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Timeline da História da Fotografia

2019, FALCÃO, David.

A fotografia como a conhecemos hoje não é a obra final de uma única mente, pois se observarmos ao longo de sua história diversas pessoas contribuíram com ideias-conceitos, resultados de investigações e de processos que deram origem à fotografia como a conhecemos. A história da fotografia remonta as experiências realizadas por químicos e alquimistas desde a antiguidade. Em meados de 350 a.C., provável época em que viveu Aristóteles na antiga Grécia, já era conhecido o fenômeno da produção de imagens pela passagem de luz através de um pequeno orifício. Mais a frente no tempo, o físico e matemático Alhazen (965 – 1040 d.C) pioneiro no campo da óptica durante o século X, descreveu um método de observação dos eclipses solares através da utilização de uma câmara escura, que à época, consistia de um quarto com um pequeno orifício aberto para o exterior. Já no ano de 1525 se conhecia o fenômeno do escurecimento dos sais de prata pela luz e, no ano de 1604 o físico-químico italiano Ângelo Sala estudou o processo de alguns compostos de prata pela exposição à luz do Sol e a formação das imagens efêmeras sobre uma película destes sais, porém havia a incógnita da interrupção do processo. O mais antigo destes conceitos foi o da câmara escura1, descrita pelo napolitano Giovanni Baptista Della Porta, já em 1558, e conhecida também por Leonardo da Vinci e outros artistas do Renascimento que, durante o século XVI, a usava para esboçar pinturas. Portanto, o presente trabalho apresenta a linha do tempo das contribuições de diversas figuras que construíram o conceito de Fotografia que atualmente temos, assim fazendo história.

TIMELINE DA HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA DAVID RODRIGUES LIMA FALCÃO PORTO, 2019 Timeline da História da Fotografia David Rodrigues Lima Falcão 40190388 Trabalho de Investigação apresentado ao Instituto Politécnico do Porto, ESMAD – Escola Superior de Media, Arts e Design, do curso de Licenciatura em Multimédia, como requisito parcial para aprovação na disciplina de Fotografia I, sob a orientação da Docente Daniela Teixeira Alves. PORTO, 2019 Sumário Apresentação 04 Introdução 05 Século XVIII – Os Fundamentos 06 Século XIX – O Início 06 Século XX – Os desdobramentos 09 Século XXI – Os avanços técnicos e artísticos 13 Conclusão Final 14 Referências Bibliográficas 15 Apresentação "(...) é através da fotografia que arte e ciência provocaram seus efeitos mais impressionantes sobre o pensamento do homem comum contemporâneo. Sob diversos pontos de vista, a história das técnicas, da arte, da ciência e do pensamento podem ser divididas, de maneira apropriada e convincente, em seus períodos pré e pós-fotográficos." – William M. Ivins, Jr. Introdução A fotografia como a conhecemos hoje não é a obra final de uma única mente, pois se observarmos ao longo de sua história diversas pessoas contribuíram com ideias-conceitos, resultados de investigações e de processos que deram origem à fotografia como a conhecemos. A história da fotografia remonta as experiências realizadas por químicos e alquimistas desde a antiguidade. Em meados de 350 a.C., provável época em que viveu Aristóteles na antiga Grécia, já era conhecido o fenômeno da produção de imagens pela passagem de luz através de um pequeno orifício. Mais a frente no tempo, o físico e matemático Alhazen (965 – 1040 d.C) pioneiro no campo da óptica durante o século X, descreveu um método de observação dos eclipses solares através da utilização de uma câmara escura, que à época, consistia de um quarto com um pequeno orifício aberto para o exterior. Já no ano de 1525 se conhecia o fenômeno do escurecimento dos sais de prata pela luz e, no ano de 1604 o físico-químico italiano Ângelo Sala estudou o processo de alguns compostos de prata pela exposição à luz do Sol e a formação das imagens efêmeras sobre uma película destes sais, porém havia a incógnita da interrupção do processo. O mais antigo destes conceitos foi o da câmara escura1, descrita pelo napolitano Giovanni Baptista Della Porta, já em 1558, e conhecida também por Leonardo da Vinci e outros artistas do Renascimento que, durante o século XVI, a usava para esboçar pinturas. Portanto, o presente trabalho apresenta a linha do tempo das contribuições de diversas figuras que construíram o conceito de Fotografia que atualmente temos, assim fazendo história. 