Um Diplomata Desconhecido
Crônicas do Itamaraty bolsolavista
Brochura independente
2020
Nota liminar a:
Crônicas do Itamaraty bolsolavista
Um cronista (até aqui) misterioso
No dia 20 de agosto de 2020 recebi, de um colega de carreira, uma dúzia de
arquivos assinados com um nom de plume, nitidamente de um diplomata aposentado,
empenhado em criticar os descaminhos no Itamaraty bolsolavista.
Li, gostei, e resolvi republicar, por minha conta e risco, em meu blog
Diplomatizzando, uma por uma num total de treze (uma da série obviamente trânsfuga
das doze outras que tratavam todas da situação do Itamaraty sob a gestão atual).
Como detectei grande interesse no material, resolvi compor uma pequena
brochura para colocar essas crônicas de um autor ainda desconhecido à disposição dos
interessados, consolidando o material recebido com pequenas introduções a cada uma
delas e uma introdução geral ao conjunto, todos esses textos feitos claramente de
improviso, no calor da hora.
Acredito que o cronista anônimo vai continuar se exercer nas doçuras da crítica
sarcástica, mas não tenho contato com ele. Dependo de colegas que recebem e me
repassam o material, que não sei como circulam.
Em todo caso, numa conjuntura de tantos absurdos e bizarrices, a maior parte
composta de declarações presidenciais imensamente constrangedoras para nosso país,
internamente e externamente, uma das reações usadas em todas as épocas é a derrisão, ou
seja, a ironia ferina, ou sarcástica, usada como armas da crítica, desde Erasmo e Swift,
até nossos dias.
Desejo bom trabalho ao cronista misterioso.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 24 de agosto de 2020
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Índice
Apresentação
Paulo Roberto de Almeida
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Crônicas recebidas até 20/08/2020
Um cronista misterioso
1. O papel do asno na sociedade brasileira (semana 01)
6
2. Gusmão rendido (semana 02)
7
3. Pela restauração! (semana 03)
8
4. Franjas lunáticas (semana 4)
9
5. O Anti-Barão (semana 05)
10
6. Alienáveis alienígenas (semana 06)
11
7. Nobel (semana 07)
12
8. Sussurram os Corredores (semana 08)
13
8bis. Bolo de Laranja Lima (semana 08-bis)
14
9. Meu caro amigo (semana 09)
15
10. Aos fatos (semana 10)
16
11. Kejserens nye Klæder (semana 11) [As Roupas Novas do Rei]
17
12. A Era do Rádio (semana 12)
18
Um cronista misterioso anima a RESISTÊNCIA no Itamaraty: lista das doze
primeiras crônicas
19
Paulo Roberto de Almeida
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Introdução:
Paulo Roberto de Almeida
Introdução pessoal às “crônicas” do diplomata anônimo
Fui apresentado, nesta quinta-feira 20 de agosto de 2020, a uma série de
“crônicas” da mais fina qualidade literária, ainda que no gênero sarcasmo, as quais eu
desconhecia completamente. Segundo me relatou o “expedidor”, essas saborosas
crônicas têm circulado desde algumas semanas, e estão sendo distribuídas
metodicamente a seus felizes destinatários, entre os quais eu não me incluo (daí ter sido
contemplado, apenas tardiamente e indiretamente, com a remessa de uma dúzia
completa, que devorei imediatamente, com grande prazer, aliás).
Segundo depreendo das palavras do autor, trata-se de um diplomata aposentado,
grande conhecedor não apenas da cultura do Itamaraty, mas da cultura tout court, capaz
de finas alusões literárias, musicais, históricas e de uma grande dose de ironia, para não
dizer de sarcasmo, puro e direto. Mas tem muito mais do que isso. Pelo que me ensinam
os dicionários, os sinônimos de sarcasmo podem ser os seguintes: zombaria, brincadeira,
burla, caçoada, chacota, deboche, derrisão, escárnio, galhofa, gozação, ironia, malhação,
mangação, sátira, troça, apupo, gracejo, jocosidade (entre vários outros). Tem tudo isso
nestas crônicas, mas sempre com muita elegância, típica de um diplomata de la vielle
école, desses que praticamente já não existem mais.
Em todo caso, as tiradas do nosso cronista misterioso são muito bem vindas no
atual estado depressivo no qual vivem o Itamaraty e os itamaratecas, uma vez que ele
revive o espírito gozador do nosso povo, não os humoristas de ocasião, estilo Casseta e
Planeta, mas os maiores e os mais inteligentes, desde Lima Barreto e Mendes Fradique,
passando pelo Barão de Itararé e por Stanislaw Ponte Preta, até chegar no inesquecível
Millôr Fernandes (também conhecido como “Vão Gogo, um escritor sem estilo”).
