 2 E.4.6. eboitor ´ (Solier e Barbouteau, 1988, p. 84), edeitor ´ (F.20.2) e golbeitor ´ (Solier e Barbouteau, 1988, p. 84) perfilam-se como os melhores paralelos para itor ´ , o segundo componente do presente NP, que escapou ao repertório elaborado por Untermann (MLHIII 1, p. 207-238). O formante inicial de laceitor ´ só se reproduz fielmente no etnónimo Lacetani (Tovar, 1989, p. 35-37), não podendo de modo algum ser esquecidos todos os NNP que integram o elemento lacer (MLH III 1, p. 227-228) (Panosa, 1996, p. 233). Nada aponta para que Lacetani se relacione com lacu (contra, Untermann, 1992, p. 31); em boa verdade, se lacu estivesse na base de algum etnónimo, este não seria muito diferente de *Lacutani. lacer ´ eces. Placa de xisto. Empúries (L’Escala, Girona). Velaza, 2001, p. 655-656. Além da interpretação que conferimos a este NP, caso este se apresente completo, há outras que podem ser avançadas com base no pressuposto de faltar o início do mesmo. Assim, são admissíveis, entre outras, as seguintes restituições: [be]lacer ´ eces e [ba]śacer ´ eces. Já Aquilué e Velaza (2001, p. 281) tinham entrevisto a possibilidade, que não vieram a explorar, de ser [ś] o grafema mutilado. É claro que qualquer destas restituições, a confirmar-se, configuraria um NP trimembre, hipótese que não pode, de modo nenhum, ser descartada. Contudo, ainda que aceitando estarmos perante um NP completo, não seria de todo descartável, dada a ocorrência na antroponímia ibérica dos componentes Cere (MLHIII 1, p. 226) e aCere (CNH432:1), a seguinte segmentação: lacer ´ e-ces. Deste modo, além de a relação que estabelecemos entre o segundo elemento deste NP e a raiz do NL cese (Faria, 2002, p. 132) ganhar maior legitimidade, ficaria em aberto a possibilidade de lacereiar ´ tur (C.1.5) se decompor em lacere-iar ´ -tur. REVISTAPORTUGUESADEArqueologia.volume5.número2.2002,p.233-244 235 AntónioMarquesdeFaria Crónicadeonomásticapaleo-hispânica(4) laies´Cen. Moedas. *laies ´ ?. CNH 191:1-11. Tendo a existência de uma base onomástica ibérica *laisido implicitamente posta em causa pela nova leitura dada por Rodríguez Ramos (2002a, p. 208) ao NP gravado numa escultura de Cerro de los Santos (G.14.2) —em vez de [ba]śtulaiadin (Faria, 1995a, p. 327) há que ler śalaiadin —, valerá a pena contar com a possibilidade de o NL subjacente a laieśCen ser *Laies ´ , analizável em la-ieś, a confrontar com ieś-o (CNH 199:1-4). Assim, não nos repugnaria contemplar a hipótese de que o NL a partir do qual derivou o etnónimo Laeetani (TIR K/ J-31, p. 97) tenha sofrido algum tipo de adaptação à morfologia latina, fenómeno que julgamos ter identificado noutros NNL, mesmo na fase da ocupação romana em que estes ainda eram transmitidos em escrita indígena (Faria, 2000a, p. 133). Esta opinião parece ser partilhada por Silgo Gauche (1994, p. 195), que, no entanto, inexplicavelmente, optou por remeter para *Laiesa origem de laieśCen. Outro caminho que não pode ser excluído, a despeito dos diversos escolhos que comporta, consiste em procurar a origem daquele etnónimo em *Laier ´ (> *laier ´ sCen > laieśCen), formação toponímica susceptível de ser relacionada com os misteriosos *Λαρτολαιηται´ / *Λαρτολαιητες, exclusivamente mencionados por Estrabão (Geogr. 