1 Câmara Escura: A câmara escura é um dispositivo óptico que passou a ser usado no Renascimento. Consiste em uma caixa ou uma sala escura com uma abertura em um dos lados que permite a passagem da luz de uma fonte externa para o espaço escuro, projetando uma imagem invertida da cena externa no lado oposto. (Fonte: Patrícia Jones, A História da Fotografia, disponível em <https://medium.com/@patricia.jones/hist%C3%B3ria-da-fotografia-27ec90487381>, acedido em 17/11/2019). Século XVIII – Os Fundamentos Das investigações científicas de obtenção e captura das imagens por meio de processos químicos às formas de fixá-las em superfície específica, foi o desafio nesse momento. ▪ 1724 / 1725 – Johann Heinrich Schulze, professor de medicina na Universidade de Aldorf, na Alemanha, faz experiências com o ácido nítrico, prata e gesso para entender o processo de escurecimento da imagem captada pela luz, processo fundamental para o que viria a seguir. ▪ Início do Século – Com influência nos experimentos de Schulze, Wedgwood realizou no início do século XIX investigações semelhantes. Colocou algumas folhas de árvores e asas de insetos sobre papel e couro branco sensibilizados com prata, expostos à luz do sol e conseguiu silhuetas em negativo. Século XIX – O Início ▪ 1817 – O francês Joseph-Nicéphore Niépce (foto ao lado) familiarizado com o processo da litografia2, obteve imagens com cloreto de prata sobre papel. ▪ 1822 – Niépce conseguiu fixar uma imagem pouco contrastada sobre uma placa metálica, utilizando nas partes claras betume-da-judéia (que fica insolúvel sob a ação da luz) e as sombras na base metálica. 2 Litografia ou Litogravura: Pode ser considerada um dos meios mais directos de impressão, uma vez que as imagens são executadas numa superfície plana, tal como um desenho em papel, ou uma aguarela. O artista utiliza um lápis ou tinta gordurosos para criar a imagem intervindo directamente na pedra litográfica calcária de características especiais. Quando uma litografia está pronta para ser impressa, uma mistura química é aplicada em toda a composição, de forma a assegurar a retenção da imagem desenhada na pedra. Esta é então humedecida, sendo que a água bloqueia as áreas não desenhadas. (fonte: CPS – Centro Português de Serigrafia – disponível em: <https://www.cps.pt/Default/pt/Homepage/ObraGraficaOriginal/Tecnicas> - acedido em 18/11/2019). ▪ 1826 – A primeira fotografia reconhecida é uma imagem produzida por Joseph Nicéphore Niépce, capturada em uma placa de estanho coberta com um derivado de petróleo fotossensível chamado Betume da Judeia. Produzida com uma câmera, sendo exigidas cerca de oito horas de exposição à luz solar, ao que chamou o processo de "heliografia”. Imagem da primeira fotografia permanente do mundo feita por Nicéphore Niépce, em 1826. ▪ 1829 – Niepce e Louis-Jacques Mandé Daguerre iniciaram suas pesquisas e cerca de dez anos depois, foi lançado o processo chamado daguerreótipo. ▪ 1833 – Joseph Nicéphore Niépce falece sem ver o processo concluído. No Brasil, um francês radicado no país residente da atual cidade de Campinas, Hercules Florence, apenas desenvolveu e testou com razoável sucesso um processo fotográfico rudimentar, como também cunhou a própria palavra que o denomina photographie. No entanto, não levou a investigação à frente até sua patente 6 anos depois na Europa. ▪ 1839 – O processo de revelação mais rápido por meio do mercúrio foi chamado de daguerreotipia. Daguere requereu patente na Inglaterra. ▪ 1841 – O britânico William Henry Fox Talbot lançou o calótipo, processo mais eficiente de fixar imagens, no qual o papel impregnado de iodeto de prata era exposto à luz numa câmara escura, a imagem era revelada com ácido gálico e fixada com tiossulfato de sódio. ▪ 1851 – O Frederick Scott Archer inventou a emulsão de colódio úmida, uma solução química que fixava melhor a imagem na câmara escura. ▪ 1853 – A objectiva de J. B. Dancer que permite fotografar com tempos de exposição da ordem de 1/10 de segundo e assim obter instantâneos. ▪ 1861 – Captura da primeira imagem em cores da história por James Clerk Maxwell. Imagem da primeira fotografia colorida da história, por James Clerk Maxwell em 1861. ▪ 1864 – O processo foi