O cronista aqui descoberto – êpa!; ainda não: desconheço sua identidade por
completo, nem quero conhecer – ainda tem uma longa carreira pela frente, tanto quanto
durar o besteirol governamental, e mais precisamente aquilo que eu já denominei de
“miséria do Itamaraty”. O personagem aqui visado, merecidamente digamos assim, vai
ficar muito desconfortável ao ler estas saborosas crônicas, se ainda não as leu. Suponho
que ele vai pedir aos arapongas do regime bolsonarista, aos esbirros do Gabinete do Ódio
(que já lhe forneceram farto material para atacar seus antecessores e supostos adversários
4
políticos) que lhe façam a busca, e não será uma grande surpresa se ele descobrir quem
se esconde atrás desse nome bizarro escolhido pelo “cronista dos absurdos” da
diplomacia bolsolavista.
Não importa agora quem seja o Batman, o Fantasma, o herói temporário de
tantos diplomatas discretamente satisfeitos com estas crônicas de tempos miseráveis. O
objeto destas crônicas vai tentar identificar quem ele considera um êmulo do Fantômas,
ou do Arsène Lupin, mas o nosso cronista é na verdade um grande diplomata, um
defensor das melhores tradições do Itamaraty, apenas que armado da mais fina ironia que
é possível a um experiente cultor da literatura, da música, da cultura brasileira.
Vou postar, sistematicamente, a dúzia de crônicas a que tive acesso nesta quintafeira, 20 de agosto (mês de cachorro louco, segundo velhos mitos políticos), e postarei
outras mais, se por acaso for contemplado com mais peças de refinado sabor sarcástico.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20 de agosto de 2020
Postado na plataforma Academia.edu (link:
https://www.academia.edu/43909791/Cronicas_do_Itamaraty_bolsolavista_Cronista_mis
terioso_2020_ ).
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1. O papel do asno na sociedade brasileira (semana 01)
[Introdução PRA: Apenas transcrevo o que anda circulando discretamente por aí...]
Sérgio Buarque, no seu magistral Raízes do Brasil, dizia que, no Império, no
engatinhar da nossa pedagogia, não se falava em ensinar ou educar as crianças, mas, sim,
em desasnar os pequenos. Acreditava-se que os primeiros passos da educação era
arrancar os meninos da condição animalesca que a infância os relegava.
Muito evoluímos desde então para saber que nem são as crianças tão ignóbeis
nem os asnos tão animalescos. O asno, o nosso carinhoso burro, não é o grande malandro
da praça, mas é a primeira força motriz estruturante de nossa sociedade. Que meu amigo
Synésio me perdoe, mas sua obra Navegantes, Bandeirantes e Diplomatas não fez justiça
a esses nobres colegas. Foi no lombo de jumentos, burros, asnos e mulas que ampliamos
as fronteiras deste país, que construímos nossa economia e que consolidamos nossas
fronteiras.
O ávido leitor deve estar se questionando: “Mas Ministro Ereto, por que tantos
elogios a este nobre?”. Ora, amigo leitor, é-me essencial elogiar esta nobre besta para que
eu possa pedir perdão pelo vocabulário que me falta ao descrever nossa diplomacia atual.
Falta-me intelecto para descrever as bravatas atarantadas de Ernesto. E, por esta razão,
peço desculpas às nobres bestas, pois utilizarei seus epítetos para descrever estes quase
dois anos de desgoverno, entre eleição e concretização nefasta, e de seu psicopatachanceler ou chanceler-esquizofrênico, como prefiram.
Explico. Venho por meio deste declarar-me ombudsman da psicose de Ernesto e
dos poucos, muito poucos, que com ele compactuam. Imbuído da tradição e do valor não
só de meus contemporâneos, mas também dos diplomatas que me precederam e daqueles
que hão de reconstruir o Itamaraty quando o bolso-olavismo vier a se esvair no tempo,
relatarei periodicamente minhas impressões sobre esta nova idade das trevas acéfala.
Em nome de um Itamaraty ereto, reflitam.
Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN
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2. Gusmão rendido (semana 02)
[Introdução PRA: Segunda crônica de uma série de treze: nosso "Ombudsman secreto
acusa os bolsolavistas do Itamaraty atual de serem "terroristas do intelecto", no que eu
acho que eles têm inteiramente razão. Pelos convites formulados pela Funag se
aproximam da "indigência subintelequitual", como já escrevi. Vai ter mais. Fiquem
atentos...]
Em caricato seminário, o atual presidente da FUNAG afirmou que
embaixadores antigos, por ignorância ou por má-fé, confundem globalização com
globalismo. Lamentável.
Veja aqui se um homem da minha idade pode aceitar esse tipo de desaforo. Eu,
que tanto trabalhei pela nossa FUNAG, tenho o dessabor de vê-la transformada em
agência de notícias falsas. Não, seu ministro, não é ignorância nem má-fé. O que ocorre é
que esse globalismo que Vossas Senhorias vociferam por aí não passa de um conto de
lunáticos.
Pasmem, palestrantes iluminados, não existe governo mundial! Não, o Itamaraty
nunca foi uma filial servil da ONU, a cumprir ordens ocultas que sequer Vossas
Inteligências conhecem.