3.4.8) (Tovar, 1989, p. 37; TIRK/ J-31, p. 97). wlbebiur. Estelas. Badalona. Comas, Padrós e Velaza, 2001, p. 295-296. À análise comparativarealizadapelos autores faltou invocar o testemunho de wlbeier ´ (C.3.2) (Rodríguez, 2000, p. 27; Faria, 2001, p. 101). ocobilos. Placa de chumbo. “Barranco del Rey” (Sierra de Gádor, Almería). MLH III 2 H.1.1. Nada de novo podemos dizer a respeito deste NP. Cabe-nos tão-somente chamar a atenção para a eventualidade de o mesmo ser cotejado com Ocobius, NPconsignado num documento datado de 920, procedente do Tombo de Samos (Boullón, 1999, p. 335). Tratar-se-á de mera coincidência? ORDVMELES. Tábua de bronze. Roma. CILI2 709. No segundo artigo desta série (Faria, 2001, p. 102), defendemos a aproximação semântica entre o componente com que se inicia ORDVMELES < *ordun-beles ´ < *ordin-beles ´ e urdin < ordin, NP abundantemente documentado em basco medieval. À luz do que hoje se conhece sobre as estreitas relações entre a onomástica ibérica e a paleobasca, seria altamente improvável que não houvesse qualquer parentesco entre ambos os termos. Mesmo que urdin< ordinpertença ao léxico cromático (Michelena, 1970/ 1987, p. 285; Trask, 1997, p. 268; Orpustan, 1999, p. 55, 195), não pode, todavia, excluir-se uma relação do mesmo com ordots ‘varrasco’ e urde ‘porco’. O que, desde logo, se deve rejeitar é a identificação de uma base ord-/urd- em qualquer dos vocábulos citados (contra, Gorrochategui e Lakarra, 1996, p. 121; Orpustan, 19973, p. 20, 36, 59, 99, 135, 1999, p. 146, 254, 271, 346), já que, assentando a raiz paleobasca no esquema CVC (Lakarra, 1995, passim), ordin/ urdin e ordotsdevem subdividir-se em or-din/ ur-din e or-dots, respectivamente (Gorrochategui e Lakarra, 1996, p. 122, 128, 2001, p. 411; Lakarra, 2002, p. 425). O segundo componente do zoónimo ordots, que parece corresponder ao lexema dots‘macho’ (Gorrochategui e Lakarra, 2001, p. 431; Lakarra, 2002, p. 425), amiúde confundido com -otz/-ots(Michelena, 1954/ 1985, p. 414-415; Gorrochategui, 1984a, p. 139, 304, 368, 1985a, p. 623, 1987a, p. 956; Gorrochategui e Lakarra, 1996, p. 122), ocorre em vários NNP e NND paleobascos (Faria, 2002, p. 138). A menos que estejamos perante exemplos do supracitado sufixo toponímico -otz/-ots(Belasko, 19992, p. 472), provável evolução do genitivo de NNP de tema em -o (Caro, 1945, p. 110-112; Ramírez, 1987, p. 565, 571; Irigoyen, 1990, p. 65-70; Iglesias, 2002, p. 131-132) —scil., Anardos < *Anardois < *Anardones < *Anardonis (gen.) < *Anardo 236 REVISTAPORTUGUESADEArqueologia.volume5.número2.2002,p.233-244 Crónicadeonomásticapaleo-hispânica(4) AntónioMarquesdeFaria (Faria, 2002, p. 126) —, há que encarar a hipótese de que seja dots < tos(s) < toŕs o elemento onomástico com que terminam alguns dos seguintes NNL bascos recolhidos em fontes medievais: Almandotz, Bardos, Berindos, Bildos, Cildotz, Mandotz e Urdos. Esta possibilidade já havia sido por nós admitida com relação a Apardosse (Faria, 2002, p. 138). Tal como o primeiro componente de ORDVMELES, também os exemplos de ordun que constituem nomes simples em basco medieval (Silgo, 1994, p. 217-218) devem ter origem em ordin (contra, Silgo, 1994, p. 217-218). Muito embora Untermann o tenha ignorado (MLH III 1, p. 229), ORDV[N]ETSI (dat.), cognomenpertencente a um veterano da legião II Augusta, atestado numa lápide funerária integrada numa parede exterior da igreja paroquial de Muez (Navarra) (Gorrochategui, 1984a, p. 249, n.