aperfeiçoado e passou-se a produzir uma emulsão seca de brometo de prata em colódio. ▪ 1871 – Richard Leach Maddox fabricou as primeiras placas secas com gelatina em lugar de colódio. ▪ 1887 – Primeira película de celulóide inventada por Hannibal Goodwin. ▪ 1888 – Primeira máquina fotográfica popular, a Kodak, montada por George Eastman e comercializada com película de celulóide adaptada à máquina. ▪ 1893-1895 – Entre esse período, surge o primeiro processo de fotografia a cores elaborado por Frederic Eugene Ives. Século XX – Os Desdobramentos ▪ 1925 – De acordo Emília Tavares no site do Museu de Arte Contemporânea do Chiado, o português Gérard Castello-Lopes (nascido em Vichy, França em 1925 – Paris, 2011) começou a fotografar em 1956, em colaboração com Carlos Afonso Dias. Desenvolveu, um percurso artístico dos mais relevantes no âmbito da fotografia portuguesa, sendo uma das figuras dentre os poucos fotógrafos desta geração com maior visibilidade e reconhecimento nacional e internacional. A sua formação e a sua obra estão fortemente influenciadas por Henri Cartier-Bresson, de quem era fã e. também trabalhou no cinema na produção do filme Os Pássaros de Asas Cortadas de Artur Ramos, em 1963, tendo sua obra fotográfica divulgada nos anos 80. ▪ 1957 – Russel Kirsch produz a primeira imagem digital em um computador. Imagem produzida por Russel Kirsch a partir de uma fotografia do seu filho ▪ 1969 – Os físicos George Smith e Willard Sterling Boyle dos Laboratórios Bell desenvolveram o CCD (Charge Coupled Device), que esteve no centro do desenvolvimento da fotografia digital, pois é o instrumento que permite converter luz em sinais elétricos. ▪ 1973 – A companhia Fairchild Imaging iniciou a produção comercial de sensores CCD, sendo fundamental à revolução da fotografia digital. ▪ 1975 – Steve Sasson, engenheiro da Eastman Kodak, criou a que se pode chamar de a primeira câmera fotográfica digital, utilizando um sensor Fairchild CCD e uma objectiva de uma câmera de filmar da Kodak. O primeiro protótipo de uma câmera fotográfica digital desenvolvido por Steve Sasson para a Eastman Kodak. ▪ 1976 – Outro marco na história da fotografia digital quando Bryce Bayer inventou o Bayer Color Filter Array (Padrão Bayer) que permitiu que um sensor registasse imagens a cor – até então o registro era em P/B – com a distribuição de uma malha de minúsculos filtros com as cores primárias (vermelho, verde e azul) por cima do sensor. Representação do Padrão Bayer ▪ 1981 – Construída a primeira câmera propriamente digital por uma equipa de cientistas da University of Calgary Canada, designada All Sky e desenvolvida tendo em vista fotografar auroras boreais e recorria a um sensor CCD da Fairchild de 100 x 100 px. Paralelo, a Sony Mavica (Magnetic Video Camera) é lançada. ▪ 1984 – Transmissão de fotografias de cerca de 0,4 megapixels por telefone durante os Jogos Olímpicos de Los Angeles, pela parceria da Canon com um jornal japonês Yomiuri Shimbun. ▪ 1986 – A Kodak apresenta a câmera Videk Megaplus para uso industrial e científico com sensor de 1,4 megapixels. ▪ 1988 – A Fujifilm lança a primeira câmera Fujix DS-1P capaz de armazenar informações em um cartão de memória. Fujix DS-1P, a primeira câmera fotográfica a utilizar um cartão de memória ▪ 1989 – A Macintosh lança um software de edição de imagem, o Color Studio 1.0 ▪ 1990 – A empresa Adobe lança a primeira versão do programa Photoshop, o que constitui um marco importante na história da fotografia digital visto que este se tornou o software de edição de imagem mais utilizado no mercado. ▪ Em 1991 a Kodak lançou o primeiro sistema de fotografia digital que tinha em vista a sua utilização por fotojornalistas. E usava uma câmera analógica Nikon F-3 adaptada com um sensor CCD de 1.3 megapixéis, chamada de Kodak Professional DCS 200 IR digital câmera, mas ficou comumente conhecido como DCS 100. O sistema Kodak Professional DCS 200 IR digital câmara (fonte da imagem: https://www.nikonweb.com/dcs100/). ▪ 1992 – A empresa Apple lançou a Quick-Take 100, uma câmera digital destinada ao mercado amador de fotografia. ▪ 1999 – Outro importante fato na evolução da fotografia digital foi a chegada no mercado da Nikon D1, que é uma câmera fotográfica reflex digital (DSLR) com um sensor de 2.7 megapixéis e permitia a utilização de toda a linha de