Qual não é a revolta de um velho ao ouvir que o Brasil não era sequer anão
diplomático, porque anão pelo menos é adulto. E, vejam vocês, que éramos “adolescente
diplomático”. Ainda mais quando dito por aqueles tremebundos com mitos infantis de
“comunismo cultural”. Queria eu ignorar os obtusos e voltar ao meu Homero. Mas logo
na nossa FUNAG?
Sinto como se fanáticos houvessem sequestrado a FUNAG. Sua bandeira prega
a destruição da coerência, da razão e do livre pensar. São terroristas do intelecto. Visam
incutir em nossas mentes o medo da razão, da real intelectualidade.
Pelo resgate da FUNAG, reflitam.
Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN.
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3. Pela restauração! (semana 03)
[Introdução PRA: Como muitos se recordam, a declaração assinada por todos os exchanceleres, pelo ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero e pelo ex-secretário de
Assuntos Estratégicos do governo normal antecessor, Hussein Ali Kalout, clamava pela
RECONSTRUÇÃO da política externa e da diplomacia. Nosso ombudsman já começou
a tarefa e conclama todos à RESISTÊNCIA.]
Fui um Liberal! Então a democracia era jovem no país; estava nas aspirações de
todos. Meu espírito liberal embalava meu esforço por um Itamaraty prestigioso e por um
país de ordem e de progresso, livre do flagelo ditatorial e dentro de uma liberdade ampla.
E fizemos a constituinte. E fizemos um país soberano. E fizemos a integração do nosso
continente; e fizemos a Rio 92. E o mundo nos via como um país forte, aberto,
respeitado.
Hoje sou um Restaurador! Diante de toda a destruição que tenho visto de nossa
diplomacia, que nem mesmo a ditadura militar provocou, preciso erguer minha caneta
contra os que vilipendiam todo o patrimônio que nos legou nosso barão!
Não são nem conservadores nem liberais estes que hoje bradam impunemente o
pendão do liberalismo econômico e do conservadorismo social. São falsos profetas. São
revolucionários. E no torpor de sua revolução, põem abaixo toda a tradição diplomática
que encontram pela frente.
Precisamos restaurar nossos vínculos com o interesse nacional, com o
pragmatismo, com a soberania de nosso país; com nossa Constituição. Não podemos nos
rebaixar ao papel de vassalo de outros países, por simples ideologismo revolucionário.
Precisamos construir uma política externa que defenda os verdadeiros interesses
nacionais, não as fantasias alucinadas de um grupelho pós-integralista.
Pela Restauração de nossa Casa, resistam.
Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN.
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4. Franjas lunáticas (semana 4)
[Introdução PRA: "Lunatic fringe", é como os americanos mais sensatos se referem aos
malucos que ajudaram um oportunista a galgar a presidencia da mais poderosa nação do
mundo (with a little help from the Russians...). É a expressão usada pelo embaixador
Rubens Ricupero para referir-se aos malucos que tomaram conta da diplomacia brasileira
(with a little help from inside).]
Saravá, meu bom Rubens, sempre perspicaz. Escrevo-lhe para dizer que errei.
Ri na primeira vez que usaste a expressão "lunáticos" para se referir aos atuais
formuladores - ou destruidores - da política externa. Ri mas não cri. Tinha ainda
esperanças de que nossas tradições, princípios e valores prevaleceriam sobre o discurso
ideológico e, acreditava eu, apenas oportunista. Ledo engano.
Estavas certo, como de costume. Lunatismo é mesmo a principal característica
desses quase dois anos de morticínio de nossa tradição diplomática. É, amigo, estão
matando o Barão pela segunda vez; agora, de vergonha.
Veja você, Rubens, por esses dias senti uma pontada nas costas, e das fortes.
Bem na lombar, como comentávamos outro dia. Achei que fosse a hérnia. Mas era só o
texto que lia no celular. Tratava de um “comunavírus”.
Pois é, nesses tempos de anti-política externa, já ouvimos de tudo e já exigimos
muito de nossas lombares. O nazismo é de esquerda, o coronavirus é uma invenção da
mídia e os extraterrestres visitam a ONU. Céus!
Rubens, amigo, apareça mais. Tenho saudades de você e de nosso Itamaraty
racional. Quero crer que ainda o teremos de volta. Afinal, a diplomacia é a arte do
encontro, embora hoje haja tanto desencontro.
A você Rubens, e a todos que ainda têm fé na razão, saravá!
Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN
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5. O Anti-Barão (semana 05)
[Introdução PRA: O Barão, como todos sabem, relutou em aceitar a chancelaria: ele não
queria se meter na confusão da República, cuja primeira década tinha sido a mais
destrambelhada possível. Ele só aceitou com carta branca do presidente para conduzir a
sua política externa. O exato contrário do que ocorre hoje. A República voltou a ficar
destrambelhada, num contexto em que o Itamaraty foi rebaixado a laboratório das piores
alquimias olavistas.]
“Um diplomata não serve a um regime e sim ao seu país.” Nosso patrono
defendia os interesses nacionais acima de tudo, e a soberania brasileira acima de todos.
