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RESENHA CRÍTICA DO LIVRO: O URBANISMO

nas obras de Owen, Fourier, Richardson, Cabet e Proudhon. As obras abordam as propostas relativas a cidade, em plena era industrial. Em todas as obras, a preocupação volta-se para a questão da higiene e a busca por espaços e áreas verdes entre as edificações. Há uma preocupação em se procurar locais distintos para a habitação, o trabalho e o lazer.

RESENHA CRÍTICA DO LIVRO: O URBANISMO PRÉ-URBANISMO PROGRESSISTA: Baseia-se nas obras de Owen, Fourier, Richardson, Cabet e Proudhon. As obras abordam as propostas relativas a cidade, em plena era industrial. Em todas as obras, a preocupação volta-se para a questão da higiene e a busca por espaços e áreas verdes entre as edificações. Há uma preocupação em se procurar locais distintos para a habitação, o trabalho e o lazer. Robert Owen: Nasce pobre, passa a trabalhar desde os 10 anos de idade. Quando adulto, através de um casamento rico, torna-se co-proprietário de uma fábrica. Aproveita então para por em prática: reformas sociais, dada a sua infância pobre. Propôs então a redução para a jornada de trabalho de 10 horas, a criação de uma cidade-modelo num espaço verde e a instituição da escolaridade obrigatória. Através de suas obras, ele descreve um modelo de cidade ideal, semi-rural, higiênica e com ordenação, de modo a abrigar de 500 a 3.000 indivíduos. Charles Fourier: Propôs o modelo mais detalhado do pré-urbanismo progressista: a Falange. Descreve então o Falanstério, que é uma espécie de edifício-cidade onde as pessoas trabalham apenas no que querem, cada um com sua vocação. Quanto ao planejamento da cidade, ele a descreve assim: “Deve-se traçar três anéis concêntricos: o primeiro contém a cidade central; o segundo contém os arrabaldos e as grandes fábricas; o terceiro contém as avenidas e o subúrbio”. O autor faz a opção pelo habitat coletivo no qual haveria casas e cômodos salubres. Neste edifício que contém a habitação coletiva teriam a vantagem de ser bem arejadas. Nela haveria também as ruas galerias que seriam circulações climatizadas. Fica assim o morador protegido da chuva, do vento, do calor e do frio. Victor Considérant: Politécnico e engenheiro militar, dedicou a sua vida ao movimento falansteriano, que propôs o Falanstério. Detalhando todos os pormenores desta edificação. A preocupação com a questão do controle sanitário também se faz presente. Mas os pontos fundamentais desse sistema são a economia, a comodidade e a facilidade das relações e serviços. Etienne Cabet: Considerado por Marx como o inventor do “comunismo utópico”, escreveu o livro “Voyage em Icarie”, em que descreve os detalhes de uma sociedade igualitária, vivendo numa cidade planejada, onde se procura resolver questões como higiene, circulação, climatização, climatização, etc., além de descrever como seria a casa ideal. Pierre-Joseph Proudhon: O pensamento de Proudhon era voltado para uma reorganização da sociedade e que o olhar de todos deve voltar-se para a habitação, que é a morada do cidadão. Entende que os obeliscos e peças de arte têm de estar locadas somente dentro dos museus e não nas praças públicas, exceto os monumentos nacionais. Benjamin Ward Richardson: Impressionante o pensamento deste médico inglês, autor de uma série de trabalhos científicos notáveis. No livro “Hygeia”, escrito por ele, demonstra o seu interesse pela epidemiologia e pela higiene e estabelece uma série de critérios que tem que ser seguidos em projetos urbanos e de casas, a fim de manter a saúde da população. Jean-Baptiste Godin: Insere a idéia do Familistério, onde cria o Palácio Social, onde um dos objetivos é proporcionar a seus moradores meios facilitadores para que haja a elevação do nível moral e intelectual da população residente. Além disso, sugere divisões para a educação das crianças. Julio Verne: Homem futurista, que imagina soluções urbanísticas com foco na higiene. Idealiza a Franceville, uma cidade modelo que possui 10 regras para o projeto de sua casa-tipo. Quanto à cidade, planeja quadras com 500 m de largura, tendo sempre como objetivo a higiene da população. Herbert-George Wells: A moradia idealizada há mais de 100 anos por Wells apresenta uma similaridade muito grande com os “Flats” de hoje. PRÉ-URBANISMO CULTURALISTA: As cidades idealizadas pelos que apóiam o pré-urbanismo culturalista têm como características ruas irregulares e assimétricas, que tragam o sentido orgânico e que possuam reservas verdes e