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O novo estado artístico do Porto entre 1933 e 1974

Este artigo propõe uma análise dos contextos e espaços de navegação artística da cidade do Porto durante o Estado-Novo e logo após o fim da ditadura. Através de um trabalho de recolha arquivística e entrevistas apresenta a Escola de Belas-Artes como incubadora das produções artísticas de vanguarda, divulgadas em galerias e espaços de exposição e consagradas na coleção do Museu Nacional Soares dos Reis. Durante o Estado-Novo, verifica-se a existência de um circuito marginal que, assumindo- se como lugar de experimentação, legitimava as novas correntes artísticas. O período de direção do MNSR pelo escultor Salvador Barata Feyo (1950-1960) e, já após o 25 de Abril, o período da instalação do Centro de Arte Contemporânea (1975-79) constituem dois momentos distintos de grande inovação artística na cidade.

Ana Temudo [email protected] O novo estado artístico do Porto entre 1933 e 1974 O presente artigo baseia-se no Relatório de Estágio intitulado "Continuidade e/ ou Rutura? Estudo das políticas de representação do MNSR entre 1950-1960 durante a direção do escultor Salvador Barata Feyo", desenvolvido no âmbito do Mestrado em Museologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, sob a orientação da Professora Doutora Elisa de Noronha Nascimento e a coorientação da Doutora Ana Paula Machado, do Museu Nacional de Soares dos Reis. http://hdl.handle.net/10216/81952 10 This article is based on the Master's Internship Report entitled ͞Continuidade e/ ou Rutura? Estudo das políticas de representação do MNSR entre 1950-1960 durante a direção do escultor Salvador Barata Feyo", developed in the context of the Museology Masters, at Faculty of Arts and Humanities, University of Porto, under the supervision of Professor Elisa de Noronha Nascimento and Ana Paula Machado (Ph.D), from National Museum Soares dos Reis. TEMUDO, Ana (2016) O novo estado artístico do Porto entre 1933 e 1974. Ensaios e Práticas em Museologia. Porto, Universidade do Porto, Faculdade de Letras, DCTP, vol. 5, p. 10-26. Resumo Abstract Este artigo propõe uma análise dos contextos e espaços de This article proposes an analysis of the contexts and artistic navegação artística da cidade do Porto durante o Estado-Novo e spaces of navigation in the city of Porto during Estado-Novo and logo após o fim da ditadura. Através de um trabalho de recolha immediately after the end of the dictatorship. Through archival arquivística e entrevistas apresenta a Escola de Belas-Artes como research and interviews it presents the School of Fine Arts as an incubadora das produções artísticas de vanguarda, divulgadas em incubator of artistic avant-garde productions, showcased in galerias e espaços de exposição e consagradas na coleção do galleries and exhibition spaces and enshrined in the collection of Museu Nacional Soares dos Reis. Durante o Estado-Novo, the National Museum Soares dos Reis. We show that during verifica-se a existência de um circuito marginal que, assumindo- Estado-Novo there was a marginal circuit that, considering itself se como lugar de experimentação, legitimava as novas correntes a place of experimentation, legitimized the new artistic currents. artísticas. O período de direção do MNSR pelo escultor Salvador The directorship of the National Museum by sculptor Salvador Barata Feyo (1950-1960) e, já após o 25 de Abril, o período da Barata Feyo (1950-1960) and, after April 25, the installation instalação do Centro de Arte Contemporânea (1975-79) period of the Centre for Contemporary Art (1974-79) constitute constituem dois momentos distintos de grande inovação artística two distinct moments of great artistic innovation in the city. na cidade. Palavras-chave Keywords Políticas de representação; Ditadura; Arte; Produção; Recepção Politics of representation; Dictatorship; Art; Production; Reception Nota biográfica Biographical note Ana Temudo Gaio Lima (Porto, 1989). Licenciada em Artes- Ana Temudo Gaio Lima (Porto, 1989) Undergraduate in Fine Arts Plásticas (2007-2012). Pós-graduada em Estudos Artísticos (2013- (2007-2012) and post-graduate in Artistic Studies at Fine Arts 2014) pela Faculdade de Belas-Artes e Mestre em Museologia School of Oporto (2013-2014). Master in Museology at Faculty of pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (2012-2015). Arts and Humanities, University of Porto (2012-2015). Winner of sĞŶĐĞĚŽƌĂ ĚŽ WƌĠŵŝŽ WKD ϮϬϭϲ ͞DĞůŚŽƌ ƐƚƵĚŽ ƐŽďƌĞ WKD ƉƌŝnjĞ ĨŽƌ ͞ĞƐƚ ƐƚƵĚLJ ŽĨ DƵƐĞŽůŽŐLJ͟ ǁŝƚŚ ƚŚĞ ŵĂƐƚĞƌ͛Ɛ DƵƐĞŽůŽŐŝĂ͟ ĐŽŵ Ă ƚĞƐĞ ĚĞ DĞƐƚƌĂĚŽ͗ ŽŶƚŝŶƵŝĚĂĚĞ ĞͬŽƵ thesis: Continuidade e/ou Ruptura? Estudo das Políticas de Ruptura? Estudo das Políticas de Representação do MNSR entre Representação do MNSR entre 1950 e 1960 durante a direção do 1950 e 1960 durante a direção do escultor Salvador Barata Feyo. escultor Salvador Barata Feyo. The author has two published Tem artigos publicados nas revistas Museologia e Patrimônio (Rio articles in Museologia e Patrimônio (Rio de Janeiro, Brasil) and de Janeiro, Brasil) e Ideário Patrimonial (Tomar, Portugal). Ideário Patrimonial (Tomar, Portugal). 