Ele próprio um Barão, monarquista, foi chanceler na República. Porque compreendeu
que os interesses da pátria eram superiores às vicissitudes da política interna.
Lembro da frase do Barão para ponderar que nossa casa foi assaltada por
pensamento contrário. Hoje, propaga-se a crença de que a diplomacia não é uma política
de Estado, destinada a preservar os interesse nacionais permanentes, mas, sim, uma
política de governo, que muda conforme as orientações do presidente de turno. No caso,
do psicopata de turno.
Ainda que o digno oponente do Barão, pelo igual peso intelectual, seja nosso
Oliveira Lima, Ernesto parece disputar o posto de Anti-Barão. Não por contraposição
intelectual, naturalmente, mas, quiçá, pela destruição.
Ernesto está a destruir toda a nossa boa tradição diplomática, todo nosso
prestígio no exterior. Hoje, nós, diplomatas brasileiros, somos vistos com desconfiança.
Nos olham ressabiados. Somos excluídos dos processos decisórios. Nos acreditam
terraplanistas, negacionistas do clima, excludentes à migração. Destruidores da
Amazônia. Um país sem soberania, que apenas reproduz posições de outros países. Um
país que defende o interesse nacional alheio. Anti-racionalistas. Não inspiramos
confiança. Somos, por anti-científicos, epicentro de uma pandemia, e, por falta de amor
próprio, o reprodutor de um proto-fascismo tosco, verdeamarelado.
O Anti-Barão parece querer terraplanar tudo que o Barão construiu e nos legou.
E nós, observamos atônitos, seguindo instruções. Até quando?
Contra o Anti-Barão e contra a Destruição, reflitam.
Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN
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6. Alienáveis alienígenas (semana 06)
[Introdução PRA: Esta crônica é das mais estranhas, ao falar de "body snatchers";
confesso que não vi o filme; detesto o besteirol de Hollywood! Mas talvez ele tenha
chegado até nós: uma invasão de alienígenas, diz o nosso cronista misterioso. Só pode
ser isto: de outra forma como compreender o que está acontecendo agora com o
Itamaraty?]
Preciso admitir que Ernesto estava certo. Sei que parece improvável, mas peço
vênia para pequena digressão que o haverá de convencer.
Imagine você, amigo leitor, um dia retornar, após breve viagem, a sua pequena e
pacata cidade. Ao chegar, amigos alertam que coisas estranhas têm ocorrido. Relatam
que algumas pessoas vêm agindo de forma estranha, como se não tivessem alma… Como
se respondessem de forma conjunta, acéfala e coordenada a todas as situações, como se
perdessem a individualidade e se tornassem zumbis; passivos e desumanos… É isso que
acontece no filme “Invasion of the Body Snatchers”, que assisti no cinema, nos anos 70,
e revistei essa semana, no original dos anos 50.
Ao longo da trama, o espectador acompanha o médico Miles, que descobre que
seus conterrâneos estão sendo, pouco a pouco, substituídos por duplicatas alienígenas
desprovidas de qualquer sentimento. A descoberta e a recusa de se unir ao pensamento
único da colmeia extraterrestre faz com que seja perseguido e caçado pelas duplicatas
acéfalas.
Peço perdão, caro leitor, por esta digressão, mas recomendo que você assista ao
filme, pois, creio, o Itamaraty também foi invadido. Como já nos alertava nosso
psicopata-chanceler quando palestrou para uma plateia de riobranquinos, os alienígenas
estão entre nós!
Como Miles, vejo hoje um Itamaraty sem alma. E vejo colegas, que tanto
prezava, comportarem-se como cópias inanimadas de si mesmos, reproduzindo uma
doutrina totalizantemente ideologizada, sem lastro em nossa boa tradição diplomática.
Vejo alguns colegas aderirem ao pensamento interplanetário-terraplanístico da
colmeia ernestiana, vagando como zumbis acéfalos. Vejo também alguns bravos que,
irridentos como o Dr. Miles, são perseguidos como se fossem eles os loucos. Ernesto
estava certo, a invasão alienígena já começou.
Aos terráqueos que ainda não foram invadidos pelo pensamento alienígena,
encareço, reflitam.
Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN
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7. Nobel (semana 07)
[Introdução PRA: Este foi um dos momentos mais sórdidos da história do Itamaraty sob
a ditadura militar. Eu estava no exterior, num longo autoexílio, mas soube pelo Le
Monde, da campanha dos generais contra a possível atribuição de um Nobel da Paz ao
pequeno bispo Dom Helder Câmara, de grande estatura na defesa de prisioneiros, de
torturados, de desaparecidos na repressão da ditadura nos anos de chumbo. Os
diplomatas tiveram de fazer campanha contra esse Prêmio Nobel. Atualmente eles
escrevem aos jornais para contar maravilhas do presidente, ou seja, para mentir...]
Lembro-me da tristeza na fronte de meu pai ao comentar o episódio.
