A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
A estrada
de Rio Maior
a Leiria
em 1791
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Ricardo Charters d’Azevedo
Título: A ESTRADA DE RIO MAIOR A LEIRIA EM 1791
Autor: Ricardo Charters d’Azevedo
Cartografia antiga :
IGP - Instituto Geográfico Português (http://www.igeo.pt)
DIE - Direcção de Infra-estruturas do Exército (http://sidcarta.exercito.pt/)
DGArq/ADLeiria (http://adlra.dgarq.gov.pt)
The National Archives - Kiew (https://www.nationalarchives.gov.uk/)
Concepção e arranjo da capa: Gonçalo Fernandes sobre pormenor do “Mapa Topográfico levantado
em M.DCC.XCI” e relativo à estrada de Rio Maior a Leiria.
Colecção: TEMPOS & VIDAS - 15
©Textiverso, Lda.
Rua António Augusto da Costa, 4
Leiria Gare
2415-398 LEIRIA - PORTUGAL
E-mail:
[email protected]
Site: www.textiverso.com
Revisão e coordenação editorial: Autor e Textiverso
Montagem e concepção gráfica: Textiverso
Impressão: Tipografia Lousanense
1.ª edição: Junho de 2011
Edição N.º 1052/11
Depósito Legal:
ISBN: 978-989-8044-49-5
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor.
Proibida a reprodução, no todo ou em parte, por qualquer meio, sem autorização do Editor.
A cartografia desta edição tem direitos reservados pelo IGP e pelo DIE.
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A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
A estrada
de Rio Maior
a Leiria
em 1791
Ricardo Charters d’Azevedo
Leiria
2011
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Ricardo Charters d’Azevedo
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A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
ÍNDICE
Prefácio ....................................................................................................................................... 11
Introdução .................................................................................................................................. 13
1. Quem coordenou o levantamento do terreno em 1791 ........................................................ 19
1.1. João Diogo Mascarenhas Neto ..................................................................................... 21
1.2. José de Seabra da Silva ................................................................................................ 24
2. Alguns dos oficiais que fizeram o levantamento do terreno em 1791 ................................ 29
2.1. Luís Cândido Cordeiro Pinheiro Furtado ..................................................................... 29
2.2. Oficiais indicados pelo conde de Schaumburg-Lippe ................................................. 30
2.2.1. Conrad Heinrich von Niemeyer ...................................................................... 32
2.2.2.Jacob Chrysostomos Praetorius ..................................................................... 35
2.2.3.Johann Casper Heinrich Giffenig .................................................................... 36
2.3. Joaquim de Oliveira ..................................................................................................... 37
3. Como se viajava ...................................................................................................................... 39
4. Características do mapa ......................................................................................................... 45
5. Variantes da Estrada de Rio Maior a Leiria ............................................................................ 49
5.1. As cinco variantes de estradas de Rio Maior a Leiria ................................................. 51
5.2. As variantes estudadas em 1791 ................................................................................ 53
5.3. Exposição de empresários, industriais e agricultores em 1825 ................................. 57
6. O mapa topográfico .................................................................................................................. 59
6.1. As descrições feitas por viajantes ............................................................................... 61
6.2. O mapa topográfico de Rio Maior a Leiria .................................................................. 81
6.3. O termo norte de Leiria no mapa de Leiria a Coimbra ............................................. 103
7. Planta da cidade de Leiria de 1816 ...................................................................................... 107
Anexos ...................................................................................................................................... 119
Anexo 1 – Lista dos oficiais alemães vindos para Portugal em 1776 ....................................... 121
Anexo 2 – A ligação do Cor. Konrad Heinrich von Niemeyer
com o Arq. Óscar Niemeyer Soares Filho ........................................................................ 122
Anexo 3 – Cartas do conde Schaumburg-Lippe ao Marquês de Pombal
sobre a forma de defender Portugal ................................................................................ 123
Anexo 4 – Descendência de Johann Caspar Giffenig ................................................................ 128
Anexo 5 – Descendência do Gen. Jakob Konrad von Niemeyer ............................................... 135
Anexo 6 – Alvará de 28 de Março de 1791 ............................................................................. 137
Anexo 7 – Regulamento para a reforma dos Carros, estabelecimento de Barreiras
e conservação das Estradas ............................................................................................... 143
Anexo 8 – As estalagens e os transportes em tempos idos ..................................................... 148
Bibliografia ................................................................................................................................. 153
Livros, manuscritos e revistas ........................................................................................... 153
Mapas topográficos .......................................................................................................... 155
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Ilustração em "Lusitanian Sketches of a pen and pencil", de William Henry Giles Kingston. Londres, 1845
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A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
PREFÁCIO
Chamou-me o Professor António Borges da Cunha a atenção para um mapa
topográfico, existente no Instituto Geográfico Português, mandado levantar, por
determinação de D. Maria I, em 1791, com o fim de determinar o percurso da
Estrada Real desde a serra de Rio Maior a Leiria. Ao examiná-lo pensámos que
seria interessante apresentá-lo ao público, pois se trata de um trabalho notável
para a época. Por outro lado, o meu interesse por este mapa aumentou muito ao
verificar que, à excepção de um dos oficiais que o elaboraram, todos os outros têm
ligações com Leiria.
O mapa, "que se pode considerar precioso", não só apresenta a orografia como
mostra as povoações e propriedades que se encontram de um lado e do outro da
estrada.
Desde a antiguidade foram sendo usados cinco percursos diferentes entre Rio
Maior e Leiria. O delineamento da Estrada Real entre estes dois pontos obrigou a
uma escolha que, como poderemos ver, teve contornos económicos e sociais, bem
como técnicos. Estávamos, em finais do século XVIII, longe da simples justificação
de que era importante ter uma determinada estrada para que a Corte se pudesse
comodamente deslocar: passou a ser o "bem público" o motor do projecto. Estávamos no reinado de D. Maria I.
Tivemos de dividir o mapa em troços de forma a poder integrá-lo neste livro,
pois a sua dimensão de cerca de 2,4 metros por 0,7 metros não nos permitia
apresentá-lo com o seu tamanho original.
De forma a enriquecer a apresentação do mapa, cotejou-se a informação nele
constante com aquela que estrangeiros, que nos visitaram na mesma altura,
publicaram, transcrevendo alguns excertos daqueles relatos sobre povoações, ou
monumentos, ou de simples aspectos curiosos.
Em finais do século XVIII, e durante o século seguinte, o país foi um destino com
alguma atractividade para as elites europeias, que cá chegavam principalmente
vindas da Grã-Bretanha (Beckford, Kinsey, Murray e Murphy), da Alemanha (Link),
da França (Tollenare), da Bélgica (Barão de Taylor) da Escandinávia (Ruders), ou de
Espanha (o "espião" espanhol Cornide y Saavedra), para mencionar alguns de entre muitos outros. Portugal surgia perante os olhos das elites europeias como uma
oportunidade de contactarem com um mundo exótico, católico, atrasado e com
costumes recheados de um toque de superstição – para além do mediatismo dado
pelo terramoto de 1755, ou pelas Invasões francesas no início do século XIX. Estes
viajantes, ligados às artes da guerra, da diplomacia, da erudição naturalista, ou
arquitectónica, ou da escrita, vinham fazer o "Grand Tour" da Europa Clássica e do
Mediterrâneo. Segundo Fielding, estas visitas eram subordinadas ao lema "pleasure and instruction", integrando-se num processo educativo, designadamente para
o mundo aristocrático. O "Grand Tour", inicialmente circunscrito à Itália e Grécia,
passaria, a partir de meados do século XVIII, a incluir destinos mais diversificados,
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Ricardo Charters d’Azevedo
abrangendo as regiões mais remotas ou periféricas do continente europeu e,
nomeadamente, as nações da península ibérica.
Muito deve o país a Heinrich Friedrich Link (1759-1851), professor das Universidades alemãs de Rostock, Breslau e Berlin e director do Jardim Botânico desta
última, pois havia à volta de Portugal uma atmosfera de menosprezo criada por
falsos mitos e relatos falsos. As suas notas, que publicou em 3 volumes, após a sua
deslocação a Portugal em 1797-1799, com o conde de Hoffmannsegg, tiveram um
sucesso estrondoso, tendo sido traduzidas em francês (Link, 1803-5), inglês e sueco.
Goethe leu-as e recomendou-as a Schiller, génio da poesia alemã. Dissera Link que
era necessária uma gramática portuguesa e logo, em 1802, Wagner publica a sua
"Portugiesische Sprachlehe" e mais tarde os dicionários. Link foi verdadeiramente
o responsável pela campanha em favor de Portugal, das suas riquezas espirituais e
dos seus valores culturais, que levaram a trabalhos, como o de Albrecht Haup,
sobre a arquitectura renascentista em Portugal.
Nas deslocações a Portugal, Lisboa surge, sem surpresa, como o principal destino
dos viajantes, seguido pelo norte do país. Mas muitos deles não resistiram a visitar
Alcobaça e a Batalha, passando alguns por Leiria, usando assim o percurso da Estrada
Real. Temos, assim, nos relatos destes, alguma informação pertinente, que hoje,
cerca de dois séculos passados, nos faz sorrir, por um lado, mas, por outro, ficar
tristes, pois durante o século XIX muito pouco evoluiu o nosso país.
Como complemento, incluiu-se ainda alguma informação elaborada por
portugueses tais como João Bautista de Castro e António Carvalho da Costa, ou
pelo espanhol Campománes, que apresentam informações curiosíssimas sobre
muitas povoações referidas no mapa.
Leiria, Maio de 2011
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A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
INTRODUÇÃO
A construção e a conservação de estradas
e caminhos, até ao século XVIII, esteve a cargo dos municípios, que nunca tinham orçamentos que permitissem responder às necessidades de deslocação dos cidadãos, com segurança e comodidade. Se bem que, já no
tempo de D. João V, o Estado central tivesse
construído uma ou outra estrada, foram casos isolados e raros, sem qualquer plano ou
continuidade. O próprio Pombal deixara por
resolver este problema, o que, para Damião
Peres, explicaria em parte o insucesso da sua
obra. O primeiro governo que chamou a si a
tarefa foi, efectivamente, o de D. Maria I, publicando legislação inovadora para a época.
É verdadeiramente importante o preâmbulo do mais antigo diploma legislativo que
nesta matéria se publicou em Portugal – o
Alvará de 28 de Março de 1791, bem como os
regulamentos de 1 de Março de 1796, que se
encontram transcritos nos anexos 6 e 7, pois
se recomenda a sua leitura.
Anteriormente já se tinha dado início à
construção, ou reparação, de várias estradas,
como veremos à frente, mas as leis que
ordenavam essas obras não tinham ainda o
carácter genérico e pragmático que aquele
Alvará apresenta. De tal maneira foi reconhecida a importância deste, que mais de
30 anos depois, um conjunto de empresários
e proprietários de Leiria e de seu termo o
mencionam numa exposição, como veremos
mais à frente.
Por decreto real do dia 1 de Junho de 1782,
foi D. José Luís Meneses e Abranches Castelo
Branco (6.12.1742 – 16.11.1792), sexto conde
de Valadares1 e inspector-geral do Terreiro
Público de Lisboa e das Estradas, encarregado
de dirigir superiormente as obras de reparação
do dique da Valada2. A este empreendimento
associavam-se mais tarde muitos outros, nomeadamente a manutenção e reparação de
estradas, ficando o referido inspector-geral
igualmente responsável por esses trabalhos.
No início, a justificação para a reparação de
vias, e para a sua manutenção, era a de facilitar
os passeios da Corte, quando ela se deslocava
no país. A partir de 1784, parece depreender-se que se começa a apresentar “o bem público”,
e não as comodidades da Família Real, como o
verdadeiro móbil dos melhoramentos das vias.
Assim, o aviso de 7 de Maio de 1784 mandava reparar a estrada entre Alverca e Vila Franca de Xira, a fim de por ela poder transitar a
Rainha quando se deslocava a Salvaterra. Igualmente, a 8 de Outubro de 1789, o conde de
Valadares é encarregado de consertar a estrada de Aldeia Galega (actual Montijo) a Évora e
Vila Viçosa, por causa da passagem do “Sereníssimo Senhor Infante D. Pedro Carlos”.
Mas, simultaneamente, muitas outras vias
são reparadas e construídas, ou, visto os seus
percursos serem corrigidos sem a justificação
referida acima, era para o bem público, e os
fundos que permitiram realizar estas obras
vinham dos cofres do Estado central. Claro que
também se lhes agregou o produto de
impostos municipais de algumas povoações
que eram directamente beneficiadas. Foram,
igualmente, construídas, ou reparadas, muitas
pontes e construíram-se grande número de
fontanários. Lembremo-nos que a deslocação
obrigava a haver disponibilidade de água para
pessoas e animais, sendo esse um dos principais critérios de escolha de um percurso. Os
outros eram a existência de lugares de
pernoita, e a inclinação do percurso (ou os
“socalcos”, como veremos à frente).
Era o proprietário do palácio dos Vila-Real, que existia na
actual Praça de Rodrigues Lobo e foi demolido em 1888.
2
Arquivo Geral da Alfandega de Lisboa, col. 31, Liv. 169-A,
doc. 4.
1
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Ricardo Charters d’Azevedo
Claro que o dinheiro não abundava, e os
pagamentos faziam-se com enormes atrasos.
Assim, vemos o conde de Valadares usar os
rendimentos dos seus foros para responder a
despesas mais urgentes, pois para ele as
estradas eram imprescindíveis para o desenvolvimento do país.
A Câmara de Lisboa era a principal promotora de estradas. Estas permitiam fazer
chegar mercadorias à capital do Reino e
facilitavam a entrada e a saída dos cidadãos.
Para o Norte de Portugal (acima de Coimbra),
nomeadamente para o Porto, o transporte
usado era o barco. Para o Algarve, o barco era
o meio mais conveniente. A nomeação do
conde de Valadares, em 1782, foi uma forma
utilizada para contrabalançar a influência
política de Lisboa no País. Em Lisboa faziam-se obras e recuperava-se património que
tinha sido danificado pelo terramoto. No resto
do país recuperava-se pouco e arrasava-se o
que tinha ficado danificado, pois não havia
dinheiro para recuperar.
D. Maria I, talvez para retirar poder e visibilidade política ao filho primogénito do Marquez de Pombal, Henrique José de Carvalho e
Melo (28.1.1748 – 26.5.1812), que era Presidente do Senado da Câmara de Lisboa, determina a construção de estradas nacionais, retirando esse poder aos municípios, publicando
o alvará de 28 de Março de 1791:
“Eu a Rainha. Faço saber aos que este Alvará
virem: que tendo entendido o estado de ruína
em que se achão as Estradas Públicas do Reino,
ainda a mais principal delas, que comunica esta
capital com a Cidade do Porto […]. Resolvi
mandar proceder ás Obras de Construção das
Estradas principais, dirigidas á cómmoda, e útil
comunicação interna deste Reino; Ordenando
que elas fossem gradualmente construindo pelo
Methodo, Regulamento, e Plano, que tenho
determinado”.
Era assunto que Pombal, no seu “consulado”,
tinha descurado, mas era um plano ambicioso.
Tratava-se igualmente da primeira tentativa
séria que se fazia neste domínio, em Portugal.
Mas, depois da morte do conde de Valadares,
em Novembro de 1792, todas as obras que não
Retrato de D. Maria I (Academia
das Ciências de Lisboa)
estavam ainda incluídas no espírito daquele
alvará, foram suspensas por Aviso de 23 de Abril
de 1793. Foi, no entanto, aberta uma excepção
para as obras de aperfeiçoamento e conservação da estrada das Caldas “em benefício
dos muitos estrangeiros e nacionais que a
frequentam”.
Por decreto de 1793, D. Maria I determina
o encanamento do rio Mondego “cuja cheias
desconcertando quasi todos os anos a carreira
natural do mesmo rio, cobrião os campos mais
pingues, e férteis de estereis areias, e os
tornarão incapazes de cultura, perdendo-se
desta maneira de hum anno a outro anno huma
grande porção daquele fertilíssimo terreno.
Depois de um imenso, e repetido trabalho
conseguio-se o encanamento do Rio, e livrarão-se vastas campinas das continuas, e damnosas
cheias. E assim como os rios tornados navegáveis contribuem para o explendor, e opulência
das Provincias, e Cidades, que regão, facilitando
assim a comunicação de humas a outras Povoações, e o transporte dos géneros, pro14
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
da fua Marinha Real e Mercante , feja com a
melhor defenfa dos feus Eftados, ou com a
extensão das luzes, de que depende o mais
exacto conhecimento de todos os feus
Domínios, para poder elevallos ao melhor
eftado de cultura, e promover as communicações interiores, affim como favorecer o
ettabelecimento de Manufacturas, que fe
naturalizem facilmente, achando huma
fituação territorial que mais lhes convenha: e
fendo-lhe profente de huma parte a falta, que
fente a fua Marinha Real e Mercante de boas
Cartas Hydrograficas, achando-fe na neceffidade de comprar as das Nações eftrangeiras,
e de fe fervir muitas vezes de algumas , que pela
fua incorrecção expõem os Navegantes a
graviffimos perigos; e da outra parte reconhecendo a neceffidade de pubJicar-fe a grande
e exacta Carta Geral do Reino, em que tem
mandado trabalhar Peffoas de grande merecimento , e que nada tem que invejar, no que
fe acha já principiado, aos outros eftabelecimentos da mefma natureza que exiftem
na Europa: e fentindo igualmente a neceffidade
de fazer gravar para o ferviço dos feus Exércitos
Cartas Militares, affim como Cartas em que fe
deliniem as Obras Hydraulicas de Canais, e
outras fimilhantes: He fervida crear huma
Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica
para o Defenho, Gravura, e Impreffão das Cartas Hydrograficas, Geográ-ficas, e Militares,
organizada e compofta na forma declarada nos
7 Artigos do mefmo Alvará.”
Esta sociedade, e a efémera actividade da
Tipografia Calcográfica e Literária do Arco do
Cego, estabelecida em 1799 e fechada em
1801, enquadram-se nas organizações criadas
em finais do século XVIII com amplos interesses económicos. Estas duas organizações
foram criadas por iniciativa de D. Rodrigo
Domingos de Sousa Coutinho (1755- 1812),
primeiro conde de Linhares e ministro da
Marinha e do Ultramar, não só com o objectivo
de desenvolver a cartografia, como difundir
os trabalhos científicos no Brasil, muitos deles
na área da botânica, agricultura e ciências
naturais. Ele deu um grande estímulo à agricultura no Brasil, promovendo uma política de
ducções, e mercadorias, da mesma maneira a
construção das estradas públicas contribue para
o mesmo fim, e dá igualmente a conhecer o
estado de Policia, em que se achão os povos, e
não he hum dos menores monumentos da
grandeza dos Romanos os vestígios, que ainda
se encontrão daquelas estradas, que desde as
praças da Capital se dirigião a todos os limites
do Imperio. Quis S. Magestade também
distinguir o seu Reinado com estas demonstrações da grandeza do seu animo Real;
nomeou para Inspector desta grande obra a
José Diogo Mascarenhas Neto, e se começou
logo com actividade, facilitando-se ao presente
a estrada, que de Lisboa conduz até Coimbra;
abandonou-se a antiga que pela inundação do
Campo da Golegã se fazia muitas vezes
impraticável, e para maior commodo dos
viandantes se instituio hum coche de Posta, que
em certos, e determinados dias parte de Lisboa,
e de Coimbra; Continúa-se a mesma estrada,
que em breve chegará ao Porto” (História de
Portugal, 1828).
Esta determinação real só foi possível dado
já se terem iniciado alguns trabalhos de
campo, nomeadamente os levantamentos
topográficos e hidrográficos de vários
percursos. A carta hidrográfica de Coimbra a
Buarcos, elaborada por Francisco António
Ciera, ou os trabalhos com vista a delinear a
estrada Lisboa – Coimbra, confirma que havia
uma base para se avançar.
Mas D. Maria I toma, por Alvará com força
de Lei de 30 de Junho de 1798, ainda outras
medidas de consolidação dos conhecimentos,
criando uma Sociedade Real Marítima Militar
e Geográfica para o Desenho, Gravura e Impressão das Cartas Hidrográficas e Militares,
nomeando para esta sociedade uma plêiade
de oficiais engenheiros.
Este alvará tem como memória justificativa
preocupações muito interessantes para a
época, pelo que o transcrevemos mantendo
a sua grafia:
«(...)defejando S. M. por totos os modos
poffiveis ampliar e favorecer aquelles uteis
conhecimentos, que tem humna connexão mais
immediata, feja com a grandeza e augmento
15
Ricardo Charters d’Azevedo
pondo o doutor Francisco António Ciera para
encarregado de “formar a triangulação geral
do Reino de modo, que se tirasse dela a
duplicada vantagem de fornecer não só novas
bases à teoria da figura da Terra, mas
principalmente para servir de sólido, único, e
incontestável fundamento à perfeita
construção da Carta Geográfica do Reino”
(Mendes, 1965).
Francisco António Ciera (1763 – 1814)
doutor em Matemática e lente da cadeira de
Astronomia e Navegação da Academia Real de
Marinha, filho de Michele António Ciera,
natural do Piemonte (Itália), contratado como
lente de Astronomia (1773- 1782) na Universidade de Coimbra, director da Faculdade de
Matemática (1778), foi encarregado de
demarcar os limites entre as possessões
portuguesas e espanholas na América do Sul.
Quer Francisco António Ciera, quer seu pai,
eram maçons: loja Amizade (Oliveira Marques,
1990, Vol. I)
Para a triangulação geral do Reino, foram
afectados aos trabalhos do doutor Ciera dois
ajudantes: Carlos Frederico Bernardo de Caula
(1766 – 1835 e tenente-general em 1834) e
Pedro Sousa Folque (1744 – 1848 e tenente-general em 1845) e encomendados os instrumentos necessários (Ribeiro, 1874). Para
Inglaterra solicitaram-se os seguintes: um
círculo repetidor de Adams, um “paralaico” de
Adams, um pêndulo e um cronómetro. Para
França, um círculo repetidor de Lenoir e outros
instrumentos. O doutor José Monteiro Rocha,
matemático e astrónomo, encarregou-se de
produzir as réguas para a medição das bases.
O círculo repetidor construído por Etienne
Lenoir, encomendado pelo ministro Luís Pinto
de Sousa Balsemão em 1784, encontra-se hoje
no Museu do Observatório Astronómico da
Universidade de Coimbra (Inv. n.º I-015), tendo
22,5 cm de diâmetro do círculo, 95 cm de altura
e 68 cm de largura, pesando 30,5 kg.
Jean-Charles Borda (1733 – 1799) foi o criador da teoria sobre o qual este instrumento se
baseia; Etienne Lenoir (1744 – 1832) era seu
assistente. Foi recrutado por Borda, quando
teria cerca de 30 anos, e seria quase iletrado,
renovação agrícola e de introdução de novas
técnicas rurais.
A Sociedade Real Marítima, Militar e Geográfica, actuou igualmente como catalisadora de vocações profissionais, como aquelas
que foram promovidas pela Real Academia das
Ciências de Lisboa, não só porque encorajava
uma atitude escolástica, mas também porque
favorecia a difusão de conhecimentos de índole prática, nomeadamente para as colónias
portuguesas.
Luís Pinto de Sousa Coutinho (27.11.1735
– 14.4.1804), futuro 1.º visconde de Balsemão
com grandeza, e mais tarde colega de governo
do Dr. José da Silva de Seabra, estando em
Inglaterra como enviado extraordinário à
Corte de Londres, tomou conhecimento que
o governo inglês, inspirado e incitado pelos
trabalhos geodésicos feitos em França,
mandou, em 1784, proceder à triangulação de
Londres até Dover.
Regressando a Portugal e sendo elevado a
ministro dos Negócios Estrangeiros e da
Guerra, resolveu promover em Portugal os
trabalhos geodésicos, base para uma correcta
representação topográfica do terreno, pro-
Luís Pinto de Sousa Coutinho,
1.º Visconde de Balsemão
16
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
mas a sua inteligência e a sua genialidade
para a mecânica fizeram-no conhecido na
construção de vários tipos de instrumentos
científicos.
George Adams (1750 – 1795) foi um
especialista inglês no fabrico de instrumentos científicos ópticos que continuou
os trabalhos de seu pai, igualmente
George Adams. Era o fornecedor de instrumentos ao rei Jorge II e à Companhia das
Índias Orientais.
Os trabalhos de triangulação geral do
Reino iniciaram-se em 1788, mas em
meados do século seguinte ainda continuavam. Em 1835 falecia o Carlos Frederico
Caula, sendo tenente general e comandante do Real Corpo de Engenheiros. Pedro
Sousa Folque, igualmente do corpo de engenheiros e marechal de campo, falecia
com 104 anos em 1848.
Seu filho, Filipe Folque (1800 – 1874),
doutorado em Matemáticas em 1826 pela
Universidade de Coimbra, lente na Academia
de Marinha, e em 1840 lente de Astronomia e Geodesia na Escola Politécnica quando da sua criação, general de divisão em
1865, colaborou com seu pai na triangulação
geodésica do país.
Em Abril de 1850 ainda se discutia na
Revista Universal o preço destes trabalhos.
Era um debate entre o coronel Marino
Miguel Franzine, director do Real Arquivo
Militar, e o ainda tenente-coronel Filipe
Círculo repetidor de George Adams, semelhante ao que foi
Folque, director geral dos Trabalhos Geoadquirido em Inglaterra, que através de duas lunetas
désicos, Hidrográficos e Geológicos. Na excêntricas faz a visão simultânea de cada ponto permitindo
medir a distância angular. Tem 76,0 cm (comp.) x 76,0 cm
realidade, em finais do século XVIII, a rede
(larg.) x 102,0 cm (alt.). (IGP n.º inv. 111MR)
compreendia já um número considerável de
pontos mas não ultrapassava, para Norte,
a Serra do Caramulo e a da Estrela. Só em
continental. Também haviam sido observados
meados do século XIX, já no advento da Remuitos pontos ao longo da costa, assim como
generação, e com o fim do prolongado ciclo de
se triangulara a barra de Lisboa (Branco, 2003).
turbulência resultante da “guerra das laranjas”
É igualmente de 1864 o primeiro censo
em 1801, das invasões francesas e da “zanga
moderno da população. Ainda em 1860, o
real”, se criaram condições de consenso político
engenheiro Wattier, encarregado de definir a
e estabilidade institucional que permitiram
linha de Leste, escreveu que as indicações que
fazer avançar os trabalhos de triangulação
dará sobre o caminho-de-ferro de Badajoz no
geodésica de primeira ordem, que em 1848 já
Alentejo, seriam mais completas se tivesse à
tinham coberto mais de dois terços do território
disposição uma carta mediocremente exacta de
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Ricardo Charters d’Azevedo
Gravura do século XIX representando 2 topógrafos no campo com apetrechos da sua arte.
Gravada por Seyfried e desenhada por Land
Portugal; «mas as cartas existentes em Portugal
são de uma inexactidão de que não se pode
fazer ideia. Não pude ter conhecimento, mesmo
moderado, do país, senão depois de ter percorrido e estudado o terreno à vista».
O mapa topográfico que define o percurso
da Estrada Real entre a serra de Rio Maior e Leiria integra-se no que acima foi escrito. Vejamos,
agora, quem são os intervenientes na elaboração do “mapa topographico” que estamos a
analisar e que ligações têm com Leiria.
Legenda da Carta n.º 436 do Instituto Geográfico Português (www.igeo.pt)
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A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
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QUEM COORDENOU
O LEVANTAMENTO
DO TERRENO
EM 1791
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1. QUEM COORDENOU O LEVANTAMENTO
DO TERRENO EM 1791
1.1 - José Diogo Mascarenhas Neto
Comecemos por José Diogo Mascarenhas
Neto (1752-1826) que é indicado como desembargador superintendente Geral das
Estradas. Este lugar foi criado para promover
a abertura das estradas do reino e, como
escreve Luz Soriano, a nomeação recaiu num
desembargador “porque enfim os desembargadores eram naquele tempo tidos em conta
de homens sabedores de tudo”.
Efectivamente tem o historiador razão
naquela maliciosa afirmação, mas não neste
caso particular, pois Magalhães Neto, apesar
de magistrado, não era leigo, nem inexperiente neste género de trabalhos. Como juiz
de fora de Leiria tivera oportunidade de
Frontispício do livro de José Diogo Mascarenhas
Neto, Método para construir as estradas em Portugal
acompanhar as obras de estradas do conde
de Valadares naquela região.
É ainda da autoria de Mascarenhas Neto
um livro de uma centena de páginas com o
título “Methodo para Construir as Estradas em
Portugal, dedicado ao senhor Dom João Principe do Brazil” editado no Porto na “oficina”
de António Alvarez Ribeiro, em 1790. O livro
está ilustrado com gravuras assinadas por
Francisco Jo., representando o corte das bermas e dos desaterros das estradas e o seu
sistema de construção. A obra aborda também
o problema da arborização das estradas e da
construção de barreiras [portagens] com custos a ponderar para o utilizador/pagador e
reconhecendo neste caso «o público como de-
José Diogo Mascarenhas Neto
21
Ricardo Charters d’Azevedo
vedor infalível» (pag. 69). Mascarenhas Neto
revela, nesta obra, vastos conhecimentos, não
só nas modernas técnicas usadas nos países
europeus mais evoluídos, como a França e a
Inglaterra, como da história, legislação e
características das estradas nesses países.
Embora sem o citar, parece até que não
ignorava as experiências de 1775 de Pierre-Marie-Jérome Trésaguet, em Limoges, e as
de Thomas Telford, na Escócia. Podemos afirmar que foi um precursor ao que John Loudon
MacAdam (que deu origem ás vias em “macadame”) só fez no início do século XIX.
Na introdução à sua obra refere que «…este
método, que a natureza ensina, praticado
actualmente em Inglaterra e na Escócia, e que
os franceses também principiam a aplicar, é que
me proponho escrever […] fundando-me não só
na reflexão, mas também na experiencia da
estrada, que principiei de Guimarães para o
Porto». Efectivamente, era nessa altura juiz de
fora em Guimarães, e 10 anos mais tarde esta
estrada foi objecto de uma elogiosa referência
de Link: «On suit d’abord, pendant une heure,
la belle route d’Oporto.»
Naturalmente a construção de estradas de
que o país estava carente só era possível com
levantamentos topográficos que permitissem
decidir por onde deveriam passar, e com engenheiros que permitissem projectá-las e construí-las. Assim, enquanto desempenhou as
funções de superintendente Geral das Estradas
de Portugal, a “assistência técnica” alemã, como
veremos a seguir, permitiu-lhe obter os primeiros levantamentos topográficos de forma a
poder determinar os melhores percursos por
onde deveria passar a estrada real e começar a
projectar as pontes necessárias para ultrapassar
os cursos de água.
A 13 de Abril de 1799, José Diogo Mascarenhas Neto é nomeado para outras altas
funções, tão importantes como aquelas que
tinha desempenhado a contento da sua Rainha, pois esta o nomeia superintendente dos
Correios, conjuntamente com responsáveis de
vários departamentos. A 19 de Abril, os Correios passam a ser “administrados como Fazenda Real”, o que não o eram até então, estabelecendo-se o Correio Geral da Corte, na
Casa do Monteiro-mor do Reino, na rua dos
Paulistas, em Lisboa.
Para uma eficiente distribuição do correio,
Magalhães Neto obrigou a numeração das
habitações, e a indicação de nomes de ruas,
em Lisboa.
Foi juiz de fora em
Leiria, corregedor de
Guimarães, intendente
do Papel Selado, “conservador” da Nação
Francesa (1807) e sócio
da Academia das Ciências de Lisboa, além de,
como referimos acima,
superintendente das
Calçadas e Correios. Foi
ainda deputado substituto pelo Algarve (1822
– 23).
Mascarenhas Neto
era pró francês. As rebeliões anti-francesas e
a perseguição aos
afrancesados fizeram-no cair em desgraça.
Duas das gravuras inseridas no livro de Mascarenhas Neto
22
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
A outra filha, Maria Luísa, casa-se com
Joaquim Augusto Pereira da Silva da Fonseca,
de Leiria, e fica a viver na Quinta da Gândara,
em Leiria. Joaquim Augusto fez as campanhas
de 1809 a 1814, participando nas batalhas de
Vitória e Pamplona. Chegou a ser Governador
Civil de Leiria em 1846 e 1847, substituindo o
seu cunhado, Luís da Silva Mousinho de Albuquerque, pois este teve de abandonar o cargo
de Governador Civil, de que tinha tomado
posse três dias antes, por ter sido nomeado
Secretário de Estado dos Negócios da Marinha
e do Ultramar.
A terceira filha, Henriqueta Júlia, casa-se
em primeiras núpcias com seu primo Pedro
Mousinho de Albuquerque, irmão de Luís
Mousinho de Albuquerque. Pedro Mousinho
de Albuquerque chegou a capitão, mas por
volta de 1808 requereu a saída do Exército,
por falta de rendimentos para poder sustentar a patente. Pela morte do pai, a família teria ficado sem fonte de rendimentos própria
e a pensão de alimentos atribuída a sua mãe
e oito filhos era insuficiente para alimentar a
família e, ao mesmo tempo sustentar a patente do filho primogénito.
De resto ele convenceu o seu filho João a seguir a Legião portuguesa de Napoleão. Denunciado como Maçom em 1809 (Oliveira
Marques, 1990, Vol I), é apontado como traidor com seu filho João, figurando o seu nome
nas listas afixadas nas ruas de Lisboa (Araújo,
1985, pág. 68). Foi preso na noite de 10 para
11 de Setembro de 1810, quando corria a notícia da tomada de Almeida por Massena. Deportado para Angra, na ilha Terceira, obteve
apoio dos ingleses, nomeadamente de Lord
Stuart, que era o representante inglês em
Portugal, conseguiu, com outros, passar para
fragata “Lavínia” que tinha escoltado o “Amazonas” que o tinha levado a Angra. Chegou a
19 de Outubro a Portsmouth e exilou-se em
França. Aí dirigiu os “Annaes das Sciencias, das
Artes e das Letras” (1818-1822), obra de emigrantes portugueses. O Dr. Francisco Solano
Constâncio, o coronel Cândido José Xavier, aos
quais se juntou mais tarde Mousinho d’Albuquerque, eram, com Magalhães Neto, os seus
principais redactores. Amnistiado, volta a Portugal e reside longos períodos na Quinta da
Gândara, em Leiria.
Seu filho João veio na expedição de Massena, quando da 3.ª invasão. Tendo sido feito
prisioneiro, foi executado a 11 de Março de
1811. Tinha cerca de 19 anos.
José Diogo de Mascarenhas Neto, natural
de Silves (Alcantarilha), vem a casar-se com
Maria Luísa Maraver Silva Athayde, da casa
do Terreiro, em Leiria. Tiveram um filho e 3
filhas.
O filho João alistou-se com 16 anos na
Legião Portuguesa e morre com 19 anos.
Uma das suas filhas, Ana de Mascarenhas
de Athayde, natural da freguesia da Sé de
Leiria, casa-se a 14.10.1816, com Luís da Silva
Mousinho de Albuquerque, seu primo direito, na freguesia dos Casais de S. Brás da Romeira, termo de Santarém, e passam a viver
na Quinta das Várzeas, no concelho da Batalha. Luís da Silva Mousinho de Albuquerque
vem a morrer a 27 de Dezembro de 1846, por
ferimento recebido, no dia 22, durante a batalha de Torres Vedras. Seu neto foi o herói de
Chaimite.
Luís da Silva Mousinho de Albuquerque
23
Ricardo Charters d’Azevedo
Romana onde se “descreve os horrorosos estragos que a companhia denominada de Jesus fez em Portugal e em todos os seus domínios, por um plano e sistema poe ela inalteravelmente seguido desde que entrou neste
Reino, até que foi dele proscrita e expulsa, pela
justa, sábia e proveniente lei de 3 de Setembro
de 1759”.
Consta que foi Pombal o real autor deste livro, ou pelo menos foi o seu supervisor quando da sua elaboração, de forma a justificar publicamente as medidas tomadas contra a Companhia de Jesus. Tratou-se de uma das primeiras operações de propaganda política a nível
europeu, pois este livro foi traduzido, e distribuído, em muitos países europeus.
José de Seabra da Silva recebeu, por mercê
régia, a Quinta do Canal, perto da Figueira da
Foz, que “vagara por proscrição dos jesuítas”.
A ele, a Figueira da Foz do Mondego deve
muito do seu desenvolvimento, pois obteve
Henriqueta Júlia casa-se ainda, em segundas núpcias, com João Cabral Osório Soares
de Albergaria Teixeira de Castro de quem teve
8 filhos, que juntou aos 5 que tinha tido de
Pedro Mousinho de Albuquerque.
1.2 - José de Seabra da Silva
O ministro e secretário de Estado dos
Negócios do Reino indicado no “mapa topogaphico” é José de Seabra da Silva, que foi
protegido do conde de Oeiras, Sebastião
José, segundo conta Jacome Ratton, (Ratton,
1813, pag. 159) pois o seu pai, Lucas de Seabra da Silva, desembargador no tempo de D.
José I, fora incumbido pelo rei de “sindicar
ocultamente sobre o comportamento de
Francisco Xavier de Mendonça Furtado”,
irmão de Sebastião José e governador da
Capitania do Pará e mais tarde Ministro da
Marinha. Lucas de Seabra da Silva, em vez
de executar imediatamente as ordens do
soberano, recorreu ao conde de Oeiras,
pedindo-lhe instruções de como agir. O conde, em lugar de lhe dar orientações, irritou-se e acusou-o de “infidelidade ao monarca
pela perda de sigilo em seu serviço”. Diz-se
que a reprimenda foi tão grande “que o desembargador, chegando a casa, se meteu na
cama, e morreu de paixão em pouco tempo”.
Ao saber disso, o conde de Oeiras “resolveu
tomar ao seu serviço o filho do falecido, no
qual reconheceu estudos e talento, ao ponto
de o promover a Procurador da Coroa, e
depois seu Ajudante na Secretaria de Estado
dos Negócios Estrangeiros”.
Bacharel em Leis pela Universidade de Coimbra, matriculando-se em 1.10.1744, ainda com
onze anos (!) tomou o grau de doutor a
24.4.1751 com dezanove anos (!) e fez o “exame vago” com “o maior e raro esplendor” a
1.3.1752 a que assistiu o Marquês de Pombal
(Gorjão Henriques, 2006, Vol. I, página 431).
É atribuído a José de Seabra da Silva,
desembargador da Casa da Suplicação e
Procurador da Coroa, a “Dedução Cronológica
e Analítica”, concebida em forma de memorial acusatório contra os jesuítas e a cúria
Frontispício da primeira parte da
Deducção Chronologica, e Analytica
24
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
uma nova distribuição administrativa perdendo Tavarede e Buarcos influência para a
Figueira da Foz do Mondego. Este novo arranjo administrativo e a elevação desta a vila,
em 1772, fez com que uma povoação com 300
habitantes em meados do século XVII tivesse
cerca de 4.500 habitantes em 1796, um pouco
mais que Leiria naquela época. A influência
política de José de Seabra da Silva era tão
grande que, por exemplo, consegue fazer nomear para Juiz de Fora na nova vila da Figueira
da Foz um seu patrício e amigo, Bento José da
Silva, que se vem a casar na Quinta do Canal
com Caetana Ifigénia de Salazar Vasconcelos
da Silva Crato, mais nova 20 anos, mas
possuindo “linhagem no ofício da magistratura da Alfandega e seu foro”, sendo a sua
mãe e as suas sete tias conhecidas como as
“senhoras alfandegas”, pois tinham o foro da
Alfândega da Figueira da Foz.
Jacome Ratton tem um capítulo completo
(Ratton, 1813, pág. 246) dedicado a José de
Seabra da Silva, onde refere que, por influência
de Pombal, lhe foi feita “a mercê de casa e
quinta, que pertencia à Coroa, situada entre
muros junto a S. Sebastião da Pedreira” em
Lisboa e se casou com “Ana Felícia, herdeira
muito ilustre e rica da casa dos Coutinhos, de
Coimbra”. No entanto, José de Seabra da Silva
foi condenado ao exílio no presídio de Pedras
Negas, de Pungo Andongo, em Angola (Gama,
1809), por ter falado de um segredo real.
Afirma Lúcio de Azevedo que tal segredo
envolvia o plano, elaborado pelo Marquês, e
com o apoio do Rei, de evitar a subida ao trono da Princesa D. Maria, ficando a sucessão
em seu filho varão, o Príncipe da Beira, D. José.