11 TEMUDO, Ana (2016) O novo estado artístico do Porto entre 1933 e 1974. Ensaios e Práticas em Museologia. Porto, Universidade do Porto, Faculdade de Letras, DCTP, vol. 5, p. 10-26. Introdução nacional pela permeabilidade na recepção de O regime político do Estado-Novo (1933-1974) ŝŵƉƵůƐŝŽŶŽƵ Ă ƌĞĂůŝnjĂĕĆŽ ĚĞ ƵŵĂ ͞ĂƌƚĞ ŽĨŝĐŝĂů͕͟ marginalizando outras manifestações que paralelamente foram surgindo e condicionando o contexto artístico nacional fortemente marcado pela falta de liberdade, pela repressão e a censura (Lambert & Fernandes, 2001, p. 15). Portugal vivia encerrado num forte isolamento em relação ao panorama artístico internacional da época, sendo a circulação da informação extremamente vigiada por instrumentos de controlo estatal como o Secretariado de Propaganda Nacional (S.P.N) criado em 1933 por António Ferro e renomeado Secretariado Nacional de Informação (S.N.I.) em 1945. Este novas experiências e linguagens artísticas, não colocando em questão os condicionalismos do regime vigente (Lambert & Fernandes, 2001, p. 15). Duas décadas antes, existira já um grupo homónimo, cujo núcleo principal era constituído por artistas portugueses a viver em Paris como Dordio Gomes, Francisco Franco, Alfredo Miguéis, Henrique Franco e Diogo de Macedo. O reaparecimento deste novo grupo de ͞/ŶĚĞƉĞŶĚĞŶƚĞƐ͕͟ Ğŵ ϭϵϰϯ͕ ĚĞĨŝŶŝĂ-se pela recusa dos hábitos académicos. Estes grupos de algum modo replicaram na designação e nos ƉƌŽƉſƐŝƚŽƐĂ͞^ŽĐŝĠƚĠĚĞƐĂƌƚŝƐƚĞƐ/ŶĚĠƉĞŶĚĂŶƚƐ͟ fundada em Paris em 1884 com o lema: "sans jury ni récompense".1 organismo promoveu as Exposições e Salões de Reunidos contra aquilo que consideravam Arte Moderna e os Salões da Sociedade Nacional convencional ou clássico, este núcleo de de Belas-Artes (SNBA). O S.P.N foi também professores e estudantes da Escola de Belas- responsável pela organização da Exposição do Artes do Porto (EBAP), defendia a liberdade de Mundo Português, realizada em 1940. processos. No catálogo da sua 3ª Exposição Apesar da administrativos, centralização políticos, dos serviços económicos e culturais em Lisboa, é no Porto que, nesta época, ĂƐ ĞdžƉŽƐŝĕƁĞƐ ͞/ŶĚĞƉĞŶĚĞŶƚĞƐ͟ ĚĂ ƐĐŽůĂ ĚĞ Belas-Artes se afirmam, ainda nos anos 40. A Escola do Porto destacava-se no contexto 1 Traduzido para ƉŽƌƚƵŐƵġƐ͗͞^ĞŵũƷƌŝŶĞŵƉƌĠŵŝŽ͘͟ 12 (1944) foram enunciados claramente os seus ŽďũĞĐƚŝǀŽƐ͗͞ƐƚĞƚşƚƵůŽ͚džƉŽƐŝĕĆŽ/ŶĚĞƉĞŶĚĞŶƚĞ͛ não é nome de acaso. Significa porta aberta para todas as correntes, tribuna acessível às variadíssimas tendências plásticas, alheia a TEMUDO, Ana (2016) O novo estado artístico do Porto entre 1933 e 1974. Ensaios e Práticas em Museologia. Porto, Universidade do Porto, Faculdade de Letras, DCTP, vol. 5, p. 10-26. ĐŽŵƉƌŽŵŝƐƐŽƐ ĞƐƚĠƚŝĐŽƐ͟ (Lambert & Castro, 2001, p. 7). O grupo, formado por artistas como Cândido 1. Da periferia para o centro: O aparecimento das primeiras galerias de arte Guilherme Até ao início da década de 50 a vida cultural da Camarinha, Júlio Pomar, Júlio Resende, Martins cidade do Porto foi marcada pela inexistência de da Costa, Nadir Afonso, Victor Palla, entre espaços de divulgação cultural com um fim outros, fazia-se acompanhar por professores das comercial. As iniciativas culturais e artísticas Belas-Artes. renovador eram apresentadas maioritariamente na baixa estimulado pela presença de Carlos Ramos (na da cidade: na Escola de Belas-Artes (1836), no arquitetura), Salvador Barata Feyo (na escultura) Museu Portuense / Museu Soares dos Reis e Dordio Gomes (na pintura), o grupo programou (1833) e em espaços culturais polivalentes como exposições no Porto, Coimbra, Leiria, Lisboa e a Santa Casa da Misericórdia do Porto (1499), o Braga. A sua relevância deveu-se à apresentação, Palácio da Bolsa (1848), o Ateneu Comercial do pela primeira vez, de trabalhos abstracionistas Porto (1869), o Clube dos Fenianos Portuenses geométricos e pela presença de obras conotadas (1904), o Jardim Passos Manuel (1908), o Salão com o neorrealismo que, a par de outras de Silva Porto (1925), o Coliseu (1937), o Cineclube carácter figurativo, davam uma amostragem dos (1945) e a Livraria Portugália (1945). Costa Pinto, Carlos Num Carneiro, momento principais movimentos estéticos em confronto na década de 40 em Portugal. A partir da década de 50, para além da regularidade das exposições organizadas nas instalações da ESBAP pelo então diretor Carlos Chambers Ramos que promoveu a divulgação do trabalho académico, com as džƉŽƐŝĕƁĞƐ ͞DĂŐŶĂƐ͟ ͞džƚƌĂĞƐĐŽůĂƌĞƐ͟ ;ϭϵϱϭ-1968) ;ϭϵϱϵ-1968), e verifica-se também a intensificação da atividade das galerias. O Salão Silva Porto fundado em 1925 e sediado na Rua de Cedofeita dava relevância à divulgação das artes-plásticas (de pendor naturalista e romântico). Até à década de 60, este espaço foi dirigido por Álvaro Miranda, Jacinto da Silva Pereira Magalhães e Alberto Silva. O Salão Silva Porto era, na opinião do Professor António ĂƌĚŽƐŽ͕͞ƵŵƐĂůĆŽĚĞĞdžƉŽƐŝĕƁĞƐ͕ƵŵĐĞŶƚƌŽĚĞ trabalho [ateliers] ʹ frequentado por pintores como Jaime Isidoro e Júlio Resende - e leilões de ĂƌƚĞ͟(entrevista a 27.04.15). 