Morávamos ainda no Rio, e teve de fazer gestões junto aos países escandinavos para
impedir que Dom Helder Câmara recebesse o Nobel da Paz. Senti que lhe doeu.
As gestões não foram bem-sucedidas, é verdade. Os governos nórdicos
recusaram-se a interferir na escolha do prêmio. Mas em Brasília, com murros na mesa, os
generais ameaçaram empresas escandinavas com proibição de remessa de lucros.
Meu pai nunca soube ao certo qual foi o grau de influência dessas pressões, mas
Dom Helder não foi escolhido, e lembro-me bem de ouvir de Sizínio Nogueira, em um
jantar, quando já me preparava para o vestibular do Itamaraty: "enquanto houver alguém
na Fundação Nobel que se lembre do esforço do Brasil para não receber o prêmio,
nenhum brasileiro será jamais agraciado". Assim tem sido.
Não entendia bem naquele tempo como podíamos ser patriotas e cristãos, ao
mesmo tempo em que trabalhávamos contra um arcebispo de nossa pátria, conhecido por
levantar a Palavra de Deus contra a tortura que sofreu o próprio Cristo.
Hoje, ao ver tremular bandeiras estrangeiras nas mãos de supostos patriotas, ao
ver a imagem do Cristo acima das cabeças dos que bradam por ditadura, ao ouvir o
Nome de Deus proferido em vão por quem idolatra torturadores, e ao imaginar as
instruções que poderemos vir a receber, lembro-me da tristeza no semblante de meu pai.
Por uma nação verdadeiramente patriota e Cristã, reflitam.
Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN.
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8. Sussurram os Corredores (semana 08)
[Introdução PRA: Nosso cronista misterioso menciona outro lado negro do Itamaraty
bolsolavista: o esvaziamento da antiga Assessoria de Imprensa. O Itamaraty não tem
sequer porta-voz (para quê?). O que o nosso cronista talvez ignore é que o Itamaraty
ELIMINOU completamente os dois clippings de notícias, nacionais e internacionais,
sobre a diplomacia brasileira, sobre a política externa (que na verdade não existe), sobre
a agenda internacional, deixando TODOS os diplomatas sem sequer uma notícia sobre a
sua pátria. Não hesito em dizer: isso constitui um CRIME, a própria destruição da
inteligência!]
Dizia meu velho pai que em todas as casas as paredes têm ouvidos, mas que
somente em nossa Casa os corredores têm bocas. E sussurram. Ontem mesmo ouvi
alguns bulícios trazendo novas de nosso sitiado Ministério.
Os corredores mais críticos comentavam escandalizados que Ernesto e os seus
terraplanaram a AIG, hoje representada por alcunha que me nego a transcrever, por
simples rebeldia. Demitiram seu Diretor e convidaram porta afora os chefes e subchefes
de suas divisões.
Já os passadiços do Palácio tributam tais criticas à plebe esquerdista dos
corredores dos anexos. Dizem os palacianos: nossa AIG estava complemente infiltrada
por traidores! Pérfidos globalistas! Aliados da mídia internacional comunista! Por que
razão, afinal, o Brasil teria tão escorraçada imagem no exterior?
Corredores maledicentes boatarão que nosso glorioso chefe pretende instaurar
um Ministério da Verdade! Ao que teremos os bons de defendê-lo, pois será apenas um
Departamento de Propaganda!
A regeneração já começa a notar-se no horizonte! Nosso novo Goebbels já
anuncia, mui sagazmente, o uso profilático que faremos de dois milhões de doses de
hidroxicloroquina, generosamente doados pela América! Uso preventivo, por quê não?
Mal não haverá de fazer!
E nada poderia ser melhor para o novíssimo Departamento de Propaganda que
admitir em nossa Casa mentes alheias ao Serviço Exterior Brasileiro. Um estrangeiro,
para a glória de nosso patriotismo invertebrado. E quem melhor que um preposto do
Rasputin de Norfolk?
Ante os gritos de glória do palácio, a plebe dos anexos cala.
Haveremos apenas de susurrar?
Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN.
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8bis. Bolo de Laranja Lima (semana 08-bis)
[Introdução PRA: Esta "crônica gastronômica" do nosso cronista misterioso, numerada
8bis, deve ter vindo por engano, de contrabando na dúzia de crônicas anti-olavistas.
Melhor, faz uma pausa no sarcasmo, na indignação, na revolta contra o que vem servido
como "prato feito" bolsolavista atualmente, no menu do Itamaraty. Eu costumo comparar
nosso serviço exterior a uma pizza: a massa é sempre da melhor qualidade, nosso corpo
profissional. Sobre ela os presidentes descarregam suas preferências: calabresa,
portuguesa, aliche, etc. Atualmente, a massa é a mesma, mas sobre ela espalharam um
horrível ketchup olavista intragável, nauseabundo...]
O bolo de fubá cremoso foi minha primeira paixão. A cada mordida, eu percebia
que a vida era bela. A cada bala de coco, a cada quitute da Colombo, a cada biscoito de
nata, tornei-me mais esfericamente perfeito.