dimensões modestas. Augustus Welby Northmore Pugin: Este arquiteto inglês critica a arquitetura atual ao considerar que as misturas de estilos arquitetônicas são verdadeiros absurdos. Considera que a arquitetura daquela época não acompanha o progresso tecnológico de seu tempo, sendo que considera que as obras arquiteturais da idade média superam as do seu tempo. Acredita que o modelo a ser seguido deve ter os estilos coerentes e com significados cristãos. John Ruskin: Imagina que a cidade ideal deve estar rodeado de uma bela natureza, no entanto são as ruas da cidade que devem ser o objetivo de contemplação e de que a busca pela beleza deve partir bem mais pela iniciativa privada do que pela pública. O autor só não menciona quem iria pagar a conta. Mantem-se contra a igualdade das casas e que deveríamos buscar a assimetria na construção. William Morris: Faz referência a cidade medieval e lembra que elas eram construídas todas no mesmo estilo. Sugere que deveríamos construir habitações simples e bonitas. Faz crítica ao fouerismo e considera incomodo termos de mudar nossos hábitos em detrimento da sociedade. PRÉ-URBANISMO SEM MODELO: As cidades visionadas pelos escritores desse movimento têm que estar preparadas para abrigar uma sociedade sem classes. Idealizam portanto a cidade-campo. Fiederich Engels: Denuncia a miséria do proletariado urbano nas cidades industriais inglesas do séc. XIX. Considera que problemática do alojamento (habitação) é apenas uma parte de um problema global e que somente uma revolução social será capaz de resolver. Faz crítica aos bairros pobres de Londres ao descreve-los como sem planejamento, com ruas estreitas, tortuosas e sujas, cujas casas não tinham ventilação e iluminação adequadas. O que o autor descreve nada mais e nada menos é do que as favelas daquela época na Inglaterra. Acredita que para por fim a essa situação degradante em que o proletariado vive é necessário por fim a exploração e opressão imposta pela classe dominante. Karl Marx: Devido ao crescimento muito rápido das cidades inglesas após a revolução industrial, estas cidades cresceram desordenadamente e sem planejamento. E em conseqüência disso, a classe operária é obrigada a viver em habitações com condições lastimáveis de insalubridade e ainda assim ter que pagar por isso, mediante o pagamento de seus alugueis. P. Kropotkin: Desenvolveu sua teoria de ajuda mútua em que não é necessário haver um governo estruturalmente forte. Imaginou um futuro onde seriam eliminadas as grandes cidades e as fortes concentrações demográficas em proveito de uma verdadeira simbiose entre indústria e campo. Afirma que se vingasse o falanstério, as pessoas perderiam a sua individualidade. N. Bukharin e G. Preobrajensky: Descrevem a situação degradante e lamentável a que estão sujeitas as famílias de operários soviéticos no início do séc. XX. URBANISMO PROGRESSISTA: Tony Garnier: Propõe a “Cidade Industrial”, uma cidade modelo com cerca de 35 mil habitantes que tem como principio a separação urbana e a valorização dos espaços verdes. Esta cidade deverá ter loteamentos padronizados, estar próximo a um rio e dispor de uma usina hidrelétrica e ser abastecida por uma ferrovia. Tem também uma atenção com a questão sanitária. Georges Benoit-Lévy: Através de sua obra “A cidade-jardim”, inspirada na leitura de Ebenezer Howard, relata como deveria ser a organização da cidade, dando aos industriais um alto grau de responsabilidade. Para solucionar dúvidas para a instalação de suas indústrias, estes deveriam procurar a Associação das Cidades-Jardins que os assessorariam no que diz respeito à instalação de suas fábricas e a higiene dos grupos de operários. Walter Gropius: Exerceu influência semelhante à Le Corbusier. Foi um dos criadores da arquitetura racionalista. Fundou a Bauhaus, onde foi professor. Na questão do urbanismo os temas abordados na Bauhaus eram: padronização, pré-fabricação e criação de um espaço moderno. Charles-Edouard Jeanneret (Le Corbusier): Considerado um dos principais nomes da arquitetura do séc. XX, marca a sua época pelas suas ideologias que são difundidas e seguidas mais tarde. Critica o traçado das grandes cidades de sua época. Propõe para uma cidade moderna, vias com linhas retas. Propõe a cidade-jardim, onde se construiriam edifícios com 60 andares, 220 metros de altura, distanciados uns dos outros de 250 a 300 metros e envoltos em vastos jardins. Além disso, o solo da cidade seria elevado em 4 a 5 metros, sobre pilotis e onde na