Luís Pinto de Sousa Coutinho, depois Visconde de Balsemão com honras de Grande,
ex-tenente-coronel do Regimento de Artilharia do Porto e tendo sido nomeado por D. José
I Capitão General e Governador da Capitania
de Mato Grosso (Brasil) de que pediu a demissão por ter sido atacado de “ophtalmia”,
era hóspede de José de Seabra da Silva no sítio da Ajuda (Ratton, 1813, pag. 246). Foi encarregado por José de Seabra, quando este foi
deportado, da chave do seu gabinete, tendo
O Dr. José de Seabra da Silva
sido a ele que o marquês de Pombal solicitou
a entrega dos processos da Secretaria dos
Negócios do Reino.
Luís Pinto de Sousa Coutinho foi pouco
tempo depois nomeado ministro Plenipotenciário junto da Corte de Londres, onde se
manteve até 1788. No mesmo dia em que José
de Seabra da Silva foi nomeado para a
Secretaria dos Negócios do Reino, após ter
sido perdoado, Luís Pinto de Sousa Coutinho
foi para a dos Negócios Estrangeiros e da
Guerra. Manteve-se nesta até que o Príncipe
Regente o encarregou da Secretaria dos
Negócios do Reino, em 1799, por ocasião da
nova queda de José de Seabra da Silva, como
veremos abaixo.
Luís Pinto de Sousa Coutinho escreveu a
interessante “Memória sobre a descrição física
e económica do lugar da Marinha Grande”,
publicadas no tomo V das Memórias Económicas da Academia Real das Ciências, em
1840.
Quando D. Maria I assumiu a regência do
Reino a 15.12.1776, e concedeu um perdão
real a todos os presos de Estado, voltou Seabra
a Lisboa. É então nomeado, pela Rainha D.
25
Ricardo Charters d’Azevedo
Maria I, Secretário de Estado dos Negócios do
Reino, que abrangia a justiça, os assuntos
eclesiásticos e as obras públicas. Assim, é já
na plenitude dos seus poderes, que em pleno
reinado de D. Maria I, José de Seabra da Silva
dá instruções ao Desembargador Superintendente Geral das Estradas, José Diogo
Mascarenhas Neto, para elaborar este mapa.
Mas, poucos anos depois, em 1799, foi
novamente demitido, por ter defendido que
o Príncipe D. João deveria convocar as Cortes
para assumir a regência, pelo que foi desterrado para a sua Quinta do Canal junto à
Figueira da Foz (Gorjão Henriques, 206, pág.
428 e seguintes). Esta quinta está incluída na
carta hidrográfica, realizada nos finais do
século XVIII, por Michael António Ciera, que
se encontra na Biblioteca Nacional com a cota
(CC) – D.275.
Link, no seu segundo apêndice às suas
Notas, escreve que o príncipe, influenciado
por alguns ministros, declarou-se Regente e
exonerou Seabra da Silva, que, no entanto,
tinha assinado, como ministro do interior, a
sua proclamação. E continua dizendo que
“ouviu dizer muito mal de Seabra: que era um
grande amigo do clero (!), que tinha um
espírito de perseguição, que era vingativo e
falso. Talvez fosse de desejar a sua queda, mas
a maneira de ser do Príncipe não permite
esperar as grandes mudanças que o país
necessita”, termina Link.
Por pedido de sua mulher ao Príncipe Regente, conseguiu vir residir na sua Quinta,
chamada do Seabra, em S. João da Ribeira (Rio
Maior), de forma a poder ficar mais perto do
seu filho primogénito, Visconde da Bahia3, que
se casava com uma neta do marquês de Pombal, um dos 15 filhos do 1.º conde de Rio
Maior. No entanto, não chegou a assistir ao
casamento que teve lugar em Lisboa (freguesia de S. José), a 8 de Setembro de 1803,
no palácio dos condes, no Largo da Anunciada, em Lisboa. Manteve-se nessa quinta de
1800 a 1804.
Em 1804 foi autorizado a voltar às suas
terras em S. Sebastião da Pedreira, em Lisboa,
onde veio a falecer a 13 de Março de 1813.
Foi 1.º Visconde da Bahia e 1.º Conde da Bahia Manuel
Maria da Piedade Coutinho Pereira de Seabra e Sousa
Tavares Horta Amado Cerveira e Távora que nasceu a
16.10.1785 e morreu a 24.10.1833, filho de José de Seabra
da Silva e de sua mulher, Ana Felícia Coutinho Pereira de
Sousa Tavares Horta Amado e Cerveira. Casou, em 8.9.1803,
com Ana Isabel de Saldanha de Oliveira e Daun que nasceu
a 26.8.1783 e morreu a 24.3.1834, filha dos 1.os Condes de
Rio Maior. O representante dos títulos está hoje na posse
de D. João Charters de Almeida e Silva, casado com Maria
Adelaide Franco da Silva Athayde, da Casa do Terreiro, em
Leiria.
3
26
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
2
ALGUNS DOS OFICIAIS QUE FIZERAM
O LEVANTAMENTO DO TERRENO
EM 1791
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Ricardo Charters d’Azevedo
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A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
2. ALGUNS DOS OFICIAIS QUE FIZERAM
O LEVANTAMENTO DO TERRENO,
EM 1791
2.1 - Luís Cândido Cordeiro
Pinheiro Furtado
por problemas de ordem disciplinar,
levou seu pai a pedir que o enviassem
para Moçambique para corrigir a sua
conduta;
• Luis Cândido Cordeiro Pinheiro
Furtado, com o mesmo nome do pai,
foi igualmente engenheiro militar. Nasceu em Luanda, em 1777, e morreu,
em Lisboa, a 18.10.1861, fez carreira,
primeiro na Marinha, de 1790 a 1801,
e seguidamente no Exército, até à data
da reforma, em 1857. Liberalista, esteve na Terceira, tendo sido encarregue da fortificação da ilha. Em 1842,
como brigadeiro, comandou o Castelo
de S. Jorge. Data deste período a sua
grande invenção: a calçada portuguesa, também conhecida por mosaico
português, técnica depois utilizada
como revestimento dos passeios lisboetas, entradas de palácio, praças
públicas, zonas pedonais e igualmente
adoptada em vários outros países, nomeadamente nas antigas colónias portuguesas. São duas as versões sobre
esta criação: uma, segundo a qual, vendo os homens do batalhão inactivos,
mandou-os revestir a parada com pedrinhas pretas e brancas; outra, segundo
a qual utilizou a mão-de-obra dos presidiários para empedrar uma calçada
com um motivo simples, o que teve imenso sucesso. Na sequência, foi-lhe
imediatamente pedido que revestisse
os 8.712 metros quadrados da zona do
Rossio. Esta arte fez tradição e os artífices passaram a ser chamados de mestres calceteiros. Em 1986, foi criada
Os oficiais que fizeram, em 1791, o levantamento do terreno por onde viria a passar
a futura Estrada Real, pertenciam ao Real
Corpo de Engenheiros. O mais graduado é o
coronel Luís Cândido Cordeiro Pinheiro
Furtado (1750- 1822). Parece que é o único
que não tem ligações com Leiria, pois nasce
em Matriz, Serpa, e morre em Lisboa. Casa-se
com Ana Maria Joaquina Catela de Lemos.
Assenta praça com 18 anos de idade. Em 1769
é nomeado ajudante de Infantaria com o
exercício de engenheiro e no ano seguinte
serve em Angola onde se mantém até 1779,
como sargento-mor de infantaria, exercendo
a actividade de engenheiro devido aos seus
estudos na Aula Militar. Promovido a tenente-coronel em 1779, é coronel dois anos depois,
e brigadeiro em 1797, reformando-se em 1812
como marechal de campo. Foi Comandante
do Real Corpo de Engenheiros durante 15
anos, Inspector do Real Arquivo Militar e
Inspector de defesa da capital.
Por Decreto de 19 de Outubro de 1798, D.
Maria I nomeou-o para membro da Sociedade
Real Marítima Militar e Geográfica, conjuntamente com outros oficiais do Real Corpo de
Engenheiros.
Numa breve pesquisa nos arquivos cartográficos descobrimos inúmeras cartas topográficas elaboradas sob a sua orientação. Teve
três filhos (AHM, Cx. 524):
• Henriqueta Cândida de Lemos
Furtado;
• José Maria Cândido, Alferes do
regimento de Infantaria n.º 14, que,
29
Ricardo Charters d’Azevedo
Não perdeu tempo o conde de Lippe, pois
19 dias depois estava em Abrantes, no seu
quartel-general. Sebastião José de Carvalho
escolhera um homem de sua confiança de
grande mérito, integridade e compreensão,
mas que não era mais que o eco dele (Dumouriez, 1797, pag. 121), e que escrevia e
falava correctamente francês, para secretário
do conde. Tratava-se de Miguel de Arriaga4
(tio-bisavô do Presidente da República Dr.
Manuel de Arriaga). Em carta para Lisboa,
Miguel de Arriaga5, afirmava que o conde era
incansável e “que todos juntos não podem o
que ele pode”.
Em Dezembro desse mesmo ano de 1762,
acabou a campanha, tendo sido derrotadas as
forças hispano-francesas, e Portugal tinha um
exército disciplinado e coeso.
Com os seus conhecimentos e o apoio dos
oficiais que o acompanhavam, o conde deu à
artilharia o carácter de arma científica, desenvolveu a engenharia e o promoveu os
levantamentos topográficos, etc.
“O essencial está feito. Existe um exército.
Há leis e artigos de guerra” – escrevia o conde
de Lippe ao conde de Oeiras, a 5 de Setembro
de 1764, regressando à Alemanha a 20,
embarcando num “Paquebot”. “O Senhor Rei
D. José lhe fez presente de seis peças de
artilharia de ouro maciço de hum trabalho
precioso; as armas do Conde de Lippe estavão
gravadas sobre cada huma das peças que
estavam montadas sobre carreta de pao do
Brasil guarnecidas de chapas de prata com
oficialmente uma escola e, em Dezembro de 2006, inaugurado um monumento ao calceteiro, na Rua da Vitória,
em Lisboa, entre as Ruas da Prata e
Douradores, defronte da Igreja de São
Nicolau, da autoria de Sérgio Stichin.
2.2 - Oficiais indicados pelo conde
de Schaumburg-Lippe
A legenda do mapa indica-nos o Sargento-Mor Henrique Niemeyer, ou Conrad Heinrich
von Niemeyer como veremos à frente, como
um outro responsável pelo levantamento.
Tratando-se de um oficial alemão, procuraremos perceber como vem para Portugal.
O conde de Schaumburg-Lippe, Friedrich
Wilhelm Ernst zu Schaumburg-Lippe (Londres,
9 de Janeiro de 1724 – Wölpinghausen, 10 de
Setembro de 1777), chegou a Lisboa a 3 de
Julho de 1762 quando Portugal já tinha sido
invadido pelas tropas espanholas e já se preparava a Corte para partir para o Brasil. O
conde de Lippe tinha apenas 38 anos, mas era
um militar notabilíssimo formado pela escola
de Frederico II, junto de quem lutara na Guerra
dos Sete Anos e de quem recebera a Ordem
da Águia Negra. No próprio dia do desembarque em Lisboa foi nomeado chefe supremo do Exército português.
Veio o conde acompanhado de alguns oficiais alemães de sua escolha, como o príncipe
Karl Ludwig Friedrich, duque de Mecklenburg-Strelitz, marechal de campo dos exércitos
britânicos e irmão da Rainha de Inglaterra, o
coronel von Böhm, ajudante general do conde
de Lippe, o major engenheiro Roemer, os
capitães Rieppe, Tielmann, Colson, Ruxleben
e Ferdinand Von Lippe-Biesterfield, os tenentes Westernach, Albach e Houpe (ou Hupe, ou
Houp ou Hop), que em 1776, já capitão, voltou
a Portugal, os engenheiros e geógrafos Soestmann e Praetorius e ainda oficiais inferiores,
artilheiros, artífices, etc. Praetorius voltou
igualmente, em 1776, como capitão, e em
1787 – parece que era director da Fábrica de
Pólvora de Alcântara.
4
Miguel de Arriaga Brum da Silveira (Faial 27.7.1716 –
25.2.1775), filho de José de Arriaga Brum da Silveira e de
Catarina Naudin de Peyrelongue, de naturalidade francesa,
formado em leis por Coimbra, juiz de fora no Funchal, corregedor na ilha da Madeira em 1750, conservador na U.
Coimbra em 1758, desembargador da Casa da Suplicação
no Porto em 1764 e mais tarde em Lisboa, provedor e
tesoureiro da Casa da Moeda, falando e escrevendo
perfeitamente francês. Casou-se, em 1769, com Maria
Joaquina Apolónia de Vilhena Pereira Coutinho (16.8.1748
– 18.10.1820), açafata na corte da Rainha, esposa de D. José
I, e depois na de D. Maria I, “erudita por cultura, afável pelo
trato e prestante para todos a quem os poetas alcunhavam
de Armânia e os cortesãos de Sereia dos olhos verdes”.
(Serpa, sd).
5
Os sobrinhos-netos do autor deste livro, Henrique José e
suas irmãs, Maria Luisa e Inês, são seus 7.os sobrinhos-netos.
30
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
“… pelo que ordeno ao Conde Reinante de
Schaumburg-Lippe, meu muito amado e
prezado primo e Marechal dos meus exércitos,
ou enquanto durar a sua ausência ao...[seguia-se o nome e patente do governador de armas
da Província em que era colocado, ou promovido, o oficial]…” (Sales, 1936).
Casou-se, a 12 de Novembro de 1765, com
sua prima Maria Barbara Eleanore (1744-1776), condessa de Lippe-Biesterfeld. A sua
filha Emilie, nascida a 30 de Junho de 1771,
morre 3 anos mais tarde, a 18 de Junho de
1774, e têm um nado morto em finais de 1772.
A seguir à morte da sua esposa, a 16 de Julho
de 1776, morre a 10 de Setembro de 1777,
ainda novo, com 53 anos.
Deve dizer-se que Lippe deixou descendência em Portugal “por amores a uma freira”, que
foi baptizada a 24 de Julho de 1764, na Igreja
Matriz de Campo Maior com o nome de Olímpia, filha de pais incógnitos, mas mais tarde
reconhecida. Mas isto são outras histórias que
não relatamos pois não pretendemos biografar o conde de Lippe neste livro.
O marquês de Pombal prestou muito pouca atenção, (se alguma, segundo outros autores), ao exército, depois das vitórias e nomeadamente desde 1768. Assim, viu-se
obrigado e recorrer a oficiais ingleses contratados e àqueles que da Alemanha pudessem vir. Neste intuito escreveu ao conde
Schaumburg-Lippe, solicitando-lhe que escolhesse das tropas dos seus estados alguns
oficiais para virem servir no exército português e nele pudessem pôr em prática os actuais ensinamentos militares.
O conde responde a 15 de Setembro de
1776 :
“Je prendrais incessamment les mesures
pour faire passer en Portugal quelques officiers, ingénieurs et bas-officiers de mon corps
d’Artillerie et de Génie, afin de faire connaître
en pratique plusieurs nouveautés en divers
parties de l’art militaire, dont, je crois, on
pourra faire bon usage. On daignera regarder
ces militaires avec quelque indulgence, la
plupart étant des jeunes gens qui sortent d’une
Ecole établie nouvellement, et encore fort
Conde de Schaumburg-Lippe, Friedrich Wilhelm
Ernst zu Schaumburg-Lippe
(na História de Portugal, de Pinheiro Chagas)
rodas da mesma prata”, pois ele não quis
receber o que estava acordado.
No entanto, continuou a ser o comandante supremo das forças portuguesas, recusando sempre a remuneração contratada.
Voltou a Portugal, ainda uma última vez, 3
anos depois, em finais de 1767, para verificar a sua instrução e disciplina, e para assistir a manobras em que participavam 20
regimentos, voltando para a Alemanha em
Fevereiro de 1768. Todas as nomeações e
promoções de oficiais no exército, e já no
reinado de D. Maria I, até 20 de Outubro de
1777 (data em que foi conhecida na Corte a
notícia da morte do Marechal-General),
mencionavam o seu nome, fazendo-se da
seguinte forma:
31
Ricardo Charters d’Azevedo
das nomeações para o comando o exército
português durante os 20 que se seguiram à
morte do conde. Resumidamente podemos
afirmar que se procurava encontrar alguém
que mantivesse o Exército português no estado em que o conde de Schaumburg-Lippe o
deixou, mas as nomeações tinham mais em
conta a importância do nomeado, e o seu peso
na corte, que a competência.
éloignée du dégrée de maturité nécessaire; par
des progrès qu’ils ont fait jusqu’à présent, et
leur conduite et bonne volonté je crois pouvoir
espérer qu’ils ne seront pas inutiles au service
de Sa Majesté.
J’ai l’honneur d’être avec très grand respect
de Votre Excellence, le très humble et très
obéissant serviteur. – Le Comte régnant de
Schaumburg-Lippe, Hagenbourg, ce 15 7bre
1778" (Sales, 1936).
Em consequência, em 1776, foi negociada,
em Londres, a vinda de 18 oficiais propostos
pelo conde de Schaumburg-Lippe, como
vemos no anexo 1, de forma a apoiar e melhorar os aspectos técnicos e logísticos do
exército português. Entre eles estão, Conrad
Heinrich von Niemeyer, Jacob Chrysostomos
Praetorius e Johann Casper Heinrich Giffenig.
O Conselho de Guerra (Santos, 1957-69)
admitiu ao serviço de Portugal 16 alemães,
como capitães, tenentes e sargentos, todos
fazendo parte do documento negociado em
Londres.
Conrad Heinrich von Niemeyer era um dos
oficiais. Podemos ver, no anexo 1, a lista
elaborada em Inglaterra pelo “Chevalier Pinto”
que era, nem mais nem menos que Luís Pinto
de Sousa Coutinho, ministro Plenipotenciário
junto da Corte de Londres, onde se manteve
até 1788, e futuro visconde de Balsemão. O
texto, se bem que elaborado em Inglaterra,
era em francês, a língua usada nas relações
diplomáticas.
O marquês de Pombal dava-se conta que
ameaças rondavam Portugal e resolve expor
as suas preocupações em relação à defesa de
Portugal ao conde de Schaumburg-Lippe. No
anexo 3 vemos as respostas do conde à carta
do marquês de Pombal. A partir dessas respostas apercebemo-nos que o conde de Lippe:
não tencionava voltar a Portugal (ele morre
no ano seguinte); critica, ainda que diplomaticamente, a falta de apoio do marquês de
Pombal ao Exército nos últimos anos; e sugere
o convite a um bom oficial português para o
comando do Exército.
Não parece ser igualmente importante,
para o tema deste livro, relatar as vicissitudes
2.2.1 - Conrad Heinrich von Niemeyer
Em Maio de 1791, o capitão Henrique Niemeyer, na companhia do tenente-coronel Luís
Cândido Cordeiro Pinheiro Furtado, o sargento-mor Joaquim de Oliveira, capitães Inácio
José Leão e Manuel de Sousa Ramos e ajudantes João Manuel e Carlos Luís Ferreira da
Cruz Amarante, segundo determinação real,
farão a “superintendência das estradas da Capital até á cidade do Porto”.
Niemeyer, a 28 de Março de 1791, tem a
responsabilidade do levantamento do mapa
topográfico desde a serra de Rio Maior até
Coimbra, para servir ao delineamento da Estrada Real. Procede igualmente aos cálculos
dos três projectos de delineamento da estrada de Rio Maior a Leiria, que propôs a despacho ao Dr. José Diogo Magalhães Neto, como
veremos a seguir, e trata dos projectos e cálculos da ponte sobre o rio Lis e da ponte sobre o rio Lena a Porto Moniz, de que existem
plantas e cálculos no Instituto Geográfico Português (IGP).
Este Instituto possui no seu acervo, além da
carta CA n.º 436, que se apresenta neste livro,
as cartas n.ºs CA 435, 437, 438, 439, 440 e 441
respeitantes ao trabalho de delineamento da
Estrada Real de Rio Maior a Coimbra. Existem
também, no mesmo Instituto, as cartas CA n.ºs
442, 443 e 444 referentes ao atravessamento
do rio Lena, e CA 445 e 447, referentes à passagem sobre o rio Lis, bem como ao atravessamento das Olhalvas (carta CA n.º 446).
Mais tarde, Henrique Niemeyer elabora os
projectos das estradas da Aldeia Galega a
Montemor-o-Novo, e de Évora a Vila Viçosa.
Faz igualmente o levantamento corográfico da
32
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
província da Beira Baixa, participando, no inverno de 1796, numa brigada chefiada pelo
então já coronel, Luís Cândido Cordeiro Pinheiro Furtado, do Real Corpo de Engenheiros. No início de 1797, encontramos Niemeyer a trabalhar no mapa topográfico militar
entre o Tejo e Elvas, junto à fronteira.
Durante os trabalhos de levantamento do
mapa topográfico entre a serra de Rio Maior e
Leiria, a 16 de Junho de 1791, Conrad Heinrich
von Niemeyer é promovido a Sargento-Mor.
Niemeyer, que já se encontrava em Portugal desde 1778, aproveita a chegada do príncipe von Waldeck para expor duas pretensões
(Mendes, 1978). Encontramos no seu processo no Arquivo Histórico Militar cópia dessa
exposição. O príncipe Christian Augusto von
Waldeck (1744-1798) chega a 10 de Março de
1797, quatro anos antes da Guerra das Laranjas. General de cavalaria dos exércitos alemães, serviu a Áustria contra os turcos, depois contra a França, tendo perdido um braço
no cerco de Thionville, em 1792, é contratado como marechal do exército português “encarregado do governo das armas de todas as
tropas em qualquer parte destes reinos”6. Pouco pôde fazer, pois faleceu em Sintra a 24 de
Setembro de 17977.
Uma das pretensões apresentadas por Niemeyer era que fosse corrigido o seu nome,
pois quando foi integrado no exército português lhe tinham retirado o nome de Conrad;
a outra era para que “pudesse cobrar cavalgaduras consignadas na Tesouraria da Corte,
desde o tempo que deixou de as receber e continuasse a recebê-las na forma do estilo”. Enfim, pretendia que lhe fossem pagos os cavalos que utilizava nos levantamentos topográficos (Arquivo Histórico Militar, Cx. 422).
Por Decreto de 19 de Outubro de 1798, D.
Maria I nomeou-o para membro da Sociedade
Real Marítima Militar e Geográfica conjuntamente com os tenentes-generais Bartolomeu
da Costa, João Ordaz e Queirós e Gonçalo
Lourenço Botelho de Castro, os brigadeiros do
Real Corpo de Engenheiros Luís Cândido Cordeiro Pinheiro Furtado e José de Sande Vasconcelos, os coronéis do mesmo Real Corpo
Reinaldo Oudinot, conde de Robin e Francisco Alincourt, os tenentes-coronéis do mesmo
Real Corpo José António Raposo, Ricardo Luiz
António Raposo, José Champalimaud de Nussane e José Carlos Mardel, os sargentos-mores do mesmo Real Corpo Joaquim de Oliveira e José Auffdiener, os capitães do mesmo
Real Corpo Francisco António Raposo, Carlos
Frederico Bernardo de Caula, Pedro Folque,
Luís Gomes de Carvalho e João Manuel da Silva. Foram ainda nomeados o primeiro-tenente do Real Corpo de Engenheiros Custódio José
Gomes de Villas-boas, o coronel d’artilharia
António Teixeira Rebelo, o tenente-coronel de
cavalaria marquês de Marialva, D. Pedro, e o
capitão de artilharia Aires Pinto de Sousa.
A 25 de Julho de 1797, Niemeyer já
tenente-coronel, pede para ser graduado coronel, e não só lista todos os trabalhos efectuados desde 1796, como numa outra exposição refere que é pai de família, com três
filhos e quatro filhas, tendo-se encontrado
sempre longe de sua casa, devido às
comissões de que tinha sido encarregado até
aí. Levou uma vida a “trepar montes, procurar
serras e vadiar rios e pântanos, exposto a todos
os rigores das diversas estações, sem que a
meu ver, não se podem adquirir as noções
completas e adequadas e indispensáveis para
6
Com outros que visitaram Olivença em finais do século
XVIII, como Charles R. Rainsford, Guilherme Vallaré e o
Conde de Miremont, foi unânime em recomendar o
abandono da praça de Olivença, principalmente por três
razões:
1. Necessidade de muita artilharia, munições,
homens e equipamentos para garantir à
manutenção, em prontidão de defesa, de uma
praça-forte dotada de nove baluartes: a de Badajoz
tinha apenas oito;
2. A possibilidade do corte da Ponte da Ajuda, pelo
inimigo, cortando os suprimentos à praça-forte;
3. A situação crítica em que se veria um exército
que pretendesse auxiliar a defesa da praça, caso a
sua única linha de retirada fosse cortada pela
corrente do rio Guadiana.
7
O médico que o acompanhava era o Barão Georg Heinrich
Von Langsdorf (1774 – 1852), russo, diplomado em medicina
pela Universidade de Göttingen, que foi responsável pela
introdução da vacina em Portugal, onde esteve até 1802.
33
Ricardo Charters d’Azevedo
Fábricas em Alcântara - Lisboa (in Archivo Picttoresco, 1865)
de Sternberg pelo conde reinante Wilhelm
Graf von Schaumburg-Lippe, estudando artilharia e engenharia, e por influência deste tinha sido convidado para servir em Portugal.
Parece que só no início de 1778 chegou a Portugal, portanto com 17 anos, e a 15 de Maio
desse ano é ajudante de infantaria com exercício de engenheiro, com soldo dobrado. Chegou a coronel de artilharia. Casou-se com uma
filha de Manuel Dantas Correia, director da
Fabrica de Pólvora de Alcântara8 (Mendes,
1978), Firmina Angélica, tendo tido 7 filhos,
dos quais 6 identificamos, e cuja descendência se dispersou pelo Brasil 9, Alemanha e Portugal, morrendo em Lisboa, a 13 de Fevereiro
de 1806, com quase 50 anos, tendo sido
sepultado na Igreja de S. Domingos.
configurar um mapa topográfico, o verdadeiro
estudo do país, nem é possível projectar alguma obra com própria e intima convicção”.
Mencionava naquela exposição (Arquivo
Histórico Militar, Cx. 422) que tinha sofrido,
por diversas vezes, ataques de reumatismo e
gota, embora tivesse somente 41 anos. Tinha
igualmente escapado de ser assassinado e de
morrer afogado.
Conrad Heinrich von Niemeyer, nasceu em
Hanôver, a 4 de Maio de 1761 (Arquivo Histórico Militar, Cx. 424). Era filho de um oficial general alemão, o tenente-general Jacob Conrad Von Niemeyer (1.10.1730 – 19.7.1807),
chefe do 8.º Regimento de Cavalaria Hanoveriana e que tinha a alcunha de “casco de prata” por ter sido com este metal que lhe substituíram uma parte do crânio perdida no ardor de um combate durante a Guerra dos Sete
Anos, e que ocultava sob um barrete de veludo verde. Conrad Heinrich von Niemeyer falava francês e inglês, frequentou durante 8 anos
a Escola Militar (a Aula Militar, como se
chamava) estabelecida no Condado de Lippe
8
Não conseguimos confirmar a existência de um director
com este nome na Fábrica de Pólvora de Alcântara.
9
É tetravô do Arquitecto Óscar Niemeyer que desenhou
edifícios públicos para a cidade de Brasília.
34
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
Outros seus compatriotas, que vieram
igualmente para Portugal10, como Jacob Chrysostomos Praetorius e Johann Casper Heinrich Giffenig, tornaram-se seus cunhados,
como veremos à frente. Como eram muito
jovens, o conde de Lippe recomendou que,
pelo menos ao princípio, trabalhassem juntos,
pelo que se mantiveram, durante algum tempo, sob as ordens de um mesmo capitão, o
capitão de artilharia João Haupe, chefe do
destacamento dos oficiais e militares seleccionados pelo conde de Lippe, o que levou a que
participassem em actividades conexas. Niemeyer acusava Haupe de ser o culpado da
adulteração do seu nome, pois procurou sempre aportuguesá-lo e simplificá-lo. Encontramos no Arquivo Histórico Militar, nas capas
dos processos a ele referentes, por exemplo,
Conrad traduzido por Carlos, e Heinrich por
Henrique, ou ainda Niemeyer por Nimaia. O
que ele deve ter “sofrido”!
Por último, no Anexo 2, apresenta-se a ligação familiar entre Conrad Heinrich von Niemeyer e Óscar Niemeyer Filho, o arquitecto
de Brasília. Nas páginas:
www.chartersdeazevedo.no.sapo.pt ou
www.familiasdeleiria.com
encontra-se, com algum detalhe, a descendência conhecida do pai de Conrad Heinrich von Niemeyer, nomeadamente o seu
ramo no Brasil.
-Lippe em 1762, e com o seu camarada de armas Haupe, daí terem a mesma patente. Eram
muitos mais velhos que Niemeyer e Giffenig.
O próprio conde, quando os indicou para Lisboa, referiu que ficariam ainda capitães em
virtude de os postos superiores estarem ocupados por gente nova, pelo que tinham as promoções bloqueadas.
Foi admitido como sócio efectivo na
Academia, na classe de Ciências Exactas, em
Janeiro de 1791, quando ainda capitão, e colocado na Fábrica de Pólvora de Alcântara. Publicou observações astronómicas nos almanaques de Lisboa11, e desempenhando mais
tarde o cargo de director12 da Fábrica da Pólvora de Alcântara, podendo ter sucedido a seu
sogro, Manuel Dantas Correia (se efectivamente este foi director da fábrica), pois se
casou, em 1782, com uma outra sua filha,
Maria Marcelina. Morreu em 1798, possivelmente na Fábrica da Pólvora em Alcântara,
pois encontrámos uma referência aos aposentos que ele e a sua família ocupavam na Fábrica de Pólvora de Alcântara, em finais do
século XVIII.
Foi nomeado pelo Ministro dos Negócios
Estrangeiros e da Guerra, Luís Pinto de Sousa
Coutinho, o “Chevalier Pinto” que negociou a
sua vinda para Portugal, para dirigir o levantamento da carta Geográfica da Comarca de
Setúbal, levantamento em que a Real Academia das Ciências de Lisboa estava interessada. Niemeyer fez parte da equipa de oficiais
nomeados encarregando-se sobretudo da triangulação. No entanto, a Academia encarregou o professor Doutor Francisco António
Ciera para examinar as causas da lentidão do
levantamento e as razões dos desentendimentos de Praetorius com os outros oficias que
participavam no levantamento.
Não conseguimos determinar se teve descendência em Portugal ou no estrangeiro.
2.2.2 - Jacob Chrysostomos Praetorius
Jacob Chrysostomos Praetorius foi sargento-mor de engenharia, igualmente constando da lista acima indicada dos oficiais que vieram para Portugal a partir de 1776. Esteve
em Portugal com o conde de Schaumburg-
10
Os documentos da época apontam estes estrangeiros que
vieram com o Conde de Lippe como “bombeiros”, pois
traduzem mal o termo de “bombardeiro” especialista em
bombas. Eles eram “bombardeiros” e artilheiros,
especialistas nos “artifícios de fogos marciais, novo uso de
bombas, granadas e prática de artilharia e mosquete, etc”.
Numa carta do conde de Schaumburg-Lippe ao marquês de
Pombal, datada de 11 de Outubro de 1776, ele explicava
que os “bombardiers “pertencem a um ramo da Artilharia.
11
Almanaque de Lisboa, 1782, 1783, 1785 e 1786. São ainda
conhecidas observações de auroras boreais feitas por
Praetorius em 1793.
12
Encontrámos uma referência a que ele terá vivido na casa
de função existente na Fábrica de Pólvora de Alcântara.
35
Ricardo Charters d’Azevedo
Legenda do mapa topográfico de Leiria a Coimbra (CA 435 do IGP)
condes da Barreira, de Leiria, e um ramo dos
Charters d’Azevedo (Charters d’Azevedo et all,
2007) sejam seus descendentes.
Na árvore genealógica dos descendentes
conhecidos do pai de Johann Casper Heinrich
Giffenig, que apresentamos no Anexo 4, podemos ainda ver que a mulher do General
Humberto Delgado, o tem igualmente como
seu antepassado.
Verificamos que os descendentes de Johann Casper Heinrich Giffenig e de Conrad
Heinrich von Niemeyer irão cruzar-se várias
vezes, nomeadamente os ramos que foram
para o Brasil, quando a Corte para lá se deslocou em 1807.
A actividade dos Niemeyer e dos Giffenig
no Brasil é muito importante e relevante. Por
exemplo, encontramos uma proposta feita ao
Imperador do Brasil, a 10 de Abril de 1865,
para que o Bacharel Olympio Giffenig Niemeyer, promotor público da Comarca do Rio de
Janeiro, possa reger a cadeira de História e
Gramática, estabelecida na mesma cidade,
com acumulação de vencimentos porque “há
falta de pessoal habilitado para os cargos públicos e os vencimentos de ambos os lugares
são tão exíguos que é impossível viver decentemente com qualquer deles”.
No Arquivo Histórico Militar (cx 577) Johann Casper Heinrich Giffenig aparece referido como João Guifini!
2.2.3 - Johann Casper Heinrich Giffenig
O Tenente de Artilharia Johann Casper
Heinrich Giffenig, filho de Johann Caspar
Giffenig (ou Giffenicht, ou Giffenigt como está
indicado no seu registo de casamento e no de
alguns dos seus filhos), referido como sendo
Chanceler-mor do Império Alemão (AHM cx
577) e de Helena Jacobea Marten (casados a
1 de Dezembro de 1746 em Sankt Petri Evangelisch, Minden Stadt, Westfalen, Prussia),
natural de Bremen. Nasceu a 5 de Outubro
de 1751, em Minden, na Prussia. Veio para
Portugal com a patente de sargento de artilharia, constando igualmente da lista acima referida no Anexo 1. Casa-se, por volta de 1778,
com uma outra filha de Manuel Dantas Correia, a Fausta Teresa, de quem tem 6 filhos. Por
morte dela casa-se, por volta de 1795, com
Francisca Rosa Borges de quem teve duas filhas, tendo uma casado com o futuro marechal
de campo José Justino Teixeira, dando origem
a uma plêiade de oficiais superiores, e a outra
com um sobrinho do Cardeal Doutor D. Frei
Patrício da Silva13, o tenente António Luís Ribeiro da Silva, natural do Arrabalde da Ponte
(Leiria), levando a que os Costa Guerra, vis13
Ver “D. Frei Patrício da Silva, O. S. A., um Cardeal leiriense,
Patriarca de Lisboa (1756 -1840)”, de Ricardo Charters
d’Azevedo. Leiria: Textiverso, 2009.
36
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
2.3 - Joaquim de Oliveira
recebeu a administração de uma capela na
igreja de Santa Margarida do Arrabal (termo
de Leiria), que seriam de uns bens que teriam
revertido para a coroa – “os bens do Beça”.
Vale a pena referir o que eram “os bens do
Beça”. A Capela de Santa Margarida do Arrabal, intitulada “os Bens do Beça”, sita no termo de Leiria, foi instituída por Domingos Dantas, por simples testamento escrito em 7 de
Outubro de 1593, da qual deixou por herdeira a sua sobrinha Beatriz Dantas e seus legítimos sucessores, impondo à mesma Capela
alguns encargos pios de que era beneficiário
o Convento de Santa Ana, em Leiria16. O último possuidor legal desta Capela foi um tal
brigadeiro Beça que não teve sucessores. Por
ter sido denunciado, por António Pinto de
Sousa, que Manuel Goes Sampaio Nabo e
Joaquim Rosa se tinham apropriado dos bens
da Capela, após a morte do brigadeiro Beça, a
Casa de Suplicação, por sentença de 19 de
Agosto de 1781, considerou-a vaga e mandou-a incorporar nos bens da Coroa, “esbulhando-os” das propriedades indevidamente apropriadas. No entanto, nos termos da lei, o denunciante, recebe, por proposta de 30 de Dezembro de 1782 da Casa de Suplicação, a mercê
de administrar a Capela em sua vida. Naturalmente, à morte de António Pinto de Sousa, a
Capela foi “considerada vaga e incorporada
nos bens próprios da Coroa”.
D. Maria I, em Março de 1798, “em consideração e retribuição ao bom serviço de Joaquim
d’Oliveira, Sargento-mor do Real Corpo d’Engenheiros, e atendendo ao zelo actividade e
préstimo com que tem dado conta de tudo o
que se lhe tem encarregado”, fez-lhe a mercê
de lhe “conceder a administração da referida
Capela em sua vida e ainda de duas mais com a
faculdade de nomear a segunda vida”17.
Filho de António de Oliveira e de Maria Teresa, Joaquim de Oliveira casou-se a 16 de Outubro de 1769, em Lisboa, com Teresa Violante
de Sousa, sendo filhos deles o Conselheiro
Vimos acima que, em Maio de 1791, o
capitão Henrich von Niemeyer, na companhia
do tenente-coronel Luís Cândido Cordeiro Pinheiro Furtado, o sargento-mor Joaquim de
Oliveira, os capitães Inácio José Leão e Manuel
de Sousa Ramos e os ajudantes João Manuel
e Carlos Luís Ferreira da Cruz Amarante, segundo determinação real, farão a “superintendência das estradas da Capital até á cidade
do Porto”.
Igualmente, o sargento-mor Joaquim de
Oliveira figura na legenda do mapa topográfico (CA 435, do IGP) desde “Rio Maior até Coimbra para servir ao delineamento da real estrada na conformidade do Alvará de 28 de Março
de 1791 e das instruções dadas pelo Ill.mo Ex.mo
Snr Joze de Seabra da Silva Ministro e
Secretário de Estado dos Negócios do Reino,
ao Desembargador e Superintendente Geral
das Estradas José Diogo Mascarenhas Neto”,
pois o levantou, como oficial do Real Corpo
de Engenheiros, com os outros oficiais do
mesmo corpo Henrich von Niemeyer e o primeiro-tenente João Manuel.
Por Decreto de 19 de Outubro de 1798,
como vimos acima, D. Maria I nomeou-o igualmente para membro da Sociedade Real Marítima Militar e Geográfica. Reforma-se como
coronel do Real Corpo dos Engenheiros.
Joaquim de Oliveira, tem igualmente
ligações com Leiria14, pois é o proprietário da
casa do Mirante, na rua tenente Valadim (antiga rua de Santo Agostinho), em Leiria. Escapou por um triz à prisão no dia 9 de Julho de
1808, em Leiria, quando das invasões francesas, foi arquitecto civil e militar15, fazendo
parte da equipa encarregada da reconstrução
de Lisboa após o terramoto. A ele se deve,
nomeadamente, a reconstrução (1762), da
Igreja de Jesus, ou das Mercês, perto da Calçada do Combro, em Lisboa. Além de duas
tenças de 12.000 réis (em 1759 e em 1800)
14
Agradecemos ao Doutor Jorge de Oliveira e Sousa as informações sobre este seu antepassado.
15
Nomeado arquitecto das obras do Conselho da Fazenda
(RGM de D. Maria I, Liv. 8, fl. 359).
16
Arq. Distrital de Leiria, Fundo do Convento de Santa Ana,
de Leiria, cota: IV-24-3-1, Sr: corresp., Doc.: 10, Cx.: 1.
17
Registo Geral das Mercês de D. Maria I, Liv. 16, fl. 173v.
37
Ricardo Charters d’Azevedo
Olímpio Joaquim de Oliveira e Cândida Ludovina de Oliveira. Tiveram ainda um outro filho,
mais velho, religioso no Convento do Carmo.
Nas memórias do Marquês de Fronteira e
Alorna, o Conselheiro Olímpio Joaquim de
Oliveira é referido como “grande amigo e
muito competente”. Foi Secretário-geral da
prefeitura da província da Estremadura 18
(1834), Secretário-geral do Governo Civil de
Lisboa e várias vezes Governador Civil interino de Lisboa. Foi cavaleiro professo da Ordem
de Cristo, Comendador de Cristo e da Ordem
de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, cavaleiro da Torre e Espada e da Ordem de
S. Maurício e São Lázaro. No Código Administrativo de Dezembro de 1836, Passos Manuel,
no seu Prefácio à Rainha, menciona explicitamente que o mesmo Código é da autoria de
Olímpio Joaquim de Oliveira. Seguidamente
elaborou uma proposta de administração pública que considerava as inovações efectuadas entre 1839 a 1841, a qual ficaria consubstanciada no Código Administrativo de 184219.