13 TEMUDO, Ana (2016) O novo estado artístico do Porto entre 1933 e 1974. Ensaios e Práticas em Museologia. Porto, Universidade do Porto, Faculdade de Letras, DCTP, vol. 5, p. 10-26. Na década de 40 assiste-se também ao galerias de arte Alvarez e Divulgação (Moura, surgimento da Livraria Portugália na Rua Santo 2013, p. 103-104). António (atual Rua 31 de janeiro). Tratou-se de um projeto de livraria do arquiteto Artur Andrade, inaugurado em Março de 1945 com uma exposição da coleção particular do seu sócio-gerente e fundador, Agostinho Fernandes (Moura, 2013, p. 66). A programação, edição de catálogos e a direção artística da galeria foi entregue ao ainda aluno de arquitetura da EBAP, Victor Palla. Aquando da sua mudança para Lisboa em 1946, Palla delega o cargo ao seu colega Fernando Lanhas, que se torna peça chave ao estabelecer a ponte entre a Portugália e a Academia. O arquiteto realiza na galeria as Exposições Independentes e mostras individuais de elementos deste grupo como Nadir Afonso, Aníbal Alcino, Arthur da Fonseca, Neves e Sousa A Academia Livre Dominguez Alvarez foi criada em 1954 por dois pintores com percursos distintos: Jaime Isidoro ʹ pintor sem formação académica estudante de desenho e pintura na Escola Artística Soares dos Reis ± e António Sampaio ʹ formado em Pintura pela ESBAP onde foi aluno de Dordio Gomes e Joaquim Lopes. Esta ĂĐĂĚĞŵŝĂ ƐƵƌŐĞ ĚŽ ͞ĞƐƚşŵƵůŽ ΀ƐƵƐĐŝƚĂĚŽ ƉĞůŽ΁ Salão Silva Porto que começava a entrar em ĚĞĐĂĚġŶĐŝĂ͟ (entrevista a Daniel Isidoro a 14.04.16). Afirmando-ƐĞ ĐŽŵŽ ƵŵĂ ͞ĂĐĂĚĞŵŝĂ livre em que não h[avia] um programa, uma ŽďƌŝŐĂƚŽƌŝĞĚĂĚĞ͟ (entrevista a Daniel Isidoro a 14.04.16) abriu inicialmente como um espaço dedicado ao ensino artístico. e Isolino Vaz, entre outros. O espaço de galeria Esta academia surge no primeiro andar do prédio desta livraria existiu entre 1949 e 1952 com onde Jaime Isidoro morava na Rua da Alegria. ocupação em permanência, e uma programação Neste espaço alugado, Jaime Isidoro consegue diversa (Moura, 2013, p. 72) que permitiu a conciliar a sua residência, o seu atelier e a ͞ƉƌĞƐĞŶĕĂ͕ ŝŶƚĞƌůŝŐĂĕĆŽ Ğ ĐŽůĂďŽƌĂĕĆŽ ĞƐƚƌĞŝta academia livre ŽŶĚĞ ͞ŶĆŽ ĚĄ ĂƵůĂƐ͟ ŵĂƐ ĂŶƚĞƐ entre artistas, escritores e poetas, assim como ͞ŽƌŝĞŶƚĂ͕͟ƐĞŵŶƵŶĐĂƉƌĞƚĞŶĚĞƌ͞ĨĂnjĞƌĨƌĞŶƚĞ͟ă outras figuras que aí encontravam, a par dos Escola de Belas-Artes (entrevista a Daniel Isidoro cafés, dos ateliers e da própria escola, um lugar a 14.04.16). Pela Academia Livre Dominguez de convívio e discussão tão necessária nesta Alvarez passaram António Sampaio, António ĠƉŽĐĂ ĚĞ ĞdžƉĞƌŝŵĞŶƚĂĕƁĞƐ Ğ ƚƌĂŶƐĨŽƌŵĂĕƁĞƐ͟ Cardoso e Tito Reboredo, José Rodrigues, (Moura, 2013, p. 103-104). A galeria Portugália Armando Alves, Sousa Felgueiras, entre outros criou as condições para o aparecimento das artistas e intelectuais da época (entrevista a Daniel Isidoro a 14.04.16). Desde o início, Jaime 14 TEMUDO, Ana (2016) O novo estado artístico do Porto entre 1933 e 1974. Ensaios e Práticas em Museologia. Porto, Universidade do Porto, Faculdade de Letras, DCTP, vol. 5, p. 10-26. Isidoro pensou em criar uma galeria anexa à Manuel Cargaleiro e apresenta a exposição ĂĐĂĚĞŵŝĂ͕ ƋƵĞ ƚĞƌŝĂ ĐŽŵŽ ĨŝŶĂůŝĚĂĚĞ ͞Ă póstuma de Amadeo Souza-Cardoso (Figura 1) exposição permanente colectiva de Artes ͞ĐŽŵ ŽďƌĂƐ ĞdžŝƐƚĞŶƚĞƐ Ğŵ WŽƌƚƵŐĂů Ğ ĚŽŝƐ Plásticas. Com uma sala destinada a exposições desenhos enviados pela viúva de PaƌŝƐ͟ (Isidoro, ŝŶĚŝǀŝĚƵĂŝƐ͕͟ ĞƐƚĂ ŐĂůĞƌŝĂ ƚŝŶŚĂ ĐŽŵŽ ŽďũĞƚŝǀŽ 2004, s.p.). Ainda, nesse ano, organiza uma ĚŝǀƵůŐĂƌ Ž ƚƌĂďĂůŚŽ ͞ĚŽƐ ŵĞůŚŽƌĞƐ ĂƌƚŝƐƚĂƐ ΀ĚĂ exposição colectiva onde é relevante recordar a época] e facilitar o contacto entre os artistas e o integração da obra da ceramista autodidata Rosa público, e a aquisição de obras de arte sem Ramalho descoberta nesse mesmo ano pelo ƉĂƐƐĂƌƉŽƌŝŶƚĞƌŵĞĚŝĄƌŝŽƐ͟(Isidoro, 2004, s.p.). pintor António Quadros, como recorda a neta O contexto político-cultural da época ʹ nomeadamente o surgimento dos primeiros mecenas como o empresário e industrial Manuel Pinto de Azevedo2 ʹ incentiva Jaime Isidoro a abrir a público a Galeria Dominguez Alvarez. Torna-se assim na primeira galeria com um fim :ƷůŝĂZĂŵĂůŚŽ͕͞ŶĂromaria da Senhora da Saúde, ŶŽĂŵƉŽ>ŝŶĚŽ͟(Popular, 2007, s.p.). Em 1959, a galeria recebe as primeiras exposições de ƉŝŶƚƵƌĂĚĞDĂŶƵĞůĚ͛ƐƐƵŵƉĕĆŽ(Isidoro, 2004, s.p.) e de aguarela e desenho do arquiteto Siza Vieira3. comercial a surgir no Porto, inaugurando com uma exposição do pintor lisboeta Carlos Botelho a 15 de Outubro de 1954. A galeria colaborava na época com a Galeria de Março, situada em >ŝƐďŽĂ͕ ͞ƉŽƐƐŝďŝůŝƚĂŶĚŽ Ž ŝŶƚĞƌĐąŵďŝŽ ĂƌƚşƐƚŝĐŽ ĞŶƚƌĞ ĂƐ ĚƵĂƐ ĐŝĚĂĚĞƐ͟ (Isidoro, 2004, s.p.). Em 1955 realiza uma exposição do pintor brasileiro ąŶĚŝĚŽ WŽƌƚŝŶĂƌŝ ͞ĐŽŵ ŝůƵƐƚƌĂĕƁĞƐ ƉĂƌĂ Ž ƌŽŵĂŶĐĞĂ͞^ĞůǀĂ͟ĚŽĞƐĐƌŝƚŽƌ&ĞƌƌĞŝƌĂĚĞĂƐƚƌŽ͟ (Isidoro, 2004, s.p.). Em 1956, expõe a obra de 2 3 Figura 1 _ Exposição póstuma de Amadeo Souza Cardoso na Galeria Alvarez (1956) arquivo Galeria Alvarez, cortesia © Daniel Isidoro Na época era o sócio maioritário do jornal diário O Primeiro de Janeiro. Informação retirada do folheto de exposição cedido pelo Arquiteto José Pulido Valente. 