Convenhamos. Todo corpo celestial é esférico. No espaço, só há astros
redondos. Eu nunca vi um planeta magro. Nós, gordos, temos essa semelhança com o
divino.
Esta semana, vasculhando armários atrás de uma lata de leite condensado que
pudesse aplacar minha fúria roliça ante tantas notícias, pensei em você, amigo leitor,
também a buscar um quitute para saciar as ânsias. É nesse espírito que ofereço minha
sabedoria rotunda e recomendo a beleza do bolo de laranja lima.
A doçura da laranja lima é infinitamente superior à laranja comum. Esconde a
acidez e evita que se denuncie o quitute como um bolo de laranjas. Evita-se a indigestão.
Evita-se a vulgaridade do excesso de açúcar, para mascarar o amargor de laranjas podres.
Ainda que um bolo de laranjas cariocas ordinárias mascare o contrabando
excessivo de farinha de baixa qualidade, que pode gerar abundantes ganhas para os
boleiros industriais, o bolo de laranja lima traz em si a beleza de manter o passado laranja
maquilado. E traz no próprio nome uma lima que pode ser usada para escapulir de
clausuras.
Pela laranja lima, reflitam.
Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN.
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9. Meu caro amigo (semana 09)
[Introdução PRA: Nosso cronista misterioso não faz piada desta vez: ele fala que "é
preciso restaurar a Racionalidade na política externa", contra "os arautos da destruição".
É exatamente o que disse JMB, quando encontrou o pré-presidiário Steve Bannon, na
embaixada do Brasil em Washington, em 2019, dizendo que havia muito a DESTRUIR
no Brasil. É isso que os novos bárbaros estão fazendo: destruindo o Itamaraty. Vamos
resistir!]
Meu caro amigo me perdoe, por favor, mas hoje eu acordei sem tempo para
cuidar do vocabulário nem para corrigir as vírgulas. O tempo urge e o Brasil caminha pé
ante pé para um fascismo sem precedentes, que destruirá não somente nossa Casa
diplomática, mas também nosso país.
Meu caro amigo me perdoe, por favor, mas hoje eu acordei sem tempo para
pensar em piadas, em versos alexandrinos e argúcias de raciocínio. O tempo urge e eu,
que por este país tanto lutei, tanto trabalhei, me recuso a assistir inerte sua destruição.
Tive a honra de ver um Brasil soberano respeitado entre as nações e não chegarei ao fim
vendo todo o nosso patrimônio diplomático dilapidado e jogado aos porcos. Nem que
seja como alma penada, ainda assistirei à restauração do brilho de nossa casa.
Como disseram amigos que sempre admirei, Celso e Rubens, junto com outros
democratas, como Aloysio, Lafer e Fernando Henrique, em recente carta que publicaram,
é preciso restaurar a Racionalidade na política externa. Do contrário, os arautos da
destruição nos levarão nosso gosto de viver.
Muito como os alemães que se depararam com a ascensão do partido nazista
(escrito aqui com letras minúsculas para reforçar sua pequenez) no início da década de
1930, temos ainda uma chance de salvar a Democracia Brasileira. Resta saber o que
faremos para salvar nosso País da destruição. A ataraxia estoica que nos é tão
característica já não basta.
Em nome de um Brasil soberano, democratas, reajam.
Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN
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10. Aos fatos (semana 10)
[Introdução PRA: O pior ministro da deseducassão brasileira, desde antes de José de
Anchieta, fugiu vergonhosamente do Brasil para os EUA, fraudando a sua entrada com
passaporte e visto diplomáticos, numa EVIDENTE MENTIRA, sob qualquer critério que
se possa pensar. Contou com a conivência do embaixador trumpista, pois o que existe
não são relações normais, de Estado a Estado, e sim conivências espúrias entre aderentes
a um mesmo projeto de subserviência a duas "almas gêmeas".]
Vamos aos fatos. Esta semana vi-me assoberbado pelos fatos. Esses estranhos
substantivos que evocam uma realidade que, invariavelmente, negam. Os fatos são
apenas fragmentos da verdade, como queria Drummond. Tascos de uma verdade
reluzente; almejada, mas dificilmente alcançada.
Os fatos desta semana são, não obstante, os mais próximos que vi nos últimos
meses da realidade. São inegáveis. São a chancelaria de Ernesto, por mais que me doa
atribuir a alcunha de chancelaria para os desmandos que vivenciamos.
É fato que, nos Estados Unidos da América, encontra-se em vigor restrição
sanitária para a entrada de indivíduos que tenham estado no Brasil. Salvo exceções,
qualquer indivíduo que tenha estado no Brasil deverá cumprir “quarentena”(por falta de
melhor palavra) de quatorze dias em outra localidade antes de adentrar as terras de
Trump. Atenção, amigo leitor, para o “salvo exceções”.
É fato também que o mais ignóbil ministro da educação deste país, o odioso
Weintraub, foi defenestrado da cadeira de Capanema na sexta-feira, dia 19. Fugindo
(para utilizarmos o termo correto) para os EUA no sábado dia 20, utilizando passaporte
diplomático para enquadrar-se no “salvo exceções” das restrições de Trump.