º 275, 1995a, p. 225, Foto 3; HEp 3, 1993, 267), ostenta igualmente o formante ORDVN, óbvia latinização de ordin (Faria, 2001, p. 102, com bibliografia anterior). Mais complexa é, quanto a nós, a identificação da segunda parte de *Ordunetsis, que Carmen Castillo (1992, p. 122) considerou ser, sem invocar quaisquer argumentos, um etnónimo (= *Ordunensis). Na verdade, a sibilante africada, representada aqui e em mais cinco casos, todos eles NND —ERDITSE (dat.) (Gorrochategui, 1984a, p. 320-321, n.º 489), HERAVSCORRITSEHE(dat.) (Gorrochategui, 1984a, p. 330-331, n.º 542), ITSACVRRINE(dat.) (Jimeno, Tobalina e Velaza, 1998, p. 292-293) e STELAITSE (dat.) (duas vezes) (Gorrochategui, 1984a, p. 349, n.os 605-606; Velaza, 1992, p. 367-369) —, pelo dígrafo TS (Gorrochategui, 1984a, p. 377, 1984b, p. 264, 1987b, p. 442, 1993, p. 617, 1994, p. 124, 1995c, p. 56; Jimeno, Tobalina e Velaza, 1998, p. 292-293), é reproduzida em escrita epicórica por [ś] (Silgo, 2000, p. 518). Uma tal correspondência coloca sérios entraves ao parecer subscrito por Gorrochategui (1984a, p. 249, n.º 275, 1985b, p. 591, 1987b, p. 442, 1993, p. 624, 1994, p. 124, 1995a, p. 224), que sustenta ser o elemento antroponímico ibérico nes a encerrar o NP *Ordunetsis. Esta é a razão que nos induz a procurar a origem de *Ordunetsis em *ordines ´ (*ordin-es ´ ), nada havendo que justifique, por um lado, a inclusão deste NP na onomástica aquitana (contra, Untermann, 1998, p. 83), nem, por outro, que dele faça parte o fantasmagórico *nes ´ (Faria, 2002, p. 133). De igual modo, é preferível ver em ARRANES (TSall) a segmentação de *aran-es ´ , em detrimento de *aran-(n)es(contra, Faria, 1995b, p. 80). Dada a existência dos NNPARANCISIS e aranco (Faria, 1995b, p. 79-80), é ainda menos provável que ARRANES derive *ara-nes (contra, Gorrochategui, 1984a, p. 249, n.º 275; MLH III 1, p. 229). Recorde-se que es ´ surge como morfema no NL eśo, segmentável em eś-o (Faria, 2002, p. 129). Se urdin é o resultado da alteração metafónica de ordin, não é fácil admitir que urdin ‘azul’ inclua o lexema ur ‘água’ (contra, Michelena, 1970/ 1987, p. 285; Gorrochategui e Lakarra, 1996, p. 128, 2001, p. 411; Trask, 1997, p. 268), a menos que a origem deste estivesse num improvável or. Além do mais, a forma esperável seria *udin, com perda de vibrante em composição, tal como se observa, e.g., em ubide < ur + bide e em uhalde ~ ugalde < ur + alde (Trask, 1997, p. 190). Em contrapartida, custa-nos admitir que ibai ‘rio’, forma abonada apenas a partir do século XV (Orpustan, 2000, p. 109), proceda de *urbani, tal como propõe Lakarra (2002, p. 419), uma vez que as provas da ocorrência de bai ‘rio’ remontam ao período romano, se não forem anteriores a este (Nieto, 1997, p. 82; Faria, 2000a, p. 132, 2002, p. 124, 125-126, 127). ]RESVNIN. Placa de mármore. Sagunto (Valência). CIL2 14 (1) 438. Se, há alguns anos (Faria, 1995a, p. 329), seguíamos genericamente a restituição sugerida por Luis Silgo (1988, p. 765, 1994, p. 252) para o NP em causa —[V]RESVNIN —, hoje não podemos deixar de colocar a hipótese de ]RESVNIN estar por [CA?]RESVNIN ou por [GA?]RESVNIN, dada a existência do segmento onomástico ibérico Cares (Faria, 1997, p. 107). REVISTAPORTUGUESADEArqueologia.volume5.número2.2002,p.233-244 237 AntónioMarquesdeFaria Crónicadeonomásticapaleo-hispânica(4) Sendo [V?]RESVNIN/ [CA?]RESVNIN/ [GA?]RESVNIN o cognomen de um tal CORNELIVS (Faria, 2000a, p. 141, com bibliografia anterior), não compreendemos como é possível que Jesús Rodríguez (2001, p. 72) insista