15 TEMUDO, Ana (2016) O novo estado artístico do Porto entre 1933 e 1974. Ensaios e Práticas em Museologia. Porto, Universidade do Porto, Faculdade de Letras, DCTP, vol. 5, p. 10-26. Em 1967, Jaime Isidoro altera a morada da Em 1958, na esquina da rua de Ceuta com a Rua galeria mantendo-ĂŶĂZƵĂĚĂůĞŐƌŝĂ͞ƉŽƌƐĞŶƚŝƌ José Falcão, abre ao público a livraria-galeria que esta deveria estar à face da rua de acesso Divulgação, um espaço comercial de natureza ĨĄĐŝů ĂŽ ƉƷďůŝĐŽ͟ (entrevista a Daniel Isidoro a polivalente dotado de livraria, galeria de arte e 14.04.16). Este segundo espaço era composto discografia. A galeria de arte inaugura com uma por dois pisos. A fachada original do edifício, em coletiva de pintura e desenho, onde estiveram viga ornamentada, suportava a vitrina que abria expostas obras de Amadeo Souza Cardoso, para o piso térreo da galeria. As aulas da Almada Negreiros, Carlos Botelho, Armando de academia livre aconteciam num piso inferior, Basto, Domingos Alvarez, Eduardo Viana, Júlio que dava acesso ao jardim nas traseiras do Resende, Dordio Gomes, Manuel Ribeiro de edifício. Este espaço recebeu, entre muitas Pavia, Mário Eloy e Vieira da Silva. Escrevia-se outras, as exposições dos artistas Eduardo Viana então no catálogo (1967) e Domingos Pinho (1970) ʹ Figura 2 (entrevista a Daniel Isidoro a 14.04.16). Nas palavras de Armando Alves, a Alvarez ajudou (...) a agitar um pouco o caminho das artes. Primeiro com a academia que recebia sobretudo alunos da escola que iam para lá e continuavam a trabalhar lá e, mais tarde, Porque pensamos que à difusão do gosto pelas artes plásticas, e portanto à defesa dos nossos valores artísticos, uma das medidas mais consequentes e frutuosas seria a multiplicação, por toda a parte, de galerias de arte apropriadas, logo nos propusemos a guardar um cantinho da nossa casa para o efeito (Leite, 2003, p. 14). transformou-se numa galeria com algum interesse (...) A programação de eventos culturais organizados (entrevista a 20.04.16). pela Divulgação transformou este espaço em um local central da vida cultural do Porto. É de salientar a variedade de exposições que a galeria apresentava: a arte popular da ceramista Rosa Ramalho organizada pelo pintor António Quadros; fotografia sobre Lisboa de Victor Palla e Costa Martins (Leite, 2003, p. 15), e ainda da pintura de Francisco Relógio, Almada Negreiros e Ângelo de Sousa, organizadas pelo arquiteto José Figura 2_ Exposição de Domingos Pinho na Galeria Alvarez (1970), arquivo Galeria Alvarez © Daniel Isidoro 16 TEMUDO, Ana (2016) O novo estado artístico do Porto entre 1933 e 1974. Ensaios e Práticas em Museologia. Porto, Universidade do Porto, Faculdade de Letras, DCTP, vol. 5, p. 10-26. Pulido Valente4. Armando Alves recorda a ͞ĚĞƐĞŶǀŽůǀŝŵĞŶƚŽ ĚĞ ĂƌƚĞĞdžƉĞƌŝŵĞŶƚĂůĚĂĚŽŽ exposição coletiva de Almada Negreiros e Ângelo ƐĞƵĐĂƌĄĐƚĞƌŶĆŽĐŽŵĞƌĐŝĂů͕͟ĞŵďƌŝůĚĞϭϵϲϯĨŽŝ de Sousa com estas palavras fundada a Cooperativa ÁrvorĞ͕ ŶĂ ͞Casa dos Foi interessante porque o Almada já era um veterano, o ůďƵƋƵĞƌƋƵĞƐ͟ŶĂZƵĂĚĂƐsŝƌƚƵĚĞƐ (Lambert & Ângelo de Sousa (...) ainda era aluno da Escola de Belas Castro, 2001, p. 111). A constituição da Árvore foi Artes. Foi no princípio ainda da carreira do Ângelo. Foi uma formalizada numa escritura assinada por 10 exposição interessante exatamente porque o Almada sócios fundadores que a declaravam como aceitou expor ao lado de um jovem que ele não conhecia Cooperativa de Actividades Artísticas ʹ S.C.A.R.L. mas que depois ficou a conhecer e a estimar bastante (entrevista a 20.04.16). Antes do 25 de Abril, este foi um dos núcleos de ͞ƌĞƐŝƐƚġŶĐŝĂŝĚĞŽůſŐŝĐĂ͟(Lambert & Castro, 2001, Também os artistas plásticos Armando Alves, p. 111) na cidade do Porto. Júlio Resende e Amândio Silva seriam convidados a dirigir a galeria no princípio dos anos 60. ͞&ŝnjĞƌĂŵ-se exposições colectivas de grande ŝŵƉĂĐƚŽ͕͟ ĂĨŝƌŵĂ ƌŵĂŶĚŽ ůǀĞƐ͘ ZĞĐŽƌĚĂ-se A Árvore ʹ nome pelo qual ficou conhecida ʹ surge num contexto em que, segundo Carlos Gomes ainda de uma exposição individual de Júlio Mil obstáculos assediavam esse grupo de gente jovem: Resende e afirmou terem-se realizado também quer as galerias existentes ͞ĞdžƉŽƐŝĕƁĞƐůŝŐĂĚĂƐĂƐĂƌƚĞƐŐƌĄĨŝĐĂƐĞĂŽƐůŝǀƌŽƐ͟ concentradoras, quer os condicionamentos políticos da (entrevista a Armando Alves a 20.04.16). O poeta e ensaísta José Augusto Seabra organizaria, em 1963, uma exposição bibliográfica eram exclusivistas e época dificultavam a fundação de associações. Existiam poucas galerias. Ao formarmos a galeria [...] tentamos (utopicamente claro!) que toda a produção fosse sobre canalizada para a Árvore. Nenhum artista plástico venderia Fernando Pessoa. Tal como o nome indicava, a nenhum trabalho, nenhum designer faria nenhum Divulgação destinava-se à divulgação e não à trabalho que não fosse através da cooperativa. [...] Era o venda de obras de arte. 2001, p. 116-117). Pensada por um grupo de artistas e intelectuais como 4 um espaço património cultural ao alcance de todos (Lambert & Castro, destinado ao Armando Alves defende que a Árvore surge para colmatar uma lacuna, uma vez que os artistas José Pulido Valente esteve à frente da programação da galeria durante 6 meses em 1958. 17 TEMUDO, Ana (2016) O novo estado artístico do Porto entre 1933 e 1974. Ensaios e Práticas em Museologia. Porto, Universidade do Porto, Faculdade de Letras, DCTP, vol. 5, p. 10-26. não tinham um lugar onde se pudessem Alves, Jorge Pinheiro, José Rodrigues e Nadir encontrar regularmente Afonso. Reuníamos nos cafés, mas de uma forma dispersa e, havia Em 1970, Jaime Isidoro abre a sua segunda realmente a ideia de criar um núcleo, onde pudéssemos galeria, desta vez na Avenida da Boavista. Aí, discutir os problemas da arte em geral e, depois, que fosse um agregado dos artistas para a convivência e troca de recebe exposições individuais de artistas ideias, e foi este o espírito que deu início à Árvore. Muito portugueses como Paula Rego e Eduardo dinamizada no início pelo José Pulido Valente e depois por Batarda, representados pelas galerias lisboetas um grupo de