
Marília Peres
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Papers by Marília Peres
à Academia das Ciências em Paris considerou, com grande previsão,
o contributo que teriam para as Ciências os trabalhos de Daguerre
(1787-1851) e de Niépce (1765-1833) relativos à descoberta
da fotografia.
Sucessivos progressos técnicos e científicos encorajaram a prática
fotográfica em diversas ciências. No início, a utilização da fotografia
no papel de auxiliar documental da Ciência era entendida, segundo
Jules Janssen (1824-1907), astrónomo francês, como a “retina
do cientista”. A evolução da técnica fotográfica teve uma influência
considerável no domínio das aplicações científicas e até industriais.
A fotografia, para além de representar o real, visível ou invisível, foi
também incluída no protocolo experimental.
A fotografia estereoscópica longe de ser unicamente um instrumento
de diversão ocupou desde cedo um lugar primordial na construção
da ciência, bem como no seu ensino e divulgação. Através de uma
abordagem histórica, pretende-se neste artigo analisar o papel da
fotografia estereoscópica em vários ramos da ciência e no ensino.
O médico Carlos May Figueira (1829-1913) foi o pioneiro da introdução da técnica fotomicrográfica em Portugal, tendo à semelhança de Donné implementado um curso de microscopia e fotomicrografia nos anos 1860 na Escola Médico-cirúrgica de Lisboa. Mas só nos finais de século, e sobretudo devido à acção do bacteriologista Aníbal de Bettencourt (1868-1930) do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, é implementada a técnica fotomicrográfica em hospitais e instituições médicas portuguesas.
Na ciência romântica, o cientista procura desvendar os mistérios da natureza, com os instrumentos científicos como seus aliados. A ciência volta-se para o povo, deixa de estar confinada a uma elite, e inicia-se uma época de sedução, em que brilhantes cientistas discursam perante plateias sedentas de saber, como foi o caso das conferências sobre Química de Humphry Davy na Royal Society. A Química passou a estar ao alcance de muitos, através das conferências abertas e de livros de divulgação, como por exemplo “Conversations on Chemistry” de Jane Marcet publicado em 1805 e o seu crescimento como ciência obrigou a um investimento em novos espaços: os laboratórios de Química.
Nesta comunicação pretende-se abordar estes novos espaços de ciência e o modo como se foram moldando às práticas existentes, em que o cientista se tornou no herói que conseguia produzir o saber dominando os instrumentos, e também discutir como é que estes novos laboratórios ajudaram a moldar a prática científica.
Através de uma pesquisa em fontes impressas (manuais, livros e catálogos), manuscritas (inventários, recibos, livros de atas, cadernos de alunos, ...), iconográficas (fotografias, desenhos) e materiais – os próprios instrumentos – pretendeu-se contribuir para um melhor conhecimento do contexto do uso destes instrumentos em áreas como a espectroscopia, o geomagnetismo, a fotografia e o ensino e, simultaneamente para um conhecimento mais completo da prática científica na Escola Politécnica de Lisboa.
- Elvas, M. C., Peres, I. M., & Gessner, S. The Laboratorio Chimico of the Museum of Science, University of Lisbon: Reflections on documenting a collection. In M. C. Lourenco & A. Carneiro (Eds.), Spaces and collections in the history of science. The Laboratorio Chimico ouverture (pp. 185–194). Museum of Science of the University of Lisbon (2009).
- Lourenço, M., Gessner, S. Documenting Collections: Cornerstones for More History of Science in Museums. Science & Education, Volume 23, Number 4, p. 727 (2014).
- Peres, I. M., Costa, F. M. & Jardim, M. A Fotografia na Meteorologia e Geomagnetismo. In Costa, F. M. & Jardim, M. (coord.) 100 anos de Fotografia Científica em Portugal (1839-1939) – Imagens e Instrumentos. Edições 70, pp. 61-84 (2014).
- Peres, I. M., Jardim, M. E. E Costa, F. M. O Ensino da Fotografia nas Cadeiras de Física e de Química da Escola Politécnica de Lisboa (1837 – 1911): Instrumentos e Documentos. In MOGARRO, M. J., CUNHA, M. T. (org.) Rituais, Espaços & Patrimónios Escolares. IX Congresso Luso Brasileiro de História da Educação (livro do congresso). Instituto da Educação da Universidade de Lisboa, pp. 5728 -5750 (2012).