O Coronel Joaquim de Oliveira poderia ter
nomeado, antes da sua morte, o administrador da Capela de Santa Margarida do Arrabal
chamada “os bens do Beça” que lhe sucederia, como o autorizava a mercê concedida por
D. Maria I em 1798. Não o fez, e o seu filho
Olímpio Joaquim de Oliveira, logo que seu pai
faleceu, requereu que essa administração lhe
fosse concedida, justificando ser “o único filho varão que existia sendo o outro mais velho religioso no Convento do Carmo”. A partir
do falecimento do capitão de Mar-e-Guerra
Eduardo Hipólito de Oliveira20, filho de Olímpio Joaquim de Oliveira, que foi o administrador da referida capela, na última das vidas
concedidas, foram vendidos os bens, agora da
Fazenda Nacional, no dia 16 de Junho de 1896,
em hasta pública.21 Note-se que os administradores da Capela foram puramente Donatários da Coroa durante a doação da mesma,
mantendo-se sempre aquela como a verdadeira proprietária dos bens.
Em Leiria, chama-se à casa do Mirante a casa
do Dr. Verde de Oliveira, pois o Dr. João Carlos
Verde de Oliveira foi quem terá ali residido mais
tempo. Nascido a 27 de Agosto de 1883, em
Lisboa, era filho de Carlos Augusto de Oliveira
e de Palmira Inocência Verde e neto paterno
de Joaquim Estanislau de Oliveira Maia e de
Ma-ria Adelaide, casados em Lisboa a 28 de
Abril de 1842 na freguesia do Sacramento. Ora
Joaquim Estanislau de Oliveira Maia era filho
de José Cardoso Moreira da Silva e de Cândida
Ludovina de Oliveira, e esta filha do sargento-mor Joaquim de Oliveira, como vimos acima.
De todos estes elementos da família Oliveira,
o único que viveu de forma permanentemente
em Leiria foi o Dr. Verde de Oliveira. Assim ficou o nome dele ligado à casa do Mirante.
18
Registo Geral das Mercês de D. Maria I, Liv. 6, fl. 1v.
COSTA, Fernando Marques da – “Do antigo regime ao
liberalismo, 1750-1850”. Lisboa: Vega, 1989.
20
Fez quase toda a sua carreira militar em África, tendo
estado em Angola. Foi governador de Inhambane, depois
de Cabo Delgado, sendo ele que descobriu e alertou para os
planos do sultão de Zamzibar de tomar posse de algumas
regiões sobre administração portuguesa. Em virtude dos
“seus padecimentos adquiridos em África”, voltou ao
Continente reformando-se. Foi ainda, nessa situação,
nomeado capitão do porto de S. Martinho do Porto e mais
tarde do da Figueira da Foz, onde faleceu com 62 anos, em
24 de Dezembro de1895.
19
21
Edital de 7 de Maio de 1896, da Direcção Geral dos Próprios
Nacionais do Ministério dos Negócios da Fazenda.
38
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
3
COMO SE VIAJAVA
39
Ricardo Charters d’Azevedo
40
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
3. COMO SE VIAJAVA
Segundo Taylor, ainda no início do século
XIX, Portugal tinha poucas estradas, e aquelas
que existiam estavam num estado tão ruinoso
que os viajantes evitavam-nas. Viajava-se da
mesma forma que se fazia na idade média:
em caravana; os militares, os clérigos e os
homens montavam cavalos; as mulheres em
mulas e os nobres em liteiras. Estas caravanas
mostravam-se no horizonte de uma forma
pitoresca, nomeadamente quando percorriam
as montanhas. Era extraordinária a sensação,
escreve Taylor, de se estar no início do século
XIX com formas de estar e costumes no século
XIII, em toda a sua pureza, e em alguns casos
marcados por vestimentas “bizarras”.
John Murray, no seu “Handbook for Travels
in Portugal”, diz-nos que Portugal estava atrás
de qualquer país europeu em estradas. Os
viajantes, nos finais do século XVIII a meados
do século XIX, “só se podem deslocar em
mulas, no dorso de um cavalo, ou em liteiras,
pois que não havendo estradas não é possível
usar carruagens”. O transporte de mercadorias
tinha de ser feito com carros de bois, ou em
mulas, se aquelas não fossem muito pesadas.
Relata-nos que, num debate na Câmara dos
Pares, um dos pares exclamou: “Estradas! Para
que queremos estradas, se não for para facilitar a invasão do amigo vizinho”. Murray
escreve ainda que os carros de bois não eram
muitos diferentes daqueles usados no tempo
dos romanos e faziam um “impossível horrível
barulho”. Claro que, em Janeiro de 1855,
segundo Murray, havia diligências, mas só se
deslocavam em 3 percursos: do Porto para
Braga, de Lisboa para Coimbra e, desde Abril
Deslocações em Portugal, in A picturesque tour in Spain, Portugal, and along the coast of Africa,
from Tangiers to Tetuan, do Baron Taylor
41
Ricardo Charters d’Azevedo
de 1854, de Lisboa para Elvas e Badajoz. A
ligação directa de Lisboa ao Porto, era nesses
tempos, normalmente, realizada por barco.
Richard Twiss, em 1772, descreve-nos
assim a preparação da sua viagem de Lisboa
ao Porto que ele esperava fazer em 9 dias: “Eu
também tinha um passaporte português do
chefe do bairro de Lisboa onde fiquei; mencionava o meu nome, o número de cavalos,
mulas e os criados da minha comitiva; com a
permissão de possuir pistolas e outras armas
de fogo. Contratei uma liteira, duas mulas, e
acordei com o meu guia que ele me colocava
em nove dias no Porto, e que proporcionaria
um cavalo de sela para o meu criado inglês.
Não tinha responsabilidade que da alimentação dos homens; a dos cavalos e mulas
eram da responsabilidade do guia. Preferi o
caminho de Alcobaça e Batalha a outro mais
directo. O que eu escolhi tinha 280 milhas entre
Lisboa e Porto. Contratei para a minha viagem
o mesmo J. Batista Péquet que acompanhou
Baretti em 1760. Devia ser o meu fornecedor
de víveres e cozinhar. As minhas despesas neste
percurso ficaram-se por cerca de três libras
sterling por dia. Equipei-me igualmente com
os lençóis da cama, toalhas, velas, facas,
garfos e outras amenidades, bem como
pistolas, uma espingarda, e munições.”
O viajante com o seu caderno de notas
e o seu criado (Twiss, 1776)
42
Para viajar, o viajante pagava uma média
de 10 tostões por dia, por cavalo ou mula, e
para isso deveria contar com uma “cavalgadura”, mais uma mula de carga para
transportar a bagagem e uma outra para o
arrieiro. Este era pago por um valor que em
média seria de metade do que se pagava para
alugar o cavalo. As distâncias eram calculadas
em léguas e correspondiam à distância que
uma mula carregada podia percorrer numa
hora. Claro que havia léguas “boas”, léguas de
“boa raça” que seriam percorridas em 2 horas,
ou ainda “léguas pequenas” que se percorriam
em 45 minutos. Murray diz-nos ainda que as
léguas no Alentejo tinham a reputação de
serem as mais longas, e as de Trás-os-Montes,
as mais curtas. Enfim, 9 a 10 léguas eram um
dia de viagem, o que significava para o viajante
5 horas em cima de uma sela e umas 3 horas
de sesta durante o tempo quente.
Graham (Graham, 1820) conta que, ao
perguntar a um português quantas léguas
eram até uma determinada povoação, ele
responde invariavelmente, “duas léguas
grandes”; quando, após termos caminhado
algum tempo em direcção essa povoação,
perguntamos a um outro quantas léguas são,
ele responde-nos “duas léguas, não muito
grandes”; o outro, a seguir, diz-nos, “duas
léguas pequenas”, o próximo, “duas
léguas”, e assim por diante. E,
Graham conclui que “na verdade,
achámos que as léguas pequenas e
grandes nunca mais acabam, pois
são muito compridas…”
Anastácio de Santa Clara lembra
que a légua portuguesa vale,
normalmente 3.000 passos de 5 pés,
i. e., cerca de 5 km, mas ela é muitas
vezes de 3.428 passos, ou sejam 5,5
km, e que havia também “léguas
velhas” de um pouco mais de 6 km.
Para resolver esta confusão,
Francisco António Ciera, em finais de
setecentos, recorreu a todas as
repartições públicas para obter o
padrão exacto da braça portuguesa
de 10 palmos. Dada a incerteza e a
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
variedade que encontrou, resolveu compor
uma medida, chamada braça de Ciera (1 braça
= 2,1980 metros), que estivesse em razão
finita com alguma conhecida na Europa, tendo
utilizado a toesa da Academia Real das
Ciências de Lisboa e considerado 25 toesas
equivalentes a 22 braças. A toesa-padrão,
existente na Academia, foi feita em Londres,
aferida pela da Academia das Ciências de Paris
e remetida para Lisboa em 1787 (Dias, 2003).
Anos antes, em 1748, o Padre João Bautista de Castro, no seu “Roteiro Terrestre de Portugal”, escreve “que he o calculo das legoas
he necessário advertir, que neste Reino não
há medida certa itinerária, e por isso encontramos pelas Provincias tanta irregularidade
neste particular, nascendo tudo por se medirem as leguas vulgarmente por estimativa.
No systema do Engenheiro-mor deve computar-se a legua por huma hora de caminho a
passo cheio, e ordinário, dando cada legoa
três mil passos geometricos, e a cada passo
geométrico cinco pés geométricos, que fazem
seis palmos e hum terço de craveira Portuguesa, e assim vem a ter cada legoa Portuguesa 28$178 palmos craveiros, ou 2$818
braças de dez palmos cada huma. A milha
Romana tinha mil passos, que se igualão a
6338 palmos Portugueses. […] Saiba-se
porém ter-se observado, que hum correio ordinário hindo a pé caminha em vinte e quatro horas de verão quatorze legoas, e de inverno treze, e indo pela posta, ou a cavalo,
anda nas vinte e quatro horas trinta legoas
de inverno, e trinta e sete de verão.”
Indica igualmente que o percurso de
Leiria a Rio Maior era o seguinte:
Leiria
a Batalha
a S. Jorge
a Aljubarrota
a Alcobaça
a Turquel
a Rio Maior
monges usavam mulas quando saíam do convento, até porque andavam descalços e, em
consequência, as estrebarias do convento albergavam muitas mulas, “que parece que os
monges preferiam aos cavalos”. Murphy diz-nos que perguntou em vão porquê essa
preferência, concluindo que ela provinha,
talvez, “de um sentimento de humildade”. Segundo ele, parece que D. João II, rei de Portugal, tendo sido informado que os cavalos iriam desaparecer do seu reino, quis meter ordem no assunto e proibiu o uso das mulas,
obrigando a pedir licença para as conduzir a
quem as queria possuir. Os religiosos recusaram obedecer. O rei, não querendo abrir uma
guerra com os padres, julgou prudente rever
o seu édito, e nele incluiu uma cláusula pela
qual permitiu o uso das mulas aos religiosos,
mas ao mesmo tempo proibiu a todos os sapateiros do reino de fazer sapatos para qualquer frade ou padre!
Assim se compreende Alberto Pimentel (Pimentel, 1808) quando se refere ao foro de um
par de botas, balegões ou sapatos que os frades tinham de pagar
anualmente aos reis.
Léguas
1
1
2
1
1
1
Murphy conta-nos que, quando
visitou Alcobaça, verificou que os
O viajante (Twiss, 1776)
43
Ricardo Charters d’Azevedo
O sapato, ou bota, reveste o pé, e é pelo pé
que o corpo humano calca a terra, “qu’il la
frape du pied en maître”, como diz Michelet,
no exercício do direito de posse e propriedade.
A passagem da serra da Estrela, em coluna (Graham, 1820)
44
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
4
CARACTERÍSTICAS
DO MAPA
45
Ricardo Charters d’Azevedo
46
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
4. CARACTERÍSTICAS DO MAPA
O mapa, que apresentamos, tem o n.º CA 436
no catálogo do IGP,
mede 2 378 X 761 mm e
pode considerar-se precioso sob todos os aspectos. Tem ao meio, em
baixo, a indicação da escala onde se refere que
“Petipe de Meya Legoa”
é de 1.400 braças, o que
corresponde no mapa a
155,5 mm.
Detalhe da Carta n.º 436 do IGP mostrando as escalas
Envolve o levantamento marginal ao longo
Estão igualmente assinalados os termos de
de toda a extensão da estrada. Povoações, luLeiria, Batalha, Porto de Mós e Santarém e os
gares, caminhos, quintas, linhas de água, relevo,
Coutos de Alcobaça, dando-se num quadro,
terras de cultura, etc., tudo é assinalado e bem
em braças quadradas, as áreas dos respectivos
desenhado. Está todo desenhado a preto, e à
terrenos levantados, bem como as partes culpena, de forma primorosa. As povoações e cativadas e incultas.
sas são assinaladas a carmim.
Quadro existente na Carta n.º 436 do IGP mostrando as áreas cultivadas
47
Ricardo Charters d’Azevedo
Num outro quadro, desta vez estatístico, e
referido ao ano de 1791, informa-se sobre a
população por freguesias, descriminando-se
os números de fogos, pessoas acima dos sete
anos (homens e mulheres), eclesiásticos (clérigos, religiosos e religiosas), nascidos (masculinos e femininos), falecidos e casamentos.
De notar que o quadro da população nos
permite tirar umas conclusões interessantes.
Em 1791 Leiria tinha 722 fogos para uma população de 2867 indivíduos de homens e mulheres, com mais de 7 anos, o que correspondia a cerca de 8 % de religiosos na
freguesia de Leiria. Assim tinha cerca de 4,3
individuos maiores que 7 anos por fogo para
a mesma freguesia. A taxa de mortalidade era,
em 1791, de 3,9 % !
Este mapa permite-nos ficar com uma visão
da forma como a engenharia portuguesa da
época projectava a construção de estradas,
determinando, por exemplo, a população que
estava na sua zona de influência directa.
Veremos, mais à frente, o cuidado que se teve
na derterminação do percurso mais vantajoso.
Encontramos ainda no acervo do IGP outras cartas, ou mapas, onde se mostram parte
dos cálculos que levaram a adopção do percurso escolhido. Por exemplo, a carta n.º CA
439 - “Dos tres projectos de direcção para a
Estrada desde a Serra de Rio-Mayor athe
Leiria, calculado, e posto em ordem pelo Sargento Mór Engenheiro Henrique Niemeyer:
Nelle se mostrão o numero das linhas, pontes,
sucalcos, e suas elevaçoens, e xafarizes a fim
de que com brevidade, e exacção se possão
combinar sobre o Mappa Topographico os
mesmos projectos e adoptar-se o que se conformar com o Alvará de 28 de Março de 1791”.
Este documento será, mais à frente, abordado com mais detalhe.
Igualmente existem documentos (Mendes,
1969) mostrando a ponte velha sobre o rio
Lena, e o projecto da que se iria construir, com
a referência n.º CA 442 - IGP, ou ainda sobre a
ponte do rio Lis com as referências CA 445 e
CA 447 todas do IGP.
Quadro existente na Carta n.º 436 do IGP mostrando a população nas freguesias atravessadas pela Estrada Real
48
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
5
VARIANTES DA ESTRADA
DE RIO MAIOR A LEIRIA
49
Ricardo Charters d’Azevedo
50
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
5. VARIANTES DA ESTRADA
DE RIO MAIOR A LEIRIA
5.1 - As cinco variantes de estradas
de Rio Maior a Leiria
(localidade muito antiga com ruínas de
uma torres medieval […] e restos de um
palácio anexo), Zambugeira, Benedicta,
Turquel, Évora de Alcobaça (antigamente
Évora dos Coutos) Capuchos, Chiqueda,
Fonte do Ôro (oro ou uro, boi selvagem
frequente em Portugal nos séculos XII e
XIII), Lameira e Aljubarrota. Desta ia até
Chão de Feira, Calvaria, Canoeira, Golpilheira (onde transpõe o Lena) e chega a
Leiria”.
4. – a estrada real de D. Maria I, que
poderemos ver no mapa que analisamos,
transpõe a serra e seguindo pelo seu sopé
do lado ocidental, até Chão de Feira, perto de S. Jorge (seguindo a variante mou-
Segundo Mário Saa (Saa, 1960), eram cinco as variantes de Rio Maior a Leiria que a
história nos apresenta e que um caminhante,
que se deslocasse de Lisboa a Coimbra, poderia adoptar nesta parte do percurso:
1. – a estrada oceânica, de Lisboa a
Alfeizerão e depois directamente a Leiria,
por Póvoa de Cós, S. Paio e Calvaria, usada pelos primeiros povos peninsulares.
2. – a variante romana, por Alenquer
e Porto de Mós, que passava por Rio
Maior, onde aí passava uma transversal
que ligava Santarém à mansão romana
Brittium, em S. Martinho do Porto. De Rio
Maior ia ao longo da serra dos Candeeiros, pela sua parte oriental, até Porto de
Mós e depois a Leiria. É, contudo, pela
aba ocidental que correrá a estrada real
de Lisboa a Coimbra remodelada em finais do século XVIII.
A estrada aberta pela aba oriental da
serra dos Candeeiros ia de Rio Maior a
Leiria por Alcobertas, Sourões, Valverde,
Cabeça Veada, Mendiga, Serro Ventoso e
a Porto de Mós. Desta povoação a Leiria
não há certezas, mas deveria passar por
S. Sebastião do Freixo (Alarcão, 1988, pág.
106), Andreus, Barreira, etc.
3. – a variante mourisca corria pela
“lomba mais alta de entre Rio Maior e
Caldas da Rainha e do Arco da Memória
– destruído, pois foram retirados os “silhares” de mármore e a estátua de D.
Afonso Henriques que hoje se encontra
em Leiria (Charters d’Azevedo et all, 2007,
fig. 594) – continuava para norte, por Venda da Natária, Venda da Costa, Santa Ana
Arco da Memória (Vidais) com a estátua de D. Afonso
Henriques que hoje se encontra em Leiria, com o
Eng. António de Sousa Monteiro, bisavô materno do
autor (Charters d’Azevedo et all, 2007, fig. 594)
51
Ricardo Charters d’Azevedo
ARCO DA MEMORIA
CASAIS DA MEMORIA
FREGUESIA DE VIDAIS
CONCELHO DE CALDAS DA RAINHA
ESTE ARCO DA MEMORIA ASSINALA A PASSAGEM DE EL-REI
D. AFONSO HENRIQUES POR ESTA TERRA A CONQUISTA DE
SANTAREM E DE LISBOA VINDO DE COIMBRA TENDO FEITO SEGUNDO SE DIZ
EM 27-9-1147 UM VOTO DE DOAR AO MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE ALCOBAÇA
TODAS AS TERRAS QUE VÃO DAQUI ATÉ AO MAR CASO VENCESSE
POR ISSO ESTE ARCO DA MEMORIA É UM DOS MARCOS LIMITES DOS COUTOS
DO MOSTEIRO DE ALCOBAÇA ALINHANDO A NASCENTE
COM O OUTRO MARCO LIMITE O ARCO DA SERRA DOS CANDEEIROS
E A POENTE COM A FOZ DO RIO VAU EM SALIR DO PORTO
ESTE ARCO DA MEMORIA ERA ENCIMADO PELA ESTATUA DE D. AFONSO
HENRIQUES QUE SE ENCONTRA EM LEIRIA PROXIMO DO GOVERNO CIVIL
ESTE ARCO DA MEMORIA RUIU EM 2 JANEIRO DE 1911 E FOI RECONSTRUIDO EM 1981
PELA SOLANCIS COM A PRECIOSA COLABORAÇÃO FINANCEIRA DA POPULAÇÃO
LOCAL DE VARIAS ENTIDADES PUBLICAS E PRIVADAS
NA PRESENÇA DE UMA MULTIDÃO INCONTÁVEL NO DIA 28 DE JUNHO DE 1981
APOS UM CORTEJO HISTORICO E PROCISSÃO O PÁROCO DE VIDAIS PE DR MANUEL
VITORINO DA SILVA MOREIRA FERNANDES DINAMIZADOR DESTA RECONSTRUÇÃO
FEZ A BENÇÃO SOLENE DO MONUMENTO E O PRESIDENTE DA JUNTA DE FREGUESIA
DE VIDAIS FERNANDO CAETANO COLADO INAUGUROU-O
A SECLA ASSOCIOU-SE A FESTIVIDADE CUNHANDO UMA MEDALHA COMEMORATIVA
AS FAMILIAS DE LUIS PEREIRA E JOSÉ MARTINS PERMITIRAM A RECONSTRUÇÃO
CEDENDO O TERRENO. JOAQUIM PEREIRA DA SILVA É O ARQUITECTO
AUTOR DO PROJECTO DE RECONSTRUÇÃO
ESTE ARCO DA MEMORIA É PATRIMONIO DA FABRICA DA IGREJA PAROQUIAL
DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE DE VIDAIS.
Arco da
Memória
na Serra
dos
Candeeiros,
freguesia
do Arrimal
(Porto de
Mós).
52
À esq. - lápide colocada junto do
Arco da Memória, da freguesia de
Vidais, em 28 de Junho de 1981,
data em que foi reconstruído (ver
transcrição integral por baixo); em
cima - o mesmo Arco da Memória na
actualidade; em baixo - foto antiga
do Arco original, que terá ruído em
Janeiro de 1911, ainda com a estátua
de D. Afonso Henriques a sobrepujá-lo. Este Arco é amiúde confundido
com o Arco da Memória existente na
Serra dos Candeeiros, na freguesia
do Arrimal (ver nesta página,
ao fundo).
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
risca), indo à Calvaria, Canoeira, Golpilheira (margem direita do Lena) e Leiria.
5. – esta variante é aquela que ainda conhecemos, pois é a Estrada Nacional n.º 1, e hoje o IP 1, indo de Rio Maior,
Alto da Serra, Venda das Raparigas, Venda dos Carvalhos, Molianos, Tremoceira,
Chão de Feira. Da Calvaria vai a S. Jorge,
Batalha, Azoia, Leiria.
intransitável pelas inundações do Tejo nos
campos da Golegã. Conrad Heinrich von
Niemeyer, sargento-mor engenheiro, propôs
três alternativas “de direcção para a Estrada
desde a serra de Rio-mayor athe Leiria” (carta
n.º 439 do IGP). Para cada alternativa indicou
o “numero de linhas, pontes, sucalcos, e suas
elevações, e chafarizes”.
As 3 alternativas propostas foram as seguintes:
1. Direcção ao longo da Serra, Poço
dos Candeeiros, Muliano, Pedreiras,
Chão de Feira, Calvaria, Canoeira,
Oiteiro do Vieiro, Porto-Moniz, Leiria.
Este percurso teria 20 989 braças, ou
5.2 - As variantes estudadas em 1791
A ideia era de se abandonar o traçado da
chamada estrada velha que se dirigia a Coimbra, passando por Santarém, Golegã, etc.,
pois durante o inverno se tornava muitas vezes
Quadro resumindo a primeira alternativa (CA 439 do IGP)
53
Ricardo Charters d’Azevedo
7 3/8 léguas e 339 braças, com 21
socalcos, 4 pontes e 3 Chafarizes.
2. Direcção ao longo da serra de
Albardos, a S. Sebastião das Pedreiras,
Tojal de Cima, Quinta do Sobrado,
Batalha, Golpilheira, Venda da Cortiça,
Vale Seco, Rego Travesso, Leiria,
correspondendo a 20 780 braças, ou 7
3/8 léguas e 130 braças, com 19
socalcos, 8 pontes e 4 chafarizes.
3. Direcção da Serra de Rio Maior
ao Poço dos Candeeiros, Moinho da
Zambujeira, Vale de Cavalos, Évora,
Chequeda, Aljubarrota, Chão de Feira,
etc. Este percurso teria 21 977 braças,
ou 7 ¾ léguas e 277 braças, com 38
socalcos, 7 pontes e 4 chafarizes.
Sobre estas propostas, apresentadas pelo
sargento-mor Conrad Heinrich von Niemeyer,
o desembargador superintendente Geral das
Estradas, José Diogo de Mascarenhas Neto,
exarou o seguinte interessante despacho com
contornos económicos e sociais, bem como
Quadro resumindo a segunda alternativa (CA 439 do IGP)
54
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
Quadro resumindo a terceira alternativa (CA 439 do IGP)
técnicos, datado da Por22
calhota (hoje Amadora), a 4 de Junho de
1792:
“Na direcção da Serra e Calvaria se combinão todas as circunstâncias necessárias pa
se construir com economia huma estrada sólida e durável porque o
terreno contem quase
sempre uma base sólida abunda de pedra de
saibro e em alguns sítios tem grande quantidade de talco, com que
se pode fazer a mais
bela e durável estrada,
sendo de notar que a
maior parte das suas
linhas se produzem horizontais: existe agoa
nos Candieiros, no sitio
das Pedreiras perto dos
Carvalhos, e na Calvaria, e esta ultima além
de ser mta e de excelente qualidade já tem
hum chafariz feito. Por
este diliniamto se reduz
a estrada a 7 3/8 legoas
e 339 braças aonde a
maior distancia, em
que se encontra agoa
abundte e disposta pa xafaris, he de três legoas
tricto, eq com despeza se pode melhorar mto.
desde os Candieiros athe aos Carvalhos, mas
He de notar q a configuração da serra pelo
quase no meio deste espaço há o poço do
poente, o principio e acabamto dos seus valles
Muliano, de q uzão os habitantes daquele dise as cavidades q se observão no terreno, tudo
indica q as agoas vertentes da mesma serra
22
vão depozitarse em alguns espaços interiores
Durante anos este burlesco nome de Porcalhota, arreliou
os habitantes deste povoado. O Arqueólogo Francisco
de q se forma o grande nascimto do rio AlDornelas relata que “todos os terrenos pertenciam a Vasco
cobaça no valle de Xiqueda, e como o nível
Porcalho. Devido à sua morte, os terrenos passaram para a
entre a baze da serra cado nascimto não tem
sua filha, moça esbelta e desembaraçosa, a quem o povo
sempre pôs alcunhas. Chamavam à rapariga “Porcalhota”. A
elevação total considerável fica sendo possíEstação da Porcalhota, inaugurada a 2 de Abril de 1887, deu
vel q o trabalho, e a arte venha a conseguir
origem ao núcleo urbano, mas até 28 de Outubro de 1907
agoa abundante entre os Candieiros e os Caros habitantes tiveram que suportar a feroz troça de todos
os que a nomeavam.
valhos o q não pode esperarse da pobreza e
55
Ricardo Charters d’Azevedo
se deve construir no rio Lena perto de Leiria
vae juntamte servir de grande interesse aquella
cide q d’Inverno chega a estar incomunicável
por hum dos lados mais importantes do seu
comercio por falta da ponte, porqto a q existe
he sobreposta ainda pelas piquenas cheias. O
sitio dos Candieiros necessita de huma estalage, e da mesma forma a dos Carvalhos porq
além de se combinarem neles abunda de materiaes fertilide e agoa são as poziçoens proporcionadas pa estabelecimto de Postas ficando
apra do lugar de Riomaior com a distancia de
duas legoas, outra dos Candieiros athe aos Carvalhos com pouco menos de três legoas, e a
ultima athe Lra com pouco mais de três legoas.
A passage da serra de Riomaior e a ponte do
Lena são no deliniamto preponderado os pontos convenientes pa creação de Barreiras. A
agricultura do terreno comprendo no mappa
conciste em Azeite, Trigo, milho e vinho principalmte na porção que pertence aos Coutos e
na de Leiria, tudo isto esta no atrazamto e quantide que se pode esperar sendo a Povoação de
todo aquele espaço 9594 pertencendo porisso
a cada legoa quadrada menor q 1800 habitantes, q respirão pobreza e rusticide; mas a
construção da estrada fará com a facilidade
da exportação e a fluência da viagem o aumento da Povoação e progresso da agricultura de q o terreno he susceptível principalmte
nos sítios notados pa Postas e estalages, na
Calvaria e districto da Batalha, aonde se
combinão as circunstâncias convenientes a
fertilidade e a saúde. Porcalhota, 4 de Junho
de 1792, José Diogo Mascarenhas Neto.” (CA
439 do IGP)
Ao ler atentamente este despacho vemos
como ele faz a escolha do percurso (do
delineamento, como é escrito), não só em
termos do número de léguas, mas também
tendo em atenção a existência de materiais
perto do percurso que permitiram baixar o
custo da construção, como a existência de
pontos de água para os viajantes. A necessidade de mais ou menos pontes e os “socalcos” que cada uma das soluções apresenta,
foram igualmente analisados. O despacho
equaciona igualmente a construção de postos
rusticide actual dos poucos habitantes daquele
espaço. Não faz argumto contrario não terem
os frades Bernardos achado agoa na quinta
de Val de Ventos fazendo pa isto diliga e despeza, por qto a mesma quinta se acha situada na
maior altura da baze da serra. O diliniamto refdo seria mais longo q a linha recta total impraticável ¼ legoa mais 134 braças, e mais
perto q a estrada de q usão os Povos ¼ legoa
mais 111braças. A direcção da Serra e Batalha sim he mais curta que a antecedente 209
braças, mas exige mto maior despeza tanto
pella configuração, como pella qualide do terreno, necessita de mais pontes e grandes socalcos quase em continuação pelo espaço de
½ legoa entre a Batalha e a venda da Cortiça,
e nunca se pode considerar huma estrada tão
sólida e commuda, como a do pro projecto, no
qual athe concorrem situaçens mais alegres,
e posto q na Batalha, na venda da Cortiça e no
Tilheiro se encontra agoa, isto não iguala as
vantagens do chafariz da Calvaria. A direcção
dos Coutos a vista das antecedentes se deve
reputar inconcideravel pois q excede a da Calvaria ¼ legoa mais 288 braças, ehe mais longa q a mesma estrada actual 177 braças, contem dificuldades, nas quais só com enorme
despeza se pode conseguir huma estrada boa,
taes são Val de Cavalos e a passage de Xiqueda por distancia de mais de 1 legoa com toda
a diferença de socalcos notada neste mappa;
sim pode ter mais agoas mas isto não equivale as vantagens ponderadas na direcção da
Calvaria, nem ainda as q contem a da Batalha, e nella existe agoa nas distancias convenientes ao transporte e a viagem: ambas
aquellas poas direcçoens gozão da fertilide dos
Coutos, por onde passaria este ultimo diliniamto porq ficão existindo na distancia de huma
athe duas legoas emq se podia abrir huma
estrada de comunicação e assim mesmo junta com a da Calvaria vem a ser de mto menor
despeza q a do deliniamto dos Coutos pois que
toda a de passage de Xiqueda, q se evita, he a
mais considerável. O deliniamto pella Calvaria
he dos três projectos o que faz menores danos,
pois se dirige por terrenos de menos valor pella sua qualidade, e cultura, e huma ponte, que
56
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
acções da industria agrícola e fabril e ás
transacções do Comercio, é evidente que quanto pior estado se acharem mais caras as viagens e mais activas as especulações, por isso
que sendo menos caros os transportes mais
baratos serão os géneros e fazendas que entram na Cidade resultando de tudo a prosperidade da Nação e a abundância dos povos.
Como pelos últimos desastrosos acontecimentos de algum modo afrouxou a intenção do
Governo (atrás vigilante) sobre objecto de tanta ponderação o resultado, acharem-se actualmente as Estradas muito arruinadas e quase
intransitáveis, com grave prejuízo dos Leais
Vassalos de Vossa Majestade. Permita-me
porem Vossa Majestade que com o mais profundo respeito apresentem que poderia acudir-se, de pronto, a tão grande mal […] da Real
Fazenda contratando com um ou mais Capitalistas que se obriguem ao concerto e futura
conservação das Estradas de que merecemos
(como são as de Lisboa ao Porto, e as que vão
desta cidade para a Figueira, S. Martinho e
Barquinha) pelo Método adoptado na Inglaterra e que já se praticou no Caminho de Cintra, que na construção das mesma Estrada
Real, que Vossa Majestade mandou fazer por
Rodrigo de Sousa, bem mostrou a experiencia,
ser o mais conveniente pois que a parte dela
que assim foi construída (junto aos Carvalhos
e Molianos) foi a que mais tempo se conservou
e talvez conservadas ainda se tivessem sido
postos em prática os Artigos a respeito dos
carros do Alvará de 11 de Março de 1796: tendo além disto o dito método a vantagem de
ser muito menos dispendioso. Em quanto aos
reditos dos dinheiros assim empregados e
despesas de conservação, poderão satisfazer-se - 1º pondo-se em prática o Sistema de Barreiras estabelecido pelo mesmo Alvará. - 2º
Concedendo-se para o mesmo fim a exclusivo
da venda do vinho nas Estradas concertadas.
- 3º Havendo algum aumento no porte das
Cartas e encomendas dos Correios; sendo
provavel que até destes três rendimentos possa haver algum sobejo que se arrecade em um
cofre de amortização do Capital.
Portanto
de Posta, bem como verifica que os terrenos
da solução adoptada não são dos melhores
para a agricultura. No fim tece algumas
considerações sobre o impacto que terá a
construção da estrada, e a criação de postos
da Posta e de Estalagens, no desenvolvimento
das povoações onde passará.
5.3 - Exposição de empresários,
industriais e agricultores em 1825
Em Outubro de 1825 um conjunto de “proprietários, lavradores e negociantes” de Leiria
fez uma exposição solicitando a reparação das
estradas que ligam Lisboa ao Porto, e as que
de Leiria vão para a Figueira da Foz, S. Martinho do Porto e à Barquinha.
Nessa exposição, que transcrevemos
abaixo, louva-se o Alvará de 11 de Março de
1796, i. e., de há trinta anos, e propõem-se
três soluções para obtenção de receitas que
permitissem a reparação proposta:
1. Pondo-se em prática um sistema
de portagens;
2. Concedendo-se o exclusivo da
venda de vinho nas estradas reparadas;
3. Subindo o preço do porte das cartas e das encomendas.
“O Corregedor da Comarca de Leiria informe-me com o seu parecer ouvindo os representantes das Câmaras Nobreza e Povo, 27
de Outubro de 1825” – foi o despacho que teve
esta exposição, mas não sabemos a sequência dada. Estava-se num período muito difícil
de combates entre facções resultantes da
“zanga real” e não me parece que as reparações propostas tivessem sido realizadas
antes do reinado de D. Maria II, em 1834.
O documento tem o seguinte texto, no
qual, ao transcrevê-lo, actualizamos parcialmente a grafia:
“Senhor,
Representam a Vossa Majestade, os Proprietários, Lavradores e Negociantes da Cidade
e termo de Leiria abaixo designados, que
servindo as Estradas, não só de transito aos
Nacionais e Estrangeiros, que por suas necessidades, ou utilidade viajam, mas de veículo a
57
Ricardo Charters d’Azevedo
P.a Vossa Majestade, que tomando na Sua
Real e Paternal consideração, seja servido dar
aquelas providências, que forem mais justas e
mais do Seu Real Agrado.”
Joaquim Pereira
Joaquim Vieira
Luís Francisco Ribeiro
José de Sousa
Sebastião de Caria
José Francisco
Joaquim Francisco Henriques Nogueira
Jerónimo de Melo Fernando Almeida
Miguel José Roiz de Carvalho
Joaquim Nicolau da Fonseca
José Dias Ferreira
[…]
João Carreira de Brito
José Maria de Barros
Joaquim José Nogueira
Manuel António da Silva Crespo
José António Soares de Faria
João António Alves
José Augusto […]
Assinaram:
Diogo Carreira Mendes
Antonio José Barros Machado
Luís […] de Gusmão
João José Ribeiro
José António Ribeiro
José Maria Belo
José Pereira da Silva
Bento José Alves
Teodoro José […]
José Maria Pereira
Manuel José da Costa
Daniel José da Cunha
Domingos Fereira […]
José Vieira […] e Lima
José Gomes Henriques Gaio
O Beneficiado Joaquim José Vieira
Francisco Fernandes da Cunha
Francisco […] Soares da […]
João José do Souto Roiz
O Pe João Carreira da Silva Nobre
António Carlos da Costa Guerra
Guilherme Charters
André Lúcio Ferreira Simões
Miguel Luis da Silva Ataíde
José da Silva Ataíde da Costa
Jacinto Inácio de Sousa Tavares
Manuel José Roiz
Francisco José Araújo Pereira
Manuel Tavares de Brito
Francisco Manuel Afonso
José de Faria Gomes de Oliveira
Diogo Eugénio da Silva
Manuel Carlos Godinho
António Tavares […]
Francisco António […]
O Tesoureiro mor André José […]
Fernando […] Munhós Barba de Vasconcelos
Gonçalo Barba Alardo
Joaquim Carlos da Costa Guerra
Manuel Monteiro
Luís Henriques Franco
Manuel Caetano
José Caetano
José da Conceição
Extracto da exposição de empresários, industriais e agricultores
José Monteiro
de Leiria e do seu termo solicitando a reparação de estradas,
em 1825 (Arquivo Distrital de Leiria)
Francisco Ruivo
58
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
6
O MAPA TOPOGRÁFICO
59
Ricardo Charters d’Azevedo
60
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
6 - O MAPA TOPOGRÁFICO
6.1 – As descrições feitas por viajantes
interessante, pois permite ter uma ideia de
como se apresentava esta faixa de terreno aos
olhos de quem nos visitava.
Se bem que tivemos igualmente acesso à
carta do levantamento topográfico de Leiria a
Coimbra (carta CA 438 do IGP), da qual apresentamos mais à frente um extracto referente
à parte norte de Leiria, não a apresentamos
totalmente, pois que não encontramos muitos relatos de estrangeiros sobre aquele percurso. Visitavam por vezes Coimbra, pernoitavam, passavam em Leiria para as deslocações
obrigatórias à Batalha e Alcobaça, relatando
este percurso, mas quase nada se dizia do
percurso de Coimbra a Leiria.
Era sobre esta parte de Portugal que se
deslocavam quem nos visitava. Assim foi
reconhecido pela Coroa quando, após a morte
Ao apresentarmos o mapa CA 436 do IGP
referente ao levantamento do percurso entre
a serra de Rio Maior e Leiria, pareceu-nos interessante relatar alguns comentários de estrangeiros que percorreram aquele percurso,
em finais do século XVIII e início do século XIX,
complementando-os por notas retiradas dos
textos de autores portugueses como João
Bautista de Castro (Castro, 1762), António
Carvalho da Costa (Costa, 1706), entre outros,
ou ainda pelo espanhol Campománes (Campománes, 1762), pois apresentam informações curiosíssimas sobre muitas povoações
e freguesias referidas no mapa. Pretendemos
assim apresentar um retrato, esbatido por falta de informação mais detalhada, é certo, mas
Vista da cidade de Leiria - in revista “O Panorama”, 1840
61
Ricardo Charters d’Azevedo
fica o templo de N. Sª da Encarnação, de redo conde de Valadares, em Novembro de
gular arquitectura, que pertence ao povo, a
1792, suspendeu todas as obras mas execepcuja custa foi levantado, e ali vão os devotos
cionou as obras de aperfeiçoamento e conde romaria á imagem que no mesmo se veservação da estrada das Caldas “em benefício
nera. O convento de S. Francisco, de menores
dos muitos estrangeiros e nacionais que a freobservantes, era o mais antigo desta ordem
quentam”.
em Portugal. Tinha sido fundado pelos anos
Leiria, cidade com cerca de 4.000 habide 1384 por el-rei D. João 1.° em satisfação de
tantes para um distrito de cerca de 130.000
casar com a rainha D. Filipa sem dispensa, sennos finais do século XVIII (Macedo, 1855), é
do professo na ordem militar de Aviz. O consede de bispado e assenta quase na origem
vento de Santo Antonio, de capuchos arrábidas veigas por onde corre o rio Lis, que nasce
dos, foi fundação de Pedro Vieira da Silva, mia 11 km, a montante de Leiria, na Serra da
nistro de muitas letras e virtudes, que foi
Senhora do Monte, nas proximidades do lugar
secretário de estado dos senhores reis, D. João
das Fontes. Segundo Jaime Cortesão, no Guia
4.°, D. Afonso 6.°, e D. Pedro 2.°, enquanto rede Portugal, “afigura-se, ao primeiro relance do
gente plenipotenciario da paz ajustada com
viajante que a visita, duma banalidade charra
Castela em 1668 , e depois de ter casado com
e depressiva. Uma praça de arcada lateral, cenD. Luiza de Noronha, enviuvando, se fez cléritro de comércio, as abobadas verdes de um
go, e veio a ser bispo desta cidade de Leiria,
jardim, os rossios largos para as feiras, a fria
onde fundou o Seminário contando-se o déciSé, os quartéis, meia dúzia de pobres edifícios…
mo na série dos prelados da mesma. O cone pouco mais. Mas se por acaso […] regendo os
vento de Santa Ana, de religiosas domínicas,
olhos deu com o soberbo vulto do castelo […]
foi erecto por D. Catarina de Castela filha de
logo uma forte impressão de sonho e lenda
D. Fernando, segundo duque de Bragança, a
antiga lhe enaltece o espírito”.