pessoas que foram os sócios fundadores. Foi São Mamede e Buchholz, e estrangeiros como a criação de um sítio onde, aliás, o mais importante de Arpad Szenes (entrevista a Daniel Isidoro a tudo era a luta contra o estado político do país e a necessidade de caminharmos no caminho da democracia... e, no fundo, a Árvore também teve como intuito isso, como aliás tinha o Cineclube do Porto, os Fenianos, o Clube de Campismo do Porto, a Casa de Jornalistas e Homens de Letras do Porto onde aconteciam colóquios extremamente 14.04.16). Em 1971 é inaugurada a Galeria Zen na Rua D. Manuel II que, conforme foi possível confirmar5, pode ser considerada a segunda galeria importantes. A Árvore era, no fundo, mais um polo onde comercial da cidade. Localizada no centro da aconteciam esses encontros e se discutia a liberdade. A ĐŝĚĂĚĞ о ŶƵŵĂ ĄƌĞĂ ŐĞŽŐƌĄĨŝĐĂ ƋƵĞ͕ ĚƵĂƐ Árvore nasceu já com as valências expositivas, uma sala de décadas exposição muito embrionária, oficinas de cerâmica, o artesanato, essa dinâmica desde o princípio existiu sempre (entrevista a 20.04.16). A atividade da Cooperativa Árvore consistia inicialmente na realização de palestras, conferências e exposições. As exposições coletivas contaram desde sempre com a participação dos sócios. Assim permitiram a afirmação em Lisboa dos artistas plásticos portuenses e a consagração de nomes como Ângelo de Sousa, António Quadros, Armando 5 mais tarde, a ser ŵĂƐƐŝǀĂŵĞŶƚĞŽĐƵƉĂĚĂƉŽƌŐĂůĞƌŝĂƐĚĞĂƌƚĞо͕Ă ĞŶĂďƌĞĐŽŵŽƵŵĂ͞ĞdžƚĞŶƐĆŽ͟ƉƌŽŐƌĂŵĄƚŝĐĂĚĂ Galeria 111 (inaugurada em 1964, em Lisboa), por iniciativa do galerista Manuel de Brito e do artista plástico Armando Alves. Em 1973, é criada a Zen Oficinas e ambas se tornam, nesse ano, propriedade dos artistas plásticos Armando Alves, José Rodrigues e do empresário Valentim Loureiro (entrevista a Armando 20.04.16). Através de entrevistas realizadas ao artista plástico Armando Alves e aos galeristas Daniel Isidoro e Rui Alberto. 18 começará Alves a TEMUDO, Ana (2016) O novo estado artístico do Porto entre 1933 e 1974. Ensaios e Práticas em Museologia. Porto, Universidade do Porto, Faculdade de Letras, DCTP, vol. 5, p. 10-26. Em 1973 é inaugurada a Galeria Espaço de expunha os artistas modernos localizada perto Fernando Gaspar dedicada à pintura, gravura e do hospital militar na Rua da Boavista (entrevista cerâmica na Rua da Conceição (Álvaro & Isidoro, a Armando Alves a 20.04.16). Ainda em 1974, 1975, p. 43). Esta pequena galeria expôs nomes abre ao público a Galeria Espaço Lusitano, uma como Dario Alves (1973), Emmerico Nunes associação de arte criada por Albuquerque (1973) e Álvaro Lapa (1974) e deteve um atelier Mendes e Gerardo Burmester em uma moradia de cerâmica, anexo (entrevista a Rui Alberto a da rua D. Manuel II. Através de um protocolo 22.04.16). assinado O 25 de Abril de 1974 marca um momento de revolução para a Galeria Alvarez, numa época em que ƐĞ ͞ƉŝŶƚĂŵ ƉĂŝŶĠŝƐ ŶĂ ƌƵĂ ĐŽŵ ƐĞŶƚŝĚŽ político-ĐƵůƚƵƌĂů͟ (Isidoro, 2004, s.p.). A Galeria 2 ʹ nome por que era conhecida a terceira galeria de Jaime Isidoro sediada na Avenida da Boavista ʹ ƌĞĐĞďĞ ŶĞƐƐĞ ĂŶŽ Ă ͞WĞƌƐƉĞĐƚŝǀĂ ϳϰ͘͟ ƐƚĂ mostra reuniu obras de artistas portugueses como Fernando Lanhas, Carlos Carreiro, Albuquerque Mendes, João Dixo e Jaime Isidoro e treze artistas de seis países estrangeiros (Polónia, Japão, Portugal, Inglaterra, França e Checoslováquia) (Lambert & Castro, 2001, p. 153)͕ ͞ĐŽŵ Ă ŝŶƚĞŶĕĆŽ ĚĞ ůĞǀĂƌ Ă ĂƌƚĞ ă ƌƵĂ͟ (Isidoro, 2004, s.p.). Nesse ano a brasileira Etheline Rosas (colaboradora de Fernando Pernes no Centro de Arte Contemporânea) abre Ă DŝŶŝ 'ĂůĞƌŝĂ о ƵŵĂ ƉĞƋƵĞŶĂ ŐĂůĞƌŝĂ ŽŶĚĞ 6 entre o de Arte Contemporânea6 e o Jornal de Notícias, é inaugurada em Janeiro de 1975 a Galeria Jornal de Notícias, uma sala de exposições construída na sede portuense deste jornal diário, com uma mostra individual da artista plástica Vieira da Silva (Álvaro & Isidoro, 1975, p. 30). 2. As movimentações de rutura institucional O Museu Portuense/Museu Soares dos Reis fundado em 1833 é inaugurado em 1840 no Convento de Santo António da Cidade em estreita relação com a Academia de Belas-Artes do Porto. Esta ligação é mantida até 1932, ano que marca a mudança deste museu para as instalações do Palácio das Carrancas e o seu consequente afastamento da prática artística produzida na Academia. Entre 1932 e 1950 o O Centro de Arte Contemporânea ocupou as salas do MNSR entre 1975 e 1979 com propostas novas artísticas. 19 Centro TEMUDO, Ana (2016) O novo estado artístico do Porto entre 1933 e 1974. Ensaios e Práticas em Museologia. Porto, Universidade do Porto, Faculdade de Letras, DCTP, vol. 5, p. 10-26. Museu Nacional Soares dos Reis é dirigido por do Museu em 1954, a galeria Soares dos Reis foi Vasco Valente cuja política de representação se intervencionada. Logo, o mármore polido que caracterizou pelo incentivo às artes decorativas. ĐŽďƌŝĂĂƐƉĂƌĞĚĞƐ͞ĐŽŵƵŵĂĐŽƌĂƉƌŽdžŝŵĂĚĂĚŽ Durante os dez anos seguintes (1950 e 1960) e após a morte de Vasco Valente, a direção do Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR) é assumida interinamente pelo escultor modernista Salvador Barata Feyo. Dotado de uma extrema sensibilidade artística este diretor enceta uma política inovadora de incentivo às artes plásticas, reaproximando novamente o Museu e a Academia e adquirindo mais de uma centena de obras de arte em menos de uma