objectivos F-mount da Nikon. Século XXI – Os Avanços Técnicos e Artísticos O século XXI marca o aparecimento dos primeiros telefones móveis com câmeras fotográficas digitais incorporada e a massificação da utilização da internet, ambos com impactos profundos na forma de fotografar e na utilização da fotografia ▪ 2000 – A Canon lança a máquina EOS D30, com um sensor de 8.2 megapixéis e que era caracterizava por seu tamanho e peso, além de possuir um modo de fotografia automático. ▪ 2006 – A Nikon deixou de fabricar a maioria dos modelos de câmera fotográfica analógica, e a partir daí, focou apenas o desenvolvimento de sistemas fotográficos digitais. A massificação da fotografia digital e a maior facilidade de manipulação da estrutura de uma imagem fotográfica, trouxe muitas questões relacionadas à veracidade da fotografia e mesmo ao seu valor documental. Para alguns, a fotografia digital provocou mesmo uma alteração da natureza do meio fotográfico. No entanto, a possibilidade de alteração da imagem não é um exclusivo da fotografia digital. A manipulação dos factos visuais com vista ao aumentar o seu impacto visual é praticamente tão antiga como a própria fotografia, sendo conhecidos exemplos de tais práticas, por exemplo, em fotografias feitas no decurso da Guerra da Crimeia e da Guerra Civil Americana, no século XIX. O impacto da fotografia digital não se fez sentir na sua totalidade até à primeira década do Século XXI, sendo que eventos históricos muito significativos tais como os ataques de 11 de setembro de 2001 foram ainda na sua quase totalidade fotografados com recurso a câmeras fotográficas analógicas. A facilidade e rapidez que a evolução de tecnologia digital veio permitir na captura, edição e transmissão de fotografias (acompanhada da globalização), conduziu a que a maioria dos jornais e revistas fizesse a transição da fotografia analógica para a digital. Um dos impactos mais profundos da fotografia digital foi a proliferação da partilha de fotografias, o que conduziu a uma modificação na definição e concepção de espaços públicos e privados, da forma como interagimos com o que nos rodeia e como partilhamos essa experiência com os outros. Este fenómeno não é singular à fotografia, verificando-se igualmente noutras formas de comunicação e expressão (pense-se nos blogs, na partilha de opiniões e informação via twitter e facebook, etc.). Conclusão Final Desde então, o mercado fotográfico tem experimentado uma crescente evolução tecnológica, como o estabelecimento do filme colorido como padrão e o foco automático. Essas inovações indubitavelmente facilitam a captação da imagem, melhoram a qualidade de reprodução ou a rapidez do processamento, mas muito pouco foi alterado nos princípios básicos da fotografia. Atualmente o marco mais disruptivo que ocorreu na história da Fotografia, produzida a partir do final do século XX, foi impreterivelmente a digitalização dos sistemas fotográficos. A fotografia digital mudou paradigmas no mundo da fotografia por completo, minimizando custos, reduzindo etapas técnicas, acelerando processos em todos os planos e facilitando a produção, manipulação, armazenamento e transmissão de imagens por todo o mundo. O aperfeiçoamento das tecnologias de (re)produção de imagens digitais tem suplantado as barreiras de restrição em relação a este sistema fotográfico por setores que ainda prestigiam o tradicional filme, e dessa forma, irreversivelmente ampliando o domínio da fotografia digital e suas derivações. Referências Bibliográficas BERNIER, Jules. 200 assuntos fotográficos. 1. ed. São Paulo: Iris, 1970. p. 168 BUSSELLE, Michael. Tudo sobre fotografia. São Paulo: Círculo do Livro, 1988. p. 224. GURAN, Milton. Linguagem fotográfica e informação. 3. ed. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2002. p. 119 HEDGECOE, John. Guia completo de fotografia. São Paulo: Martins Fontes, 19962001. 224 p. ENCICLOPÉDIA Memória do Mundo das origens ao ano 2000. Lisboa: Edição Larousse. Editora Circulo Leitores, 2000. KOSSOY, Boris. Fotografia e História. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. KUBRUSLY, Cláudio A., O que é Fotografia, Coleção Primeiros Passos, São Paulo: Brasiliense, 1982. Gérard Castello-Lopes, biografia, disponível http://www.museuartecontemporanea.gov.pt/pt/artistas/ver/94/artists> acedido 18/11/2019. em:< em