A 1840, a revista “O Panorama” publicava
um longo artigo sobre Leiria, no qual
incluía uma gravura com uma vista da
cidade, no qual se afirmava: “Jaz Leiria
na falda de leste de um monte, assento
do Castelo, pegado com um valle delicioso e fértil, entre os rios Liz e Lena, que
dali a quatro leguas vão entrar ambos
juntos no oceano occidental entre Passages e Paredes: concorrendo esta circunstância para que o pais seja fértil em
grãos, frutas e legu-mes, bem como o é
em vinhos, criação de gados e caça. A
posição de Leiria é saudável e muito
amena. Contem no seu recinto a freguesia da Sé e a de S. Pedro que tem os
paroquianos extra-muros; dão-lhe actualmente dois mil e quinhentos habitantes pouco mais ou menos. Tem casa
de misericordia com hospital para os
enfermos pobres e com igreja para as
Detalhe da Carta nº 436 do IGP mostrando Leiria. Vê-se
suas funções. Num monte da altura e
igualmente a antiga estrada que entra mais a Sul em Leiria,
grandeza da eminencia do castelo, da passando junto às terras do Beneficiado José de Faria e a que é
outra parte do rio ente Sul e Nascente,
agora delineada que vem de Porto Moniz
62
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
Camponesa deslocando-se ao mercado de Leiria
qual deixou às freiras toda a sua fazenda; e o
papa Alexandre 6.° aprovou a fundação por
bula expedida em 1494. Havia também um
convento de eremitas de Santo Agostinho.”
“Entre a cidade e o rio há um ameno campo ou rocío, e á beira da agua se plantou um
passeio de arvoredo para recreio dos habitantes. No mesmo rocio está continuamente
manando a fonte chamada quente, provavelmente por saírem tépidas as suas águas: além
desta há outra denominada a fonte grande,
com duas bicas. A fonte do Freire fica junto ao
monte de Santo Estevão, e a que os antigos
escritores chamam os olhos de Pedro brota ao
pé do monte de S. Miguel, com a particularidade de serem duas nascentes, que saem
ambas da mesma penha, deitando uma água
quente e outra água fria, e em muita abundância. O rio tem três pontes; uma de cantaria, defronte da fonte grande, outra de madeira ao princípio do passeio, terceira, também de pau, no fim do mesmo. Além destas,
na vala do rocio há uma de cantaria, que chamam de S. Martinho, e outra, igualmente de
pedra, que travessa para a Sé.”
“Leiria dista de Coimbra doze léguas, e de
Lisboa, para o norte, vinte e duas: foi na antiga divisão do reino cabeça de comarca, e hoje
o é de um distrito administrativo e d’um círculo eleitoral.”
O Lis, “penetrando e abraçando a cidade
numa volta saudosa”, como lhe chamou o
poeta Rodrigues Lobo, “invade-a toda duma
onda de frescura bucólica”.
Fora da cidade logo se deparam campos,
árvores e águas com fartura. Do Lis e do seu
afluente, dizia o mesmo poeta pela boca de
alguém que se dirige ao “Pastor Peregrino”,
“… a mais fresca e abundante que em teus dias
podes ter habitado; a qual regam dois graciosos rios, que, junto à cabana onde eu vivo entram no mar de companhia; a um deles chamam o Lis e ao outro o Lena, que posto que
não sejam tão nomeados no Mundo por sua
corrente, como são graciosos e alegres por
seus arvoredos, mereciam todos os louvores
que os outros alcançaram por sua grandeza”.
No verão o rio deixa areia a descoberto e o
Rodrigues Lobo se lhe dirige numa das éclogas
de “A Primavera”:
63
Ricardo Charters d’Azevedo
Formoso rio Lis, que da corrente
Estais detendo as águas vagarosas
Por não passar de aqui vossa corrente…
necessidade e mesmo de luxo, pois ele obtinha em Portugal ouro e prata. Com efeito, ele
tinha uma magnífica coroa e um ceptro feitos
com ouro retirado das areias do Tejo”.
Heinrich Friedrich Link descreve, em 1805,
a sua chegada a Leiria, nos finais do século
XVIII, afirmando que as colinas perto de Leiria
são baixas, formadas por arenitos, estão carregadas de oliveiras. “No sopé das colinas, numa várzea entre o Lis e o Lena (dois pequenos
riachos) a duas léguas da Batalha fica Leiria e
os seus subúrbios. O número de fogos não ultrapassa os 1000, mas vêem-se algumas belas casas pois moram aqui alguns nobres e
pessoas abastadas. […]. A região em redor é
agradável, o vale é fértil e bem cultivado e as
colinas tem soberbos e antigos pinhais que
bem as embelezam”.
Já Lady Jacckson, depois de visitar Batalha
e Alcobaça, em finais do século XIX, escreve
sobre a sua breve passagem por Leiria da seguinte forma: “It is a pretty little town, surrounded by hills, and with the river Lys meandering through its fertile valleys. The ruins of
a Moorish castle stand prominently on a hill.
It has a cathedral and several churches, and a
charming alameda, the “rocio”, where the
fashionables of Leiria congregate, on the banks
Fr. António Brandão, na “Monarquia Lusitana”, afirma: “A cidade não é grande, mas
muito alegre e bem assentada e faz aprazível
vista a quem a contempla do castelo ou de
outra parte alta”, como por exemplo do santuário de Nossa Senhora da Encarnação.
Em 1745, Thomas Salmon escreve no seu
tratado: “Leira à posta al Ponente di Tomar,
venti leghe al Settentrione di Lisbona, tra i due
piccoli Fiumi Lis e Lena, in un fruttifero terreno.
È difesa da una Fortezza. La sola Che si vegga
di là da Lisbona, le cui rendite si computa Che
arrivino a diciotto mila ducati annui.”
Já Murphy afirma que esta cidade, uma das
mais antigas de Portugal, está situada nas margens do Lis, no meio de campos férteis entremeado de colinas e vales. O solo é tão produtivo que com pouco trabalho se recolhe abundantemente trigo, azeitonas e vinho. Esta fecundidade talvez seja culpada pelo pouco progresso que têm a agricultura e outras artes, na
zona de Leiria. Daí, escreve ainda Murphy,
aquele ar de ociosidade e de aborrecimento
que se encontra nas ruas desta cidade.
Ainda Murphy, quando se refere ao rei D.
Dinis, escreve que “Portugal, que hoje só
produz trigo para três meses, era, no tempo
de D. Dinis, um dos maiores celeiros da Europa.
Estaremos enganados”, continua Murphy, “se
pensamos que o estado actual a que chegaram as colheitas provem de uma alteração da
qualidade do solo; […] Esta falta de trigo deve
ser atribuída unicamente a uma grande revolução que atingiu a mentalidade do povo.
Os portugueses modernos, ao contrário dos
nossos sábios antepassados, não vêem a prosperidade do seu país senão na profundeza das
minas do Brasil; e se esquecem que a sua verdadeira riqueza está somente nas seis polegadas da terra dos seus campos. D. Dinis estava
tão convencido desta verdade, que a partir dos
conhecimentos que adquiriu sobre a fertilidade
das suas terras, nunca recorreu aos seus vizinhos para se aprovisionar bens de primeira
Heinrich Friedrich Link
64
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
de azeite, servido por estas três mulheres representantes de passado, presente e futuro.
Dizemos, a propósito destas três Marias, que
este nome, é muito comum agora em Portugal,
é susceptível de ser multiplicado ad infinitum
já que nenhuma razão impede a criação de uma
Maria da Esperança, Maria da Carta, das garantias constitucionais, como já existem Maria
das Dores, Maria do Ó (o Ó é a interjeição de
exclamação oh !), e mil outros.”
“Leiria está situado da forma mais agradável e aberta. Do meu albergue, eu tinha uma
visão completa do castelo, e da cidade que se
desdobra, por debaixo, como uma fita, e de
uma grande praça irregular, que a separa do
albergue.”
“A cidade com seus 3.000 habitantes não
é mal construída, mas parece-se com a maioria das cidades em Portugal, ter sido construída para muito mais população. O castelo é
uma massa imponente de pedras. Um das vistas mais bonitas que contemplei, é que aquela que se descobre num convento situado em
face do castelo; que abrange uma ampla gama
de ricas e bem cultivadas terras.”
“O jardim do bispo, tem também uma magnífica vista sobre o mar (!) A catedral e o palácio do bispo não são interessantes. Certamente
seria melhor para transferir para o Tomar a sede
episcopal; esta questão já foi discutida durante
a última viagem da rainha. A renda do bispo é
de 6.000 cruzados (15.000 francos). Diz-se dele
que é um clérigo honrado e esclarecido. O governador civil, D. José da Câmara é irmão do
Conde da Taipa e do Marquês da Fronteira;
parece um homem sensato e educado”.
Em 1907, Martin Hume (pag 160) escrevia:
“Here, again, the two abrupt eminences that
loom over the town are crowned respectively
by the enormous mediaeval stronghold and
the religious house that for ever seems to keep
it company – the sword and the cross, twin
instruments of soldier and priest, to keep the
people in subjection, both alike happily now
superseded, in Portugal at least, by more enlightened means”.
Cornide Y Saavedra, nas suas deslocações
em Portugal, vai a Leiria a 4 de Dezembro de
of the bright little river. […] It is a much busier
place than the most of the small Portuguese
towns […] In the fifteenth century Leiria was a
city of some renown, and had its printing press,
the first in the kingdom and the third in Europe. Many valuable works were printed here.
Leiria was also the birthplace of a distinguished
Portuguese poet, Francisco Lobo. Bright little
Leiria, farewell”.
Em 1868 (Abreu, 1858) “vae-se para Leiria
da estação [de caminhos de ferro] de Pombal,
para onde as diligências que conduzem passageiros a 1.000 réis, com 15 quilogramas de
bagagem”.
Tem interesse ler a primeira impressão sobre Leiria do Capitão William Stothert incluida na sua carta n.º V, datada de 26 de Abril de
1809: “ This city, seated in a fertile valley, watered by a smal river Leyes (sic), is the see of a
bishop. Its first appearance is particular impressive. On a high isolated rock stands the
ruin of an old castle, proudly overlooking the
city, and forming a remarkable contrast with
the bishop’s palace, a handsome modern building immediately below. Nearly adjoining is
the cathedral, which has nothing striking in its
exterior appearance, but is richly decorated
within. In the palace are few pictures, but none
of any merit. The principal suite of apartments
opened to a terrace, commanding rich and
beautiful views of this picturesque country”.
O conde Atanasio Raczynski descreve a sua
passagem por Leiria da seguinte forma: “O caminho para Leiria da Batalha […] de manhã cedo
foi realizada em um par de horas, pois as 3 léguas são bastante curtas. Cheguei às nove horas ao albergue, que eu achei suficientemente
equipado com todas as coisas necessárias; havia
três Marias para nos servir: a mais velha, Maria Antonieta, gorda, solteira, serviçal e bem-humorada; a segunda, Maria da Encarnação,
fresca e bonita, as mãos na cintura, pronta para
rir e manter pessoas à distância; a terceira,
Maria de Nazaré, ainda menina tímida, pensativa, bastante bonita, e de carácter naturalmente alegre. Não tenho dúvidas de que o estalajadeiro, cidadão tranquilo e bem alimentado, vive muito confortavelmente de presunto e
65
Ricardo Charters d’Azevedo
1800, vindo de Pombal. Os seus manuscritos
dizem-nos que chega a Leiria por volta das
cinco da tarde “com algunos chapparrones de
agua”. “O país é montanhoso e com altos e
baixos, e com muitas oliveiras de um lado e
do outro lado do caminho. A população é
escassa e só vêm dois pequenos lugares depois
de se caminhar durante uma légua por uma
área plana, desce-se para Leiria que está
situada entre os rios Lis e Lena e tem um monte
escarpado com um castelo antigo que esteve
habitado há algum tempo, mas que se
encontra arruinado”.
No seu manuscrito menciona a existência
de um cemitério, por detrás da Sé, e dela separado, elogiando o bispo que o mandou construir por razões óbvias de higiene. Interessante
é que ele relata que a cantaria sobre o portal
de entrada do cemitério mostrava uma ampulheta, representando o tempo, ladeada
por duas caveiras com a seguinte inscrição:
Esta inscrição “Praebe qui transis tumulorum vocibus aures Mors non conjunget; tu
quoque pulvis eris.”, consta igualmente no livro de Vitorino da Silva Araújo, (Araújo, 1885)
e a tradução aí apresentada é: “Viajante escuta as vozes que saem dos túmulos; A morte
nos juntará e tu também serás pó.”
Cornide Y Saavedra refere ainda que, no
meio de cemitério, estaria uma cruz de pedra
e por detrás dela uma “cobertura em forma
de cópula” que cobria um local que o “bispo
reservou para receber as suas ossadas”.
Sobre a igreja de S. Pedro escreve que se
trata de “une iglesita antígua unida a la casa
episcopal; su puerta está adornada de columnitas bárbaras y en el dintel tiene un bajo relieve en que se representa el Padre eterno sentado y echando su bendiction, metido en un
óvalo, y en los quatro animales de les Evangelistas com los nombres debajo de cada uno;
alredor del Eterno hay un letrero que disse”:
Leiria, vendo-se o cemitério por detrás da Sé, segundo um desenho, “do natural” de Alfredo Keil (1850 – 1907),
publicado em “O Ocidente”, de 1 de Abril de 1880
66
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
Menciona seguidamente que abaixo do
palácio do bispo está a catedral, descrevendo-a igualmente, mas sucintamente.
Na sacristia da catedral, por cima do móvel
de boa madeira do Brasil com gavetas para os
paramentos, viu pinturas com diversos aspectos da vida de Cristo, e Cornide y Saavedra
afirma que, não só estas como aquelas que se
encontram na Sé, lhe parecem ser de Bento
Coelho [da Silveira] (1620 ? – 1708).
Continuando na descrição de Leiria de 1800,
Cornide y Saavedra menciona que “o señor bispo acaba de fabricar un cómodo hospital de
sencilla y regular arquitectura” e que Leiria tem
ainda os conventos de São Francisco e de Santo Agostinho com uma “buena iglesia y claustro”, um de “monjas e otro de recogidas” que,
assim como outro dos Alcantarinos, estão fora
da cidade. Esta esteve parcialmente muralhada
mas hoje quase todas as casas estão fora do
antigo recinto com as suas ruas estreitas e tortuosas [sic], mas tem algumas boas casas, um
bom campo de feira, ou rocio, entre o rio Lis e
a cidade e nela uma “copiosa” fonte e uma
entrada para uma praça.
Indica que em Leiria existia uma fábrica de
linho adamascado, como a de Guimarães, que
Cornide y Saavedra
numa litografia de J. Danon Madrid
se bem tenha chegado a ter uns catorze a
quinze teares, está hoje reduzida a dois para
toalhas e oito para pano de linho e tal por
causa da escassez de produção de matéria-prima devido à guerra.
Gravura de João Cristino (1829 – 1877) mostrando o castelo e o rio Lis
67
Ricardo Charters d’Azevedo
A oriente e a ocidente, continua Cornide y
Saavedra, os vales por onde correm os dois
rios estão bem cultivados e plantados de vinhas e com pomares, e as colinas que os rodeiam estão revestidas de oliveiras, “variedad
que hace su campo agradable a la vista y abundante de mantenimientos”.
Cornide y Savedra, em vez de continuar directamente em direcção à Batalha, como seria natural, desloca-se, no dia seguinte, para
a Marinha Grande onde irá descrever a unidade de produção de vidro aí existente, confirmando assim, que além de descrever percursos e caminhos, lhe interessava mais relatar aspectos económicos de Portugal e menos
monumentos ou antiguidades. Lembremos
que ele vinha, por assim dizer, mandatado pela
“Real Academia de la História” (Abastal e Cebrián, 2009) para fazer o levantamento artístico, cultural e arquitectónico de Portugal.
Continuando a seguir o seu manuscrito vemos
que ele deixou a Estrada Real à esquerda e foi
passar o rio Lena a um quarto de légua mais
abaixo na sua confluência com o Lis. Passou
com cuidado uma ponte de madeira, pois as
águas tinham aumentado muito com o que
choveu de noite de 4 e na manhã de 5 de
Dezembro de 1800.
Já Linz confirma que para ir para a Marinha
Grande, é preferível partir dos Carvalhos em
direcção à Calvaria, e não ir de Leiria, pois o rio
Lena engrossa no inverno e o caminho torna-se difícil. E confirma que o caminho da Calvaria à Marinha é agradável, atravessando-se
florestas de pinheiros e em seguida campos.
Confirma-se assim o que o José Diogo Mascarenhas Neto afirma no seu despacho de 4
de Junho de 1792 acima transcrito, quando
ele escreve que muitas vezes Leiria ficava isolada devido ao aumento do caudal do rio Lena
no Inverno.
Da ponte, Cornide y Savedra subiu para a
Barosa e, atalhando pelas charnecas, pinhais
e passando perto de alguns casarios, chegou
à fábrica cuja existência, segundo ele, fez aumentar a população na localidade.
Planta do rio Lena e suas margens no sítio de Porto Moniz mostando o local definido pelo Sargento-mor Heinrich
Niemeyer, em 1794, para construir a ponte e o novo leito do rio (CA 442 do IGP)
68
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
Diz-nos que a fábrica foi criada em
1760 por um inglês chamado Y. Stiphens
[sic] aproveitando-se da licença concedida para usar a madeira “morta” resultante dos cortes dum pinhal que cresce
perto e que tem quatro léguas de comprido e uma de largura, mandado plantar
pelo rei D. Dinis com o objectivo das suas
madeiras servirem para os navios portugueses, mas que o seu interesse se reduziu a partir do momento que começaram
a chegar madeiras do Brasil. No entanto,
ainda fornece madeiras e betumes, refere
no final. O inglês conseguiu ainda outro
privilégio, escreve Cornide y Saavedra,
para que se não introduzissem no reino
vidros de fábricas estrangeiras, tendo assim, com estes privilégios, e com a boa
qualidade dos seus produtos, “un caudal
que me aseguraron ascendia a un millón
de cruzados”. O mesmo escreve Linz, relatando que o comércio de vidro da
Boémia, florescente antes da construção
da fábrica na Marinha Grande, caiu brutalmente, levando a que os comerciantes deste ramo de negócio tivessem ou
de fazer contrabando ou passar a outros
negócios.
Enfim, conclui: uma fábrica que pode competir com as melhores da Espanha, produzindo-se nela todo o tipo de copos e vidros planos, mas não espelhos, pois tendo Stephens
produzido um para sua casa, não se lançou
na sua produção. Os materiais que usa são:
uma areia de perto de Leiria, a que junta outra trazida de Inglaterra e a soda de Alicante,
pois, segundo Linz, a que vinha de Setúbal,
preparada com plantas marítimas, vem com
bocados de carvão misturados. Por fim, Cornide y Saavedra volta à Estrada Real, em direcção à Batalha, passando por Maceira, utilizando uma estrada com bom piso durante 2
léguas, não tão larga como o da Estrada Real,
mas mesmo assim permitindo o cruzamento
de duas carruagens.
Gravura mostrando uma mulher de Leiria
vendendo pinhões em Lisboa
com a da Batalha, uma povoação que dá o
nome a esta várzea. Distando cerca de cinco
quilómetros de Leiria, dizem, quer Pinho Leal,
quer Alberto Pimentel, que não sabem porquê
mas os paroquianos da Azoia embirram com
o nome de Carlota! Ainda nesta freguesia, a
poente, vemos ainda no mapa, a Quinta de
Santo António de Alcogulhe23 e o monte chamado de Facho.
Várzea da Batalha – Nesta várzea, rica para
a agricultura, corre o rio Lena e diversas propriedades se podem ver no mapa. A primeira
que referimos é a chamada Quinta do Ceia que
era, à data da elaboração do mapa, propriedade de João de Ceia de Figueiredo, pois na
23
Quinta que era no início do século XIX de um trisavô
materno do autor, o Manuel Monteiro (Charters d’Azevedo
et all, 2007, pág. 299)
Várzea da Azoia – Predomina nesta várzea
atravessada pelo rio Lena, e que se confunde
69
Ricardo Charters d’Azevedo
de Mascarenhas Neto, Ana de Mascarenhas de
Athayde, quando se casa com Luís da Silva
Mousinho de Albuquerque, seu primo direito,
em 14.10.1816, na freguesia dos Casais de S.
Brás da Romeira, termo de Santarém, como já
vimos.
habilitação para o Santo Ofício clarifica-se que
“a quinta ou morgado da Ribeira da Azoia fica
no meio da dita Ribeira” e que “os lugares mais
vezinhos a esta quinta sam de hua parte a
freguesia e lugar da Azoia, e de outra os lugares
da Grupilheira e da Cividade, freguesia da Batalha” (Charters d’Azevedo, 2010). Hoje esta Quinta é conhecida pela Quinta da Cortiça, e o Barão
de Porto de Mós foi o último administrador do
seu vínculo, tendo lá vivido.
A Quinta da Canoeira, igualmente no mapa,
era de Manuel de Sousa Almada, já falecido
quando da elaboração do mapa, filho de Maria
de Sousa Evangelho e neto dos Sousas Currutelos de Leiria (Queiroz, 2010, pag 326).
A Quinta de S. João, que já no século XVII tinha uma capela dedicada a S. João Baptista, cuja
fábrica, segundo o autor de “O Couseiro”, era
assegurada pelos moinhos ali existentes, detidos por Maria de Sousa, do Arrabalde da Ponte,
e pelos herdeiros de João Rodrigues, da Canoeira (Gomes, 2005, pág. 326), mas a quinta era
dos Sousa Evangelhos (Queiroz, 2010 pag 326),
e a capela estava separada das casas da quinta,
segundo notícia de 1758, quando era seu proprietário André Cardoso Moniz (Evangelho)
(Gomes, 2005, pag 50 e 69).
Já as casas e propriedades do Capitão-mor
da Canoeira, mostradas no mapa,
eram, à data da sua elaboração, em
1793, de José Vicente Trigueiros de
Abranches Castelo Branco, CapitãoMor das Ordenanças de Leiria (Rodrigues, s.d.) desde 8 de Julho de
1773 (Borrego, 2006).
A quinta de D. Inês, igualmente
referida no mapa, deverá ser a de
Inês Saldanha24, mulher de André
Cardoso Moniz Evangelho, que
dele deve ter enviuvado quando
ainda tinha filhos menores.
Um dos ramos dos Mousinho d’Albuquerque deveria ter a quinta da
Várzea arrendada, pois foi para lá
viver uma das filhas de José Diogo
24
Agradecemos esta pista ao Eng. Carlos
Fernandes.
Batalha – Trata-se, para a época, de uma
pequena vila na margem esquerda do rio
Lena, afluente do Lis, e que foi elevada àquela categoria em 1498. É sede de um concelho,
numa baixa rodeada de colinas cobertas por
oliveiras e pinheiros.
Tem um mosteiro chamado de Santa Maria da Vitória, ou da Batalha, e que é um dos
mais notáveis monumentos religiosos de toda
a Europa. Em rigor não foi edificado no local
do combate real entre as tropas comandadas
por D. João I de Portugal e D. João I de Castela.
As exigências determinadas pelas condições da
vida num mosteiro o impuseram. Foi construído a poucos quilómetros de distância, no fundo do pequeno vale do Lena, na quinta do Pinhal, que D. João I comprou a Egas Coelho e a
sua mãe Maria Fernandes Meira, e perto da
aldeia da Canoeira. Foi construído utilizando
pedra da região, um calcário brando da serra
de Porto de Mós, que o tempo endurece e tor-
Detalhe da carta n.º 436 do IGP mostrando a Vila da Batalha. Trata-se
da primeira representação topográfica conhecida da Batalha.
70
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
Cartela na carta n.º 436 do IGP mostrando o convento da Batalha
na sonoro e a patina doira, ou ruboriza, em tons
vivos de coral, como afirmou Reinaldo dos Santos. Os ricos despojos deixados pelos derrotados ajudaram muito ao arranque das obras.
Muitos dos estrangeiros que fizeram viagens a Portugal, e as relataram, não dispensaram uma visita à Batalha.
Kinsey, escreve que “the grand, and indeed
the only attractive to draw a stranger to the
village of Batalha, is the beautiful Dominican
abbey and church, founded there by the bastard John at close of the fourteenth century,
in commemoration of the signal victory obtained by his troops over the numerous forces
of Castile on the field of Aljubarrota”.
Para Murphy, que se demorou na Batalha
treze semanas, “è um dos mais belos exemplares de arquitectura gótica que existem na
Europa. Embora a distância fosse três vezes
maior, de bom grado empreenderia a viagem,
para contemplar esta inimitável maravilha […]
O efeito geral, que é grandioso e sublime, não
deriva de quaisquer embelezamentos espúrios, mas do mérito intrínseco do traçado”.
“The sight of this edifice” – escreve Murphy –, “would have amply repaid a longer journey, even though less pleasant, than that I had
jest experienced; and what enhanced the
pleasure of the prospect, was the unexpected
view of it at an hour when the sun was setting, and every turret was gilded with the radiance of his descending beams. The busy assemblage of spires, pinnacles, buttresses and
windows; their deep projecting shadows, the
Siberian solitude of the place, and the venerable appearance of the friars, rendered this one
of the most remarkable scenes I ever beheld”.
Lichnowsky escreve que “é o primeiro de
todos os templos da península hispânica […],
uma das mais perfeitas edificações de todos
os tempos e de todos os países”
Para Martin Hume, escritor inglês25 “é um
dos mais belos edifícios góticos do Mundo […].
25
Em “O Panorama” de 7 de Dezembro de 1839, Martin
Hume, escritor inglês, tinha publicado algumas opiniões
heterodoxas, pelo que os literatos o reputavam “deísta”, e
os ignorantes ateu. Sucedeu que ao passar por uma ponte
provisória sobre um sítio pantanoso, que divide a cidade
nova da cidade velha, em Edimburgo, o “tabuão” deu de si,
com o peso do corpo, e Hume caiu no lodo. Não podendo
tirar-se do atoleiro, gritou com toda a força para que lhe
valessem, e uma mulher, que o ouviu, acudiu para ajudá-lo,
mas tanto que reconheceu Hume, desvaneceu-se-lhe a
compaixão. É de saber que a Escócia é o país mais
“religionário” do mundo, e por isso os escoceses são, por
71
Ricardo Charters d’Azevedo
Vi a grandeza majestosa de Amiens, a pompa
soberba de Colónia, a vasta magnificência de
Burgos, a elegância fina de Milão e Ely,
Norwich e Lincoln. Cada uma é, no seu género,
suprema e incomparável; mas a Batalha tem
um encanto especial que nunca encontrei em
nenhuma outra igreja gótica”.
G. de Beauregard e Louis de Fouchier afirmam que “é uma obra-prima de riqueza e de
gosto […] Saboreiam-se na Batalha as finuras
de Milão, sem o seu maneirismo; admira-se a
majestade de Sevilha, sem o seu aspecto pesado; encontram-se as audácias de York, sem
a sua secura […] A cor é uma delícia. Toda esta
pedra açoutada pelo vento e aquecida ao sol
tem pouco a pouco amarelecido com uma variedade de tons que lembra todos os oiros, todos os bronzes, todos os cobres, com brancuras nos relevos que parecem prata desdourada […] A Batalha é uma das criações máximas do génio português
[…] Nunca se foi mais longe na expressão perfeita de um pensamento perfeitamente harmonioso”.
No entanto, Heinrich Friedrich
Link não é tão positivo, pois após
escrever que a igreja e o mosteiro
se encontram escondidos no meio
de colinas, e que tem uma torre extraordinariamente bem construída
e aberta de todos os lados, que
antonomásia, denominados puritanos.
Debalde suplicou Hume à mulher que o
socorresse, esta se recusou dizendo – “Não
permita Deus que eu salve um ateu.” – “V. me
está enganada [exclamou o mísero atolado], eu
não sou ateu.” — “Pois bem [replicou a mulher],
se o não é, dê-me uma prova disso rezando o
credo, e, se o não poder rezar, aí o deixarei
morrer como um perro infiel.” Não descobrindo
o pobre outra pessoa, em tão dura alternativa,
pôs-se a rezar o credo em alta voz, e com a
maior atenção para não errar palavra, e, quando
chegou ao Amen, a boa mulher o ajudou a sair
do lodaçal, e ambos se foram mui contentes
cada um por seu caminho: a mulher saltando
de alegria por ter obrigado a rezar o credo a
um infiel, segundo ela pensava, e o filósofo
incrédulo convencido da necessidade de
aprender de cor, ao menos, o credo da religião
dominante no país.
impressiona e agrada pelas suas proporções
nobres, afirma que ninguém nega que, no
todo, reina um mais nobre e maior bom gosto do que se podia esperar para a altura, mas
que a quantidade de ornamentos altera, apesar de tudo, esta impressão. Link, zoólogo,
botânico e químico, aproveita para criticar o
arquitecto Murphy, discordando da opinião
deste quando diz que os ornamentos não estão atulhados uns em cima dos outros, quando ele, Link os vê, em colunas e arcos cobertos de talhas. Reconhece ainda que, numa
observação mais atenta e rigorosa, se pode
achar as colunas e os arcos trabalhados com
gosto, mas estão no entanto sempre no local
errado…
Luís da Silva Mousinho de Albuquerque escreve igualmente uma pequena monografia
sobre a Batalha, cuja publicação foi realizada
Projecto de conclusão do Arq. J. Murphy para as capelas imperfeitas
72
fez
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
já depois da sua morte em 1854, pelo Centro
Promotor da Instrução Primária, em Leiria. Nele
afirma que o “Mosteiro da Batalha, não pode
deixar de considerar-se como um dos modelos
mais elegantes e mais completos, como um dos
exemplares mais decidamente caracterizados
do género de arquitectura denominada gótica,
levado ao máximo de perfeição. Neste Monumento empregou o arquitecto todos os meios
mais perfeitos, ricos e nobres, de desempenhar
as condições de construção que eram conhecidos para a época”.
Dos muitos que escreveram sobre o convento, devemos referir dois que lá viveram uns
anos e escreveram sobre o monumento: escreve, sobre eles, Inácio de Vilhena Barbosa
no seu livro “Monumentos de Portugal, históricos, artísticos e archeologicos”, que se inicia
precisamente com a Batalha, colocando claramente este monumento acima de todos os
outros do país. Um, é “frei Luís de Sousa, o
elegante cronista da ordem de S. Domingos,
que ali foi por algum tempo conventual” e o
outro “D. frei Francisco de S. Luís, o ilustrado
monge beneditino que, abraçando a revolução
de 24 de Agosto de 1820, saiu do claustro para
ir á cidade do Porto tomar parte conspícua no
governo provisório do reino, que depois da
queda da constituição foi desterrado primeiramente para o convento da Batalha26, e mais
tarde para a serra d’Ossa e que tendo cingido
a mitra episcopal de Coimbra e presidido ao
ministério do reino foi elevado ao sólio patriarcal de Lisboa, em cuja dignidade o colheu a
morte no ano de 1845".
Contudo, D. Frei Francisco de S. Luís, o Cardeal Saraiva que sucedeu ao leiriense Doutor
D. Frei Patrício da Silva27 como Patriarca de
Lisboa, na sua “Memória histórica”, publicada
em 1857, nota a superficialidade e inexactidão
em Frei Luís de Sousa e em Murphy, sobre a
Batalha.
Mas mesmo assim o príncipe Lichnowsky,
segundo ele confessa, inutilizou todos os
apontamentos que havia tomado, pois convenceu-se de que nunca deveria intentar uma
descrição desenvolvida da Batalha, após aquela que fez J. Murphy.
Porto de Mós – numa encosta ocidental
da serra de Minde, distrito e bispado de Leiria,
em posição aprazível, está assente a vila de
Porto de Mós. A serra prolonga-se de Norte a
Sul e da banda meridional nasce um rio pequeno, que segue para norte, pela parte ocidental da vila.
A primitiva
fundação da
vila, que dista
três léguas de
Leiria, e uma
da Batalha para
o Sul, originou-se de uma fortaleza que foi
dos mouros,
co n q u i s tada
por D. Afonso
Henriques, pelos anos de
1148. DestruíSenhora dos Murtinhos, São
do em guerras
Julião,
Santo António, São José,
posteriores foi
São Bento, São Pedro, São João
reedificada em
e São Sebastião são os oito
1200 por D. santos que compunham o antigo
cruzeiro no Largo do Rossio,
Sancho I. Esta
em Porto de Mós
fortaleza, cha(recentemente reedificado).
ma a atenção
de estrangeiros que visitam a Batalha, e que
para a verem torcem caminho. Foi seu primeiro governador D. Fuas Roupinho, célebre na
tradição pelo descobrimento da imagem de
Nossa Senhora da Nazaré, que nos finais do
século XVIII, era venerada com dispendiosas
romarias e festas (O Panorama, de 1839).
Na igreja de Nossa Senhora dos Murtinhos,
que foi comenda da Ordem de Cristo, veneram-se em sacrário particular, várias relíquias
de santos, as quais foram trazidas para Portugal de um convento de Mérida, por volta de
26
Foi durante esse período que fez diversas anotações a “O
Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria” (ver: “Quem
escreveu ‘O Couseiro’?”, de Ricardo Charters d’Azevedo.
Leiria: Textiverso, 2010.
27
“D. Frei Patrício da Silva, O. S. A., um Cardeal leiriense,
Patriarca de Lisboa (1756 -1840)”, de Ricardo Charters
d’Azevedo. Leiria: Textiverso, 2009.
73
Ricardo Charters d’Azevedo
Segundo um trabalho publicado no Jornal
de Coimbra, pelo Dr. Luís Soares Barbosa28 (1742
– 1823), apresenta-se a seguinte explicação
para o fenómeno das águas: “é provável que
ali exista um rio, ou corrente subterrânea que
no tempo das grandes chuvas não póde conter
toda a água; sendo então obrigada a romper, e
a desaguar pela boca da concavidade. He também muito provável que aqueductos subterrâneos conduzem a água d’ésta corrente na direcção da Charneca de S. Mamede até à raiz da
montanha da Srª do Monte, aonde rebenta em
olhos de água, os quais formão a perene, e principal origem do rio Lis.”
De notar que, em 1865, cerca de 70 anos
depois deste levantamento dos terrenos que
permitiram delinear o caminho da serra de
Monte Real a Leiria, José António Peres de
Abreu, no seu “Roteiro do Viajante no Continente”, refere que Porto de Mós, apesar de se
situar a 5 quilómetros da Batalha, “não tem
comunicação viável” com ela.
Cornide y Saavedra, de quem já apresentamos alguns extractos do seu manuscrito, antiquário espanhol, nascido na Corunha em
1734 e que fazia uma digressão pela Estremadura portuguesa em finais de 1800, pois
tinha sido encarregado por Godoy, mas alegadamente pela Academia Espanhola de
História, de estudar as antiguidades do nosso
país, escreve que a 6 de Dezembro de 1800
“fui a parar al lugar de San Jorge […] Diósele
el nombre de San Jorge por una capilla dedicada a este santo mártir, a quien los portugueses invocam en sus batallas, en el sitio en
que el condestable NuñoÁlvarez Pereyra tenía
su hueste y banderas antes de entrar en la de
Aljubarrota, de la cual fue teatro una gran llanura que desde dicha capilla se extiende por
espacio de legua y media hasta el lugar que la
dio el nombre […]. Yo fui continuando mi viaje
por la dicha llanura, hoy plantada de olivos,
hasta el lugar de [Cumieira], distante media
légua de Aljubarrota y al salir de él he visto
contra un muro una columna miliária que ya
714, por um eremita chamado Romano, que
veio, segundo dizem, à Pederneira, tendo
acompanhado na fuga o último rei godo, o
infeliz D. Rodrigo, quando os árabes, desbaratando-o em batalha campal, consumaram a
invasão da Espanha. Merece menção a ermida de S. Jorge da Charneca que foi erecta pelo
famoso condestável, D. Nuno Álvares Pereira.
O Convento dos Agostinhos descalços extramuros, foi fundado por um dos sucessores de
Gregório Malho de Vivar, ou Bívar, que tinha
instituído um morgado, com obrigação de conservarem os seus descendentes o apelido de
Bivar em memória do afamado Cid Campeador, Ruy Dias de Bívar, de quem descendia
(Costa, 1712).
O terreno é fértil e abundante em caça. Os
mármores de Porto de Mós, como os de Estremoz, alcançaram reputação e já deles fizeram referência o viajante Link que escreve que
viu em Alcobaça alguns vasos de soberbo
mármore preto de Poro de Mós, com ornatos
feitos com ouro do Brasil.
Segundo o artigo saído em “O Panorama”
de 1839, na freguesia de N. Srª da Assunção
de Minde, onde se fabricam muitos panos de
lã grosseiros, á feição de “meirinho”, muitos
dos seus habitantes saem, na estação própria,
a ganharem a sua vida “crestando colmeias” e
negociando com o produtos delas; são tidos
em conta de muito espertos, e conhecidos
pelo nome de “mindricos”.
“No lugar de Mira, chamado por muitos
lagoa de Minde, é cheio de vinhas e arvoredo; nesta mesma situação e monte fronteiro ao sul, vizinho daquele lugar, na invernosa estação, larga garganta de uma grande
concavidade com declive para o centro vomita abundância de águas, por tempo incerto,
até cobrir vinhas e árvores, e formar um lago
que cria eirozes grandes, e no gosto delicadas. Só é conhecido um escoante destas
águas, que no princípio dos calores se evaporam e desaparecem. Cultivam-se logo as
vinhas, e em pouco tempo criam-se as uvas
tão perfeitas como as das terras contíguas,
sendo o vinho ainda de superior qualidade.”
(“O Panorama”, 1830)
28
5.º avô do autor e sogro do Tenente-coronel William
Charters, que deu origem à família Charters em Leiria (ver
Charters d’Azevedo et all, 2007)
74
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
Aljubarrota – está situada na aba da serra
de Porto de Mós para ocidente, e a uma légua
de Alcobaça. Não foi no sítio da povoação que
se deu a batalha, aliás travada num lugar que
era então charneca. A capela de S. Jorge da
Charneca como se diz, que se encontra ao lado
esquerdo da estrada que vai para Alcobaça, a
3 quilómetros da Igreja da Batalha, representa
o local onde Nuno Alvares arvorou a sua
bandeira. “Nada mais belo do que o panorama
da encosta que sobe de Alcobaça para
Aljubarrota, naqueles finais do século XVIII,
quando foi elaborado o mapa. Avista-se o lindo
cone encimado pelo eremitério de S. Bartolomeu, o promontório da Nazaré com o seu
grupo de casas alvejantes, e na extrema do
ocidente o oceano; para norte a mancha verde
negra dos pinhais das Pataias; a sudoeste a
Vestiaria, no alto de um monte, cujas vertentes
estão cobertas de pomares e florestas; a ao
sul Évora, casais e lugarejos – gracioso
panorama, enfim” (Pimentel, 1908).
William Beckford, desenho da autoria de Lucius
Cahagan, mostrando como deveria viajar
había visto en outra ocasión que passe por aqui
y que me hace creer que por esta llanura passava la via militar romana que iba de Lisboa a
Braga por Coimbra y Cale (Saa, 1960, pag. 78
a 99). El actual camino nuevo passa um pouco
más a la izquierda a la venta de los [Carvalhos]
y lo corta un pouco más adelante de San Jorge.
Desde Aljubarrota, pueblo de poca consideración, a Alcobaza hay cosa de três quartos de
légua de uma calzada y de unos barrizales péssimos que com las aguas estava impracticable; no obstante
lhegué a la una a este gran
monasterio[…].”
As vendas eram uma espécie
de estalagens, ou refúgios isolados,
normalmente distanciados entre elas
de um dia de caminho e instaladas por ordem
das autoridades para os viajantes. As autoridades verificavam mensalmente os preços
praticados e as tabelas de preços eram afixados em local visível: normalmente numa
parede, com pouca iluminação, e a uma altura
que tornava difícil a sua consulta. Muitas vezes
o viajante chegava tarde e só tinha para comer
uns ovos cozidos ou, se tivesse sorte, gema
de ovo com açúcar e vinho quente.