década. Contactando diariamente com a produção ǀĞƌŵĞůŚŽ WŽŵƉĞŝĂ͟ ;&ĞLJŽ͕ ϭϵϱϰ, s.p.) ʹ considerado por Salvador Barata Feyo como ͞ŵƵƐĞŽůŽŐŝĐĂŵĞŶƚĞ ĐŽŶĚĞŶĄǀĞů͟ ʹ foi ƐƵďƐƚŝƚƵşĚŽƉŽƌ͞ƵŵƐŝŵƉůĞƐƌĞďŽĐŽƉŝŶƚĂĚŽŶƵŵ ƚŽŵ ĂƚŵŽƐĨĠƌŝĐŽ ĚĞ ĂnjƵů͟ ;&ĞLJŽ͕ ϭϵϱϰ, s.p.). O ŵĂƚŝnj͞ƋƵĞƉĂƐƐŽƵĂĞŶǀŽůǀĞƌĂƐƉĞĕĂƐĞdžƉŽƐƚĂƐ͟ (Feyo, 1954, s.p), tenta pela primeira vez ͞ƌĞƐŽůver na prática, embora de maneira ĂƵĚĂĐŝŽƐĂ͕ Ƶŵ ƉƌŽďůĞŵĂ ĚĞ ŵƵƐĞŽůŽŐŝĂ͟ ƵŵĂ vez que, segundo o escultor, o ambiente criado ĂƚƌĂǀĠƐ ĚĂ ͞ŵƵƚĂĕĆŽ ĚĞ ĐĞŶĄƌŝŽ͟ (Feyo, 1954, s.p.) possibilitou a observação das peças o que aumentou a atenção do visitante (Figuras 3 e 4). artística na Escola de Belas Artes do Porto onde é professor da cadeira de escultura, Barata Feyo sente a necessidade de abrir as portas do Museu à contemporaneidade. Este diretor dedica, pela primeira vez na história do MNSR, uma sala ͞à pintura contemporânea denominada Moderna͟ (Feyo, 1954, s.p.Ϳ Ğ ͞ă ĂƌƚĞ Ğ ăƐ ĂƌƚĞƐ ǀŝǀĂƐ ĚŽ ŶŽƐƐŽƚĞŵƉŽ͟(Feyo, 1957, s.p.), com o objetivo ĚĞ͞(...) enriquecer o Museu e pôr em evidência ĂŽďƌĂĚŽƐĂƌƚŝƐƚĂƐŶŽƉůĂŶŽĚĂƵůƚƵƌĂEĂĐŝŽŶĂů͟ (Feyo, 1952, s.p.). Cria ainda uma galeria de escultura moderna, anexa à galeria Soares dos Reis para cumprir um papel pedagógico de confrontação estética e temporal (Feyo, 1954, s.p.). Assim aquando das obras de beneficiação 20 Figuras 3 e 4 _ Galeria de escultura MNSR, década de 50 ©Museu Nacional Soares dos Reis TEMUDO, Ana (2016) O novo estado artístico do Porto entre 1933 e 1974. Ensaios e Práticas em Museologia. Porto, Universidade do Porto, Faculdade de Letras, DCTP, vol. 5, p. 10-26. Salvador Barata Feyo seguia dois critérios na contemporâneo da Escola de Belas-Artes de política de aquisição que definiu para o Museu Lisboa nesta década7. O primeiro consistia na compra organizadas pelo S.N.I no MNSR como a ͞ĚŽƐ ŐƌĂŶĚĞƐ ŵĞƐƚƌĞƐ͕͟ ĐŽŵŽ ĂůŝĐĞƌĐĞƐ ĚŽ ͞džƉŽƐŝção de Arte Moderna dos Artistas do conhecimento e da prática artística. Barata Feyo EŽƌƚĞ͕͟ ŽƌŐĂŶŝnjĂĚĂ ĂŶƵĂůŵĞŶƚĞ ŶŽ ąŵďŝƚŽ ĚĂƐ adquire peças representativas da obra dos ͞&ĞƐƚĂƐ ĚŽ DĂŝŽ &ůŽƌŝĚŽ͟ ;ĚĞƐĚĞ ϭϵϰϳ ĂƚĠ principais mestres das Escolas do Porto (onde presumivelmente, 1965) e os Salões dos lecionava na época) e de Lisboa (cidade onde Novíssimos (de 1959 a 1964). Na exposição de vivera na juventude e onde estudara). Desta Arte Moderna de 1951 o escultor adquire as forma, assegura a apresentação de uma ŽďƌĂƐ͞ƌǀŽƌĞƐĚĞ^͘>ĄnjĂƌŽ͟ĚĞDĂƌƚŝŶƐĚĂŽƐƚĂ cronologia sequencial de autores, criando uma Ğ͞ZĞƚƌĂƚŽĚĞ^ĞŶŚŽƌĂ͟ĚĞĂƌůŽƐĂƌŶĞŝƌŽ;ĚŽŝƐ coleção que mantinha uma estreita ligação ao óleos sobre madeira datados desse ano) e ainda ensino lecionado nas Academias Nacionais de ĂƐ ͞ĂƐĂƐ ĚĞ DĂůĂŬŽĨĨ͟ ĚĞ ŽƌĚŝŽ 'ŽŵĞƐ ;ƵŵĂ Belas-Artes do país (Lima, 2015, p. 64). pintura a óleo datada de 1923). Barata Feyo O segundo critério encontra-se sustentado pela ͞ƚĞŝĂ ĚĞ ƌĞůĂĕƁĞƐ͟ ĐƌŝĂĚĂ ƉĞůŽ ĚŝƌĞƚŽƌ͕ ƋƵĞ incentiva a compra de peças, no momento em que surgem no mercado. Visitava com regularidade as exposições patentes nas galerias e salões da cidade. Adquire no Salão Silva Porto, Ğŵ ϭϵϱϭ͕ Ă ŽďƌĂ ͞ĞŶĂ ĚĞ ůĚĞŝĂ͟ ĚĞ >ĞŽŶĞů Marques Pereira, um pintor da época romântica vindo da Academia de Belas-Artes de Lisboa (ESBAL). Recebe também mostras solicita a sua aquisição à tutela, considerando ser ĚŽ ŝŶƚĞƌĞƐƐĞ ĚŽ DƵƐĞƵ ͞ĂĐƚƵĂůŝnjĂƌ ĂƐ ƐƵĂƐ colecções (...) tendo em conta o valor artístico ĚĞƐƚĞƐ ƚƌĂďĂůŚŽƐ͟ (Feyo, 1951, s.p.). Ainda em ϭϵϱϯ͕ ĂĚƋƵŝƌĞ Ă ŽďƌĂ ͞EĂƚƵƌĞnjĂ-DŽƌƚĂ͟ ĚĞ Eduardo Viana, datada desse ano. Em 1959, no âmbito da mesma comemoração, ocorre uma exposição retrospetiva de Amadeo Souza Cardoso (Lima, 2015, p. 59-60). (Lima, 2015, p. 62) e ainda, em 1955, na Ele próprio participava também em exposições ĐĂĚĞŵŝĂůǀĂƌĞnjĂƉŝŶƚƵƌĂ͞ůƚŽĚŽƐϳŵŽŝŶŚŽƐ͟ ŶĂĐŝŽŶĂŝƐ Ğ ŝŶƚĞƌŶĂĐŝŽŶĂŝƐ о ĞŶƋƵĂŶƚŽ ĂƌƚŝƐƚĂ da plástico о estabelecendo relações pessoais 7 autoria de João Hogan, artista seu Conclusão retirada de uma investigação efectuada nos arquivos do MNSR no âmbito de um estágio curricular realizado no ano 2014-2015. 21 TEMUDO, Ana (2016) O novo estado artístico do Porto entre 1933 e 1974. Ensaios e Práticas em Museologia. Porto, Universidade do Porto, Faculdade de Letras, DCTP, vol. 5, p. 10-26. relevantes nos diferentes contextos, que lhe Tendo presente a fugacidade de algumas das permitiam alguma proximidade com artistas novas experimentações estéticas a que assistia seus contemporâneos. É provavelmente graças a na época comenta em 1956 essas relações que Barata Feyo adquire obras de ĂƵƚŽƌĞƐƋƵĞƉĂƌƚŝĐŝƉĂƌĂŵĐŽŶƐŝŐŽŶĂ͞džƉŽƐŝĕĆŽ (...) essas obras não terão outros compromissos além da formação plástica dos seus autores, e do meio ambiente, ĚŽƐ /ŶĚĞƉĞŶĚĞŶƚĞƐ͟ Ğŵ ϭϵϮϯ͕ ĐŽŵŽ ŽƌĚŝŽ intelectual que os circunscreve. (...) Nestas circunstâncias, Gomes, Carlos Botelho, José Tagarro, Francisco tudo indica ser ainda cedo para se julgar em uníssono o Franco, Diogo de Macedo, Ruy Roque Gameiro e valor plástico da actividade dos artistas contemporâneos. Paulino Montez. Adquire igualmente obras de artistas do grupo homónimo formado nos anos 40 (Lima, 2015, p. 65). Como o próprio refere no folheto da exposição É facto que, por outro lado, se verifica a falta de perenitude dessas correntes (...). Neste clima incerto parece ser indicado aos museólogos de instituições da classe do Museu Nacional Soares dos Reis, propor a aquisição de obras dessas diversas correntes, exactamente como propõem a