em afirmar que unin corresponde exclusivamente a indivíduos do sexo feminino. ]rtabir ´ . Placa de xisto. Empúries (L’Escala, Girona). Aquilué e Velaza, 2001, p. 282. A reconstituição deste hipotético NP —certabir ´ —, sugerida por Aquilué e Velaza, não pode merecer a nossa concordância, tendo em conta o pouco que resta do signo truncado (Aquilué e Velaza, 2001, p. 280, Fig. 2). Admitimos apenas duas leituras para este lexema: ]urtabiŕ ou ]artabiŕ. Não é certo que este possível NP termine com o elemento biŕ, havendo igualmente que encarar a ideia, decerto mais remota, de ser tabiŕ o último elemento do composto, a cotejar com a segunda parte do NL śaitabi, caso śai-tabi constitua a segmentação adequada. Importa ter em atenção que śaitiŕ é uma das legendas toponímicas gravadas nos numismas de śaitabi (CNH 315:7-10), facto que nos leva a propor, com as devidas ressalvas, a seguinte evolução toponímica, orientada no sentido da respectiva latinização: *śait(ab)iŕ > śaitabi > SAETABI > SAETABIS. Em todo o caso, se for biŕ o elemento onomástico aqui presente, este parece repetir-se apenas em tibeśbiŕ (C.2.22) (Faria, 2000a, p. 140), porquanto, em Orleyl (F.9.2), cremos agora preferível ler biulabo onde Aquilué e Velaza (2001, p. 282), com o beneplácito de Untermann (MLH III 1, p. 219) e Quintanilla (1998, p. 123), leram birlaco. De momento, não podemos pôr inteiramente de parte que o elemento onomástico biŕ, a ter existido, ocorra, com (a) outra vibrante, em ]bir (C.4.1), gol-bir (C.4.1) (Faria, 1994a, p. 67, 70) e aiun-icar-bir (G.14.1) (Faria, 1997, p. 106, 2000a, p. 122). Cabe, todavia, a possibilidade de, no caso de ser esta a transliteração correcta (contra, Rodríguez, 2002a, p. 209), aiunicarbir dividir-se em aiun-iC(e)-arbir (G.14.1) (Faria, 1994a, p. 65, 66). Mesmo que Rodríguez Ramos venha um dia a demonstrar que aiunicarbir deve ler-se aiunigaldur (ainda não o demonstrou), por mais que tente, jamais poderá transformar śalbi- (Faria, 1990-1991, p. 77, 1994a, p. 68, 2000a, p. 138) em śaldu- (Rodríguez, 2002a, p. 206-208), componente nominal por ele assimilado a saldu- (v. igualmente Rodríguez Ramos, 2002b, p. 125, n. 20), como se a rigorosa distinção de sibilantes não passasse de um mero capricho dos escribas ibéricos. O expediente, reconhecidamente engenhoso, a que Jesús Rodríguez (2002a, p. 207) recorre com vista a ler śaldu- onde está śalbi- consiste em excluir a sequência -VlbV- da fonotáctica ibérica, sendo invocada neste sentido a circunstância de aquela estar ausente de pouco menos de uma dezena de textos ibéricos, seleccionados com base na sua extensão. Como é possível, todavia, marginalizar os testemunhos fornecidos por Αστολπας < *aśtolbaś (Faria, 1990-1991, p. 83), golbeitor (Solier e Barbouteau, 1988, p. 91), golbir (C.4.1) (Faria, 1994a, p. 67, 70), SALPA (abl.) < *salbaś/*śalbaś (Faria, 1994a, p. 70, 1994c, p. 53, n.º 328, 1995a, p. 328, 2000a, p. 138, 2000b, p. 64) e bilbiliars (K.28.1)? Será que estamos perante “anomalías (o “faltas”) ortográficas” (Rodríguez, 2002a, p. 207)? salduie. Moedas. salduie (Saragossa). CNH 228:1-4). Há um par de anos, lançámos a hipótese de salduie, NL cujo segundo componente não tem paralelo na onomástica ibérica, poder estar por *saldu-bi, formação à qual teria sido aposto o sufixo toponímico ibérico -e (Faria, 2000a, p. 138). Muito embora não estejamos habilitados a enjeitar semelhante hipótese, hoje admitimos, em alternativa, que salduie configure a redução/ simplificação de *saldu-ieŕ, sendo comparável ao segundo componente do NPwlbe-ieŕ (C.3.2). Tão-pouco estaremos dispostos a descartar a eventualidade de que salduie esteja por *salduieś. 