Alcobaça – Citamos o viajante inglês William Beckford que esteve hospedado no
Mosteiro em 1794, que com um humor cruel,
como afirma Raul Proença no Guia de Portugal, descreveu os aposentos que o acolheram: “os tectos eram dourados e pintados e o
pavimento coberto com tapetes da Pérsia. As
mesas, com rodapés de veludo lavrado, esta-
Detalhe da carta n.º 436 do IGP mostrando Aljubarrota.
Trata-se da primeira representação topográfica
conhecida de Aljubarrota
75
Ricardo Charters d’Azevedo
cuales uns buena parte ocupan una fila
de casas en frente al convento; el resto
vive en outras pequeñas cales, todas
dominadas de un castillo antigo pêro
de poça importancia, que cae al sudoeste. El vale de Alcobaza, aunque
estrecho y pouco lhano, está bien cultivado y produce buenas frutas y vinos; extiéndese por la margen de los rios hasta la mar,
en la qual entran formando el puentecito de
la Pederneyra, imediato al frequentado santuário de Nuestra Señora de la Nazareth, a
donde suponen los portugueses que vino a
hacer penitencia el rey Don Rodrigo después
de la batalla del Guadalete. Yo Sali de dicho
vale dirigiéndome a Evora de Alcobaza, que
dista de la vila como media légua, parte de
calzada y parte de un camino de barrizales muy
inómodo en tiempo de aguas.”
Vilhena de Barbosa chama-nos a atenção
para os inumeráveis privilégios do mosteiro e
as honras e preeminências dos seus abades.
Tinham estes a jurisdição civil e criminal, chamada “mero e mixo imperio”, em catorze e
depois em treze vilas com os seus termos. Tão
completo era o senhorio deste extenso ter-
Detalhe da carta n.º 436 do IGP mostrando Turquel.
Trata-se da primeira representação topográfica
conhecida de Turquel.
vam guarnecidas de soberbos gomis, bacias e
jarros de prata lavrada. Havia em tudo um
misto de original, de simplicidade e de magnificência”.
Sobre a culinária escreve ainda Beckford:
“o banquete consistia não só das iguarias mais
usuais e excelentes, mas de raridades e coisas
delicadas das passadas estações e dos mais
distantes países, preciosas iguarias do Brasil e
outras ainda mais estranhas obtidas da Ásia
[…] os frutos e doces estavam expostos numa
sala anexa […]”. Lembremo-nos que, nos Coutos de Alcobaça, não se bradava “aqui d’el-rei”,
mas sim por “aqui do abade” !
Salmom refere-se, em 1745, a “…Alcobaca, posta tra i due Fiumi Alcoa e Baca, donde preze il nome: La Città è moderatamente
larga, ma è molto considerabile per il rico
Monistero dei Bernardine. Há un Abate mitrado, ch’è Signore spirituale e temporale di
quel luogo; il qual posto di ordinário è occupato da un personaggio di primo rango. Nella Chiesa si veggono sepolture di alcuni Re di
Portugallo”.
Seguimos, novamente, o texto de Cornide
y Saavedra, bom conhecedor de Portugal, pois
o visita entre 1754 a 1801, com a vantagem,
em relação a outros estrangeiros, de compreender e de se fazer compreender, pois é
galego: “La villa de Alcobaza está al poniente
del monasterio y constará de […] vecinos los
William Beckford ainda jovem
76
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
ritório, e tal a isenção do poder real, que
apenas reconheciam a sua dependência da
coroa por uma simples cerimónia. Consistia a prática em darem os abades aos soberanos, quando estes visitavam o convento de Alcobaça, um par de botas ou sapatos, à escolha do rei.
Durou esta prática até ao reinado de “D.
Afonso III em que este monarca, querendo
fazer mercê ao convento, a aboliu por carta
de 3 de Novembro desse ano, que corresponde á era de Cristo de 1276”. D. João IV
para ser reconhecido mais facilmente pelo
papa, restituiu e confirmou todas as doações,
privilégios e isenções que D. Afonso Henriques
lhes tinha concedido e que durante os tempos posteriores lhes foram sendo retirados.
Assim, quando este rei foi a Alcobaça, pela
primeira depois da “sua exaltação ao trono”,
renovou-se a antiga prática do oferecimento
das botas. Dizem que foi o próprio soberano
que a desejou e lembrou a renovação dessa
cerimónia.
Alcobaça não se encontra representada
neste mapa, pelo que fomos procurar se haveria alguma planta sobre esta vila datada do
século XVIII. Encontrámos uma planta, incompleta, levantada pelo tenente-coronel Guilherme Elsden e pelo capitão Isidoro Paulo
Pereira, datada de 1775, na Direcção de Infra-estruturas do Exército ( DIE, 481-4-47-63).
Detalhe da carta n.º 436 do IGP mostrando
Évora de Alcobaça
Évora de Alcobaça – A uma légua de Alcobaça para norte está Évora de Alcobaça, a
qual tinha no final do século XVIII cerca de 250
vizinhos. Cornide y Saavedra chama a atenção
para o facto que Évora de Alcobaça possa ser
o Eburobrittium de Plínio, “aunque yi no he
visto señales ni vestígios de antigüedad”, escreve ele, mas que segundo outros (Garcia,
1971) deve estar nas cercanias da Amoreira,
no concelho de Óbidos. Teve esta povoação,
junto a ela, um convento de “pobríssimos”
frades franciscanos, a que os de Alcobaça davam uma pensão, e que foi fundado pelo Cardeal D. Henrique em 1566.
Cartela da carta n.º 436 do IGP mostrando o convento de Alcobaça
77
Ricardo Charters d’Azevedo
zas”, que justifica a afirmação de que seria um
espião por conta de Godoy.
Cornide y Saavedra continua: “… antes de
este lugar [Candeeiros] se corta por una portilha de poca elevación la cadena de montes que
desde Coimbra se trae siempre a la vista sobre la mano izquierda, y que al principio se llama Sierra de Anciaens y luego de Albardo, y
continúa a la derecha a unir-se com Montejunto, cabezo elevado y que se distingue entre
todos los del contorno y que vários autores
portugueses reducen el famoso Monte Tagro
a donde los antigos supusieram que la yeguas
concebían del Zephiro; lo certo es que todas
as cañadas y valles que rodean dichos montes
son muy aptas para pasto de aquel ganado y
que en elas he visto al passo, cuando no de su
género, all menos muchas vacadas. Desde la
ya dicha portilha se baja une custa bien suavizada com el nuevo camino hasta el lugar de
Rio Maior y une hoyada que cae a su izquierda
brota una fuente salina cuias aguas aprovechan los naturales para hacer la sal que
necesitan y que he visto en Rio Maior y me há
parecido muy buena. Rio Maior, assentado ya
en la llanura, está en margen derecha de un
rio que le da nombre y nace media légua más
arriba, en las faldas de Montejunto y va unir-se com el Tajo más abajo de Azambuja; el pueblo es grande y de gente acomodada”. […]
“Desde la ya dicha portilha se baja une custa
bien suavizada com el nuevo camino hasta el
lugar de Rio Maior” […] “Rio maior, assentado
ya en la llanura, está en la margen derecha de
un rio que le da nombre y que nasce media
légua más arriba, en las faldas de Montejunto, y va a unir-se com el Tajo más abajo de
Azambuja; el publo es grande y de gente acomodada”.
Turquel, distante uma légua de Évora de Alcobaça, com foral de D. Afonso Henriques e
com 200 vizinhos nessa época. O seu termo é
fértil de pão, vinho, frutas, gado e caça (Costa,
1879). Esta freguesia é célebre pelas suas grutas, das quais as mais notáveis são: a “Casa da
Moura”, no “Cabeço de Turquel”, contínuo à
serra de Albardos, a três quilómetros da vila
para nascente, cuja entrada ogival faz lembrar
um templo gótico; a “Cova do Cabeço da Ladra”,
a um quilómetro, da “Casa da Moura” para
norte; e o “Algar do Estreito”, a um quilómetro
da “Cova” para o ocidente29. O pelourinho do
couto de Évora, tendo sobre uma coluna a figura do Dom Abade de Alcobaça, está no Museu do Carmo (Pimentel, 1908).
Linz, que percorreu o mesmo caminho, mas
em sentido inverso de Cornide y Saavedra que
vai para Sul, escreve que, chegando a um lugar chamado Candeeiros, vemos um pequeno conjunto de casas isoladas e aí se encontra uma estalagem miserável (sic), mas limpa.
Se se continuar em direcção aos Carvalhos, a
3 léguas, caminhando ao longo de uma paisagem monótona, mas com muitas oliveiras,
encontramos na Venda dos Carvalhos uma
boa estalagem e uma Posta para a diligência
Lisboa-Coimbra, estabelecida após 1798: viaja-se comodamente e por pouco dinheiro nestas diligências, conclui Linz.
“Junto a um pequeno lugar chamado de
Candeeiros, entra-se novamente na estrada de
Coimbra e vai-se dormir ao lugar de Rio
Maior”. É assim que Don José Andres Cornide
y Saavedra continua a descrever o caminho
que percorrera quando, em Dezembro 1800,
se deslocou a Portugal para estudar as antiguidades do nosso país. A missão que, de facto,
o trouxera até cá tinha como objectivo a espionagem militar (Abascal e Cebrián, 2009), e
contribuiu decisivamente para o êxito da invasão espanhola de 1801. Nos seus manuscritos existe uma “memória” de quase cinquenta fólios sob o “modo de hacer la guerra a Portugal y a la descripción de sus plazas fronteri-
Rio Maior – Em 1845 surge um relato de
uma viagem entre Lisboa e Porto, realizada por
um irlandês cujo nome não é apresentado
(Portugal as it is). A parte que nos interessa é
aquela que ele relata quando chega a Rio
Maior, vindo de Santarém, e se aloja numa
pobre e tristonha estalagem nos seus arredores. Parte no dia seguinte de manhã para
29
Ver os pequenos artigos nos Almanaques de Lembranças
de 1872, pág. 187 e no de 1882, pág. 91, sobre estas grutas.
78
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
único lugar da casa onde pôde encontrar o conforto de uma lareira.
As lareiras eram enormes, com
bancos de cada lado que podiam
acomodar uma dúzia de pessoas.
Convidados a partilhar o aquecimento, a oferta de um charuto ao
filho do estalajadeiro estabeleceu
um bom relacionamento.
Igualmente interessante é o relato muito vivo que Julia Pardoe,
em 1833 (Pardoe, 1833, Vol I, pág.
Detalhe da carta nº 436 do IGP mostrando Benedicta
187-190), nos faz da visita que efectuou às Bocas, as nascentes do rio,
quando esteve em Rio Maior, descrevendo em
os Carvalhos e chega pela tarde ao seu “aupormenor o que viu.
berge” que tinha o honroso título de “estaDe Rio Maior, a 17 de Abril de 1809, o Cap
lagem real”, para o qual o seu exterior o mosWilliam Stothert envia uma carta, a n.º IV, na
trava claramente. Compara esta estalagem
qual ele se refere a Rio Maior dizendo que é
com as “public house” inglesas e diz-nos que
“an inconsiderable town on the banks of a
foi construída para apoiar os estudantes que
small river, which, taking a southerly direction
se deslocavam entre Lisboa e Coimbra. Parefalls in the Tagus below Santarem. At the discia-se com um pequeno convento, tendo em
tance of three miles is a cavern in a romantic
atenção o número de quartos que possuía. A
glen, in which several families had taken reaproximação à casa era detestável – continua
fuge on the first entrance of the French into
o artigo – pois tem o pior estilo das casas de
Portugal. There is nothing remarkable in the
campo escocesas de antigamente, i. e., a
appearance of the cavern, but the surrounfrente da casa é uma massa de sujidade e de
ding scenery is inexpressibly beautiful, and
estrume, através da qual o viajante tem de
adorned by some very fine cork trees, several
passar, cuidando onde coloca os seus pés.
of which measured upwards of twenty feet in
Chega finalmente a uma série de frias e descircumference.”
confortáveis divisões. Os quartos, no entanComo vimos anteriormente, o Dr. José de
to, encontram-se no rés-do-chão, e assim o
Seabra da Silva (1732-1813) chegou a estar na
viajante escapa ao que habitualmente se veriquinta chamada do Seabra, em S. João da
fica nas estalagens portuguesas, de dormir por
Ribeira (Rio Maior), de 1800 até 1804, por
cima dos estábulos e ficar envolvido numa
pedido de sua mulher ao Príncipe Regente,
atmosfera que ele se dispensa de descrever.
quando do seu segundo desterro.
No entanto, o estalajadeiro era, como normalFoi na capela de S. Gregório que Junot recemente o articulista diz que verificou em Porbeu os primeiros curativos sobre uma campa
tugal, não só educado, mas desejoso de ser
do adro, após ter sido ferido em pleno rosto
prestável. Depois de ter trocado a roupa en(Marbot, 2006, pag 96) com uma bala que lhe
charcada por um fato seco, jantou bacalhau,
rasgou a face sobre um dos malares, quebranovos e uma preparação de porco parecendodo-lhe o nariz, a 11 de Fevereiro, ou de Março,
se com um enchido e chamada de lombo de
de 1811, durante a 3.ª invasão (Duarte, 1951).
porco, que achou excelente, não obstante esTal evento teve alguns impactos no desenvolvitar profundamente condimentada com alho.
mento da Guerra Peninsular (Fernandes, 2011,
Depois de jantar, verificou que o lugar mais
pág. 40).
confortável da estalagem, depois de um dia
de chuva no mês de Março, era a cozinha: o
79
Ricardo Charters d’Azevedo
80
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
6.2 – O mapa topográfico de Rio Maior a Leiria
Apresentamos nas páginas seguintes extractos da carta com a cota n.º CA436 do IGP, que
apresenta a legenda seguinte:
MAPPA TOPOGRAPHICO,
LEVANTADO
EM M.DCC.XCI
PELOS OFFICIAES DE INFANTERIA COM EXERCICIO DE INGENHEIROS
O CORONEL LUIZ CANDIDO CORDEIRO PINHEIRO FURTADO,
E O SARGENTO-MOR HENRIQUE NIEMEYER,
DESENHADO
PELO SEGUNDO TENENTE CARLOS LUIZ FERREIRA DA CRUZ AMARANTE,
PARA SERVIR DE DELINEAMENTO DA ESTRADA DESDE
A SERRA DE RIO-MAIOR ATHE LEIRIA,
NA CONFORMIDADE DO ALVARA DE XXVIII DE MARÇO DO MESMO
ANNO, E DAS INSTRUCÇOENS, DADAS
PELO ILL.MO E EX.MO S.OR JOZE DE SEABRA DA SILVA,
MINISTRO E SECRETARIO DE ESTADO DOS NEGOCIOS DO REINO
AO DEZ.OR SUPERINTENDENTE GERAL DAS ESTRADAS
JOZE DIOGO MASCARENHAS NETO.
QUARTEL DE CONDEXA.
16 de Agosto de 1793.
81
Ricardo Charters d’Azevedo
O mapa tem uma enorme quantidade de
informação, pois não só mostra o tipo de cultivo (as árvores de diferentes espécies são
mostradas em perspectiva tendo uma pequena sombra) que havia nos finais do século XVIII
na região entre Rio Maior e Leiria percorrida,
como indica povoações, com a distribuição das
suas casas de uma forma muito correcta como
podemos confirmar ao examinar a parte do
mapa onde está Leiria, ampliando-a como acima apresentámos.
Indica igualmente o nome das quintas e
de muitos dos seus proprietários, bem como
os dos rios, ribeiros, vales, cabeços, serras,
etc. As lagoas, bem como fontes e poços mais
importantes, estão igualmente referenciaDr. Manuel dos Reis
Pe Pedro
Brogal
José Lopes
José Dias
Joaquim da Cunha
Cerieiro
Dr. João Carreiro
Mato Grosso
Ramires
Themotia
Vale Seca
O Telheiro
Casal de Brás
Manoelico
[Quinta] do Pateieiro
[Pateiro]
Sapateiro
Rego Travesso
dos. Chega a referir, nos Coutos de Alcobaça,
na Serra do Moleano, a existência de um Arco
de Memória. De notar que referencia alguns
pontos exteriores ao mapa como S. Sebastião
do Freixo, a Igreja do Juncal, o castelo de
Porto de Mós, o Mosteiro e o castelo de Alcobaça, etc., que foram a base e os pontos
trigonométricos que adoptaram, de forma a
ultrapassar a falta de uma de quadrícula geodésica.
Pareceu-nos ainda importante listar os nomes de povoações, de propriedades, ou cursos de água, que podemos encontrar no
mapa, agrupando-os segundo as várias secções em que devidimos o mapa para permitir
a sua apresentação neste livro:
José Soares
Fervença
Garrafa
Pedro Paulo
Viúva do Molle
Parceiros
Santa Maria
Boticário
Vale de Ernede
Carlos Faria
R. Lena
82
Porto Moniz
Tróia
S. António dos Capuchos
Beneficiário José de Faria
N. Srª da Encarnação
R. Lis
Leiria
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
83
Ricardo Charters d’Azevedo
S. António de Alcogulhe
Vale do Horto
Os Cabeças
Capitão mor
Quinta de S. João
Capitão mor da Canoeira
Pe Luis
Chopico
Casal do Mato
Golpilheira
Cividade
S. Bento
Picoto
S. Sebastião do Freixo
Sobral
Barreira
Outeiro da Galga
Venda da Cortiça
Quinta do Ceia
Casal das Rãs
Quinta de D. Inês
Azoia
Codiceira
Reboleira de Cima
Faniqueira
Casal da Faniqueira
Quinta da Várzea
S. Antão
84
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
85
Ricardo Charters d’Azevedo
Castanheiro de Cima
Castanheiro de Baixo
Fonte das águas
Carquejal de Cima
Carquejal do Carvalho
Quinta do Moço
Calvaria de Cima
Calvaria de Baixo
Fonte de Jam Rei
S. Jorge
Casal da Charneca
Vale da Mata
Fonte das Águas
Carquejal do Manço
Fonte das Lágrimas
Tojal de Baixo
Tojal de cima
Casal da Relva
Palmeiros
Adrões
Quinta do Dr. Luís António
Quinta do Sobrado
Carvalhal
Pinheiros
Jardoeira
Vila Facaia
Batalha
Moiratos
Magdelena
86
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
87
Ricardo Charters d’Azevedo
Fonte de Vinha Velha
Cruz da Légua
Fonte de Malpique
Malpique
Casal da Luiza
Barreira
Valdivinos
Martinos
S. Sebastião
Pé da Serra
Fonte Senteira
Casais de Baixo
Corredoira
Castelo de Porto de Mós
Quinta de D. Bernarda
88
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
89
Ricardo Charters d’Azevedo
Lagoa
Lagar dos Frades
Aljubarrota
Cadouça
Ataíja de Cima
As Varges
Fonte do Mago
Casal do Vazão
Casais de Santa Teresa
Chafariz
Comeira de Baixo
Quinta da Parvoíce
Fonte da Mança
Estalagem em Comeira
de Cima
Casal Novo
Vale da Esterqueira
Fonte da Boieira
Boieira
Serra da Pedreira
Feteira
Cabeça da Pedreira
Venda dos Carvalhos
Pedreira
Oiteiro
Azoia
Diniz
Chafariz de Brinhos
Albergaria
Costa Barrenta
90
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
91
Ricardo Charters d’Azevedo
Pedreira de Baixo
Vale da Figueira
Vale Relvinha
Algar do Cão
Vale do Porto Carro
Quinta de Francisco
d’Azevedo
Quinta de Isabel Maria
Os Capuchos
Quinta de Isabel Maria
Quinta da Castanheira
Chafariz da Silveira
Vale da Ponte de Páo
Oiteiro da Azervada
Carrascal
Fonte da Figueira
Lagoa do Cão
Venda da Laranja
Nª Srª da Piedade
Pedreira de Cima
Serra das Ataijas
Covão
Casal do Rei
João António
Vale de Meninos
Poço Suão
Xequeda
Quinta das Freiras
Casal da Costa
São Romão
Carvalhal de Aljubarrota
Ataíja de Baixo
92
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
93
Ricardo Charters d’Azevedo
Vale do Pico
Serra de Albardos
Vale de Espinho
Cabeça dos Corços
Quinta das Freiras
Lagoa das Talas
Quinta da Morteira
Chão do Galego
Quinta do Paraíso
Poço da Vinha
Vale do Poço da vinha
Ardido
Cortiçada
Vale da Cortiça
Vale dos Cavalos
Os Carriz
Portela do Rimal
Cabeça da Abeleira
Arco da Memória
Serra do Moliano
Moliano
Vale do Porto do Carro
Évora
Boiças
94
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
95
Ricardo Charters d’Azevedo
Serra de Ventos
Estalagem dos Candeeiros
Lagoa
Currais
Xamiço
Moita do Poço
Pedra Redonda
O Orio
Cabeça Rala
Casal da Lagoa
Moita do Poço
Pedregosa
Cabeça de Turquel
Cabeça da Pia furada
Cabeça da Ladra
Cabeça de Pombos
Serra de Vale de Ventos
Turquel
As Eiras
Pinheiros
Quinta da Granja
Fonte
Casal da Cabeça Feitosa
Carvalhal de Turquel
Casal do Alvaro
Casais da Tintas
Casal da Cancela
Casal Mousinho
Algar do Cão
Vale de Ventos
96
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
97
Ricardo Charters d’Azevedo
Ninho de Água
Cabeça da Lagoa
Casal da Cruz
Mata
Frei Domingos
Vale da Costa
Venda de Vintém
Moita do Gavião
Casal da Charneca
Quinta do Retiro
Casal da Guerra
Algarão
Fonte Quente
Rato
Taveiro
Poço dos Candeeiros
Benedita
Candeeiros
Casal do Outeiro
Lagoa
Casal do Gregório
Boavista
Junqueira
Casal da Estrada
Os Freires
98
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
99
Ricardo Charters d’Azevedo
Serra de Rio Maior
Arco da Memória
Venda da Nataria
Vale dos Castelhanos
Capa Rota
Venda da Costa
Vale Longo
Olhos de Agua de Inverno
Cabeça do Gonçalo
Alongra
Casalinhos
Casal da Fisga
Lagoa
Vale da Fisga
Pinheiros
Zambujeira
Cabeça da Perguiça
Casal do Haver
100
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
101
Ricardo Charters d’Azevedo
Nota sobre as gravuras
de costumes portugueses
As gravuras que inserimos nas
páginas antecedentes (84, 86, 88,
90, 92, 94, 96, 98 e 100) foram reproduzidas do “Album de Costumes
Portugueses”, que contém «Cincoenta chromos, copias de aguarellas originaes / de Alfredo Roque Gameiro,
Columbano Bordallo Pinheiro, Condeixa, Malhoa, Manuel de Macedo,
Raphael Bordallo Pinheiro e outros /
com artigos descriptivos de / Fialho
d’Almeida, Julio Cesar Machado,
Manuel Pinheiro Chagas, Ramalho Ortigão e Xavier da Cunha».
Sabemos que David Corazzi, de Lisboa, foi o
editor, mas a data não está expressa no livro.
A “Porbase”, da Biblioteca Nacional de Portugal, refere apenas “18- -”, mas uma reedição de 1987, da editora “Perspectivas & Realidades”, dá a 1.ª edição como sendo de 1888.
Esta data da 1.ª edição deverá estar correcta porquanto a “Occidente – Revista Illustrada de Portugal e do Extrangeiro” n.º 337,
justamente de 1.5.1888 (11.º ano, volume XI),
na página 104, na secção “Publicações”, diz
textualmente o seguinte:
«Album de Costumes
Portuguezes, cincoenta
chromos de aguarellas originaes de Alfredo Roque
Gameiro, Columbano Bordallo Pinheiro, Condeixa,
Malhoa, Manuel de Macedo, Raphael Bordallo Pinheiro e outros com artigos descriptivos de Fialho d’Almeida, Julio Cesar Machado,
Manuel Pinheiro Chag as,
Ramalho Ortigão, e Xavier da
Cunha. David Corazzi editor,
Lisboa. Fasciculo I, chromo o
Trapeiro, por M. de Macedo,
com um esplendido artigo de
Ramalho Ortigão. O Album de
costumes portugueses é uma
102
obra verdadeiramente nacional, producção de
artistas portuguezes e de escriptores portuguezes dos mais distinctos, e vem revellar os
progressos que tem feito em Portugal, tanto
as artes do desenho e da pintura, como a
lythographia, na especialidade de chromos,
que ainda ha poucos annos era quasi desconhecida na lythographia portugueza. Folgamos de ver o digno editor sr. David Corazzi
encetar uma publicação tão portugueza, onde
as artes se affirmam com tanta distincção, e
onde o publico encontra uma obra sua, do seu
paiz, que o anime alegremente pelos progressos realisados, que se recommenda pelo seu proprio valor. Se considerar-mos que o Album de costumes portuguezes é a primeira obra a valer que
n’este genero se faz no
nosso paiz, redobra o seu
interesse para o publico,
que estamos certos a receberá auspiciosamente. Os chromos são executados na lythographia
Guedes, cujos primorosos trabalhos em
chromo são já bem
conhecidos, competindo vantajosamente
com [o] que se faz no
estrangeiro.»
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
6.3 – O termo norte de Leiria
no mapa de Leiria a Coimbra
Ao chegarmos ao fim da apresentação do
mapa topográfico que serviu de delineamento da estrada entre a serra de Rio Maior e
Leiria (Carta CA 435 do IGP), demo-nos conta
que seria igualmente interessante apresentar
alguma informação topográfica para a parte
norte de Leiria, nomeadamente para permitir
conhecer os topónimos usados nos finais do
século XVIII, naquela parte do termo de Leiria.
Assim, uma pesquisa ao “Catálogo de Cartas Antigas – plantas e projectos de estradas
e pontes” existente no Instituto Geográfico de
Portugal e elaborado por de H. Gabriel Mendes, permitiu darmo-nos conta da existência
de duas cartas, a CA 438 e a CA 435.
A primeira é o mapa topográfico levantado
igualmente em 1791 pelos oficiais de infantaria com o exercício de engenheiros, o
sargento-mor Joaquim de Oliveira e o
ajudante João Manuel da Silva, e desenhado
pelo capitão Inácio José Leão, datado de
Condeixa a 26 de Agosto de 1792 para servir
para o delineamento da Estrada Real de Leiria
a Coimbra. Tem as dimensões de 2 668 x 670
mm com uma cercadura artística e os arvoredos e as culturas a cores com o relevo
aguado. Poderá dizer-se que teria sido a
influência do sargento-mor Joaquim de
Oliveira que, como vimos no capítulo 4.3, era
arquitecto, que permitiu termos um mapa tão
decorativo.
O outro mapa, o CA435 do IGP, é por assim
dizer um mapa que nos permite ter a visão de
conjunto do delineamento da estrada de Rio
Maior a Coimbra. Levantado pelos oficiais do
Real Corpo de Engenheiros, os sargentos-mores Joaquim de Oliveira, Heirinch von Niemeyer e o primeiro tenente João Manuel, vem
datado de Leiria, a 16 de Abril de 1796. Tem
as dimensões de 2 222 x 311 mm e não é mais
de que uma redução de outras cartas elaboradas e desenhadas em datas anteriores,
nomeadamente a CA438 e a CA436. Este
“borrão reduzido”, como é apresentado na sua
legenda, é da responsabilidade do capitão
Inácio José Leão e do segundo-tenente Carlos
Luís Ferreira Amarante. Neste mapa são
igualmente representados a base e os pontos
trigonométricos que serviram de esqueleto ao
levantamento e mostra a nova Estrada Real,
como foi definida pelos despachos do Desembargador e Superintendente Geral das
Estradas José Diogo Mascarenhas Neto, bem
como a Estrada Real antiga.
Neste mapa, o CA435, podemos verificar
que a nova Estrada Real se aproxima de Leiria
pela Azoia, Alto do Vieiro e Porto Moniz (como
o fazia a antiga EN 1), e a antiga atravessava o
rio Lena na Canoeira, aproximando-se da Cividade, mantinha-se do lado da margem direita
do Lena, passava pela Mourã e entrava em
Leiria pela Cruz da Areia. Esta última entrada
em Leiria está representada na “Planta da
Cidade de Leiria no ano de 1809, ou 1816” pela
estrada identificada como “antiga estrada da
Legenda do Mapa topográfico CA438 do IGP
103
Ricardo Charters d’Azevedo
Legenda do Mapa topográfico CA435 do IGP
Batalha” que entra pela parte sul do Largo de
S. Bartolomeu, enquanto a nova estrada real
entra no mesmo largo pelo poente.
Apresentam-se nesta e na página seguinte
extractos destas duas cartas, a CA 435 e a CA
438, que se encontram no arquivo de cartas
antigas do IGP, mostrando a parte norte de
Leiria (v. imagens ampliadas em extratexto).
Detalhe da carta n.º 438 do IGP mostrando a parte Norte de Leiria bem como a forma como a nova Estrada Real
parte de Leiria em direcção a Coimbra (ver imagem ampliada em extratexto)
104
105
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
Detalhe da carta n.º 435 do IGP mostrando a parte Norte de Leiria bem como a forma como a nova Estrada Real atravessa a cidade (ver imagem ampliada em extratexto)
Ricardo Charters d’Azevedo
106
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
7
A PLANTA DA CIDADE
DE LEIRIA DE 1816
107
Ricardo Charters d’Azevedo
108
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
7. A PLANTA DA CIDADE
DE LEIRIA DE 181630
A carta n.º 436 do IGP, respeitante ao delineamento da Estrada Real de Rio Maior a
Leiria, realizado pelos engenheiros Luís Cândido Cordeiro Pinheiro Furtado e Konrad Heinrich von Niemeyer, em 1793, mostra-nos a forma como foi prevista a inserção da nova Estrada Real na cidade de Leiria que corresponde
hoje, grosso modo, à Rua Dr. João Soares, vindo a topejar na capela de S. Bartolomeu, à Portela, pois não estava ainda aberta a Rua Machado dos Santos. A carta n.º 438 do IGP, delineando o percurso de Leiria a Coimbra, levantada, em 1791, pelo engenheiro militar Joaquim
de Oliveira, mostra-nos como a nova Estrada
Real parte de Leiria para Norte.
Assim, Leiria era parte integrante da Estrada Real, pois obrigatoriamente o viajante teria que a atravessar. Consequentemente
parece importante que mostremos como era
Leiria nesses tempos. Para tal, apresentamos
a planta levantada em 1816 pelos engenheiros do Real Corpo de Engenheiros, o major
Manoel Joaquim Brandão de Sousa às ordens
do tenente-coronel Maximiano José da Serra.
O major Manoel Joaquim Brandão de Sousa (1757 – 1833) que foi encarregado de levantar a planta da cidade de Leiria e do seu
castelo, fez parte daquele grupo de oficiais do
Real Corpo de Engenheiros que se distinguiram nos trabalhos topográficos executados
em Portugal em finais do século XVIII e no início do século seguinte. Fez parte da equipa
que, com o tenente-coronel Maximiano José
da Serra (1750 – 1834), continuou os trabalhos de reconhecimento/construção da estrada de Lisboa a Coimbra e depois ao Porto, em
1816. Primeiro executou, acompanhado por
Joaquim Manuel Vital, o levantamento cartográfico do troço Lisboa a Alcoentre, passando depois a administrar os trabalhos no sector entre Leiria e Coimbra, enquanto o tenente-coronel Maximiano José da Serra se encarregava da estrada para o Porto.
Lembremos que o delineamento da Estrada Real de Lisboa ao Porto tinha ficado concluído no século XVIII e que com as invasões
francesas os trabalhos da sua construção tinham ficado interrompidos. Por outro lado,
quando da partida da Família Real para o Brasil, os oficiais do Real Arquivo Militar que havia
sido criado cinco anos antes, tiveram de entregar todas os manuscritos, apontamentos
30
Este capítulo é baseado na comunicação que o autor
apresentou ao 1º Congresso de História e Património da Alta
Estremadura, organizado pelo CEPAE, a 29 de Outubro de
2011, em Ourém.
Legenda da planta existente na Direcção das Infraestruturas do Exército (GEAEM/DIE – 2099-2-17-24)
109
Ricardo Charters d’Azevedo
Planta da Cidade de Leiria, pelo Major Manoel Joaquim Brandão de Sousa, às ordens do Tenente Coronel
Maximiano José da Serra, em Junho de 1816 (Cota: GEAEM/DIE - 2099-2-17-24).
de campo e cartas existentes, ficando somente
alguns livros impressos. Demorou algum tempo a recuperação de toda a informação que
se conseguiu reconstituir parcialmente a partir
de documentos que estavam em mãos particulares e de alguns apontamentos que não
tinham sido levados. (Dias, 2003)
Em 1811, no final da Guerra Peninsular, os
troços da Estrada Real que se tinham construído estavam em muito mau estado, descobrindo, quem por elas transitava, inúmeros atoleiros com enormes poças de água, porções
de estradas enterrados onde mal passava um
carro, a falta de inúmeras pontes sobre pequenos rios ou ribeiros, e mesmo represas, ou
açudes construídos nas estradas para recolha
110
de água para regas de terrenos adjacentes
(Dias, 2003).
Assim, em 1816, durante o período em que
esteve a administrar as obras do troço Leiria a
Coimbra, o major Manoel Joaquim Brandão
de Sousa procedeu ao levantamento da planta de Leiria31 (Dias, 2008).
Por outro lado, no Gabinete de Estudos
Arqueológicos da Engenharia Militar da Direcção de Infra-estruturas do Exército, encon"Empregado no reconhecimento da Estrada de Lisboa a
Coimbra debaixo das ordens do coronel engenheiro Serra,
desde 23 de Janeiro de 1816 até 15 de Novembro do dito
ano e no seu regresso a Lisboa levantou a planta da cidade
e castelo de Leiria" - atestação constante no seu processo
individual existente no Arquivo Histórico Militar, Cx. 168.
31
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
tram-se os rascunhos32 que levaram ao desenho final da planta33 que apresentamos, onde
está marcado a lápis: "Junho 1816, Major
Brandão de Sousa", confirmando a autoria e
a data. Estes rascunhos são muito interessantes, como me chamou a atenção o Prof.
Doutor Francisco Queiroz, pois, nomeadamente, se verifica que alguns pequenos arruamentos não foram transferidos para a planta final, bem como confirma o tipo de cultivos
nos quintais junto às casas de Leiria e na periferia da cidade.
No entanto, há quem afirme que esta planta de Leiria é de 1809, pois baseiam-se na indicação relatada por Tito Larcher34 de que tinha
visto uma referência na história de Luz Soriano,
que o Marechal Beresford, em 1809, "tinha
mandado executar o levantamento da planta
de Leiria a uma brigada de engenharia".
Efectivamente, em Junho de 1809, foi constituída uma Brigada de Oficiais Engenheiros e
em Dezembro de 1809 foi solicitado à Brigada, pelo marechal Beresford, que fizesse o
"reconhecimento militar da cidade de Leiria e
Planta da Cidade de Leiria, dita de 1809, cópia da de 1816 com a introdução de várias alterações
(cota: ADLeiria, Dep VI, gaveta n.º 15)
32
33
Cotas : 2098-2-17-24 e 2100-2-17-24
Cota : 2099-2-17-24. Publicado pela primeira vez 2007,
em Charters d'Azevedo et all., 2007, fig 14.
"O Districto de Leiria", nº 1052, de 24.5.1902.
34
111
Ricardo Charters d’Azevedo
seus contornos, de forma a informar das vantagens que poderia oferecer o antigo castelo
e as alturas vizinhas se fossem fortificadas,
para auxiliar a resistência do exército anglo-luso e retardar a marcha dos franceses"35 . O
major Neves Costa foi encarregado de reconhecer e construir a carta militar do terreno
até meia légua em roda de Leiria, e de informar sobre a importância militar desta posição.
"Ele foi de parecer que nenhuma vantagem
considerável se devia esperar das fortificações
que ali se construíssem", tendo "o capitão
Moreira levantado a planta do castelo" (Chaby,
1865) e o tenente-coronel Caula indicado as
obras que se deveriam fazer, no caso de se
querer aproveitar o castelo para a defesa. Algum tempo depois estas obras iniciaram-se,
mas foram logo suspensas, tendo-se abandonado o projecto (Chaby, 1865).
Os desenhos respeitantes a estes dois levantamentos existem: um tem a legenda "Carta militar do terreno vezinho a Leiria. Pellos
Officiais Engenheiros ao Serviço do Exército.
1809"36 e o outro tem a legenda "Castello de
Leiria. Configurado a golpe de vista"37. Agradecemos ao Prof. Doutor Saul Gomes a chamada de atenção para a existência deste último documento nos The National Archives ingleses.
Donde é claro que, quando Tito Larcher,
em 1902, mandou copiar a planta existente
nos serviços de engenharia do Exército, que
era a de 1816, mas cuja data não figura nela,
foi-lhe aposta a data de 1809, pois julgou trata-se do resultado do levantamento mandado executar por Beresford. No entanto, quando da cópia, em 1902, foram-lhe ainda introduzidas as seguintes alterações:
♦ Introduziram-se-lhe nomes das ruas e
largos, bem como dos de edifícios, públicos,
privados e religiosos;
"Relação dos serviços militares do major José Maria das
Neves Costa, desde Outubro de 1808, até ao fim de 1816",
escritas pelo próprio (CHABY, 1865).
36
Cota: C 0036-3B BAHOP. Publicado pela primeira vez, um
extracto da planta em Charters d'Azevedo, 2007, fig 240.
37
Cota: MPH 1/151/13.
35
112
♦ Corrigiu-se o nome do rio de Lena para
Liz ;
♦ Colocou-se a data da construção dos
troços de entrada e de saída na cidade da Estrada Real Coimbra-Lisboa, coisa que nenhuma planta militar incluiria;
♦ Cortou-se a indicação da autoria;
♦ Eliminou-se a escala em braças, actualizando-a (!) para a decimal39, que só se começou a usar 50 anos mais tarde;
38
Brasão da cidade de Leiria apresentado em 1860,
por Inácio de Vilhena Barbosa no seu livro
“As cidades e villas da Monarquia Portugueza
que teem brasão d’armas”
Chama-se a atenção para o facto que tal se deve
simplesmente a um erro do major Brandão de Sousa, em
1816, pois que figura correctamente o nome do rio, nas
plantas de 1793 e na de 1809, igualmente levantadas por
militares.
39
O sistema métrico de unidades foi introduzido em Portugal
pelo Decreto de 13 de Dezembro de 1852. O Decreto de 20
de Junho de 1859 estabeleceu como obrigatório o uso
exclusivo do sistema métrico. Este decreto entrou em vigor
para as medidas lineares, em Lisboa a 1 de Janeiro de 1860
e nas restantes localidades a 1 de Março do mesmo ano.
38
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
♦ Colocou-se o brasão de Leiria com uma
moldura, conjunto que só foi adoptado por
Vilhena Barbosa em 1860;
♦ Copiou-se, mal, a localização do pelourinho na Praça, marcando-o em frente do edifício ao lado esquerdo da Câmara.
Ao examinarmos esta planta mandada copiar daquela de 1816, verificamos ainda que
a planta foi desenhada sobre tela, usando tinta-da-china. Ainda com a mesma letra foram-lhe colocados mais topónimos, mas escritos
com tinta ferro-gálica40, muito corrosiva, oxidando a tela41.
É curioso ainda verificar que a única casa42
mencionada na planta de 1816 seja a de Maria Cândida Pereira da Silva Barba Alardo, que
se encontrava em face do Paço do Bispo, no
Largo do Paço. Por outro lado, quem copiou
esta planta em 1902 não colocou essa indicação, mas referiu muitos outros proprietários de outras casas, significando que fez uma
actualização de dados.
Temos uma teoria para explicar o facto de
que somente uma casa fosse identificada na
planta de 1816 do major Brandão de Sousa.
Vimos que o desembargador José Diogo Mascarenhas Neto (1752-1826) é o Superintendente Geral das Estradas, lugar criado para
promover a abertura de Estradas Reais. Era,
por assim dizer, a quem o Real Corpo de Engenheiros reportava e isso até 1799, data a
partir da qual Mascarenhas Neto é nomeado
Superintendente dos Correios. Mascarenhas
Neto casou-se com Maria Luísa Maraver Silva
Athayde, da casa do Terreiro, em Leiria e tiveram um filho e 3 filhas. Uma das filhas, Maria
Luisa, casa-se com Joaquim Augusto Pereira
da Silva da Fonseca, oficial do exército, preTinta obtida a partir do bugalho do carvalho, ou noz de
galha (excrescência que se forma pela extravasão da seiva,
devida à picada se um insecto) a que se junta sulfato de ferro,
goma-arábica e alúmen.