Contudo, é fato também que o Diário Oficial da União (DOU), nesta segundafeira, dia 23, publicou um decreto retificando a data da demissão do Sr Abraham
Weintraub. Corrigindo-a do dia 20 para o dia 19 de junho. A mudança, é saboroso dizer,
torna fraudulenta a fuga do Gene Kelly da destruição.
Esses são os fatos. Não sabemos, de fato, a profundidade do envolvimento de
nossa casa nessa lamentável trama. Não deixa de ser vergonhoso, porém, que a casa de
Aracy Guimarães Rosa e de Souza Dantas, que honrosamente salvaram tantos dos
horrores do Nazismo (que foi um movimento de extrema-direita, devo ressaltar), agora
ajude na fuga daqueles que atentam contra a democracia.
Pelos fatos, reflitam.
Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN.
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11. Kejserens nye Klæder (semana 11)
[Introdução PRA: O conto de Andersen é bem conhecido, mas não serve só para
crianças. Quando cheguei na Europa, em 1970, para um longo exílio de sete anos, o
belga Pierre Rickman, sob o nom de plume de Simon Leys, tinha acabado de publicar
Les Habits Neufs du Président Mao, um desmantelamento exemplar da falcatrua da
Revolução Cultural na China, até então muito incensada pelos "intelequituais".
Atualmente o Itamaraty está submetido a uma "revolução cultural", mas da
mediocridade. Nosso cronista acaba de denunciar a mesma falcatrua: alguém está
completamente nu...]
Em 1837, o dinamarquês Hans Christian Andersen publicou Kejserens nye
Klæder, em bom português, A Roupa Nova do Rei. No conto, um tratante se muda para
pequeno reino e decide se passar por um famoso alfaiate. Hábil manipulador, espalha a
notícia que inventou uma forma de tecer vestes mágicas que apenas os inteligentes e
sábios conseguem ver!
O rei, muito vaidoso, ao saber dos supostos dons do famoso xastre, nomeia o
malandro para alfaiate real e pede que teça seu novo manto. Para tanto, o malandro
solicita baús cheios de riquezas, sedas chinesas e linhas de ouro, que serviriam para a
confecção. Passa então meses a abusar dos divertimentos carnais do reino, sempre às
custas do rei.
Acontece que, certo dia, o rei, cansado de esperar, chama seus ministros e vai ter
com o alfaiate. Conhecendo a vaidade do rei, o malandro mostra um manequim sem
vestimenta, apresentando, assim, as supostas vestes mágicas. O rei, sem nada ver, mas
não querendo ser provado burro na frente de seus ministros, brada: “Que lindas vestes!
Fizeste um trabalho magnífico!”.
Os ministros aduladores, sem pestanejar, brindam também à beleza das vestes
inexistentes. E o mais sábio, para se insinuar, chama atenta para a precisão da costura.
Mesmo sábio que sugere festividades para apresentar as novas vestes. Proposta
imediatamente aceita pelo vaidoso monarca.
Fora do palácio, na cerimônia de exibição das “novas vestes”, uma criança tão
sincera quanto plebeia grita: “O Rei está nu!”. Rapidamente a plebe se une ao coro de
gritos, risadas e escárnios. O rei, negando-se a admitir que foi estafado, insulta a todos de
ignorantes e tenta condená-los a masmorras.
Sim, foi uma longa digressão, mas a esta altura, o amigo-leitor já conhece este
humilde servo de Rio Branco e já perdoa minhas manias. O amigo-leitor também já
reconhece quem é o rei asno do Itamaraty, seus sicofantas e a plebe, a gargalhar.
Pelo retorno de um rei com roupas, reflitam.
Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN
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12. A Era do Rádio (semana 12)
[Introdução PRA: Nesta 12a. crônica, a última da dúzia que recebi, nosso cronista
misterioso deixa o Itamaraty de lado, e ataca de Caetano, contra os "podres poderes", o
que vale provavelmente para vários níveis, estratos, categorias, instâncias, da
desgovernança atual, o processo de desmantelamento das instituições republicanas, mas
com uma incidência maior em certos focos específicos, que todos sabemos quais são,
onde exercem os seus "podres poderes" aqueles que já foram chamados de aloprados.]
Tenho um televisor moderno e ando abusando de canais de notícias e de filmes
antigos. Mas eu sou mesmo do tempo do rádio. “Um piano ao cair da Tarde”, da
Eldorado. O clássico da Bandeirantes, “Os brotos Comandam”, pois afinal eu era jovem.
O “Repórter Esso”. Foram longas horas entre as novidades, os clássicos, as notícias e
tantas outras vozes que povoavam o imaginário daquela época e que ainda me aquecem a
alma.
Em minha nostalgia, resolvi sintonizar alguma estação. “Enquanto os homens
exercem seus podres poderes, motos e fuscas avançam os sinais vermelhos e perdem os
verdes. Somos uns boçais”.