238 REVISTAPORTUGUESADEArqueologia.volume5.número2.2002,p.233-244 Crónicadeonomásticapaleo-hispânica(4) AntónioMarquesdeFaria [ś]alaitibaś. Moeda. Ceca desconhecida. CNH 50:87. Jesús Rodríguez Ramos não tem tido qualquer pejo em amalgamar ideias próprias com outras que não lhe pertencem (e.g., Faria, 2002, p. 130), induzindo em erro os leitores menos prevenidos. Eis outro exemplo deste descuidado procedimento (Rodríguez, 2002a, p. 208, n. 7): “[e]l formante śalai fue claramente identificado en un plomo de origen desconocido (Untermann 1993 śalaiaŕkis). Se encuentra también en F.17.6 is-śaletar y probablemente en la dracma CNH: 35/ 71 [sic] (])alaitibaś”. Salta aqui à vista a omissão de uma passagem pertencente a um trabalho nosso (Faria, 1995a, p. 328), no qual são expressamente identificados os dois componentes da legenda monetária em causa. Também Javier Velaza (2001, p. 646) não tratou esta questão da melhor maneira, ao afiançar que śalai só se encontra consignado no NP śalaiargis. Não deixa de ser surpreendente que Rodríguez (2002b, p. 120, n. 9) confira à inscrição inicialmente publicada por Untermann (1991-1993) uma “teóricamente dudosa autenticidad”. śaliboś. Placa de chumbo. Caudete de las Fuentes (Los Villares, Valência). MLH III 2 F.17.1. Este NPibérico divide-se naturalmente em śali-boś. bos documenta-se em ganikbos(G.13.1) (Faria, 1994a, p. 65, 1999, p. 155, 2000a, p. 140) e em bosberiun (C.2.3) (Faria, 2002, p. 125), ao passo que śali, além de figurar em śaliunibaŕs (F.20.3), consta de quatro NNP que chegaram até nós em escrita latina: SALINIS, SALISIVS, SALIXI (gen.) e XALINIS (Gorrochategui, 1995a, p. 214). SALINIS e XALINIS deverão provavelmente proceder de *śalines, ao passo que deve ter sido *śalisu/ *śaliśu a estar na origem quer de SALISIVS quer de SALIXI (gen.). SIBITTA. Placa de mármore. Regina (Casas de Reina, Badajoz). HEp 7, 1997, 67. No comentário assinado por Joaquín Gómez-Pantoja (ad HEp 7, 1997, 67), nada transparece das observações que dedicámos ao presente NP (Faria, 1999, p. 156). Gómez-Pantoja reconheceu em SIBITTA “una fuerte raigambre céltica”, mas entendeu que não valia a pena fundamentar uma tal asserção. Seja como for, a relação de SIBITTA com o componente inicial de śibibolai, NP gravado numa emissão monetária de Obulco (Faria, 1990-1991, p. 74, 1991a, p. 17, 1991b, p. 191-192, 1992, p. 44, 1993a, p. 152-155, 1994c, p. 53, n.º 344, 1995b, p. 85, 1996, p. 172, 1999, p. 156), continua a ser, quanto a nós, inquestionável. Enquanto Correa (2001, p. 312 e n. 44) dava testemunho de uma fé inabalável na transliteração que Untermann (MLH III 1, p. 231, 1996, p. 130, 1997, p. 139, MLH IV, p. 591) conferiu a este último NP, Rodríguez Ramos (2002a, p. 204), imbuído de um sempre louvável espírito crítico, declarava que “entre śitu/ śibi no hay motivos claros para dirimir”, não hesitando, porém, algumas linhas adiante, em optar por śitubolai (Rodríguez Ramos, 2002a, p. 205); terá sido por uma questão de eufonia? TARBANTV. Tábua de bronze. Roma. CILI2 709. A observação de qualquer uma das quatro fotografias do Bronze de Áscoli que foram publicadas nos últimos seis anos (Beltrán, 1996, p. 93, Fig. 