41
Desta planta existente no Arquivo Distrital de Leiria foram
feitas inúmeras cópias, em 1939, por Raul Faustino de Sousa,
desenhador da Câmara Municipal de Leiria, e que
encontramos na Câmara, na Sociedade de Geografia, no
Arquivo Histórico do Ministério das Obras Públicas, etc.
42
Na Décima de 1811 valia trinta e oito mil centos de reis e
pagaram de décima dobrada 7000 réis.
40
cisamente filho de Maria Cândida Pereira da
Silva Barbo Alardo e de seu marido Silvério da
Silva Fonseca. Um outro filho deles era o coronel João Pereira da Silva Fonseca43.
Assim, parece natural que os oficiais engenheiros, quando se deslocavam a Leiria, fossem
visita ou se alojassem em casa de D. Maria Cândida que, além de ter dois filhos camaradas de
armas, era comadre de José Diogo Mascarenhas Neto que eles bem conheciam. Assim se
justifica que, quando do levantamento da planta de Leiria, a casa de D. Maria Cândida fosse
referida. Em 1902, já não fazia sentido, para
Tito Larcher, colocar esta referência, pois a casa,
danificada em 1811 durante a retirada dos
franceses, foi vendida uns anos depois.
A polémica sobre o mapa apresentado, em
1902, pelo Tito Larcher, de que é prova a carta publicada por ele em "O Districto de Leiria",
de 24.5.1902, e a verificação que não haviam
levantamentos actualizados da cidade de
Leiria e do seu castelo, fez com que o coronel
Alexandre Baptista da Costa Pereira 44 resolvesse, em 1917, proceder ao levantamento da cidade de Leiria e do seu castelo, à escala de 1:1000, enquanto esteve colocado no
Regimento de Infantaria 7, desta cidade45, levantamentos de que se encontram cópias na
Câmara Municipal de Leiria.
Nas duas plantas que apresentamos, a de
1816, do major Manoel Joaquim Brandão de
Sousa, e a outra de 1902, que é uma adaptação daquela, vemos que, no início do século XIX, Leiria anda se encontra profundamente
ligada ao seu castelo, já arruinado naquela
data. Ex-libris da cidade, estava abandonado
há muitos anos, ameaçando degradar-se por
43
Na planta do castelo levantada em 1809, "a golpe de vista",
a casa vem referida como pertencente ao coronel João
Pereira.
44
Trisavô, do lado materno do autor (Charters d'Azevedo et
all, 2007, pag 326)
45
Foi louvado a 22 de Maio de 1919 por ter oferecido à
Inspecção de Fortificações Militares da 7ª circunscrição
territorial o levantamento que fez. Existem à escala 1: 1000,
à montagem gráfica de 5 cartas de 60 x 89 cm não numeradas
(três verticais e duas horizontais) existentes na Divisão de
Habitação e Reabilitação Urbana da Câmara Municipal de
Leiria
113
Ricardo Charters d’Azevedo
Leiria em 1855 mostrando a ponte dos “Três arcos”. Trata-se uma gravura que nunca foi publicada em Portugal
(in “Ballou’s Pictorial Drawing-Room Companion”. Boston: ed. Maturin M. Ballou, 1855)
completo. Só nos anos 20 do século XX, Korrodi conseguiu fazer alguma coisa por ele, com
as dificuldades que o Prof. Doutor Saul António Gomes nos relata (Korrodi, 2009).
Do castelo descia-se para o Arrabalde (Arrebalde, na planta) por uma porta localizada
na parte setentrional, enquanto do lado oposto ficava a cidade mais rica e mais moderna
(!), com o seu vasto Rossio, em terrenos planos
junto à margem direita do rio Lis (que na planta de 1816 está referido como Lena, mas na
planta de Tito Larcher, a de dita de 1809, já
está corrigido e aparece Lis), e onde se realizavam os mercados de uma cidade que vivia
ainda da agricultura.
Sobre o rio vemos três pontes, uma delas
de madeira, e o açude, em frente à casa do
Mirante, dos Oliveira. Na outra margem vemos o Bairro dos Anjos, de onde parte a Estrada Real em direcção a Coimbra. A sul a ci-
114
dade aparece ainda dominada pelas propriedades das gentes de Leiria, nomeadamente
pelos terrenos pertencentes ao convento de
Santa Ana.
O rio Lis, que corre separando a cidade, é
"ultrapassado" pela ponte dos "Três Arcos"
que se situa mais ou menos em frente do
Hotel Lis e da Fonte Grande, para quem percorresse a Estrada Real. Depois deveria tomar
o caminho marcado no mapa: "Para a Batalha" (hoje rua Dr. António da Costa Santos),
ou atravessar a cidade (a rua Machado dos
Santos só foi aberta muito mais tarde), em
direcção à Portela e em frente da capela de S.
Bartolomeu entrar na Estrada Real (hoje Rua
Dr. João Soares), ou continuar (pela antiga
Estrada Real) em direcção à Cruz da Areia,
Mourã, etc., e chegar à Batalha.
Apresentamos, seguidamente, quatro extractos da planta de 1816.
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
115
Ricardo Charters d’Azevedo
116
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
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Ricardo Charters d’Azevedo
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A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
ANEXOS
119
Ricardo Charters d’Azevedo
120
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
ANEXO 1
(in SALES, Pe. Ernesto Augusto Pereira – “Conde de Lippe em Portugal”. V N de Famalicão: 1936, Anexo C)
121
Ricardo Charters d’Azevedo
ANEXO 2
A ligação do Cor. Konrad Heinrich von Niemeyer
com o Arq. Óscar Niemeyer Soares Filho
1. Coronel Konrad Heinrich von Niemeyer, nascido em Hannover a 4.5.1761, e morre em Lisboa a
13.2.1806 (sepultado na Igreja de S Domingos). Casa com Francisca Angélica Agostinha Dantas Correia.
Um dos 6 filhos, é:
2. Coronel Konrad Jakob von Niemeyer, nasce em S. Isabel, Lisboa a 28.10.1788, falece no Rio de
Janeiro a 14.2.1862. Casa em primeiras núpcias com Teresa Xavier de Mendonça, depois com a sua
cunhada Maria Xavier Mendonça e em terceiras núpcias, com Olímpia Estrelita de Aguiar Giffenig,
no Rio de Janeiro, a 26 de Junho de 1830. Teve um total de 6 filhos. Do primeiro enlace tiveram
entre outros:
3. Ana Vitorina Mendonça de Niemeyer que nasce em Fortaleza a 12.3.1826, e falece no Rio
de Janeiro a 3.7.1904. Casa com o seu primo Joaquim Carlos de Niemeyer (filho de Carlos
Conrado Niemeyer e Francisca Amália Teixeira e neto do Cor. Konrad Heirich von Niemeyer).
Dos seus 10 filhos:
4. Francisca Amélia de Niemeyer nasce a 18.8.1846 em Iguaçu e falece a 24.8.1879, no
Rio de Janeiro, de tuberculose. Casa-se a 31.1.1864 no Rio de Janeiro com Nicolau
Henrique Soares. Tiveram 7 filhos, sendo o mais novo:
5. Óscar Niemeyer Soares nasce a 5.10.1877 no Rio de Janeiro. Casa-se no Rio de
Janeiro a 18.5.1899, com Delfina Ribeiro de Almeida. De entre os seus 6 filhos
tiveram:
6. Arquitecto Óscar Niemeyer Soares Filho nasce no Rio de Janeiro, a
15.12.1907. Casou-se em primeiras núpcias, em 1928, com Ana Elisa
Baldo. Viúvo em 2004 casa-se, a 18.11.2006, com Vera Lúcia Cabreira, de
60 anos, sua secretária.
(Nota: em www.familiasdeleiria.com encontra-se a árvore genealógica
dos descendentes conhecidos do Gen. Jakob Konrad von Niemeyer.)
122
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
ANEXO 3
Cartas do conde Schaumburg-Lippe ao Marquês de Pombal sobre a forma de defender
Portugal (O Investigador Português em Inglaterra, Vol. II, 1811)
123
Ricardo Charters d’Azevedo
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A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
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Ricardo Charters d’Azevedo
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A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
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Ricardo Charters d’Azevedo
ANEXO 4
Descendência de Johann Caspar Giffenig
(7 gerações, 407 indivíduos)
Johann Caspar Giffenig
+Helena Jacobea Marten, n. Bremen, c. 1 Dez 1746 Minden
Ōņņ Johann Benedikt Arnold Henrich Giffenig, n. 9 Sep 1747 Minden, f. 1831 Iserlohn
Ōņņ Johann Peter Philipp Giffenig, n. 9 Mai 1749 Minden
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+Johanna Vilhemina Clesen, bap. 9 Mai 1749, c. 4 Mai 1775 Schluesselburg
Ōņņ Franciscus Giffenig, n. 2 Sep 1750 Minden, f. 1750
Ōņņ Ten. Johann Caspar Heinrich Giffenig, n. 5 Out 1751 Minden
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+Fausta Teresa de Jesus Dantas Correia
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Ōņņ Maximian Francisicus Giffenig, n. 1778 Lisboa, f. 13 Dez 1833 Warmsen
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+Maria Sofia Dorothea Könemann, n. 27 Aug 1778 Diepenau, f. 4 Nov 1846 Diepenau
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Ōņņ Adolph Ernest Arnold Giffenig, n. 1810 Diepenau
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Ōņņ Georg Carl Diederich Adolph Giffenig, n. 7 Jan 1814 Diepenau, f. 2 Jun 1814 Diepenau
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Ŋņņ Philipine Janette Giffenig, n. 26 Jul 1817 Diepenau, f. 1812 Diepenau
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+Carl Wilhelm Heseker, c. 12 Dez 1847 Hanover
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Ōņņ Christian Giffenig, n. 1781, f. 1815
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Ōņņ Helen Jacobia Giffenig, n. 1782, f. 1862
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+João Ferreira dos Santos, c. 14 Nov 1801 Alcântara, Lisboa
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Ōņņ Ten. Cor. João Benedito Gaspar Giffenig, n. 1784 Lisboa, f. 1862 Maranhão
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+Apolónia da Luz Carolina de Aguiar, n. 8 Sep 1782
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Ōņņ Olimpia Estelita de Aguiar Giffenig, n. 1 Dez 1812 S. Luiz do Maranhão, f. 8 Jan 1857 Lisboa
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+Cor. Conrado Jacob de Niemeyer, n. 28 Out 1788 Lisboa, c. 26 Jun 1830 Rio de Janeiro, f. 14 Fev 1862
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Ōņņ Marechal Conrado Jacob von Niemeyer, n. 21 Abr 1831 R. Janeiro, f. 14 Fev 1905 R. Janeiro
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+Maria Luisa Menna Barreto, n. 25 Sep 1840 Rio Grande, c. 25 Sep 1858 Rio Grande, f. 5 Out 1913
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Ōņņ Luisa de Niemeyer
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Ōņņ Marieta de Niemeyer, n. 6 Jul 1833 Rio de Janeiro
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Ōņņ Olimpio Conrado de Niemeyer, bap. 10 Jul 1859 Rio Grande, f. Abr 1931 Rio de Janeiro
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+Virgínia de Sousa Cardoso, n. Rio de Janeiro, c. 3 Mai 1886 Rio de Janeiro
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Ōņņ Dinah de Niemeyer, n. 14 Abr 1888 Rio de Janeiro
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Ōņņ Oidemar de Niemeyer, n. 7 Sep 1889 Rio de Janeiro
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Ōņņ Nair de Niemeyer, n. 12 Jul 1891 Rio de Janeiro
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Ōņņ Waldyr Niemeyer, n. 26 Fev 1895 Rio de Janeiro
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Ŋņņ Guiomar de Niemeyer, n. 2 Dez 1896 Rio de Janeiro
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Ōņņ Conrado von Niemeyer, bap. 10 Out 1860 Pelotas, f. 28 Sep 1924 Rio de Janeiro
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+Julieta Augusta Fernandes Lima, n. Rio de Janeiro, c. 14 Mai 1887, f. 2 Nov 1924
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Ōņņ Lydia Niemeyer, n. 22 Dez 1888 Rio de Janeiro
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Ŋņņ Genaro Niemeyer, n. 7 Jan 1891 Rio de Janeiro
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Ōņņ Helena de Niemeyer, n. 22 Jun 1864 Rio de Janeiro, f. 17 Aug 1865
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Ōņņ Aleixo Conrado de Niemeyer, n. 1865
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Ōņņ Alonso Conrado de Niemeyer, n. 19 Abr 1866 Rio de Janeiro, f. 18 Mai 1923 Campo Belo
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+Isabel da Silva Monteiro, c. 1892 Rio de Janeiro, f. Jan 1938 Rio de Janeiro
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Ōņņ Vivaldo de Niemeyer, n. 1 Fev 1893 Rio de Janeiro
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Ōņņ Edila de Niemeyer, n. 9 Jan 1895 Rio de Janeiro
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Ōņņ Amoacy de Niemeyer, n. 6 Out 1896 Rio de Janeiro
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Ōņņ Nadir de Niemeyer, n. 28 Dez 1900 Rio de Janeiro
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Ōņņ Vera Monteiro de Niemeyer, n. 7 Fev 1907
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Ŋņņ Alonso de Niemeyer, n. 15 Nov 1908 Rio de Janeiro
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Ōņņ António de Niemeyer, n. 1869 Rio de Janeiro
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Ōņņ Maria Luisa de Niemeyer, n. 17 Jan 1873 Rio de Janeiro, f. 29 Aug 1927
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+António Manuel Barbosa Lisboa, n. S. Marcos, c. 5 Jul 1902 Rio de Janeiro
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Ŋņņ Oswaldo de Niemeyer Lisboa, n. 20 Out 1903 Rio de Janeiro
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Ōņņ Alice de Niemeyer, n. 24 Jul 1875 Rio de Janeiro, f. 28 Dez 1922 Rio de Janeiro
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+Heitor de Toledo
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Ōņņ Dario de Niemeyer, n. 1878 Rio de Janeiro, f. 4 Mar 1933
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Ōņņ Maria de Niemeyer, n. 17 Jan 1878 Rio de Janeiro
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Ōņņ Galba de Niemeyer, n. 1879 Rio de Janeiro, f. 9 Abr 1883
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Ŋņņ Raul de Niemeyer, n. 10 Mai 1880 Rio de Janeiro, f. 18 Jan 1930 Petrópolis
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+nome da esposa desconhecido
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A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
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Maria Luisa Niemeyer, f. 17 Jun 1917
Sylvia Niemeyer, f. 16 Out 1910
Dr. Johannes Gifenig Niemeyer, n. 12 Jul 1833 Rio de Janeiro, f. 16 Jul 1866 Tuiuti
+Eulália Cândida da Silveira, n. Florianópolis, c. 24 Out 1857 Florianópolis, f. 17 Mai 1912 Florianópolis
Ōņņ João Conrado Niemeyer
Ōņņ Eulália Niemeyer, f. 16 Jan 1912 Rio de Janeiro
Ōņņ Celestina Niemeyer
Ōņņ Ana da Silveira de Niemeyer, n. 28 Jan 1858 Florianópolis, f. 29 Jun 1913 Rio de Janeiro
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+Pedro Conrado de Niemeyer, n. 8 Jun 1854 Santa Cruz, Rio de Janeiro, f. 26 Jan 1888
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Ōņņ Alcina Niemeyer
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Ōņņ Joaquim Niemeyer
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Ōņņ Maria Niemeyer
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Ōņņ João Conrado da Silveira Niemeyer
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Ōņņ Pedro Niemeyer, n. 1 Mai 1880 Rio de Janeiro
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Ŋņņ Mário Conrado de Niemeyer, n. 16 Dez 1887 Rio de Janeiro
Ōņņ Olymoi da Silveira Niemeyer, n. 26 Aug 1864 Florianópolis, f. 25 Aug 1937 Rio de Janeiro
Ŋņņ Tito Conrado Niemeyer, n. 4 Nov 1865 Florianópolis, f. 28 Mai 1938 Rio de Janeiro
+Alcina Sampaio, n. 6 Aug 1875, c. 16 Jun 1900, f. 10 Nov 1955 Rio de Janeiro
Dr. Olímpio Giffenig de Niemeyer, n. 7 Mar 1841 Baía, f. 22 Dez 1912 Rio de Janeiro
+Emília de Bessa Leite, n. circa 1845 Rio de Janeiro, f. 14 Jun 1913 Rio de Janeiro
Amância Eduarda de Aguiar Giffenig, n. 8 Abr 1816, f. 13 Sep 1848
+Sebastião Matos
João Bento de Aguiar Giffenig, n. 17 Jun 1817, f. 1834
Manuel Urbano de Aguiar Giffenig, n. 7 Fev 1820 Rio Negro do Pará, f. 26 Mai 1847
Ana Margarida de Aguiar Giffenig, n. Maranhão
+Gen Manuel de Jesus Alves, n. 1 Jan 1818 Lisboa, c. 10 Fev 1846 Lisboa, f. 22 Jul 1881 Santarém
Ōņņ Helena de Aguiar Giffenig Alves, n. 22 Out 1846, f. 23 Fev 1884 Belém, Lisboa
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+Gen. Pedro Coutinho da Silveira Ramos, n. 21 Sep 1838 Ponta Delgada, f. 27 Out 1909 Lisboa
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Ōņņ Francisco Silveira Ramos, n. 17 Mai 1873, f. 8 Jan 1956
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+Libânia Beatriz Nunes
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Ōņņ Helena Margarida Silveira Ramos, n. 1 Jun 1894, f. 1935 Teixeira de Sousa
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Ōņņ Júlia Amélia Silveira Ramos, n. 20 Sep 1895, f. 20 Sep 1975
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Ōņņ Clementina Martina Silveira Ramos, n. 1 Jul 1899, f. 29 Sep 1976
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Ōņņ Carlos Silveira Ramos, n. 1901, f. 1904
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Ŋņņ Manuel Afonso Coutinho da Silveira Ramos, n. 18 Jul 1904, f. 22 Aug 1975 Lisboa
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Ōņņ Pedro Silveira Ramos, n. 30 Jun 1874, f. 12 Dez 1935
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+Albertina Antónia da Silveira Albuquerque
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Ōņņ Fernando Coutinho da Silveira Ramos
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Ōņņ Manuel Coutinho da Silveira Ramos
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Ōņņ Júlia Coutinho da Silveira Ramos
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Ōņņ António Coutinho da Silveira Ramos, n. Benfica, Lisboa, f. 22 Jul 1977
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Ŋņņ Alberto Coutinho da Silveira Ramos, n. 20 Sep 1902, f. 22 Jul 1977
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Ōņņ Manuel Silveira Ramos, n. 25 Nov 1876 Santos-o-Velho, Lisboa
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Ŋņņ Fernando Silveira Ramos, n. 30 Mai 1879
Ŋņņ Amélia Eduarda de Aguiar Giffenig Alves, n. 8 Fev 1853, f. 29 Dez 1927
+Cons. José Maria Pereira Bastos, n. 4 Dez 1803 S. Jorge de Arroios, Lisboa
Ŋņņ Tomás Frederico Pereira Bastos, n. 10 Abr 1842 Lisboa, f. 21 Jul 1887 Carnaxide
+Inês Elisa Alves, f. 21 Jul 1887
Ŋņņ Ema Clotilde Alves Bastos, n. circa 1873, f. 16 Dez 1951
+Guilherme Carlos de Brito Oom, n. 5 Mai 1859, c. 4 Out 1884, f. 29 Dez 1929 Lisboa
Ōņņ Tomás Oom, n. 1887, f. 1887
Ōņņ Guilherme Carlos Alves Oom, n. 20 Aug 1888 S. Mamede, Lisboa, f. 7 Jun 1955
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+Berta de Tamn Campos, c. 2 Mai 1914, f. 1950
Ŋņņ Maria de Lourdes Alves Oom, n. 21 Mai 1892, f. 24 Abr 1982 S. Mamede, Lisboa
Maria Giffenig, n. 1788
Manuel Urbano Giffenig, n. 1789, f. 1789
+Francisca Rosa Borges, n. S. Salvador, Lisboa, c. S. Pedro de Alcântara
Ōņņ Henriqueta Guilhermina Giffenig, n. 8 Dez 1795 Anjos, Lisboa
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+Marechal de Campo José Justino Teixeira, n. 12 Dez 1790, c. 17 Out 1814 Ajuda, Lisboa, f. 20 Nov 1852
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Ōņņ Sérgio Giffenig Teixeira
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Ōņņ Eugénia Cândida Giffenig Teixeira, f. 1858
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+Cor. João Maria Baptista de Oliveira, n. 19 Abr 1817, f. 19 Abr 1887
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Ōņņ
Ŋņņ
Severino Teixeira Baptista de Oliveira, n. 18 Mai 1840
Henriqueta Júlia Teixeira Baptista de Oliveira, n. 3 Jan 1842
+Gen. Isidoro Augusto de Almeida, n. 8 Nov 1843, f. 7 Dez 1920
Ōņņ Samuel Augusto de Almeida
Ōņņ Carolina de Almeida
Ŋņņ Francisco António de Almeida, f. 1920
+Ida Celeste Neto Pereira Serzedelo
Ōņņ Júlio Alberto Serzedelo de Almeida
Ōņņ Luís Fernando Serezelo de Almeida
Ōņņ Maria Hermínia Serezelo de Almeida
Ŋņņ Maria Alice Serezelo de Almeida
José Teixeira Baptista de Oliveira, n. 12 Mai 1844
Carolina Eusébia Teixeira Baptista de Oliveira, n. 16 Abr 1851
Eusébia Carolina Teixeira Baptista de Oliveira, n. 12 Jun 1851
João Justino Baptista de Oliveira, n. 23 Fev 1854, f. 1919
+Maria da Nazaré de Barros e Vasconcelos
Ōņņ Hemetério Luís de Barros e Vasconcelos Baptista de Oliveira
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+Alice Miranda Bouchet
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Ŋņņ João Hemetério Bouchet Baptista de Oliveira
Ōņņ José de Barros e Vasconcelos Baptista de Oliveira
Ōņņ João Maria Baptista de Oliveira
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+Anastácia Conceição Morais
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Ōņņ José Maria Baptista de Oliveira
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Ōņņ Filomena Maria Baptista de Oliveira, n. 9 Aug 1906
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Ŋņņ João Justino Baptista de Oliveira, n. 5 Aug 1910 Anjos, Lisboa
Ŋņņ Eduardo Maria Baptista de Oliveira, n. 31 Mai 1888 Lisboa
+Maria Luisa Duro
Ŋņņ José Maria Duro Baptista de Oliveira
José Luís da Anunciada Teixeira Baptista de Oliveira, n. 22 Mar 1856
Joaquim Teixeira Baptista de Oliveira, n. 26 Jan 1884
Maj. Justino Augusto Giffenig Teixeira
+Maria José de Jesus Vila Seca Ribeiro de Almeida
Ōņņ Maria Antónia Villa-Seca Ribeiro de Almeida Giffenig Teixeira
Ōņņ Henriqueta Villa-Seca Ribeiro de Almeida Giffenig Teixeira
Ōņņ Catarina Villa-Seca Ribeiro de Almeida Giffenig Teixeira
Ŋņņ Ana Villa-Seca Ribeiro de Almeida Giffenig Teixeira
Francisco Sancho Justino Teixeira
Gen. João Justino Teixeira, n. 11 Nov 1820 N S da Ajuda de Belém, Lisboa, f. 29 Sep 1897
+Carlota Augusta Botelho Moniz, n. 1 Jul 1833 S. Mamede, Lisboa, c. 25 Fev 1854 S. Mamede, Lisboa
Ōņņ Francisco Botelho Moniz Teixeira, n. 4 Mar 1855 S. Mamede, Lisboa
Ōņņ Gen. José Justino Botelho Moniz Teixeira, n. 29 Abr 1856 São Mamede, Lisboa, f. 18 Fev 1927
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+Maria Margarida Stockler Salema Garção de Morais, n. 5 Out 1868 V F de Xira
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Ōņņ Jorge Justino de Morais Teixeira, n. 19 Mai 1880, f. 18 Jul 1943 Lisboa
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+Virgínia Antónia Marques de Lemos, n. 29 Jan 1882, f. 18 Dez 1942
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Ōņņ Cor Francisco Justino de Morais Botelho Moniz Teixeira, n. 14 Out 1881 Lisboa, f. 14 Mai 1947
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+Flore Louise Martin
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Ōņņ Cor. João Justino de Morais Botelho Moniz Teixeira, n. 11 Jul 1883 S. Mamede, Lisboa
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+Adelaide de Orieta y Aguillar Garcia
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Ŋņņ Helena Margarida Morais Teixeira, n. 19 Jun 1911
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Ōņņ Lucília Margarida de Morais Botelho Moniz Teixeira, n. 19 Sep 1885
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+Álvaro Crawford do Nascimento Figueira
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Ōņņ Matilde Margarida de Morais Botelho Moniz Teixeira, n. 2 Jan 1888
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+António Blanc da Costa
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Ōņņ Carlos Justino Botelho Moniz Morais Teixeira, n. 17 Fev 1890, f. 26 Aug 1963 Funchal
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+Olga Letícia da Cunha Freitas, n. 17 Jun 1891 Funchal
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Ōņņ Maria Amélia da Cunha Freitas Teixeira, n. 22 Jun 1916 Funchal
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Ŋņņ Olga Zita da Cunha Freitas Teixeira, n. 15 Nov 1921 Funchal, f. 19 Jun 1997
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Ōņņ José Justino de Morais Botelho Moniz Teixeira, n. 25 Fev 1891 S. Julião da Barra, Oeiras
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+Cora Alice da Cunha, n. 17 Nov 1887 Funchal, f. 1936
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Ōņņ Judite Margarida de Morais Botelho Moniz Teixeira, n. 6 Mai 1893, f. 10 Aug 1943 Lisboa
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+Acácio Correia Ferreira de Seabra, n. 6 Aug 1900 Lisboa, c. 18 Out 1922 Lisboa, f. 16 Aug 1946
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Ŋņņ Maria Margarida Teixeira de Seabra, n. 20 Dez 1923 Lisboa
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Ŋņņ Luís Justino de Morais Botelho de Moniz Teixeira, n. 1897, f. Paris
130
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
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Ŋņņ
+Marie
Emília Botelho Moniz Teixeira, n. 31 Jul 1859 S. Mamede, Lisboa
Henriqueta Augusta Botelho Moniz Teixeira, n. 6 Nov 1862
+Cor. José Maria de Vasconcelos e Sá, n. 23 Jan 1866, c. 28 Aug 1887, f. 17 Jun 1953
Ōņņ José Botelho Moniz Teixeira de Vasconcelos e Sá
Ōņņ Luisa Augusta Teixeira de Vasconcelos e Sá, n. 26 Fev 1890 S. Sebastião, Setubal
Ōņņ Carlota Botelho Moniz Teixeira de Vasconcelos e Sá, n. 26 Fev 1891
Ōņņ Henrique Botelho Moniz Teixeira de Vasconcelos e Sá, n. 26 Mai 1893
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+Maria Manuela Martinho da Fonseca Salvador, n. 6 Nov 1893 S. Julião, Figueira da Foz
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Ŋņņ Cor. Henrique Manuel Salvador de Vasconcelos e Sá, n. 8 Out 1914, f. 12 Mar 1994 Estoril,
Ōņņ Álvaro Botelho Moniz Teixeira de Vasconcelos e Sá, n. 31 Out 1894
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+Ester Aureliana de Oliveira Belo Pereira, n. 16 Jun 1896 Santa Cruz, Barreiro, c. 17 Fev 1919
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Ōņņ Maria Henriqueta Pereira de Vasconcelos e Sá, n. 25 Nov 1919
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Ŋņņ Maria Helena Pereira de Vasconcelos e Sá, n. 2 Mar 1931
Ōņņ Maj. Luís Botelho Moniz Teixeira de Vasconcelos e Sá, n. 2 Aug 1897
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+Luisa Rodrigues Alves, n. 22 Dez 1886 S. Tiago, Braga
Ōņņ Maria Henriqueta Augusta Botelho Moniz Teixeira de Vasconcelos e Sá, n. 7 Abr 1898
Ōņņ Carlos Botelho Moniz Teixeira de Vasconcelos e Sá, n. 1899
Ōņņ Paulina Botelho Moniz Teixeira de Vasconcelos e Sá, n. 24 Aug 1899
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+Eng. Fausto de Almeida de Alcântara Carreira, n. 27 Nov 1900, c. 8 Sep 1926
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Ŋņņ Maria Paulina Isabel Vasconcelos e Sá de Alcântara Carreira, n. 8 Sep 1927
Ōņņ Sofia Conceição Augusta Teixeira de Vasconcelos e Sá, n. 1901
Ŋņņ Matilde Augusta Teixeira de Vasconcelos e Sá, n. 7 Mai 1902
+António Manuel Bruno Machado
Ana Augusta Botelho Moniz Teixeira, n. 7 Fev 1864 S. Mamede, Lisboa
Júlio Botelho Moniz Teixeira, n. 28 Mar 1868 S. Mamede, Lisboa
Carlos Justino Botelho Moniz Teixeira, n. 15 Fev 1871 Lisboa, f. 18 Dez 1929 Lisboa
+Maria Inocência O'Neill de Groot Pombo Ahrens, n. 5 Out 1872, c. 21 Abr 1894, f. 4 Fev 1957
Ōņņ Carlos O'Neill de Groot Pombo Ahrens Teixeira, n. 21 Abr 1895 Setúbal, f. 15 Jun 1996, Setúbal
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+... Reis
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Ōņņ José Carlos Reis Ahrens Teixeira, n. 9 Sep 1918 N S da Anunciada, Setúbal
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Ŋņņ Manuel Ahrens Teixeira, n. 1 Aug 1928, f. 24 Jul 1988 Leiria
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+Irene Baptista Sant'Ana, n. 31 Mai 1902 Setúbal, c. 18 Mar 1930 Setúbal, f. 1 Nov 1982, Lisboa
Ōņņ Maria Beatriz de Groot Pombo Botelho Moniz Teixeira, n. 30 Mai 1896, Setúbal, f. 15 Sep 1948
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+Rui de Morais Vaz, n. 19 Mai 1891 Lisboa, f. 14 Dez 1955
Ōņņ Berta O'Neill de Groot Pombo Ahrens Teixeira, n. 21 Mar 1898 S. Sebastião, Setúbal
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+Ten. José Carlos Pissarra, n. 8 Mar 1898Setúbal, c. 25 Sep 1918 Lisboa, f. 27 Mar 1925
Ōņņ João O'Neill de Groot Pombo Ahrens Teixeira, n. 27 Dez 1899 Setúbal, f. 24 Jul 1963
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+Lídia Vilar Luís, n. 21 Abr 1905 Lisboa, c. 24 Jun 1928 Xinavane
Ōņņ Ana Maria O'Neill de Goot Pombo Ahrens Teixeira, n. 9 Jan 1902 Setúbal, f. 4 Jan 1944
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+Dr. Mário Caes Esteves, n. S. Sebastião, Setúbal, c. 23 Jul 1928 Lisboa, f. 4 Jan 1944
Ōņņ José Eduardo O'Neill de Groot Pombo Teixeira, n. 13 Fev 1904, f. 30 Nov 1985, Lisboa
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+Ivone Ayala de Sales Ferreira Vieira da Rocha, n. 15 Jun 1914 Barcarena
Ōņņ Henrique Ahrens Teixeira, n. 12 Jun 1906 S. Sebastião, Setúbal, f. 1 Sep 1987, Lisboa
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+Maria Luisa Avelar da Costa Freire Torres, n. 10 Mar 1907, c. 31 Jul 1946, f. 16 Jun 1991
Ōņņ Paulina Gergória O'Neill de Groot Pombo Teixeira, n. 5 Jan 1909 S. Sebastião, Setúbal
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+José Hintze Ribeiro Mello Correia, n. 12 Sep 1907 Lisboa, c. 27 Jun 1935 Lisboa, f. 21 Jul 1970
Ōņņ Mário O'Neill de Groot Pombo Ahrens Teixeira, n. 18 Abr 1912, f. 20 Fev 1988 Lisboa
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+Maria Rita Costa Carvalho, n. 9 Dez 1915 Setúbal, c. 23 Out 1943 Vila Fresca de Azeitão
Ŋņņ Luís Filipe O'Neill de Groot Pombo Ahrens Botelho Moniz Teixeira, n. 18 Abr 1912 Lisboa
+Maria Margarida Barata Gagliardini Graça, n. 21 Mar 1920 Espinho, c. 26 Mai 1945 Lisboa
Carolina Augusta Botelho Moniz Teixeira, n. 26 Jun 1873 S. Mamede, Lisboa
Gen. António Justino Teixeira, n. 17 Nov 1823 Sé, Viseu, f. 21 Fev 1905
+Jacinta Emília Fraga, c. 4 Mar 1852
Maria da Glória Giffening Teixeira, n. 15 Aug 1828, f. 1913
+Ten. Cor. Francisco de Paula Botelho de Moraes Sarmento, n. 11 Nov 1823, f. 5 Out 1874
Ōņņ Gen José Justino Teixeira Botelho
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+Maria dos Remédios Varela
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+Heléne Fanny Ema Honárd Ricou, n. 9 Out 1879, f. 3 Jan 1950
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Ōņņ Dr. Manuel Ricou Teixeira Botelho, n. 8 Sep 1901 Lisboa, f. 29 Mar 1979
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+Maria Augusta de Barbedo Santiago
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Ōņņ Maria Paulina Ricou Teixeira Botelho, n. 19 Mai 1904 Lisboa, f. Jan 1992 Parede
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+Sebastião José de Carvalho, n. 8 Mar 1904 Lisboa, c. 19 Dez 1927 Lisboa
131
Ricardo Charters d’Azevedo
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Maria Paulina Ricou Teixeira Botelho de Carvalho, n. 25 Out 1928
Sebastião José de Carvalho, n. 18 Mar 1930
Emília Helena Ricou Teixeira Botelho, n. 17 Dez 1907 Lisboa
+João Moura Borges
Ōņņ Maria Emília Teixeira Botelho de Moura Borges
Ŋņņ João Antunes Teixeira Botelho de Moura Borges, n. 22 Out 1929
+Pedro Brum de Canto e Castro Serrano
Maria Eduarda Ricou Teixeira Botelho, n. 28 Jul 1910 Lisboa
+Manuel de Campos Leite da Silva, n. 16 Sep 1900
Ŋņņ Helena Maria Teixeira Botelho Leite da Silva, n. 15 Dez 1946
Augusto Emídio Teixeira Botelho, f. 23 Aug 1928 Santarém
+Rita de Cássia
Ŋņņ Maria da Glória Teixeira Botelho
+Ricardina Beatriz da Costa Barbosa
Ŋņņ Mário Augusto da Costa, n. 16 Abr 1893 Paranhos, Porto, f. 15 Out 1968 Lisboa
+Camila Manuela Cochofel da Silveira, n. 10 Out 1895 Baião, c. 25 Mai 1919 Porto, f. 28 Aug 1978
Cap. Francisco da Paula Teixeira Botelho
+Lucinda Augusta Barbosa
Ōņņ Ester Teixeira Botelho
Ōņņ Judite Teixeira Botelho
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+Joaquim Pinto Monteiro
Ōņņ Maria Beatriz Teixeira Botelho
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+Carlos Cardoso
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Ŋņņ Maria Beatriz Botelho Cardoso
Ōņņ Sofia Teixeira Botelho
Ōņņ Virgílio Teixeira Botelho
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+Cecília Elisa Botelho da Silva Carvalho
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Ōņņ António Diogo Carvalho Botelho
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Ŋņņ Maria de Lurdes Carvalho Botelho
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+Felismina Pires Teixeira
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Ōņņ António Joaquim Pires
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Ŋņņ Joaquim Pires
Ŋņņ Irene Teixeira Botelho
António Justino Teixeira Botelho
Maria Henriqueta Teixeira Botelho
Maria da Glória Teixeira Botelho, f. 5 Mar 1938
+António da Silva Carvalho
Ōņņ Cecília Elisa Botelho da Silva Carvalho
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+Virgílio Teixeira Botelho
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Ōņņ António Diogo Carvalho Botelho
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Ŋņņ Maria de Lurdes Carvalho Botelho
Ōņņ Carlota Júlia Botelho de Carvalho
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+Bento de Jesus Bastos
Ōņņ José Justino Botelho de Carvalho
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+Maria Antónia Rodrigues Zenha
Ŋņņ Maria Helena Botelho de Carvalho
+Américo Nunes Pinto
Gen. Augusto César Justino Teixeira, n. 10 Abr 1835 Juromenha, f. 2 Fev 1923
+Emília da Encarnação dos Santos Monteiro Águia, n. 4 Abr 1842, f. 5 Sep 1876
Ōņņ Henrique César dos Santos Teixeira, n. 21 Jul 1861
Ōņņ Maria Emília dos Santos Teixeira, n. 13 Aug 1862
Ōņņ Amélia Augusta dos Santos Teixeira, n. 22 Nov 1863
Ōņņ João Augusto dos Santos Teixeira, n. 29 Jun 1866, f. 23 Jul 1946 Lisboa
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+Maria da Conceição Rebelo da Silva, n. 5 Out 1871, c. 28 Mar 1892 Porto, f. 11 Nov 1940 Lisboa
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Ōņņ Carlota Augusta Rebelo Teixeira, n. 22 Jan 1893 Porto
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Ōņņ Maria Delfina Rebelo Teixeira, n. 15 Aug 1894, f. 15 Dez 1933 Lisboa
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+João Carlos de Orosco Escoto Ayala de Azevedo, c. 15 Out 1927 Lisboa
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Ōņņ Eng. Augusto César Justino Teixeira, n. 13 Jun 1896, f. 4 Fev 1980 Lisboa
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+Ermelinda Amália de Freitas, n. 8 Out 1903, c. 5 Fev 1928 Guimarães, f. 1994 Lisboa
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Ōņņ Maria Julieta de Freitas Justino Teixeira, n. 20 Dez 1927 Lourenço Marques
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Ŋņņ Maria Eduarda de Freitas Justino Teixeira, n. 27 Fev 1929 Lourenço Marques
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Ōņņ Amélia Augusta Rebelo Teixeira, n. 14 Nov 1899 Porto
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Ŋņņ Luís Alberto Rebelo Teixeira, n. 10 Dez 1905 Lisboa, f. 13 Sep 1985 Lisboa
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A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
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+Ester da Silva, c. 10 Nov 1929 Conceição Nova (extinta)
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Ōņņ Nuno Augusto Rebelo Teixeira, n. 2 Out 1930 Lisboa, f. 10 Fev 2005 Lisboa
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Ōņņ Ana Maria Rebelo da Silva Teixeira, n. 18 Dez 1932 Lisboa
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Ŋņņ Maria Teresa Rebelo da Silva Teixeira, n. 3 Jul 1941 Lisboa
Ōņņ Augusto César dos Santos Teixeira, n. 23 Aug 1867 Vila Nova de Famalicão
Ōņņ Emília Henriqueta dos Santos Teixeira, n. 12 Out 1868 Porto
Ōņņ José Justino Teixeira, n. 8 Nov 1874
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+Maria Oliveira
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Ŋņņ José Justino Teixeira, f. 9 Abr 1977 Belas
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+Rosa Monteiro
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+Maria Leonor Amorim Silva, n. 5 Sep 1909
Ŋņņ Augusto Amélio dos Santos Teixeira, n. 2 Jul 1876
+Ângela Maria de Sárrea e Prado Mascarenhas e Pessanha, f. 15 Mai 1887
Carolina Frederica Albertina Giffenig, n. 9 Abr 1799 Anjos, Lisboa, f. 5 Abr 1847 Sé, Leiria
+Ten. António Luís Ribeiro da Silva, n. Arrabal da Ponte, Milagres, c. 21 Out 1815 N S da Ajuda, Lisboa
Ōņņ Eduardo Augusto Giffenig Ribeiro da Silva, f. circa 1875
Ōņņ Major António Leopoldino Ribeiro da Silva, n. 22 Mai 1830 S. Mamede, Lisboa, f. 8 Jun 1900
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+Maria Isabel, c. circa 1879
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Ōņņ Júlio Augusto Ribeiro da Silva
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Ōņņ Amélia Ribeiro da Silva
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Ōņņ Álvaro Ribeiro da Silva
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Ōņņ Adélia Ribeiro da Silva
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Ŋņņ Cap. António Luis Ribeiro da Silva, n. 2 Nov 1874 Sé, f. 17 Mar 1963 Portalegre
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+Juliana Fortunata Tavares, n. 19 Nov 1883 Urra, Portalegre, c. 4 Abr 1903 Portalegre, f. 13 Aug 1917
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Ōņņ João Alberto Guiffenig Tavares Ribeiro da Silva
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+Emília
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Ōņņ Juliana Apolónia Guiffenig Ribeiro da Silva
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Ŋņņ Emília Guiffenig Ribeiro da Silva
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Ŋņņ Maria Júlia Tavares Ribeiro da Silva, n. 12 Fev 1908 Portalegre, f. 7 Jan 1990 Lisboa
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+Eng. Eduardo Augusto Simões Fonseca, n. 16 Out 1904, c. 26 Abr 1930, f. 30 Dez 1966 Lisboa
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Ōņņ Maria do Rosário Ribeiro da Silva Fonseca
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Ōņņ Maria do Carmo Ribeiro da Silva Fonseca
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Ōņņ Maria da Conceição Ribeiro da Silva Fonseca
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Ōņņ Maria Antónia Ribeiro da Silva Fonseca
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Ōņņ Maria Eduarda Ribeiro da Silva Fonseca
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Ōņņ Maria Luisa Ribeiro da Silva Fonseca
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Ōņņ Maria José Ribeiro da Silva Fonseca
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Ōņņ João José Ribeiro da Silva Fonseca
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Ŋņņ Eng. Eduardo Ribeiro da Silva Fonseca, n. 8 Aug 1940 Santos o Velho, Lisboa
Ōņņ Guilhermina Carolina Ribeiro da Silva, n. Maldonado
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+José Joaquim Leitão, c. 17 Jun 1853 Sé, Leiria
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Ōņņ Luís Giffenig da Silva Leitão
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+Gertrudes Theriaga, n. 1852, c. 7 Out 1876
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Ōņņ Alberto Theriaga Leitão
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Ōņņ Álvaro Theriaga Leitão
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Ōņņ Maria Luísa Theriaga Leitão
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+Carlos Tavares de Andrade
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Ŋņņ Maria Iva Theriaga Leitão Tavares de Andrade, n. 13 Mai 1908 Leiria, f. 10 Fev 2010 Lisboa
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Ŋņņ Judite Theriaga Leitão, n. 1893, f. 4 Fev 1897
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Ōņņ Amélia Adelaide Giffening da Silva Leitão, n. 23 Nov 1854 Sé, Leiria
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+António Augusto de Barros Santa-Rita, n. Leiria, f. Leiria
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Ōņņ Arq. Fernando de Barros Santa-Rita, n. 11 Out 1891 Sé, Leiria, f. 17 Jul 1977 Lisboa
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+Maria Marques Vieira, n. 24 Aug 1918 Marrazes, Leiria, f. 12 Mai 1967 Leiria
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Ōņņ Dr.ª Maria José Marques Vieira de Santa-Rita, n. 9 Nov 1932 Marrazes, Leiria
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Ōņņ Comt. Ildefonso Marques Vieira de Santa-Rita, n. 23 Jul 1934 Leiria
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Ōņņ Dr.ª Fernanda Marques Vieira de Santa-Rita, n. 6 Jan 1936 Leiria
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Ŋņņ Arq. António José Marques Vieira de Santa-Rita, n. 12 Abr 1938 Sé, Guarda
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Ŋņņ Maria Augusta de Barros Santa-Rita, n. 3 Jan 1893 Leiria, Leiria, f. 21 Sep 1993 Leiria
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+Alvaro Pinheiro da Costa, n. 7 Nov 1884 Leiria, f. 12 Out 1973 Leiria
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Ōņņ Maria Fernanda Santa-Rita Pinheiro da Costa, n. 14 Abr 1920 Leiria
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Ōņņ Maria Raquel Santa-Rita Pinheiro da Costa, n. 12 Out 1927 Leiria
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Ŋņņ Eva Maria Santa-Rita Pinheiro da Costa, n. 1 Mar 1929 Leiria
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Ŋņņ José Giffenig da Silva Leitão, n. 23 Nov 1854 Sé, Leiria, f. 17 Fev 1901
133
Ricardo Charters d’Azevedo
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Ŋņņ
Brigida Ernestina Giffenig Ribeiro da Silva, n. Santa Isabel, Lisboa, f. 5 Jun 1894 Sé, Leiria
+Antonio Correia da Silva Marques, n. Lobão ou Sabugosa, c. Sé, Leiria, f. 29 Jun 1883 Sé, Leiria
Ōņņ Leopoldina Silva Marques, n. 9 Dez 1841 Leiria, f. 9 Jun 1842 Sé, Leiria
Ōņņ Hedwiges Emília da Silva Marques, n. 11 Dez 1843 Leiria, f. 25 Abr 1921 Sé, Leiria
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+Cons. Joaquim de Oliveira Rino Jordão, n. 19 Fev 1837 Batalha, c. 12 Fev 1866 Leiria, f. 1 Dez 1917
Ŋņņ Carolina Amelia da Silva Marques, n. 4 Aug 1849 Leiria, f. 11 Abr 1932 Leiria
+Dr. Antonio Carlos da Costa Guerra, 1º Visc. da Barreira, n. 28 Jul 1840, c. 10 Jun 1866, f. 14 Jan 1909
Ōņņ Dr. João Carlos M. da Silva da Costa Guerra, 2º Visc. da Barreira, n. 27 Fev 1867 , f. 19 Mai 1925
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+Sara Celestina Lopes de Beja, n. 3 Jan 1879, c. 13 Mai 1894 Leiria, f. 11 Nov 1946 Leiria
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Ōņņ Dr. Antonio Carlos P. da Costa Guerra, 3º Visc.da Barreira, n. 21 Dez 1894, f. 20 Sep 1948
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Ōņņ João Carlos Pereira Beja da Costa Guerra, n. 15 Jul 1898 Barreira, f. 21 Nov 1973
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Ŋņņ Maria Guilhermina Pereira da Costa Guerra, n. 21 Jul 1899 Leiria, f. Nov 1935 Leiria
Ōņņ Virgínia da Costa Guerra, n. 26 Mai 1869 Sé, Leiria, f. 26 Jun 1948 Lisboa
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+Eng. Roberto Charters Henriques d'Azevedo, n. 23 Nov 1859, c. 14 Nov 1889, f. 24 Dez 1942
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Ŋņņ Dr. Luis Carlos da Costa Guerra Charters d'Azevedo, n. 23 Nov 1890, f. 9 Dez 1953 Leiria
Ŋņņ Cecilia Carolina Marques da Costa Guerra, n. 7 Sep 1870 Leiria, f. 22 Dez 1932 Lisboa
+Eng. Amando Artur Ferreira de Seabra, n. 7 Nov 1869 Lisboa, c. 15 Jul 1893 Leiria, f. 7 Jan 1932
Ōņņ Amanda da Costa Guerra de Seabra, n. 2 Mai 1894 Sé, Leiria
Ōņņ António Luís da Costa Guerra de Seabra, n. 4 Sep 1895, f. 25 Out 1948
Ōņņ Maria Cecília da Costa Guerra de Seabra, n. 21 Jan 1897 Lisboa, f. 6 Dez 1961 Lisboa
Ŋņņ Maria Fernanda da Costa Guerra de Seabra, n. 13 Jan 1901, f. 14 Mar 1931
Maria Hedwiges Giffenig Ribeiro da Silva
+Gen. João José Lúcio de Gouveia, n. 17 Dez 1825, c. 2 Mar 1851 Sé, Leiria, f. 11 Jun 1900
Ōņņ João Ribeiro da Silva Gouveia, n. 10 Nov 1852 Leiria
Ŋņņ Leopoldina Hedwiges Ribeiro da Silva Gouveia, n. 13 Jun 1854 Leiria
+Dr. Abel Carvalhão de Novaes, n. circa 1850 Tinalhas, c. 12 Jul 1893 Sé, Leiria
Ōņņ Jorge Maria Gouveia de Carvalhão de Novaes, n. 11 Jun 1894 Sé, Leiria
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+Zina Oliveira Fontes, n. 2 Jun 1898 Rio de Janeiro, c. 9 Mai 1925 Lisboa, f. 3 Jan 1969 Lisboa
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Ōņņ Maria de Lourdes Fontes Carvalhão de Novaes, n. 15 Jun 1926 Lisboa
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Ŋņņ João Domingos Fontes Carvalhão de Novaes, n. 25 Dez 1932 Lisboa
Ŋņņ Gabriela Gouveia de Carvalhão de Novaes, n. 19 Dez 1895 Leiria, f. 29 Jul 1897Leiria
Johanna Maria Jacobea Giffenig, n. 15 Fev 1753 Minden, f. 1753
Johanna Carolina Helena Giffenig, n. 9 Fev 1754 Minden, f. 27 Sep 1754 Minden
Georg Christian Erich Giffenig, bap. 15 Dez 1755
Charlotte Johanne Helene Giffenig, n. 27 Aug 1761 Minden
+Dorothee Eleonore Gottliebe Widekind, c. 20 Abr 1766 Minden
Ver detalhes e mais gerações em: www.familiasdeleiria.com.