aquisição de obras de autores consagrados itinerante de Pintura Moderna em Amarante em ainda que momentaneamente, as primeiras possam ser ϭϵϱϴ͕ ͞Da colecção deslocada, apenas três consideradas extravagantes (Feyo, 1956, s.p.). pintores são estrangeiros; os restantes, na sua ŵĂŝŽƌŝĂ͕ƐĆŽŶŽƌƚĞŶŚŽƐ͟ (Feyo, 1958, s.p.). Com Como escultor comenta ainda a experiência vivida nos museus até aquela data alguns destes artistas cruza-se nas Exposições Internacionais de 19398 e 19409, onde, para além de alguns já mencionados, conviveu com Luís (...) há anos que vejo desenvolver-se cada vez mais o gosto pela múmia esse passado para nós sem outro significado que não seja ou esteja passado a que dão e damos e Fernandes, António Soares, Lino António, emprestamos o nosso espírito vivo ouçam bem espírito Martins Correia, António Duarte, João Fragoso, vivo. Perdulariamente gastamos esse mesmo espírito na Raul Xavier, Manuel Bentes e Abel Moura (Lima, contemplação 2015). desse passado que não podemos 10 compreender na sua totalidade (...) . Barata Feyo abandona o MNSR em 1960, para se dedicar ao ensino na Escola de Belas Artes a ͞džƉŽƐŝĕĆŽ/ŶƚĞƌŶĂĐŝŽŶĂůĚĞWĂƌŝƐ͘͟ ͞džƉŽƐŝĕĆŽĚŽDƵŶĚŽWŽƌƚƵŐƵġƐ͘͟ 10 Texto escrito por Salvador Barata Feyo num desdobrável com o seguinte texto impresso - ͞DĂŝŽ&ůŽƌŝĚŽ͕͟ϭϵϱϳ͕^E/͕͞hŵŵĞƐƚƌĞĚŽĐŽŶƚŽďƌĂƐŝůĞŝƌŽ͕͟ conferência pelo ilustre escritor Prof. Dr. Josué Montello, com declamações de Maria Manuela Couto Viana, Tarde do dia 22 de maio de 1957 - Documento cedido pelo filho, Professor João Barata Feyo a 03.03.15. 8 9 22 TEMUDO, Ana (2016) O novo estado artístico do Porto entre 1933 e 1974. Ensaios e Práticas em Museologia. Porto, Universidade do Porto, Faculdade de Letras, DCTP, vol. 5, p. 10-26. tempo integral. Por esse motivo, entrega a lá pôr uma coroa de flores (...). Ainda estou a ver o Alfredo direção do Museu a Manuel de Figueiredo, seu Queirós Ribeiro um escultor (...) a pregar a coroa de flores conservador. A partir desse momento, o MNSR volta a fechar as portas à criação artística contemporânea tendência apenas rompida aquando da vinda do Centro de no ponto mais alto da porta. Eu lembro-me que havia também gente ligada às letras como o Egito Gonçalves. Foi uma brincadeira, uma pândega completa mas marcou-se uma posição que era importante (entrevista a 20.04.16). Arte Contemporânea (CAC) para as instalações do Museu. Criado no seguimento de uma manifestação organizada pouco depois do fim da ditadura por um grupo de artistas portuenses a Junho de 1974, o CAC marca, entre 1975 e 1979, o panorama apresentação artístico ou nacional exposição com de a propostas portuguesas e internacionais, que assinalavam a atualidade da época (Lima, 2015). Acompanhados pelo crítico de arte Fernando WĞƌŶĞƐ͕ŽƐĂƌƚŝƐƚĂƐƉƌŽƉƵŶŚĂŵƵŵĂ͞džƉŽƐŝĕĆŽ>ĞǀĂŶƚĂŵĞŶƚŽ ĚĂ ƌƚĞ ĚŽ ^ĠĐƵůŽ yy ŶŽ WŽƌƚŽ͕͟ protestando contra a inexistência de qualquer museu dedicado à arte do século XX. Esta proposta expositiva pretendia anunciar, a ͞ŵŽƌƚĞ͟ĚŽDƵƐĞƵEĂĐŝŽŶĂůĚŽWŽƌƚŽ(Lambert & Fernandes, 2001, p. 260) declarando simultaneamente a génese deste Centro (Figura 5). Armando Alves recorda esse momento: Figura 5 _ ĞƌŝŵſŶŝĂ ĚĞ ͞ĞŶƚĞƌƌŽ͟ ĚŽ DƵƐĞƵ EĂĐŝŽŶĂů Soares dos Reis (1974), arquivo Galeria Alvarez ©Daniel Isidoro O programa do CAC ʹ elaborado pelo crítico de arte Fernando Pernes em 1976 ʹ propunha a exposição permanente de obras representativas do século XX (com especial destaque para os ĂƌƚŝƐƚĂƐŶŽƌƚĞŶŚŽƐͿĞĂĐƌŝĂĕĆŽŶŽDE^ZĚĞ͞Ƶŵ novo sector específico que se articular[ia com as] outras galerias, numa nova disposição de Nós artistas, sobretudo os artistas ligados à [Cooperativa] ĚŝĚĄĐƚŝĐĂ ƐĞƋƵġŶĐŝĂ ĐƌŽŶŽůſŐŝĐĂ͟ (Programa do Árvore, entendíamos o MNSR como um mausoléu e Centro de Arte Contemporânea (1976) tal como quisemos simbolicamente fazer o enterro do museu. citado em Oliveira, 2013, p. 107). O CAC Como? Fizemos um caixão e fizemos um percurso a pé desde a [Cooperativa] Árvore até à porta do MNSR e fomos 23 ͞ĐŽŶƚĂƌŝĂ ƚĂŵďĠŵ ĐŽŵ Ƶŵ ĂŵƉůŽ Ɛector de ŐƌĂǀƵƌĂƐ ĚĞ ĂƌƚŝƐƚĂƐ ĂĐƚƵĂŝƐ ƉŽƌƚƵŐƵĞƐĞƐ͕͟ TEMUDO, Ana (2016) O novo estado artístico do Porto entre 1933 e 1974. Ensaios e Práticas em Museologia. Porto, Universidade do Porto, Faculdade de Letras, DCTP, vol. 5, p. 10-26. ĚĞƐƚŝŶĂĚĂƐ͞ĞƐƐĞŶĐŝĂůŵĞŶƚĞĂƵŵĂĂĐƚŝǀŝĚĂĚĞĚĞ produzida pelos alunos da Escola de Belas-Artes ĞdžƉŽƐŝĕƁĞƐ do ŝƚŝŶĞƌĂŶƚĞƐ͖͟ ƉƌŽĐƵƌĂƌŝĂ Ž Porto. Estas exposições aconteciam ͞ĚĞƐĞŶǀŽůǀŝŵĞŶƚŽ ĚƵŵ ĐŝĐůŽ ĚĞ ĞdžƉŽƐŝĕƁĞƐ inicialmente em espaços polivalentes (como ƌĞƚƌŽƐƉĞĐƚŝǀĂƐ͟ e de ͞ĞdžƉŽƐŝĕƁĞƐ ĚĞ ĂƌƚŝƐƚĂƐ salões de festas e livrarias), concentrados, na sua ũŽǀĞŶƐ͟ Ğ ƌĞƵŶŝƌŝĂ ͞ƵŵĂ ƉĞƋƵĞŶĂ ďiblioteca da maioria, na baixa da cidade e eram mantidas com ĞƐƉĞĐŝĂůŝĚĂĚĞ͟ (Programa do Centro de Arte a colaboração dos artistas e intelectuais Contemporânea (1976) tal como citado em portuenses, procurando combater o cinzentismo Oliveira, 2013, p. 107). dominante vivido durante o Estado-Novo. A Com a instalação do CAC, o MNSR registou uma média de 100 visitantes por dia. O CAC recebeu novas propostas como as inaugurações simultâneas das exposições de Alberto Carneiro e Ângelo de Sousa em 1976, a mostra de Wolf sŽƐƚĞůůĞĂĐŽůĞĐƚŝǀĂ͞&ŽƚŽŐƌĂĨŝĂĐŽŵŽƌƚĞͬ ƌƚĞ ĐŽŵŽ &ŽƚŽŐƌĂĨŝĂ͟ Ğŵ ϭϵϳϵ ĐŽůŽĐĂŶĚŽ Ž ƉƷďůŝĐŽ ƉĞƌĂŶƚĞ ŶŽǀĂƐ ͞ƚĞƌŵŝŶŽůŽŐŝĂƐͬƉƌĄƚŝĐĂƐ artísticas, que comunicavam com o passado ƌĞĐĞŶƚĞ ĚĂ ŚŝƐƚſƌŝĂ ĚĂ ĂƌƚĞ͟ (Oliveira, 2013, p. 120). primeira galeria