77a; Gregori e Mattei, eds., 1999, p. 597, Foto 2228; Beltrán, Martín-Bueno e Pina, 2000, p. 47, Fig. 26; Mattei, 2001, p. 71) foi suficiente para acompanharmos Hugo Schuchardt (apudCILI2 709) na conclusão de que é TARBANTV, e não TABBANTV (MLH III 1, p. 197, 233 e nn. 116.1, 116.2; Silgo, 1994, p. 123; Faria, 1995b, p. 81), a leitura do patronímico de um dos dois cavaleiros Libenses pertencentes à turma Salluitana, privilegiada em 89 a.C. com a cidadania romana por Cn. Pompeio Estrabão uirtutis caussa. Além daquelas três, tivemos o ensejo de examinar uma outra fotografia, pertencente ao Deuts- REVISTAPORTUGUESADEArqueologia.volume5.número2.2002,p.233-244 239 AntónioMarquesdeFaria Crónicadeonomásticapaleo-hispânica(4) ches Archäologisches Institut (delegação de Roma) (DAInst. Neg. Rom 602.447), que nos foi facultada graças à amabilidade de Brigitte Ruck, colaboradora do “Epigraphische Datenbank Heidelberg” (http:/ / www.uni-heidelberg.de/ institute/ sonst/ adw/ edh/ indexe.html), projecto dirigido pelo Professor Géza Alföldy. No entanto, se TARBANTV figura com grande nitidez em todas as fotografias analisadas, só nesta última e na que foi publicada por Beltrán, Martín-Bueno e Pina (2000, p. 47, Fig. 26) é possível ler, gravados no canto inferior esquerdo do supracitado documento, ]LESPAISER e ]VRSECEL, ambos patronímicos, no lugar de ]ESPAISER e de ]IRSECEL, respectivamente. GAVN, o componente final do terceiro patronímico truncado, ]ELGAVN, repete-se, pelo menos, em BASTOGAVNIN (CIL II Suppl. 6144) < *basto-gaun-in (MLH III 1, p. 213, n. 21.2, 215, nn. 28, 28.1) e em ILLVRGAVONES/ ILERGAVONIA (TIR K/ J-31, p. 90) < *ilduŕ-gaun/ *ildir-gaun. Passando à análise de TARBANTV, o elemento tarban encontra-se atestado em osoŕtarban (E.13.1), tarbanicor (F.2.2) e, com outro signo de vibrante, em tautintaŕban (F.20.3), NP cuja leitura é, todavia, bastante problemática. O sufixo -tu, por sua vez, repete-se apenas em Caŕsuritu (Faria, 1990-1991, p. 74, 1991a, p. 17, 1991b, p. 190, 1994a, p. 67, 1994b, p. 123, 1995a, p. 326, 1995b, p. 81, 1996, p. 158, 2000a, p. 130, 2001, p. 99), NP cuja evidente origem ibérica Correa (2001, p. 312) acha que não está demonstrada. Este sufixo deve ser considerado variante (ou antecedente?) de -to, reproduzido em laurto (C.2.4). Não sabemos qual das duas formas subjaz a NNP em escrita latina, tais como NESCATO (Gorrochategui, 1984a, p. 240-241, n.º 256), sendo certo que é o mesmo sufixo de sentido diminutivo que vamos encontrar na onomástica basca medieval (Gorrochategui, 1984a, p. 241, 1995c, p. 750). tigiŕseni. Estela de calcário (Sagunto, Valência). MLH III 2 F.11.10. Na perspectiva de Luis Silgo (1988, p. 765), que aqui secundamos, este NP pode segmentar-se de duas maneiras: tigiŕs-(s)eni, a única preconizada por Untermann (MLH III 1, p. 231, 235; v. igualmente Quintanilla, 1998, p. 151), ou tigiŕ-seni, surgindo esta última segmentação caucionada pela ocorrência do NP tigiŕildir (G.12.1) (Faria, 1994a, p. 68). Menos provável é que tigiŕseni possa ser dividido em tigiŕs-eni (contra, Gorrochategui, 1984a, p. 165), já que eni não faz parte de mais nenhum NP (Silgo, 1988, p. 765; Quintanilla, 1998, p. 153). Se tigiŕ-seni constituir a análise correcta, poderemos trazer à colação tigiŕ-sacar (C.1.2) e tigiŕ-suŕ (Untermann, 1991-1993, p. 99; contra, Faria, 1995b, p. 85) como paralelos para tigiŕ. No que diz respeito ao elemento onomástico seni, este é reconhecível em AGIRSENI (gen.) (HEp3, 1993, 363), AGIRSENIO (dat.) (Gorrochategui, 1993, p. 146-147), OANDISSEN[I] (HEp 3, 1993, 359), SENICCO (Gorrochategui, 1984a, p. 261-262, n.