superfície inferior correriam os transportes. Stanislav Gustavovitch Strumilin: Propõe a cidade comunista, chamada “comuna-tipo”, onde os moradores fariam as suas refeições de modo comunitário, semelhante a um hotel. Este edifício habitacional ficaria adjunto ao local de trabalho de seus moradores. Essa proposta nos faz lembrar das idéias de Herbert-George Wells. URBANISMO CULTURALISTA: Camillo Sitte: Após a obra intitulada "Der Städtebau nach seinen künstlerischen Grundsätzen" que criticava as transformações de Viena, recebeu o convite de vários municípios para trabalhar em sua intervenção. Tinha como meta em suas obras três aspectos: Livrar a cidade do sistema de casas alinhadas, preservar na medida do possível, o que resta da cidade antiga e quanto às propostas novas, projetar o mais parecido possível com o sistema antigo. E dentro disso tudo, as praças têm um papel muito importante e não devem só ter um valor estético, mas funcional também, como na antiguidade. Ebenezer Haward: Foi o criador das “cidades-jardim”, que se traduzia na junção do campo com a cidade. Através desse sistema, podia-se usufruir os benefícios de um e de outro. Descreve em detalhes cada canto da cidade, como por exemplo, o centro que é formado por 6 bulevares e um espaço coberto intitulado “palácio cristal”. Raymond Unwin: Criou a primeira cidade-jardim inglesa. Propunha que a cidade deveria crescer dentro de um limite pré-estabelecido. Valorizava também as praças e dava uma importância grande as estações ferroviárias. URBANISMO NATURALISTA: Frank Lloyd Wright: Idealizou um modelo de cidade chamada “Broadacre City”. Broadacre seria edificada em consonância com a natureza. Grandes auto-estradas estariam integradas com a paisagem. A classe trabalhadora teria condições de adquirir unidades-standart baratas para morar. TECNOTOPIA: Eugène Hénard: Grande Arquiteto, visionário, descreveu em detalhes como deveria ser o aproveitamento do sub-solo da cidade para a instalação das canalizações e água, esgoto, rede elétrica, correio pneumático, etc. Relatório Buchanan: Em 1961, a pedido do Ministério dos Transportes britânico, formou-se um comitê formado por especialistas e estes estudaram a problemática do transporte nas cidades envolvendo os automóveis. O comitê formado elaborou então este relatório, que tinha uma parte teórica e um estudo de casos. As dificuldades a serem enfrentadas eram muitas, tais como: muitos cruzamentos, ruas estreitas, falta de estacionamentos, congestionamentos, etc. Dentre as várias soluções, o sub-solo aparece como solução recorrente, seja para o tráfego de automóveis, pedestres ou até mesmo para estacionamentos. Iannis Xenakis: Interessantíssimo o texto sobre este engenheiro, arquiteto e músico, que através de seu grande conhecimento técnico sobre construção, desenvolveu um estudo sobre a “Cidade Cósmica” (cidade-edifício com altura de dois a três mil metros), uma idéia utópica para a época e ainda para os dias de hoje. ANTRÓPOLIS: Análises complexas formadas por homens não especialistas na área, mas que muito contribuíram com suas visões humanistas, fizeram suas críticas ao sistema de urbanismo progressista. Patrick Geddes: Biólogo escocês que se dedicou ao estudo da polística, ramo da sociologia que estuda as cidades. Com uma noção perfeita do presente e do passado, consegue fazer das idéias do passado, idéias novas, bem atuais. Marcel Poète: Este historiador de Paris trouxe a idéia de que devemos pensar o urbanismo, tendo como foco o homem e que ao fazermos alguma intervenção urbanística devemos ter como prioridade às classes mais desfavorecidas. Lewis Mumford: Este americano seguidor de Geddes, foi professor em universidade e jornalista crítico da arquitetura. Dava grande importância ao paisagismo no contexto urbano. Jane Jacobs: Essa escritora americana escreveu o famoso livro “Tehe Death and Life of Great American Cities”, onde de forma polêmica, prioriza as grandes megalópoles, em detrimento das cidades menores e tem como foco também o paisagismo urbano. Eu uma de suas citações, chega à conclusão de que os parques só servem para abrigar menores delinqüentes, cujos destinos deveriam ser as áreas de recreação dentro do conjunto habitacional em que moram. Leonard Duhl: Este médico e professor de psiquiatria busca fazer correlações entre a alienação mental e problemas de alcoolismo de um indivíduo, com o lugar em que esse habita. Numa passagem, ele cita o exemplo de Brasília (que é uma cidade planejada) e possui favelas. PAGE 5