A grande maioria dos dados provem do arquivo do autor,
mas outras fontes diversas foram usadas como assentos de
baptismos, casamentos e óbitos em Portugal (DGArq) e na
Alemanha, registos militares (AHM) e informações junto do
www.geneall.net
Frontispício do livro do irmão
mais velho do Tenente Johann
Caspar Heinrich Giffenig, o
Johann Benedictus Kaspar
Giffenig, com informações
histórico-estatísticas da cidade
de Iserlohn, as sua florestas,
casas religiosas, fabricas e
direitos por costume e
privilégios (Historisch-Statistische Nachrichten von
der Stadt Iserlohn, ihre Forsten,
geistlichen Stiftungen, Fabriken,
Gewohnheits, Rechten und
Privilegien. Dortemund: 1802)
134
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
ANEXO 5
Descendência conhecida do Gen. Jakob Konrad von Niemeyer
(5 gerações, 103 indivíduos)
Gen. Jakob Konrad von Niemeyer, n. 1 Out 1730 Hannover, f. 19 Jul 1808 Northeim
+Margarethe Elisabeth von Biguer Floto
Ŋņņ Cor. Konrad Heinrich von Niemeyer, n. 4 Mai 1761 Hanover, f. 13 Fev 1806 Lisboa
+Firmina Angélica Agostinho Dantas Correia, n. S. Nicolau, Lisboa, c. Lisboa
Ōņņ Águeda Isabel de Niemeyer, n. 5 Fev 1779 Lisboa
Ň
+Manuel Inácio Ramos Zuzarte, c. 31 Jul 1805
Ōņņ Chrisostomo Henrique Niemeyer
Ōņņ Maria Antónia Conrado de Niemeyer, bap. 4 Out 1784 S. Pedro de Alcântara, Lisboa, f. 21 Jan 1852 Rio de Janeiro
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+Maj. Cândido Norberto Jorge Bellegarde, n. 1781 Lisboa, c. 24 Dez 1801 Socorro, Lisboa, f. 1810 Angra dos Reis
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Ōņņ Major Henrique Luís de Niemeyer Bellegarde, n. 12 Out 1802 Lisboa, f. 21 Jan 1839
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+Maria Luisa Adelaide Vitória Soares, c. circa 1829
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Ōņņ Guilherme Cândido Bellegarde, n. 16 Out 1836 Cabo Frio, f. 27 Jun 1890 Rio de Janeiro
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Ŋņņ Maria Henriqueta Niemeyer Bellegarde, n. circa 1893, f. 3 Fev 1923 Rio de Janeiro
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Ōņņ Marechal Pedro de Alcântara Bellegarde, n. 13 Dez 1807, f. 12 Fev 1864 Rio de Janeiro
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+Carlota Joaquina de Castro Dias, n. Rio de Janeiro, c. 12 Fev 1864, f. 23 Jun 1885 Rio de Janeiro
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Ōņņ Cândida Carolina Dias Bellegarde, n. 9 Mai 1843 Rio de Janeiro, f. 8 Out 1921 Rio de Janeiro
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Ŋņņ Maria Bellegarde, n. 9 Abr 1845, f. Rio de Janeiro
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Ŋņņ Cristiano Bellegarde, bap. 7 Aug 1809 Rio de Janeiro
Ōņņ Margarida Isabel de Niemeyer, bap. 11 Mai 1785 S. Pedro de Alcântara, Lisboa
Ň
+Maj. Ludwig Máximo Georg von Bellegarde, n. S. Mamede, Lisboa, c. 31 Jan 1809 Socorro, Lisboa, f. 1811 Badajoz
Ň
Ŋņņ Luise Máxima Niemeyer von Bellegarde
Ň
+João Manuel Zuzarte da Silva, c. 13 Mai 1835 Santos-o-Velho, Lisboa
Ň
Ōņņ Maria Margarida de Bellegarde da Silva
Ň
Ōņņ Pedro Luís de Bellegarde da Silva, n. 24 Fev 1833 Lisboa, f. 7 Fev 1900
Ň
Ōņņ João Eulálio de Bellegarde da Silva, n. 1837 Lisboa, f. 1859 Lisboa
Ň
Ōņņ Maria de Bellegarde da Silva, n. 1838 Lisboa, f. 1870 Lisboa
Ň
Ōņņ Maria Rita de Bellegarde da Silva, n. 1839 Lisboa, f. 1900 Lisboa
Ň
Ōņņ Maria Antónia de Bellegarde da Silva, n. 1842 Lisboa, f. 1900
Ň
Ōņņ Águeda de Bellegarde da Silva, n. 1845, f. 1872
Ň
Ōņņ Júlia de Bellegarde da Silva, n. 1847, f. 1866
Ň
Ŋņņ Lúcia de Bellegarde da Silva, n. 1849, f. 1878
Ōņņ Cor. Conrado Jacob de Niemeyer, n. 28 Out 1788 Santa Isabel, Lisboa, f. 14 Fev 1862 Rio de Janeiro
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+Teresa Xavier Mendonça
Ň
Ōņņ Dr. Carlos Conrado de Niemeyer, n. Lisboa
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Ōņņ Firmina Herculana Mendonça de Niemeyer, n. 7 Aug 1822 S. Pedro Mártir, Olinda, f. 3 Nov 1879 Rio de Janeiro
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Ň
+Comendador Luís Garcia Soares de Bívar, n. 1808 Baía, c. 5 Fev 1841 Rio de Janeiro, f. 20 Jul 1901
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Ōņņ Teresa Francisca Niemeyer de Bívar, n. 27 Nov 1842 Rio de Janeiro, f. 1870
Ň
Ň
Ōņņ Luís Garcia de Bívar, n. 1 Dez 1843 Rio de Janeiro, f. 18 Sep 1900 Rio de Janeiro
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Ōņņ Ana Lima de Niemeyer Soares Bívar, n. 29 Jul 1845 Rio de Janeiro, f. 23 Out 1933
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Ōņņ Diogo Soares da Silva de Bívar, n. 12 Aug 1846 Rio de Janeiro, f. 12 Abr 1884 Rio de Janeiro
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Ōņņ Conrado de Niemeyer Soares de Bívar, n. 1 Aug 1848 Rio de Janeiro, f. 13 Aug 1883 Rio de Janeiro
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Ōņņ Firmina Mendonça de Niemeyer de Bívar, n. 12 Mar 1850 Rio de Janeiro, f. 16 Aug 1904
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Ōņņ Rodrigo Niemeyer de Bívar, n. 31 Mar 1852 Rio de Janeiro, f. 1 Mar 1854 Rio de Janeiro
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Ōņņ Cap. José Niemeyer de Bívar, n. 18 Aug 1853 Rio de Janeiro, f. 3 Jan 1923
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Ōņņ Leonor Niemeyer de Bívar, n. 20 Sep 1857 Rio de Janeiro, f. 3 Aug 1914 Rio de Janeiro
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Ōņņ Henrique Luís Niemeyer de Bívar, n. 16 Out 1859 Rio de Janeiro, f. 13 Nov 1865 Rio de Janeiro
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Ōņņ Eugénia Mendonça Niemeyer de Bívar, n. 15 Nov 1861, f. Dez 1939
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Ōņņ Manuel Niemeyer de Bívar, n. 1863 Rio de Janeiro
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Ŋņņ Tibúrcio Cid Niemeyer de Bívar, n. 14 Abr 1867 Rio de Janeiro, f. 10 Aug 1924 Rio de Janeiro
Ň
Ŋņņ Ana Vitorina Mendonça de Niemeyer, n. 12 Mar 1826 Fortaleza, f. 3 Jul 1904 Rio de Janeiro
Ň
+Joaquim Carlos de Niemeyer, n. 10 Out 1818 Porto, c. 13 Jan 1842 Iguaçu, f. 9 Nov 1886 Rio de Janeiro
Ň
Ōņņ Ana Conrado de Niemeyer
Ň
Ōņņ Comendador Conrado Jacob de Niemeyer Neto, n. 31 Mai 1842 Iguaçu, f. 5 Nov 1919 Rio de Janeiro
Ň
Ōņņ Eng. Carlos Conrado von Niemeyer, n. 1 Jun 1844 Iguaçu, f. 15 Nov 1922 Rio de Janeiro
Ň
Ōņņ Francisca Amélia de Niemeyer, n. 18 Aug 1846 Iguaçu, f. 24 Aug 1879 Rio de Janeiro
Ň
Ōņņ Joaquim Carlos de Niemeyer Júnior, n. 21 Abr 1848 Rio de Janeiro, f. 11 Mai 1881 Rio de Janeiro
Ň
Ōņņ Pedro Conrado de Niemeyer, n. 8 Jun 1854 Santa Cruz, Rio de Janeiro, f. 26 Jan 1888 Rio de Janeiro
Ň
Ōņņ Gregório Conrado de Niemeyer, n. 10 Nov 1855 Rio de Janeiro, f. 20 Dez 1857 Rio de Janeiro
Ň
Ōņņ Dr. João Conrado de Niemeyer, n. 10 Jun 1856 Rio de Janeiro, f. 12 Sep 1934 Brasil
135
Ricardo Charters d’Azevedo
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Ŋņņ
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Ŋņņ
Arsénio Claudio Conrado de Niemeyer, n. 3 Mar 1858 Rio de Janeiro, f. 12 Jul 1932 Rio de Janeiro
Cândida de Niemeyer, n. 21 Mai 1862 Rio de Janeiro, f. 14 Out 1907 Rio de Janeiro
+Maria Xavier de Mendonça
+Olimpia Estelita de Aguiar Giffenig, n. 1 Dez 1812 Maranhão, c. 26 Jun 1830 Rio de Janeiro, f. 8 Jan 1857 Lisboa
Ōņņ Marechal Conrado Jacob von Niemeyer, n. 21 Abr 1831 Rio de Janeiro, f. 14 Fev 1905 Rio de Janeiro
Ň
+Maria Luisa Menna Barreto, n. 25 Sep 1840 Rio Grande, c. 25 Sep 1858 Rio Grande, f. 5 Out 1913
Ň
Ōņņ Luisa de Niemeyer
Ň
Ōņņ Marieta de Niemeyer, n. 6 Jul 1833 Rio de Janeiro
Ň
Ōņņ Olimpio Conrado de Niemeyer, bap. 10 Jul 1859 Rio Grande, f. Abr 1931 Rio de Janeiro
Ň
Ōņņ Conrado von Niemeyer, bap. 10 Out 1860 Pelotas, f. 28 Sep 1924 Rio de Janeiro
Ň
Ōņņ Helena de Niemeyer, n. 22 Jun 1864 Rio de Janeiro, f. 17 Aug 1865
Ň
Ōņņ Aleixo Conrado de Niemeyer, n. 1865
Ň
Ōņņ Alonso Conrado de Niemeyer, n. 19 Abr 1866 Rio de Janeiro, f. 18 Mai 1923 Campo Belo
Ň
Ōņņ António de Niemeyer, n. 1869 Rio de Janeiro
Ň
Ōņņ Maria Luisa de Niemeyer, n. 17 Jan 1873 Rio de Janeiro, f. 29 Aug 1927
Ň
Ōņņ Alice de Niemeyer, n. 24 Jul 1875 Rio de Janeiro, f. 28 Dez 1922 Rio de Janeiro
Ň
Ōņņ Dario de Niemeyer, n. 1878 Rio de Janeiro, f. 4 Mar 1933
Ň
Ōņņ Maria de Niemeyer, n. 17 Jan 1878 Rio de Janeiro
Ň
Ōņņ Galba de Niemeyer, n. 1879 Rio de Janeiro, f. 9 Abr 1883
Ň
Ŋņņ Raul de Niemeyer, n. 10 Mai 1880 Rio de Janeiro, f. 18 Jan 1930 Petrópolis
Ōņņ Dr. Johannes Gifenig Niemeyer, n. 12 Jul 1833 Rio de Janeiro, f. 16 Jul 1866 Tuiuti
Ň
+Eulália Cândida da Silveira, n. Florianópolis, c. 24 Out 1857 Florianópolis, f. 17 Mai 1912 Florianópolis
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Ōņņ João Conrado Niemeyer
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Ōņņ Eulália Niemeyer, f. 16 Jan 1912 Rio de Janeiro
Ň
Ōņņ Celestina Niemeyer
Ň
Ōņņ Ana da Silveira de Niemeyer, n. 28 Jan 1858 Florianópolis, f. 29 Jun 1913 Rio de Janeiro
Ň
Ōņņ Olymoi da Silveira Niemeyer, n. 26 Aug 1864 Florianópolis, f. 25 Aug 1937 Rio de Janeiro
Ň
Ŋņņ Tito Conrado Niemeyer, n. 4 Nov 1865 Florianópolis, f. 28 Mai 1938 Rio de Janeiro
Ŋņņ Dr. Olímpio Giffenig de Niemeyer, n. 7 Mar 1841 Baía, f. 22 Dez 1912 Rio de Janeiro
+Emília de Bessa Leite, n. circa 1845 Rio de Janeiro, f. 14 Jun 1913 Rio de Janeiro
Cor. Carlos Conrado Niemeyer, n. 1791
+Francisca Amália Teixeira, n. 4 Jun 1799 Guimarães, c. Vila da Feira, f. 24 Mar 1883 Coração de Jesus, Lisboa
Ŋņņ Joaquim Carlos de Niemeyer, n. 10 Out 1818 S. Nicolau, Porto, f. 9 Nov 1886 Rio de Janeiro
+Ana Vitorina Mendonça de Niemeyer, n. 12 Mar 1826 Fortaleza, c. 13 Jan 1842 Iguaçu, f. 3 Jul 1904 Rio de Janeiro
Ōņņ Ana Conrado de Niemeyer
Ōņņ Comendador Conrado Jacob de Niemeyer Neto, n. 31 Mai 1842 Iguaçu, f. 5 Nov 1919 Rio de Janeiro
Ōņņ Eng. Carlos Conrado von Niemeyer, n. 1 Jun 1844 N Iguaçu, f. 15 Nov 1922 Rio de Janeiro
Ōņņ Francisca Amélia de Niemeyer, n. 18 Aug 1846 Iguaçu, f. 24 Aug 1879 Rio de Janeiro
Ōņņ Joaquim Carlos de Niemeyer Júnior, n. 21 Abr 1848 Rio de Janeiro, f. 11 Mai 1881 Rio de Janeiro
Ōņņ Pedro Conrado de Niemeyer, n. 8 Jun 1854 Santa Cruz, Rio de Janeiro, f. 26 Jan 1888 Rio de Janeiro
Ōņņ Gregório Conrado de Niemeyer, n. 10 Nov 1855 Rio de Janeiro, f. 20 Dez 1857 Rio de Janeiro
Ōņņ Dr. João Conrado de Niemeyer, n. 10 Jun 1856 Santa Cruz, Rio de Janeiro, f. 12 Sep 1934 Brasil
Ōņņ Arsénio Claudio Conrado de Niemeyer, n. 3 Mar 1858 Rio de Janeiro, f. 12 Jul 1932 Rio de Janeiro
Ŋņņ Cândida de Niemeyer, n. 21 Mai 1862 Rio de Janeiro, f. 14 Out 1907 Rio de Janeiro
Ver detalhes e mais gerações em: www.familiasdeleiria.com.
Fontes diversas foram usadas como assentos de baptismos, casamentos e óbitos em Portugal (DGArq)
e na Alemanha, registos militares (AHM) informações recolhidas junto do Colégio Brasileiro
de Genealogia – Artigos genealógicos: título Niemeyer (arquivo de Paulo Carneiro da Cunha) e junto
do www.geneall.net, nomeadamente no Forum http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=273476&fview=e
onde se confrontaram dados com investigadores como Nuno Rocha Leite,
Maria Oom e muitos outros que nele participam.
136
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
ANEXO 6
Alvará de 28 de Março de 1791
EU A RAINHA Faço saber aos que este Alvará virem: Que tendo entendido o estado de
ruína, em que se achão as Estradas Públicas
do Reino, ainda a mais principal dellas , que
comunica esta Capital com a Cidade du Porto,
tão considerável peia sua Situação, População,
Comércio, e Riqueza. O que considerado juntamente com a utilidade dos Povos, por onde
passão as Estradas, faz mais necessário o auxilio prompto da Minha Real Providencia; pois
que pela ruina delias não podem os habitantes
Lavradores transportar os frutos dos seus trabalhos, nem por falta de Exportação, e Consumo adiantar a sua Agricultura. Resolvi mandar proceder ás Obras da Construção das Estradas principais, dirigidas á cómoda, e util
communicação interna deste Reino; Ordenando que ellas se fossem gradualmente construindo pelo Methodo, Regulamento e Plano, que
Tenho determinado, segundo a variedade dos
Terrenos, por onde ellas devera passar; e segundo as utilidades, que prometem as differentes situações dellas. É porque não he praticável o proceder-se ao mesmo tempo à Construcção de todas as que Tenho Resoluto mandar fazer; Sou Servida, que em primeiro lugar
se conclua a Estrada, que vai desta Capital para
a dita Cidade do Porto, dirigindo-se por Leiria,
e Coimbra. E por quanto Sou Informada também, que as Obras do Encanamento do Rio
Mondego, determinadas desde o principio
deste Século, e quasi desde esse tempo desamparadas, fazem pelas ruínas dos ultimos
annos da mais urgente necessidade o proceder a ellas com promptidao, e actividade,
antes da total ruina dos Campos de Coimbra,
e da Navegação do Rio Mondego, que está
quasi impraticável em alguns Meses do anno.
Ordeno a este respeito o seguinte.
I. Que das Consignações destinadas para
a Ponte de Coimbra, Rio Mondego, Calçadas,
e também das Consignadas para as Obras da
Barra da Cidade de Aveiro, se faça huma só
Massa commua, que se empregue logo, e
antes de tudo na Construção das Estradas
desta Capital, até a Cidade do Porto, nas Obras
do Encanamento do dito Rio Mondego, e nos
reparos das Pontes, sobre os Rios Voga, e
Marnel; procedendo-se ás averiguações necessárias para adiantar, e melhorar Navegação
do dito Rio Voga.
II. Que concluídas que sejão estas Obras,
se enlüo parecer praticável, necessário, ou util
se aplicarão não só as ditas Consignações, mas
também as outras abaixo declaradas, ás outras Obras, a que estavão destinadas , ou ás
que parecerem mais úteis, e da maior satisfação aos Povos.
III. Hei por bem fazer Mercê em beneficio
da Causa Pia e Pública das ditas Obras, de applicar o dobro das Cizas das Comarcas de
San-tarém, de Leiria, de Alcobaça, de Coimbra, de Aveiro, e do Porto, para se despenderem nas ditas Estradas, que por ellas transitão e nas outras Obras; e isto não só pelo
tempo, que decorrer até o complemento mas
também para se ajuntarem com as outras
Consignações, até effectivamenle, se pagarem
as Sómnas, que Tenho mandado se adiantem
pelo Cofre do Deposito, que para estes fins se
guarda no Erário Régio.
137
Ricardo Charters d’Azevedo
Quanto ás Estradas
IV. Tendo mandado por differentes Ordens,
encarregadas ao Conde de Valladares proceder aos reparos, e alinhamentos da Estrada,
desde a Póvoa, até Leiria: tendo-se debaixo
da sua direcção trabalhado, até ao fim da: Serra de Rio Maior, coro maior progresso do que
podia esperar-se dos meios, e faculdades, que
tem na sua Repartição: Ordeno, que além de
outras Obras da maior importância, de que
agora o mando encarregar, promova opportunamente o complemento da Estrada até á
dita Serra de Rio Maior, para que ella se solide,
e uniforme com a que o dito Lugar em diante,
até á Cidade do Porto, mando construir debaixo das Regras, Methodo e Plano geral, que
tenho aprovado, e vai a por-se em prática. E
por quanto assim as novas Obras, como a Ponte no Rio de Sacavem, e a perfeição da dita
Estrada poderão ser superiores aos meios,
que o Conde tem na sua Repartição. Tendo
resoluto auxiliallo com as necessárias adições,
para que tudo se conclua felizmento, pondo
em exercício o seu distincto zelo, e actividade.
V. Ordeno, que se proceda ao alinhamento desde o fim da Serra de Rio Maior, até á
Cidade do Porto, examinando-se, e ratificando-se o que já há; primeiro até Leiria, e
fazedo-se dahi até Coimbra, e desta até à Cidade do Porto.
VI.Este alinhamento se deverá fazer com
conhecimento do Terreno, para que se pratique com commodidade, utilidade, economia, e com esta consideração se formarem
Cartas Typograficas, pelas quaes conste a diferença da nova, a antiga direcção.
VII. Formada qualquer Carta Typografica
do Terreno delineado, e sendo ella acompanhada com as informações, e fundamentos do
novo alinhamento, a deverá remeter o Magistrado Superintendente Geral á Secretaria
de Estado dos Negócios do Reino, para sere
aprovada como parecer, ou absolutamente, ou
com as alterações, que for Servida Ordenar.
138
Emendando o alinhamento, devendo por fim
executar-se a Carta que voltar assinada pelo
Ministro, e Secretario do Estrado da Repartição.
VIII. Ordeno, que a dita Estrada geral seja
construiria na largura de quarenta palmos
livres, além do Terreno que devem occupar
os Muros, ou Socalcos, e os Fossos dos lados
necessários para a sua segurança , e duração.
IX.Ordeno, que o Methodo da Construcção
seja o mesmo, que com notória utilidade se
principiou a executar na Estrada de Guimarães para o Porto.
X. Ordeno, que no alinhamento se prefirão
as linhas rectas, que incurtem os Caminhos
algemas curvas, que ou facilitem a Construcção, ou salvem Fazendas consideráveis, ou
fação commodidade aos Vianjantes, e Transportes, pela abundância da Agua, que faltaria
na outra direcção, ou pelo bem commum dos
ditos Viandantes, e dos Moradores de algumas Povoações, em se aproveitarem na direcção curva.
XI. E por quanto, he de Justiça, e necessária
Providencia, que agora mesmo no tempo da
Construcção destas Estradas haja lembrança
da sua Conservação, Ordeno, que o Superintendente Geral na occasião do alinhamento,
aponte os Lugares, em que se hão de estabelecer Barreiras, nas quaes os que transitarem,
deverão contribuir com as módicas porções,
que se arbitrarem, e que deverão empregar-se nos reparos; e conservação das mesmas
Estradas.
XII. Em beneficio da mesma Conservação
das Estradas, Tenho Ordenado o Modelo para
as rodas dos Carros, e que depois de estabelecidas as Barreiras se arbitre com differença a
Imposição sobre os Carros, que transitarem, de
maneira que paguem mais, os que conservarem o antigo Modelo, tão ruinoso, e prejudicial: E Sou Servida, que esta Providência se estenda a todas as novas Estradas já principia-
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
das, e que mandar ao diante construir em todo
o Reino, debaixo das Regras já praticadas em
Guimarães, e que Mando praticar.
Quanto ao Superintendente Geral
das Estradas
XIII. Por Decreto de onze de Março do presente anuo, Fui Servida crear por Commissão,
hum Superintendente Geral para estas Estradas: E Mando, que todos os Magistrados , Juizes, e Justiças das Comarcas de Santarém, de
Leiria, de Alcobaça, de Coimbra, de Aveiro, do
Porto, e outras circumvisinhas, cumprão todas as Ordens, que por elle lhe forem dirigidas, a bem da sua Commissão, ainda que sejão expedidas por Cartas particulares por el!e
assinadas , sem forma judiciai , e Forense, que
nesta incumbência pôde dispensar-se.
XIV. O Superintendente poderá também
por Commissão Temporal nomear Escrivão,
Meirinho, e Ofíiciaes de Justiça, que lho
parecerem necessários; e removellos a seu
arbítrio, sem que nem huns, nem outros, possão pertender pelas nomeações, que tem direito como Officiaes com Carta.
XV. Pertence ao Superintendente o zelar,
e auxiliar a execuçâo deste Alvará; formar
Processos Verbaes sobre as Adjudicações dos
Terre-nos, que se tomarem para as Estradas ,
intervindo Louvados de huma, e outra parte;
e sentenciando por fim verbalmente a Adjudicação, sem outro apparaio de fundamentos, que não seja o breve, e conciso Despacho, da forma seguinte = Tantas Varas de Terra de FF., avaliadas era tanto, se pagarão a seus
Donos , e se appropriarão para a Estrada Pública no Sitio de tal. =
XVI. Nesta Sentença, ou Despacho de Adjudicação, será Juiz Relator, o Superintendente; e seus Adjuntos, dois Juizes de Vara
branca, quaes elle para este effeíto avisar, ou
sejão Corregedores, Provedores, ou Juizes de
Fora; preferindo por commodidade os mais
visinhos.
XVII. Também pertence ao Superintendente o conferir com os Engenheiros nomeados os diferentes ramos da sua Commissão,
conforme a elle lhe parecer necessário, ou util.
Antes do Engenheiro proceder ao alinhamento, e antes de o desenhar na Carta Tipográfica, deverá propollo ao Superintendente, com
os fundamentos, que tem para assim obrar.
No caso de não haver conformidade, reduzindo-se a escrito as razões de huma, e outra
parte, dará Conta o Superintendente pela dita
Secretaria de Estado, para se decidir.
XVVIII. Terá o Superintendente cuidado em
fazer bordar as Estradas com as Arvores próprias do Terreno, plantando-as na distancia,
que lhe parecer, assim a respeito da Estrada,
como de humas a outras, igualmente terá cuidado em notar os Sitios, em que seja necessário ou commodo, construir Casas, em beneficio dos Viandantes.
XIX. Posto que o alinhamento se mande
fazer desde a Serra do Rio Maior, até á Cidade
do Porto, não deve o Superintendente começar, e prosseguir sucessivamente, e sem interpolação estas Obras; mas deve trabalhar com
preferencia naquelles Sítios, e Terrenos, que
actualmente são menos praticáveis, como he
por exemplo, tudo o que decorre desde a dita
Serra, até junto a AJgibarrota [sic], precedendo com tudo para assim se execular, Informação do Superintendente, e Resolução da
Secretaria de Estado.
XX. Formará o Superintendente os Regulamentos de Policia, Economia, e Administração
dos diferentes ramos da sua Commissão, para
que a despeza da Fazenda, o methodo, e ordem dos trabalhos, serviço, e tranquillidade
dos Trabalhadores, conconrrão felizmente
para o progresso destas utilíssimas Obras. Formados que sejão os ditos Regulamentos, os
remetterá á Secretaria de Estado, para serem
revistos, e approvados, e poderem depois de
assinados pelo Ministro, e Secretario de Estado da Repartição, ter a devida execução.
139
Ricardo Charters d’Azevedo
XXI. Das Folhas de despeita , assignadas
pelo Superintendente, se formará no fim de
cada mez hum Mappa, que o mesmo Superintendente deverá remetter á Secretaria de
Estado; e de seis em seís Mezes formará outro Mappa de Semestre, que também deverá
remetter, dando Conta do que tiver occorrido, e do estado das Obras, para se fazer combinação com os Mappas de cada Mez, e se calcular pelo adiantamento do que estiver feito,
com o que faltar por fazer, se deve, ou não
haver alteração em alguma parte desta Commissão.
XXII. Porque da promptidâo dos pagamentos de todo o necessário para estas Obras depende essencialmente o progresso dellas:
Ordeno, que do Deposito, que se guarda no
Erário Régio, se extranhão, e remettão as porções, que gradualmente forem necessárias,
seguindo-se o methodo seguinte.
XXIII. O Ministro, e Secretario de Estado
dos Negócios do Reino, logo que for informado da necessidade da despeza , ou pelas Propostas, que se lhe devem fazer para emprego
de Materiaes, Instrumentos, e quaesqoer outras coisas, para se empregarem nas Obras,
ou pelos Mappas das Folhas de Ordenados, e
Salários, avisará em Meu Nome ao Presidente
rio Real Erario, para que este por suas Portarias
mande entregar do Cofre do Deposito as porções, que se apontarem, guardando se nelle
os ditos Avisos, para servirem de Titulo, e depois se conferirem com os mais Documentos
tia despeza.
Quanto ao Encanamento do Rio Mondego
XXIV. Ordeno, que em beneficio da Navegação, desde a Fós do Rio Mondego, até á Cidade de Coimbra; e em beneficio da Agricultara dos Campos situados, desde as visinhanças da Cidade, até junto á Villa da Figueira, se proceda logo ás Obras do Encanamento
do mesmo Rio, seguindo-se o Projecto, e Methodo, que Me foi presente, com o Mappa do
Curso do Rio, no estado actual, notado com a
140
nova direcção, que deverá haver, subscripta
pelo Ministro, e Secretario de Estado dos Negocios do Reino.
XXV. Em beneficio da Navegação, Ordeno,
que para cima da Ponte de Coimbra se pratiquem nas Insôas, e Margens, os Cortes, e Obras,
que parecerem ao Professor Hydraulico, que
Tenho Nomeado, para dirigir o Encanamento.
XXVI. Com o parecer do mesmo Professor,
se comporão as pequenas Obras, que ultimamente se fizerão nos bórdos da mesma Ponte, e doa quaes no estado em que ficarão não
ha necessidade, nem se segue utilidade, antes
abusos, e desordens contra a Policia.
XXVII. Para baixo da Ponte deverá trabalhar-se com preferencia na volta das Mós, ou
Almegue, onda o Rio largando ha muitos annos o antigo Alvéo, que se encaminhava à Jaria, se fez o novo, que Mando se siga e solide.
XXVIII. Deverá trabalhar-se pela direcção
do Professor em juntar a Agua, que por diferentes Canaes se acha derramada peio Campo da Requeixada, arruinando muitas Terras,
e embaraçando a Navegação.
XXIX. Quaesquer Insôas, Camalhões, ou
Mouxões, que obstarem ao Encanamento,
serão cortadas, e destruídas, ou em parte, ou
em todo como for necessário, sem se considerar compensação aos Possuidores por que
se não deve aos usurpadores do Alveo do Rio,
que com usurpações tem causado tanto damno á Navegação, e aos legítimos Senhores das
Terras dos Campos contíguos.
XXX. Aos Senhores porém das Terras, por
onde passar o novo alinhamento do Rio, se
deverá compor o prejuízo, que experimentarem peIa occupação, avaliando-se as Terras, e
dando Conta o Superintendente, para se ordenar o modo da mesma compensação, ou
em Dinheiro, ou em Terras equivalentes.
XXXI. No mesmo Sitio das Mós, onde o Rio
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
rompeo para fazer o novo Alveo, que Mando
seguir, se deverão fazer de hum, e outro lado
os Cortes, e Obras, que parecerem necessárias, e uteis para facilitar, e fortificar o Encanamento do seu principio.
XXXII. Deverá fixar-se o Alveo natural do
Rio da largura de quarenta e cinco, ou cincoenta Varas, como resolver o Professor, segurando-se ao mesmo tempo as Margens com Estacas, Fachinas , Arvores e Arbustos. Continuando a direcção do Rio na linha mais recta,
que foi compatível com a natureza da Corrente; e com a utilidade dos Campos, até o
Cotovelo, que o Rio faz defronte da Granja,
ficará no prudente arbitrio do Professor Hydraulico, ou tirar já este Cotovelo, ou reservar
esta Obra para depois, vendo-se que ella faz
prejuízo considerável ao Encanamento.
XXXIII. Depois da Granja chegando o Encanamento defronte da Villa de Monte-Mór para
evitar a grande volta, que o Rio faz contra o
declive natural, que tem em linha mais recta,
e que em vão se tem pertendido embaraçar
com Marachões, e Obras dispendiosas: Ordeno, que se abra novo Alveo, que dírigindo-se,
ou pelo Nascente, ou pelo Poente do Monte
da Eireira, vá buscar o Rio pela Valla de Fója,
ou Maiorca, ou por outra parte fronteira a
Reveles.