de arte surge, no início da década de 50, da vontade de um homem e associada a uma academia de ensino artístico livre. A partir daí e logo após a Revolução de Abril, outras foram surgindo com projetos efémeros, encerrados devido às constantes mudanças político-culturais da cidade. Paralelamente, e durante uma década, também o Museu Nacional da cidade procurou abrir as portas à modernidade com a entrada interina do escultor modernista Salvador Barata Feyo, tentativa apenas retomada durante a década de A criação do CAC dá mais tarde origem ao projeto 70 com a instalação física no Museu do Centro de para o Museu Nacional de Arte Moderna Arte Contemporânea. De todos os espaços de (MNAM) projeto embrionário do atual museu de mediação artística mencionados, apenas a Arte Contemporânea da Fundação de Serralves, Cooperativa Árvore e o Museu Nacional Soares inaugurado a 6 de Junho de 1999 com a dos Reis se mantêm, até hoje, em ativo edžƉŽƐŝĕĆŽΗŝƌĐĂϭϵϲϴ͘͟ funcionamento e em ligação com a Escola de Considerações finais Os lugares de exposição no Porto ganharam relevância a partir da década de 40, com o propósito de divulgação da arte de vanguarda 24 Belas-Artes do Porto através da programação de eventos onde colaboram profissionais e é exibido o património das diferentes instituições. TEMUDO, Ana (2016) O novo estado artístico do Porto entre 1933 e 1974. Ensaios e Práticas em Museologia. Porto, Universidade do Porto, Faculdade de Letras, DCTP, vol. 5, p. 10-26. Agradecimentos Este artigo é resultado de uma pesquisa continuada que teve o seu início em 2014, durante um estágio curricular em Museologia desenvolvido em parceria entre o Museu Nacional Soares dos Reis e a Faculdade de Letras da Universidade do Porto, sob a orientação da Professora Elisa Noronha e da Doutora Ana Paula Machado Santos (MNSR). A investigação 25 sobre as galerias de arte criadas no Porto foi-me sugerida pelo Docente Miguel Tomé. Agradeço ainda ao Professor António Cardoso, ao Artista Plástico Armando Alves, ao Arquiteto José Pulido Valente e aos galeristas Daniel Isidoro e Rui Alberto pela disponibilidade e colaboração. TEMUDO, Ana (2016) O novo estado artístico do Porto entre 1933 e 1974. Ensaios e Práticas em Museologia. Porto, Universidade do Porto, Faculdade de Letras, DCTP, vol. 5, p. 10-26. Referências Alberto, R. (2016). Depoimento do empresário Rui Alberto, em entrevista presencial realizada a 22.04.16 no âmbito de uma pesquisa acerca de diferentes tipologias de espaços de exposição na cidade do Porto. A. Temudo (Ed.). Porto. Álvaro, E., & Isidoro, J. (1975). Revista de Artes Plásticas, 6, 43. Alves, A. (2016).Depoimento do artista-plástico Armando Alves, em entrevista presencial realizada a 20.04.16 no âmbito de uma pesquisa acerca de diferentes tipologias de espaços de exposição na cidade do Porto. A. Temudo (Ed.). Porto. Árvore, C. (s.d.) Árvore - História [em linha]. Árvore. Acedido outubro 4, 2016, em http://www.arvore.pt/docs/historia.pdf Cardoso, A. (2015). Depoimento do professor António Cardoso, em entrevista presencial realizada em 27-04-15 no âmbito do estágio curricular acolhido pelo MNSR entre 2014-2015. A. Temudo (Ed.).Porto.Feyo, S. B. (1951). Pedido de aquisição de obras no âmbito da Exposição de Arte Moderna, SNI. Ofício datado de 27 de junho. Correspondência Expedida. Porto: Museu Nacional Soares dos Reis. Feyo, S. B. (1952). Necessidade de aquisição de obras de pintura e escultura datada de 7 de março. Correspondência Expedida. Porto: Museu Nacional Soares dos Reis. Feyo, S. B. (1954). Documento que descreve o trajeto museográfico do MNSR datado de 6 de novembro. Documento cedido pelo filho João Barata Feyo, no contexto de uma entrevista realizada no MNSR. Porto. Feyo, S. B. (1956). Catálogo Obras Diversas. Catálogos-Guia. Porto: Museu Nacional Soares dos Reis. Feyo, S. B. (1957). O museu e o ensino dos conservadores. Texto fornecido por João Barata Feyo Coleção Particular, Porto. Feyo, S. B. (1958). Exposição itinerante de "Pintura Moderna". Catálogo de Exposição. Amarante: Museu Nacional Soares dos Reis . Lima, A. (2015). Continuidade e/ ou Rutura? Estudo das políticas de representação do MNSR entre 1950-1960 durante a direção do escultor Salvador Barata Feyo. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto. Isidoro, D. (2016).Depoimento do galerista Daniel Isidoro, em entrevista presencial realizada a 14.04.16. no âmbito de uma pesquisa acerca de diferentes tipologias de espaços de exposição na cidade do Porto. A. Temudo (Ed.). Porto. Isidoro, J. (2004). Galeria Alvarez: 50 anos depois. Porto: Galeria Alvarez - Arte Contemporânea. Lambert, F., & Castro, L. (2001) + de 20 grupos e episódios no Porto do séc. XX (1 ed., Vol. II). Porto: Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura. Lambert, F., & Fernandes, J. (2001). Porto 60/70: os Artistas e a Cidade. In Serralves Árvore Cooperativa de Actividades Artísticas (Ed.), Porto 60/70: os Artistas e a Cidade (1-322). Porto: Asa. Moura, S. (2013). Portugália: Uma Galeria moderna no Porto dos Anos 40. Dissertação de Mestrado, Universidade do Porto, Porto. Oliveira, F. (2007). A herança de Rosa Ramalho [em linha]. Barcelos Popular. Acedido outubro 4, 2016, em http://www.barcelos-popular.pt/?zona=ntc&tema=8&id=620. Oliveira, L (2013). 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