Era Caetano. “Queria querer gritar setecentas mil vezes como são lindos, como
são lindos os burgueses e os japoneses, mas tudo é muito mais!”
Meu corpo aqueceu-se. “Será que nunca faremos senão confirmar a
incompetência da América católica, que sempre precisará de ridículos tiranos? Será, será
que será que será que será, será que essa minha estúpida retórica terá que soar, terá que
se ouvir por mais zil anos?”
A essa altura, meus dedos batucavam acompanhando Caetano: “Enquanto os
homens exercem seus podres poderes, Índios e padres e bichas, negros e mulheres e
adolescentes fazem o carnaval! Queria querer cantar afinado com Ellis! Silenciar em
respeito ao seu transe, num êxtase! Ser indecente! Mas tudo é muito mau! Ou então cada
paisano e cada capataz, com sua burrice fará jorrar sangue demais nos pantanais, nas
cidades, caatingas e nos Gerais?”
Arrepiado, escutei até o fim. “Será que apenas os hermetismos pascoais, os tons,
os mil tons, seus sons e seus dons geniais, nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada
mais? Enquanto os homens exercem seus podres poderes, morrer e matar de fome, de
raiva e de sede são tantas vezes gestos naturais! Eu quero aproximar o meu cantar
vagabundo, daqueles que velam pela alegria do mundo. Indo mais fundo, Tins e Bens e
tais!”
Contra os homens e seus podres poderes, reflitam.
Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN
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Um cronista misterioso anima a RESISTÊNCIA no Itamaraty
lista das doze primeiras crônicas
Como informei nesta postagem:
https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/um-cronista-secreto-doitamaraty.html
recebi um "cacho" de uma dúzia de crônicas saborosas (e uma gastronômica no meio,
dedicada a um "bolo de laranja lima", que deve ter sido ainda mais saboroso) sobre a
"miséria da diplomacia" brasileira atual – tal é o nome do meu livro de 2019,
livremente disponível neste blog –, uma vez que o Itamaraty se encontra perdido num
"labirinto de sombras", este é o título do meu livro deste ano, ambos dedicados à
"destruição da inteligência no Itamaraty".
Postei as crônicas recebidas nas várias postagens sequenciais anteriores.
Para os que não puderam lê-las, aqui, no FB ou no Twitter, informo a lista e transcrevo
os links para cada uma delas.
Espero que a maioria se divirta, embora algumas sejam mais propriamente desoladoras,
mas este é o retrato do governo atual e da administração bolsolavista no Itamaraty.
Espero receber mais crônicas do diplomata ainda não identificado.
Quando estes tempos obscuros passarem, ele certamente vai aparecer, com seu nome
próprio, e será saudado como o iniciador do processo de resistência, um bravo entre
muitos bravos (mais discretos).
Sou apenas um assistente de redação, digamos assim, mas meus comentários estão
geralmente nas postagens no Facebook, que também vou coletar para registro próprio.
Como diriam os companheiros, a luta continua.
Paulo Roberto de Almeida
As "crônicas: são estas:
01) O papel do asno na sociedade brasileira (semana 01)
02) Gusmão rendido (semana 02)
03) Pela restauração! (semana 03)
04) Franjas lunáticas (semana 4)
05) O Anti-Barão (semana 05)
06) Alienáveis alienígenas (semana 06)
07) Nobel (semana 07)
08) Sussurram os Corredores (semana 08)
08bis) Bolo de Laranja Lima (semana 08-bis)
09) Meu caro amigo (semana 09)
10) Aos fatos (semana 10)
11) Kejserens nye Klæder (semana 11) [As Roupas Novas do Rei]
12) A Era do Rádio (semana 12)
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Minha postagem geral:
3736. “Um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista: as armas da crítica
sarcástica”, Brasília, 20 agosto 2020, 2 p. Introdução às crônicas de um diplomata
desconhecido sobre o Itamaraty atual. Em postagem sistemática no blog
Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/um-cronistasecreto-do-itamaraty.html).
Postagens:
01 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/01-o-papel-do-asno-nasociedade.html);
02 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/02-gusmao-rendido-umcronista-secreto.html);
03 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/03-pela-restauracao-umcronista-secreto.html);
04 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/04-franjas-lunaticas-umcronista.html);
05 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/05-o-anti-barao-umcronista-secreto-do.html);
06 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/06-alienaveis-alienigenasum-cronista.html);
07 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/07-nobel-um-cronistasecreto-do.html);
08 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/08-sussurram-oscorredores-um-cronista.html);
08bis (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/08bis-bolo-delaranjalima-um-cronista.html);
09 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/09-meu-caro-amigo-umcronista-secreto.html);
10 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/10-aosfatos-um-cronistasecreto-do.html);
11 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/11-kejserens-nye-klderandersen-roupa.html);
12 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/08/12-era-do-radio-umcronista-secreto-do.html).
Estou esperando receber novas e saborosas crônicas...
Paulo Roberto de Almeida
21 de agosto de 2010
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