XXXIV. Correndo de Reveles , até o Penedo
de Lares, pelo Alveo actual, deverá ahi em
Lares abrir-se novo Alveo, que vá encontrar, e
metter-se outra vez no antigo entre Villa
Verde, e a Morraceira.
XXXV. Tanto neste Sitio de Lares, como no
acima dito de Monte-Mor, onde se abrem novos Alveos, deverão fazer-se no antigo, Marachões, e Tapumes, que embaracem a divisão
das Aguas, e promovão a nova direcção.
XXXVI. Decidindo-se, que a largura do Alveo até o Lugar onde sobe a Maré, deverá ser
diferente da que lhe fica superior; o Professor Hidráulico arbitrará a largura que se lhe
deve dar, para que por ella se regule a abertura do novo Alveo, e com Estacadas, e Obras
competentes, se limite o antigo.
XXXVII. As despesas destas Obras deverão
sahir da Massa geral acima notada, que Tenho Ordenado se forme das differentes Contribuições, estabelecidas para Ponte, Calçadas,
e Rio Mondego, para a Barra de Aveiro, e das
que Hei por bem juntar-lhe por este Alvará;
fazendo-se também conta com as Contribuições, que há para os Marachões ao Norte, e
Sul do Mondego, que todas com Juizes, ou
Provedores, e mais Officiaes ficão sujeitas ao
Superintendente, em beneficio das Obras.
XXXVIII. Tendo-se advertido, que as Aguas
do Ribeiro que vem dos Fornos, e pela Valla
da Jaria entravão no antigo Alveo do Mondego; depois de este desamparado, e entulhado,
romperão livremente para os Campos de São
Fagundo, Lavarrabos, e Quimbres: Ordeno,
que em beneficio dos Campos, e da Navegação praticável em alguns Mezes do anno,
se encanem as ditas Aguas da Valla da Jaria,
com direcção á Valla de Anção, e que nesta se
fação todas as Obras, e reparos, que parecerem necessárias, e uteis até desaguarem no
Mondego, junto a Monte-Mór.
XXXIX. E por quanto a dita Contribuição
para as ditas Calçadas, Ponte, e Rio, he a mais
própria para se applicar ás Obras: Ordeno, que
com preferencia se despendão do Cofre, que
se guarda na mesma Cidade, as sommas que
nelle houver proporcionalmente , assim como
até agora se praticava restrictamente em pequenas, e mal consideradas Obras.
XL. Para se proceder porém ás sobreditas
despezas, deverá antes o Superintendente
conferir com o Professor Hydraulico, e propor
pela Secretaria de Estado dos Negócios do
Reino as Sommas, que entenda necessárias
extrahir para Materiaes, Instrumentos, e mais
coisas necessárias, para entrar nos deferentes
trabalhos desta Commissão; e propondo juntamente neste principio hum orçamento do
141
Ricardo Charters d’Azevedo
que puderão importar as despezas das Folhas
dos primeiros dois Mezes, para com este conhecimento se lhe darem as Ordens pela mesma Secretaria de Estado dos Negocios do Reino, para se extrahirem do Cofre essas Sommas. Bem entendido, que no fim de cada Mez,
e no fim de cada Semestre ha de remetter os
Mappas na forma do que fica regulado a respeito das Estradas. Ficando-se por fim entendendo, que todos os Mappas, Folhas, e Titulos de despeza deverão na conclusão rever-se
no Erário Régio, donde sahem as Sommas, que
hão de despender-se, e donde para este effeito se devem considerar sahidas as existentes nos Cofres de Coimbra, Aveiro, ou outros Contribuentes: Ordenando-o assim para
Regulamento, e Ordens destas operações, e
para constar pelo resultado das Sommas, que
se consumirem, além das provenientes das
ditas Contribuições, por deverem estas continuar até o pagamento do Erário, ou de quem
direito for.
XLI. Pela Secretaria de Estado dos Negócios do Reino se expedirão as Ordens, e Despachos, que na execução deste se fizerâo necessárias para remover os embaraços, que occorrerem; como também para regular os
Emolumentos, e Ajudas de Custo aos Magistradas, Engenheiros, Officiaes e Pessoas, em-
142
pregadas nesta Commissão.
Pelo que; Mando á Meza do Desembargo
do Paço; Conselho da Fazenda, e Real Erário;
Regedor da Casada Supplicação; Governador
da Relação, e Casa do Porto, ou quem seu Lugar Servir; Ministros, Officiaes, e mais Pessoas
destes Reinos, que cumprão, e guardem, e
fação inteiramente cumprir, e guardar este
Meu Alvará como nelle se contém, sem embargo de quaesquer outras Leis, ou Disposições, que se opponhão ao conteúdo nelle,
as quaes Hei por derogadas para este effeito
somente, ficando aliás em seu vigor. E Mando ao Doutor José Ricalde de Pereira de Castro, do Meu Conselho, Desembargador do
Paço, e Chanceller Mor do Reino, o faça publicar na Chancellaria, registando-se nos Livros a que tocar, remettendo-se Exemplares
aos Lugares, onde se costomão enviar, e mandando-se o Original para o Real Archivo da
Torre do Tombo. Dado no Palacio de Nossa
Senhora da Ajuda, em 28 de Março de 1791
Com a Assinatura de Sua Magestade e a do
Ministro.
Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios
do Reino no Liv. 8º das Cartas, Alvarás, e Patentes e Impr. Na Officina de António Rodrigues
Galhardo
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
ANEXO 7
Regulamento para a reforma dos Carros, estabelecimento de Barreiras
e conservação das Estradas
EU A RAINHA. Faço saber aos que este Alvará virem: Que sendo informada, que as Estradas, que Tenho mandado construir para
beneficio dos Meus Vassallos se achão em
algumas porções acabadas, e por isso nos termos de se principiarem a estabelecer os diversos ramos da sua Policia, que Fui servida
annunciar no Alvará de vinte e oito do Março
de mil setecentos noventa e hum: Hei por bem
approvar para a reforma dos Carros, e estabelecimento de Barreiras, e para a conservação
das mesmas Estradas os Regulamentos, que
me forão apresentados, em virtude do que
Ordenão os Parágrafos XI., XII., e XX. do referido Alvará, e Mando, que depois de assignados por José de Seabra da Silva, Meu Ministro, e Secretario de Estado dos Negócios do
Reino, se executem como nelles se declara,
estabetacendo-se as Barreiras por Avisos do
mesmo Ministro de Estado nos sítios annunciados no dito Paragrafo XI, do Alvará, combinando-se nelles a construcção de Obras dispendiosas com a affluencia, e commodo dos
Viandantes. E Havendo consideração aos damnos, a que estão expostas as Fazendas, e Terrenos abertos na proximidade das Novas Estradas, e que similhante condição he contraria
á abundância, e segurança dos Frutos, e aos
direitos de propriedade, que Devo fazer manter, e respeitar entre os Meus Vassallos: Sou
servida Determinar, que os Proprietários, ou
Possuídores daquellas Fazendas e Terrenos os
posaão tapar, intervindo licença, e authoridade do Superintendente Geral das Estradas,
para que isso combine com a Policia, que para
ellas Mando estabelecer; e pelas mesmas razoes Ordeno, que aqueJIe Magistrado faça extinguir os Atravessadouros, e Serventias inú-
teis, que decorrerem ao longo das referidas
Estradas, por serem damnosas á Agricultura,
e á Tranquilidade dos Povos; e desta fôrma
Hei por ampliada a execução do que determina o Alvará de nove de Julho de mil setecentos setenta e tres no Paragrafo XII. E este se
cumprirá tão inteiramente como nelle se
contém sem dúvida, ou embargo algum qualquer que elle seja. E não passará pela Chancellaria posto que seu effeito haja de durar
hum, e mais annos, não obstantes as Ordens
em contrario. Dado no Palacio de Quéluz em
11 de Março de 1796. = Com a Assinatura do
Príncipe com Guarda.
Regist. na Secretaria de Estado dos Negócios do Reino no Liv, 8º das Cartas, Alvarás, e
Patentes.
Regulamento para a Reforma dos Carros,
e Estabelecimento das Barreiras nas
Estradas novamente construídas.
Art.
I. Nos sítios, que Sua Magestade Fôr servida declarar pela Secretaria de Estado dos Negócios do Reino, se estabelecerá huma Cancella,
aonde o Transporte, e a Viagem pague as módicas porções abaixo declaradas, em virtude do
que Ordena o Alvará de vinte e oito de Março
de de mil setecentos noventa e hum, a fim de
que as Estradas tenhão hum prompto, e contínuo reparo, sem que para isso intervenha
serviço algum gratuito, de que possa resultar
incommodo, e oppressão aos Povos.
II. Junto á Cancella existirá huma casa para
agazalho do Cobrador da Barreira, e na sua
frente estarão escriptos os preços, que se de143
Ricardo Charters d’Azevedo
vem pagar na forma abaixo declarada, para
que não aconteça fraude alguma contra o
Público.
Por hum Carro a dois Bois, ou Bestas quarenta réis, a quatro, cento e vinte réis.
Por huma Sege, ou Liteira cem réis.
Por huma Carruagem a duas Bestas cento
e vinte réis, a quatro, duzentos e quarenta réis.
Por huma Besta de Viagem, ou transporte
quinze réis.
Por hum Jumento, na forma dita sinco [sic]
réis.
Bois, Vaccas, ou Bestas conduzidas em
Manadas, por dez quarenta réis, e sendo o
numero menor, por cabeça sinco réis.
Gado de Lã, Cabradas, ou Porcos na fôrma
dita, por dez vinte réis e sendo o número
menor, por cabeça tres réis.
Nos Carros, Seges, e Carruagens se guardará sempre a proporção assima estabelecida quando o número das forças vivas for
maior; ou menor do que se acha declarado.
III. Todo o Carro, que tiver Eixo firme, e não
menos do quatro pollegadas de largura na
ferragem de cada roda com pregos imbutidos,
he por dez annos isento da Contribuição das
Barreiras sendo puxado por dois Bois, ou Bestas, sendo porém o numero das forças vivas
quatro pagará sessenta réis, guardada para
maior número igual proporção.
IV. Todo o Carro de duas, ou quatro rodas,
construído na forma assima dita, e cuja ferragem tiver seis pollegadas de largura, he pelos mesmos dez annos isento sem limites de
forças vivas, e o tempo da isenção se contará
desde o estabelecimento da Barreira, para o
que se achará em cada huma escripta a sua
data.
V. Nenhum dos pagamentos expressos será
cobrado mais de huma vez em cada vinte e
quatro horas, contadas desde que sahe o Sol,
para o que se pôde exigir do Cobrador bilhete
na primeira passagem.
144
VI. Todas as vezes, que a Barreira for posta
junta a qualquer Villa, ou Cidade, deve haver
huma Cancella na entrada, e outra na sahida,
mas em ambas ellas somente se pagará a Taxa
de huma Barreira, para o que os Cobradores
serão obrigados a entregar bilhete de Senha,
pelo qual no dia da sua data passe livremente
o que elle contém pela outra Barreira da extremidade opposta.
VII. Quaesquer Justiças obrigarão summaria, e executivamente ao tresdobro das Taxas
determinadas aquellas pessoas, que recusarem o seu pagamento, e havendo violencia,
ou arrombamento de Barreira o Juiz Territorial procederá na fôrma das Leis do Reino. A
mesma pena tresdobro será imposta aos Confinantes, que derem passagem pelos seus Prédios em fraude da Barreira, e ambas as penas
pecuniárias serão applicadas para o Cobrador
da Barreira.
VIII. O Superintendente Geral das Estradas
estabelecerá nos primeiras tres annos Cobradores de Administração, e no fim delles, ou
ainda antes dirija ordem ao Magistrado, cuja
residência for mais próxima, e o da direcção
da nova Estrada, sendo ao mesmo tempo a
mais vantajosa para a arrecadação, e destino
das Barreiras, para que no principio de cada
anno arrende as que lhe forem declaradas,
praticando as seguranças competentes ás Rendas Reaes; e o Rendeiro, (que exigir maior preço do que se declara nos Artigos II., e III., perderá para aparte o tresdobro da quantia, que
levar com excesso do Regulamento; e o Magistrado competente estabeleça hum Cobrador á custa do Rendeiro delinquente, ficando
este inhabil para ser adimitido ao Arrendamento de Barreiras.
IX. O mesmo Magistrado, encarregado do
Arrendamento das Barreiras, nomeará Depositário abonado para receber o seu producto,
que será appurado segundo as instrucções,
que nesta matéria estabelecer o referido Superientendente.
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
X. O Superintendente terá hum Livro para
nelle se distribuírem os assentamentos das
Barreiras, e em huma lauda mandará escrever o tempo em que principiou a Barreira, seguindo-se a declaração do seu producto, e na
lauda em frente se escreverá a applicação do
mesmo producto em virtude do que Ordena
o artigo antecedente; o quando houver accrescimo se assentara na mesma lauda da
Despeza, praticando-se esta operação no fim
de cada anno, para haver hum exacto conhecimento da responsabilidade dos Magistrados,
encarregados do Arrendamento das Barreiras,
e dos seus competentes Depositários.
XI.Esto Regulamento será registado em
todas as Cameras dos Districtos das Barreiras,
eo Superintendente Geral, a quem pertence
providenciar a respeito da sua execução, terá
todo o cuidado em que exista a mais prompta
assiduidade da parte dos Cobradores, para se
evitar qualquer retardamento, que possa incommodar o Transporte, e a Viagem, para o
que os Cobradores serão obrigados a ler este
Regulamento, e o Superintendente mandará
existir em todas as Barreiras hum molde de
ferro, ou bronze com Marca Real, a fim de se
conhecerem sem demora os Carros que são
isentos, na conformidade dos Artigos III, e IV.
XII. Tanto as penas referidas no Artigo VII,
como o tresdobro imposto á Contravenção do
Cobrador no Artigo VIII, serão executadas por
quaesquer Justiças, a quem com prova de
duas Testemunhas se requerer; pelo que pertence aos Cobradores será o summario remettido ao Magistrado, encarregado do Arrendamento da respectiva Barreira, para se verificar a inhabilidade, como se declara no Artigo
VIII; mas pelo que pertence ás penas, que o
Artigo VII remette as Leis do Reino, devem
proceder os Magistrados Territoriaes a quem
Ellas o Ordenão.
XIII. O Superintendente nos primeiros dois
Mezes de cada Anno visitará as Barreiras, rubricando nellas os Regulamentos e dando as
providencias, que lhe parecerem necessária
para a sua mais simples, execução, e para o
mesmo Superintendente haverá recurso das
penas, e procedimentos estabelecidos privativamente neste Regulamento, e deferirá summaria, e verbalmente, fazendo disso hum simples assentamento no Livro, que deve ter para
a Escripturação, e providencias da Visita assima determinada.
XIV. O mesmo Superintendente poderá
destinar os accrescimos das Barreiras para o
reparo, e conservação das Estradas, cujas Barreiras não produzirem quanto baste para o
dito fim, ou quando as circunstâncias do Terreno exigem maior despeza de intertenimento,
e no primeiro Mez de cada Anno apresentará
na Secretaria de Estado dos Negocies do Reino Mappa económico, que mostre com clareza o producto das Barreiras, e a sua aplicação
no Anno antecedente, o deste Mappa devem
ser docomentos auxiliares, e de reportamento as ínstrucções referidas no Artigo IX., o Livro declarado no Artigo X., e a Visita determinada no artigo XIII., a fim de se conhecer pello mesmo Ministro de Estado a responsabilidade do Superintendente, ou para se lhe determinarem as alterações, que forem mais
convenientes ao Bem dos Povos, e segundo
as Estradas, que para o futuro se construírem
em Províncias, aonde a maior importância do
Commercio exija modificação ao preço das
Barreiras.
XV. Os Carros, que tiverem a forma, e dimenções determinadas nos Artigos III., e IV,,
e os seus competentes Bois não poderão ser
embargados para serviço algum, nem penhorados por dividas quaesquer que ellas sejão:
O que se observará em todas as Comarcas
deste Reino, em attenção a que os referidos
Carros não só contribuem para a solidez das
Estradas novamente construídas, mas também evitão a maior ruína, das Estradas antigas, e huma similhante isenção he conforme
ao espírito da Ord. Liv. Ill Tit. 86. §. XXIV., e
durará por dez annos, contados desde a data
do presente Regulamento, que será impresso, e remetido pelo Superintendente Geral das
145
Ricardo Charters d’Azevedo
Estradas, para todas as Comarcas deste Reino, para se fazer em todo elle constante, e
conhecido aos Povos.
Palacio de Queluz em 11 de Março de
1796. = José de Seabra da Silva.
Regulamento para a Conservarão
das novas Estradas
Art.
I. Logo que se acabar a factura de alguma
das Estradas, o Superintendente Geral dellas
estabeleça Operarios effectivos para a sua
conservação segundo exigir a natureza do Terreno, aos quaes mandará entregar as Ferramentas necessárias para este serviço, que será
empregado na conformidade dos Artigos seguintes.
II. Os mesmos Operarios servirão de Guarda das Estradas, não consentindo que nellas
se ponhão Mattos, Estrumes, Pedras, Lenhas,
Madeiras, ou quaesquer outras cousas, ou que
nellas se fação trabalhos alguns, porque todo
o referido embaraça a passagem, e contribue
para a ruina das Estradas, que são, e se devem conservar promptas para o transito, e uso
público, e não para os commodos particulares;
e o que obrar contra este Artigo pagará duzentos réis para o Guarda por cada hum dos días,
em que contravier.
III. Da mesma forma, e pelas mesmas razões
não consintão os ditos Operários, que nas Estradas descancem os Boyeiros, Carreiros, Almocreves, e outros quaesquer Indivíduos para
darem pasto ou reção aos seus Gados, ou tenhão nellas Carros, Sejes, e Carruagens ; e havendo alguun, que contravenha a este Artigo,
pagará duzentos réis para o Guarda do Districto, cuja Cobrança havendo violência será auxiliada pelo Magistrado Territorial.
IV. Em cada huma das Légoas se formara
hum Terreiro separado da Estrada, e do seu
Fosso, e circulado de Arvores, para que os
Gados, Carros, e Carruagens possão parar, e
descançar, combinando-se o dito Terreiro
146
sempre que fôr possível com a proximidade
das Fontes.
V . Não consintão os Guardas, que pessoa
alguma faça escavação na distancia de vinte
palmos, contados do Fosso para fora, ou que
algum Confinante ponha Valado, sem que
fique livre para Fossos a distancia de tres palmos, e havendo quem o pratique, o Guarda
do Districto o represente logo ao Magistrado
mais visinho, que mandará á custa do Delinquente sem demora tapar a escavação, ou
arrazar o Valiado, e pagar hum dia de Salário
ao Guarda.
VI. Edificando-se Casas, cuja serventia seja
contígua, e fronteira á Estrada, deve ficar o
intervallo de dez palmos entre huma, e outra
cousa, para que esteja sempre o transito público sem embaraço, sendo porém a serventia para o lado, deverá somente haver o espaço de tres palmos entre as Casas, e a Estrada para a conservação dos Fossos: havendo
algum Edificador, que altere este Artigo, o
Guarda, se elle insistir depois de lhe fazer o
primeiro aviso, o represente ao Magistrado
mais visinho, que mandará logo pôr a Obra
na estado, que se determina, á custa do Delinquente, pagando este dois dias de Salário
para o Guarda.
VII. Os Guardas devem ter sempre os Fossos, e os Aqueductos desentupidos, e não consintão, que os Lavradores conduzão, ou atravessem as aguas por sima das Estradas, o que
só se poderá praticar pelos mesmos Fossos, e
Aqueductos, e tenhão todo o cuidado em que
as aguas dos Enxurros não trasbordem dos
Fossos para a Estrada , dividindo , e separando os Enxurros quando para o dito fim seja
isso necessário.
VIII. Os Guardas devem trabalhar continuamente para existir sem alteração a mesma
fôrma de abaulado, estabelecido na construcçao da Estrada, e logo que nella principie
qualquer ruina , abatimento, buraco, ou rotura, causada pelos transportes, ou pelas chu-
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
vas, a concertem, botando-lhe Cascalho, pedra quebrada, ou Saibro, tudo batido a masso, e segundo a maior proximidade do cada
hum dos ditos Materiaes, a fim de que a Estrada se conserve sempre liza, sem covas, atoleiro, ou outro qualquer incommodo.
IX.Os mesmos Guardas devem vigiar, e tratar as Arvores do seu Districto, que bordão a
Estrada, e se alguém arrancar, cortar, ou quebrar alguma, o faça saber ao Magistrado, que
lhe ficar mais visinho, que imporá ao Delinquente, sendo abonado, a pena das despezas
necessárias para se plantarem no mesmo sitio, e na borda das Estradas dez Arvores da
mesma espécie, e sendo pobre será condemnado em seis dias de trabalho, nas Estradas
públicas.
X. Os Corregedores das Comarcas em acto
de Correição na fórma do seu Regimento estabelecerão com as Camaras as Posturas, que
julgarem convenientes, para se evitar que os
Gados damnifiquem as Arvores, que se plantarem ao longo das Estradas.
XI. Os Operarios devem cortar todas as
pernadas das Arvores, quando aqueltas cahirem sobre a Estrada, de fôrma, que nem as
ditas pernadas, nem outros quaesquer Arbustos escorrão as aguas da chuva sobre as Estradas, por ser isso ruinoso para ellas, e in-
commodo para os Viandantes, e pelas mesmas razões devem arrancar quaesquer Hervas, ou Plantas agrestes, que principiem a nascer nas Estradas.
XII. O Superintendente Gerai das Estradas
dirija as ordens necessarias aos Magistrados,
ncarregados dos Arrendamentos das Barreiras, para se pagar promptamente o Salario dos
Guardas na conformidade do Regulamento
das mesmas Barreiras; e na Primavera, e Outono destine algum dos Officiais Engenheiros,
empregados na sua Commissão, para Visitar
as Estradas, e o informar do serviço dos Guardas, on de qualquer Obra que de novo seja
necessária, para se proceder logo a ella, pois
que pôde acontecer alguma ruina extraordinaria para que não suppre o trabalho dos Guardas, e o mesmo Superintendente establecerá
todas as providencias, que julgar convenientes
para a boa Policía da conservação, e reparo das
Estradas, afim de que estas subsistão para o
futuro com solidez, e com a mesma largura,
determinada no Alvará de vinte e oito de Março de mil setecentos noventa e hum, e não
soffrão damnificação.
Palacio de Queluz em 11 de Março de 1796
= José de Seabra da Silva
Impr. Na Officina de António Rodrigues Galhardo
147
Ricardo Charters d’Azevedo
ANEXO 8
As estalagens e os transportes em tempos idos
O reverendo William Morgan Kinsey, no seu
livro, publicado em 1829, “Portugal Illustrated in a séries of letters”, descreve as estalagens portuguesas daquela época, dizendo que
nestas, o chão dos quartos parecem nunca ter
sido lavados e poucas vezes foram varridos,
enquanto que a aparência das paredes e o
estado das lençóis, indicam que os hóspedes
que ocuparam os quartos tem reduzidos hábitos de limpeza. A falta de limpeza das estalagens, é sempre muito visível, mesmo quando se apresentam lençóis de linho, brancos
como a neve, boas toalhas e fronhas sobre
uma cama tão dura como uma pedra. Os quartos tem sempre muitos ocupantes, continua
Kinsey, sendo necessário, antes de adormecer, dar caça aos inimigos que lá residem, antes
que eles nos ataquem durante a noite.
Nas boas estalagens os tecidos são frequentemente debruados com uma boa franja de musselina, como por exemplo, as fronhas e toalhas de mão têm uma aplicação de
musselina, de textura fina, em cada extremidade, o que dá uma boa aparência ao enxoval
da estalagem.
Ao chegar a uma estalagem, o viajante
meio-morto de fome, se não vier com um farnel bem nutrido, terá sorte se lhe oferecerem
para jantar uma galinha cujo pescoço foi cor-
As várias modalidades de transporte (liteira em 1.º
plano), segundo o Portugal Illustrated, do Rev. W. M.
Kinsey, Londres , 1829 (2.ª edição)
tado em honra da sua chegada, e que foi submersa por alguns minutos em água fervente,
a fim de acelerar o processo de remoção das
Estalagem da Gaita, segundo Viaje de Cosme de Médicis por España e Portugal (1668-1669),
desenhada por Pier Maria Baldi.
148
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
desta sala há portas que conduzem a armários, a que se não
pode dar o nome de verdadeiros
quartos-cama, mas que, no entanto, os viajantes comuns são
convidados a ocupar, ou melhor,
compartilhar com o percevejos
nativos, conjuntamente com piolhos e pulgas, como nos diz
igualmente John Murray. Esses
apartamentos são aceites, pois
o cansaço é muito, mas, mesmo
pequenos, devem servir para a
cama, para colocar a bagagem e
de quarto de vestir. Na maioria
dos casos, é agradavelmente situado por cima do local onde as
mulas estão fechadas para a
Uma sege, as mulas e o condutor numa subida, segundo o Portugal
noite, e havendo algumas aberIllustrated, do Rev. W. M. Kinsey, Londres , 1829 (2.ª edição)
turas no piso, o viajante pode vipenas. O estalajadeiro, a sua mulher e os seus
giar a sua montada. Além desta vantagem, há
criados estão, quase sempre descalços, pois
uma outra interessante, pois contribui para a
que sapatos e meias são luxos raros, enquanvigilância e segurança do homem e da besta.
to os seus filhos são deixados a brincar na
Trata-se de deixar as mulas em pé, durante a
poeira das estradas, quase nus ou vestidos
noite, com a ideia de lhes permitir consumir a
apenas com uma camisa.
quantidade necessária de alimentos. Mas para
Uma estalagem apresenta, geralmente,
afastar os maus espíritos, têm uma grande
uma área livre à sua frente. De lado existe
quantidade de guizos presos aos seus colares,
uma porta que conduz a um local escuro onde
cujo tilintar produz um som musical que deixa
se encontram as mulas – que não merece o
o viajante, que se encontra cansado, com boa
nome de estábulo –, do outro, entra-se numa
disposição quando acorda durante a noite por
espécie de calabouço, triste e escuro, onde
causa deste barulho.
são colocados, lado a lado,
inúmeros sacos de pano grosso recheados com palha, ou
folhas de milho, fazendo de
colchões, para os condutores
de mulas e para os viajantes
sem montada. Uma escadaria de pedra, invariavelmente
coberta de pó, e mais frequentemente assolada por
mendigos impertinentes, a
cujas mãos e súplicas é quase
impossível resistir, leva até
um local de entrada, ou à sala
de comer, comum a todos co- Uma sege, reprodução de Sketches of Portuguese Liffe manners, costume,
mensais. Em ambos os lados
and Charater, por A. P. D. G. , Londres 1826
149
Ricardo Charters d’Azevedo
John Murray, no seu livro de 1864 (3.ª edição), “A handbook for travels in Portugal”
deixa-nos algumas opiniões sobre estalagens
que ele encontrou, tal como hoje faz o “Guide
Michelin vermelho”. No entanto, lembremo-nos que o relato é já sobre a situação na segunda parte do século XIX e a situação
económica, no país, terá melhorado muitíssimo após o final da guerras resultantes da “zanga real”.
Assim em Punhete (Constância) existe uma
“tolerable” estalagem, mas nada que verdadeiramente interesse o viajante para justificar uma visita. Antes de se chegar a Tomar,
em Venda da Serra, encontra-se uma “very decente” Estalagem, como em Tomar a Estalagem do Cotrim, na Rua da Levada.
Junto a Beja, fora da povoação, na estrada
para Mértola, existe uma estalagem “recommended”, mas para a qual o viajante deve trazer comida se quiser comer. Trata-se da Estalagem Nova, “a very poor inn” mas que é o ponto mais perto do Pulo do Lobo, no Guadiana.
Em Tarouca é apontada uma outra estalagem, mas em Viseu, John Murray considera
que a Estalagem de José Pinto é uma “tolerable comfortable” estalagem. Já no Alentejo,
após Pegões onde ele refere a existência de
uma estalagem, aponta-nos as Estalagens das
Silveiras (Montemor-o-Novo) e da Venda do
Duque (Estremoz). Já em Portimão recomenda-nos que aluguemos cavalos a José
Lourenço Pais, na rua da Estalagem Velha, que
é um guia “excelente”, capaz de nos acompanhar a uma visita a todo o Algarve. Em Monchique, o senhor Bivar tem um “beautifully
Uma estalagem típica, segundo o Portugal Illustrated,
do Rev. W. M. Kinsey, Londres , 1829 (2.ª edição)
located cottage, in which he most courteously
will allow English travels to sojourn”. Em Loulé
a estalagem é “tolerable” e é onde o viajante
pode comprar os “cestinhos do fio de pita”
[sic]. Em Albufeira a estalagem é “wretched”,
mas o viajante terá de lá dormir.
Em S. João da Pesqueira aponta-nos uma
“execrável” estalagem, mas onde poderemos
encontrar um guia. Em Vinhais a estalagem
está “infested by custom-house officers”, pois
se trata de uma povoação de fronteira.
Ilustração de uma estalagem alentejana (Venta de Pilhafan), segundo Viaje de Cosme de Médicis por España e
Portugal (1668-1669), desenhada por Pier Maria Baldi
150
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
Mas em Alcobaça, Murray nota que se encontra uma boa estalagem perto da porta
Oeste da igreja. Já na Batalha ele nota e existência de uma pequena e confortável estalagem, gerida por Joaquim Pereira e a NE do
fim da igreja e que tem mulas muito boas,
conhece a região muito bem e é verdadeiramente um homem respeitável. Em Leiria uma
“tolerable” estalagem no final da ponte e em
Pombal uma estalagem “not very bad”. Nas
Caldas da Rainha a melhor e maior estalagem
á a de José Paulo. Este José Paulo é um dos
proprietários da diligência que sai do Carregado três vezes por semana para Caldas, Leiria
e Coimbra.
Já em Mesão Frio existe uma excelente estalagem, pequena, recente e muito confortá-
A caminho de Sintra no burrico, segundo O Almocreve
das petas, de José Daniel Rodrigues da Costa , Ed.
Estúdios Cor, Lisboa,1974
existe uma estalagem “very decente” e em
Arcos de Valdevez, junto à igreja, a estalagem
é gerida pelo sacristão.
Em Penafiel uma “tolerable” estalagem,
grande, mas existe uma outra em Casais, a
uma milha de Penafiel, e uma outra em Amarante, assim como em Miranda do Douro.
O viajante e o macho, num momento de descanso,
segundo o Portugal Illustrated, do Rev. W. M. Kinsey,
Londres , 1829 (2.ª edição)
vel e com excelentes vistas. Em Caminha a estalagem é “decente”. Em Leça
do Balio, perto da ponte sobre o Leça
há uma estalagem decente, na margem direita, onde o viajante pode almoçar antes de ir visitar a igreja. Em
Braga, ele recomenda “Dois Amigos”
no Campo de Santana, o “Cordeiro de
Ouro”, a “Estrela do Norte” e o “Hotel
Real”. Em Ponte de Lima refere que
Viagem em liteira, segundo o Portugal Illustrated,
do Rev. W. M. Kinsey, Londres , 1829 (2.ª edição)
151
Ricardo Charters d’Azevedo
152
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
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História Luso-Alemã”. Lisboa: Instituto IberoAmericano de Berlim, 1944.
TAYLOR, Isidore Justin Séverin, Baron – “A picturesque
tour in Spain, Portugal, and along the coast of Africa, from Tangiers to Tetuan”. Londres: Robert
Jennings, 1826.
TOLLENARE, Louis François de – “Notes dominicales
prises pendant un voyage en Portugal et au Brésil
en 1816, 1817 et 1818”. Paris : Presses Universitaires
de France, 1971-72.
TWISS, Richard – « Voyage en Portugal et en Espagne
fait en 1772 et 1773 » traduit de l’anglais. Berne :
chez la Société Typographique, 1776
Mapas topográficos
CA 435 IGP [1796] – MAPPA TOPOGRAHICO/ Desde Rio
mayor tê Coimbra para servir ao deliniamento da Real
Estrada na comformidade do Alvará de 28 de Março/
de 1731 e das instruçoens dadas pe lo Illmo. Exm°.
Snr. Joze de Seabra da Silva Ministro e Secre/ tario de
Estado dos Negocios do Reyno, ao Dezembargador e
Superintendente Geral das Estradas Joze Diogo ilas/
carenhas Neto, Levantado pelos Offeciaes do Real
Corpo de engenheiros o Sargento-mor Joaquim de
Oliveira,/ Henrique Niemeyer, e o primeiro Tenente
João Manoel./ Borrão reduzido pelo Capitão Ignácio
Joze Leão, e o segundo Tenente Carlos Luis Ferreira
Amarante./ Quartel de Leyria 16de Abril de/ 1796.
Ms., color., em papel forrado sobre tela 2 222 x 311
mm. Esc. gráf. de 2 800 braças = 126,5 mm.
CA 436 IFP [1793] – MAPPA TOPOGRAPHICO/
Levantado/ em M.DCC.XCI./ Pelos Officiaes de
Infanteria com exercicio de Ingenheiros/ O Coronel
Luiz Candido Cordeiro Pinheiro Furtado,/ e o
Sargento-Mor Henrique Niemeyer,/ Desenhado/
Pelo segundo Tenente Carlos Luiz Ferreira da Cruz
Amarante,/ Para servir de delineamento da estrada
desde/ A Serra de Rio-Maior athe Leiria,/ Na
conformidade do Alvara de XXVIII de Março do
mesmo/anno e das instruçoens dadas/ Pelo Illm°. e
Exmo. Sor. Joze de Seabra da Silva/ Ministro e
Secretario de Estado dos Negocios do Reino/Ao
Dezor. Superintendente Geral das Estradas/ Joze
Diogo Mascarennas Neto./ Quartel de Condexa./ 16
de Agosto de 1793. Ms , color., em papel borrado
sobre tela. 2 378 x 761 mm. “Petipe de meya legoa”
(1 400 braças) = 155,5 mm. Ms , color., em papel
borrado sobre tela. 2 378 x 761 mm. “Petipe de meya
legoa” (1 400 braças) = 155,5 mm.
CA 438 IGP [1792] – MAPPA TOPOGRAPHICO/ Levantado
em 1791 pelos Officiaes de Infantaria com exercicio
de Engenheiros/ o Sargento-mor Joaquim de Oliveira
e o Ajudante João Manoel da Silva de/ senhado pelo
Capitão Ignacio Joze Leão para servir ao deliniamento da/ Estrada desde Leiria athe Coimbra na
comformidade do Alvara de 28 de Mar/ ço do mesmo
anno e das instrucçoens dadas pelo Illmo. e Exmo.
Snr. Joze de Seabra/ da Silva Menistro e Secretario de
Estado dos Negocios do Reino ao Dezembar/ gador e
Superintendente Geral das Estradas Joze Diogo
Mascaranhas Neto./ Quartel de Condexa 26 de Agosto
de 1792. “A nova estrada projectada vai notada com
a linha de carmim”. Ms., color., em papel. 2 668 x 670
mm. Esc. gráf. de 1 400 braças = 127,5 mm.
CA 439 IGP [1792] – MAPPA/ Dos tres projectos de
direcção para a Estrada desde a Serra de Rio-Mayor
athe Leiria, calculado, e posto em ordem pelo
Sargento Mór Engenheiro Henrique Niemeyer: Nelle
se mostrão o numero das linhas, pontes, sucalcos, e
suas elevaçoens, e xafarizes a fim de que com
brevidade, e exacção se possão combinar sobre o
Mappa Topographico os mesmos projectos e adoptarse o que se conformar com o Alvara de 28 de Março
de 1791. Ms., a preto, em papel. 677 x 472 mm.
CA 442 IGP [1794] – Planta do Rio Lena, e suas margens
no citio/ de Porto Moniz, e onde na direcção da
nova/ Estrada Real se deve construir a Ponte Lena/
com o Projecto da nova direcção do Alveo, e/ Leito
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Ricardo Charters d’Azevedo
do dito Rio/ Feita pelo Sargento Mór Henrique
Niemayer em/ Março de 1794 as./ No Quartel de
Leyria/ Dezenhado pelo Segundo Tenente Carlos Luis
Ferra. da Cruz Amarte . Ms., color., em papel. 600 x
440 mm. Esc. gráf. de 100 braças = 129 mm.
CA 445 IGP [1794?] – Pertence ao Terreno junto de/
Leiria/ e projecto da ponte do Rio Liz. Ms., a preto,
em papel. 594 x 277 mm. Esc. gráf. de 200 braças =
133,5 mm. No verso está escrito: “Niemeier”.
2099-2-1724 GEAEM/DIE – Planta da cidade de Leiria /
pelo major Manoel Joaquim Brandão de Sousa ás
ordens do tenente coronel Maximiano José da Serra
– Escala [1:2000], 200 braças [por] 1 palmo. – [1816].
1 planta: ms., color.; 56x53 cm.
C 0036-3 B BAHOP – carta militar do terreno vezinho a
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Leiria, pelos oficiais engenheiros ao serviço do
exército, 1809. Tinta da china colorida e aguarlada;
650 X 536 mm.
MPH 1/151/13 The National Archives – Castello de Leiria.
Configurado a golpe de vista. Escala 1 palmo = 600
palmos, [1809].
2098-2-17-24 e 2100-2-17-24 GEAEM/DIE – Planta de
Leiria, manuscrita, color. 97 X 67 cm, Major Brandão
de Sousa, Junho 1816.
ADLRA Dep VI, gav nº 15 – Planta da cidade de Leiria no
Anno de 1809. Escala aproximada: 2000, &3 X 66
cm [1902].
CMLeiria, Sala de Desenho, Des nº 92, Armário 1, gaveta
7 – Planta da Cidade de Leiria, cópia do original do
ADLRA por Raul Faustino de Sousa em 1939.
A estrada de Rio Maior a Leiria em 1791
Ricardo Charters d’Azevedo
Nasceu em 1942 em Lisboa. Engenheiro electrotécnico pelo Instituto Superior
Técnico, condecorado com o Grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D.
Henrique, foi alto funcionário da Comissão Europeia (1988 a 2004) e Director
Geral no Ministério da Educação (1983 a 1988).
Foi membro da Comissão de Reforma do Sistema Educativo (1985-88),
coordenador nacional do projecto economia e educação da OCDE (1983-85) e
Membro da Comissão executiva do projecto MINERVA (1986-88) referente à
introdução das novas tecnologias na educação. Colaborou na elaboração do
primeiro PRODEP (Plano para o Desenvolvimento da Educação em Portugal) (1988)
que foi apresentado à Comissão Europeia nesse ano.
Foi responsável pela criação, instalação e desenvolvimento do Ensino Superior
Politécnico em Portugal (1978 a 1983), tendo sido o primeiro director do Gabinete
de Apoio à Instalação do Ensino Superior Politécnico de Ministério da Educação,
adjunto do Director Geral do Ensino Superior (1977 a 1983).
Docente de diversas cadeiras no domínio da Electrónica e das Telecomunicações
no Instituto Superior Técnico e na Academia Militar, é autor e co-autor de diversos
artigos e livros sobre a educação, formação profissional e as telecomunicações, e
vem-se dedicando ultimamente à história e à genealogia. Neste quadro tem
apresentado diversas comunicações e é co-autor do livro “Villa Portela, a família
Charters d’Azevedo em Leiria e as suas relações familiares (séc. XIX)”, Lisboa,
Gradiva, 2007.
Edições recentes do autor
- Doutor D. Frei Patrício da Silva, O.S.A. – Um Cardeal leiriense Patriarca de Lisboa
(1756-1840), edição Textiverso, colecção “Tempos & Vidas”, n.º 8, 2009.
- As destruições provocadas pelas Invasões Francesas em Leiria, edição CEPAE/
Folheto, Colec. “Estremadura - espaços e memórias”, II Série, n.º 1, 2009.
- Quem escreveu “O Couseiro”?, edição Textiverso, colecção “Tempos & Vidas”,
n.º 11, Jun./2010.
- A morte do Barão de Porto de Mós, edição CEPAE/Folheto, Colec. “Estremadura
- espaços e memórias”, II Série, n.º 3, Set./2010.
- A Estrada de Rio Maior a Leiria em 1791, edição Textiverso, colecção “Tempos &
Vidas”, n.º 15, é a sua última publicação, entre outras que prepara.
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