º 310), SENIPONNIS (gen.) (Gorrochategui, 1984a, p. 263, n.º 311), SENITENNIS (Gorrochategui, 1984a, p. 263-264, n.º 312), SENIVS (Gorrochategui, 1984a, p. 264-265, n.os 313-315) e SENIXSONIS (gen.) (Gorrochategui, 1984a, p. 265-266, n.os 316-318) (Quintanilla, 1998, p. 154). Não é seguro que o mesmo componente integre ANDERESENI (dat.) (Gorrochategui, 1984a, p. 129-130, n.os 21-22), ERESENI (dat.) (Gorrochategui, 1984a, p. 205, n.º 180), NARVN[SE]NI (dat.) (Gorrochategui, 1984a, p. 238, n.º 255) e NEVRESINI (dat.) (Gorrochategui, 1984a, p. 242, n.º 258), já que estes NNP poderão atestar o sufixo -se, constante de vários NNP femininos (Gorrochategui, 1987b, p. 442): BEREXE(Gorrochategui, 1995a, p. 214), EDVNXE(Gorrochategui, 1984a, p. 201, n.º 171), HAVTENSE (Gorrochategui, 1984a, p. 222, n.º 218), ONSE (Gómez-Pantoja e Alfaro, 2001, p. 181) e VRIAXE (Gorrochategui, 1984a, p. 290, n.º 387). 240 REVISTAPORTUGUESADEArqueologia.volume5.número2.2002,p.233-244 Crónicadeonomásticapaleo-hispânica(4) AntónioMarquesdeFaria uisebaŕtaś. Placa de chumbo. El Cigarralejo (Mula, Murcia). MLH III 2, G.13.1. Parece-nos perfeitamente pacífica a correspondência entre os primeiros segmentos onomásticos de uisebaŕtaś (e não uisebartaś: Faria, 2000a, p. 140) e de VISERADIN (Abascal, 1994, p. 547). Não nos custa tão-pouco aceitar que Vessetania, nome de uma regio mencionada por Plínio (nat. 3. 24) (Sancho, 1981, p. 41, n. 74, 55), derive igualmente do elemento onomástico *uiser, nada tendo, por conseguinte, que ver com o NL Osca (contra, Sancho, 1981, p. 41, n. 74). urCailbi. Moedas. Obulco (Porcuna, Jaén). CNH 344:17-25. Vejamos como Rodríguez Ramos (2002a, p. 204-205) tenta demonstrar que é urcaildu a transliteração do NP obulconense que vimos lendo como urCailbi (Faria, 1990-1991, p. 74, 81, 1991a, p. 17-18, 1991b, p. 191-192, 1992, p. 44, 1993a, p. 154-155, 1993b, p. 139, 1994b, p. 123, 1994c, p. 56, n.º 403, 1995a, p. 328, 1995b, p. 85-86, 1996, p. 176, 2000a, p. 140-141): “en lo concerniente a uŕkailtu, éste se reconoce perfectamente como un onomástico bimembre compuesto por uŕke (nº 140) e iltur (nº 62)”. Como é óbvio, esta afirmação, apesar do tom peremptório que a caracteriza, não prova rigorosamente nada. Rodríguez Ramos sabe muito bem que não pode discutir seriamente o valor fonético a atribuir ao último signo de urCailbi sem se pronunciar sobre: a) a configuração do penúltimo signo de neselducu, identificando este NP, por feliz coincidência, o colega de urCailbi na emissão CNH 344:17-25; b) a existência de urCail (CNH 342:8)/ VRCHAIL (CIL II 1087), NP que, além de se encontrar completo, poderá não pertencer à onomástica ibérica (contra, De Hoz, 2001b, p. 130, que não fundamenta a sua opinião), caso sejam devidamente ponderados os motivos que enumerámos noutras ocasiões (v., por último, Faria, 2000a, p. 141). BIBLIOGRAFIA AQUILUÉ, X.; VELAZA, J. (2001) - Nueva inscripción ibérica ampuritana. Palaeohispanica. Zaragoza. 1, p. 277-289. BELASKO, M. (19992) - Diccionario etimológico de los nombres de los pueblos, villas y ciudades de Navarra: Apellidos navarros. 2.ª ed. (19961). Pamplona: Pamiela. BELTRÁN, M. (1996) - Los Iberos en Aragón. 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