URBANISMO NO BRASIL E NO MUNDO
URBANISMO ÁRABE
Évellyn M. Barros1
Louise Mayara G. Bastos2
Samyha Breda Rodrigues3
Geovany Jessé Alexandre Silva4
RESUMO
O objeto de estudo do presente artigo é uma análise urbanística da cidade de King Abdulah City e da Ilha Palm Island em Dubai, ambos nos Emirados Árabes Unidos. Foram utilizadas pesquisas e dados coletados na internet para embasamento teórico, tais como tipologia, linguagens e aspectos tecnológicos, questões ambientais e urbanas com o objetivo de demonstrar e validar os questionamentos levantados. Para tanto, nota-se inicialmente a relação entre a alta classe da sociedade e a produção da arquitetura contemporânea de alta tecnologia, que juntos produzem ambiente quase como utópicos. Em síntese, vale ressaltar que o referido artigo ganha relevância pela possibilidade de discutir os processos de produção da arquitetura e do urbanismo consequentemente conduzidos pelas práticas sociais que unem a tradição às tecnologias, contribuindo para uma reflexão teórica e prática da arquitetura e do urbanismo nos Emirados Árabes Unidos.
Palavras-chave: arquitetura utópica, novas cidades árabes, urbanismo árabe.
1. A SOCIEDADE, ARQUITETURA E URBANISMO ÁRABE
Em sua cultura, os árabes constroem empregando sempre o uso dos materiais locais como a pedra, o adobe, o tijolo, o mármore e a cerâmica vidrada. Eles desenvolveram inúmeros tipos de abóbadas e cúpulas, muitas vezes ocas formadas por paredes duplas. Trouxeram referências da tradição Bizantina e Romana, onde exploravam relações geométricas em excessivas representações, em seus arcos, abóbodas, colunas.
As principais características das cidades árabes são os condicionantes bioclimáticos, sendo que a água é a mais comum, existente em todos os ambientes para umidificação. Antes as cidades eram moldadas também pelos motivos culturais, como as casas fechadas e profundas que procuram buscar a privacidade ao extremo e os espaços públicos que são corredores estreitos para a proteção contra o vento seco e o sol forte.
As transformações por que tem passado a sociedade ocidental árabe são evidentes. Antes um local de polo turístico pobre, com a descoberta do petróleo, os Sheikh árabes atraíram turistas com as grandiosas arquiteturas, como um meio de giro de capital e dissipação de suas culturas. O processo de globalização¹ também teve sua importância para as práticas sociais (econômicas, políticas e cultural-ideológicas) modificando enormemente as relações entre o global e o local, posto que as barreiras espaciais e temporais diminuam. Esta atual relação espaço-tempo se torna viável graças ao desenvolvimento das comunicações e as novas tecnologias computadorizadas que redimensionam as relações de produção e reprodução do capital e modificam e dão novo visual ás cidades.
Sob o ponto de vista da paisagem urbana, a cidade e a arquitetura atuais, enquanto manifestações da cultura são um dos principais sintomas da pós-modernidade. No território da arquitetura e do urbanismo, o debate em torno da pós-modernidade converge para a dicotomia estilística: moderno x pós-moderno.
O termo pós-moderno é demasiadamente ambíguo e controverso para qualificar as diversas teorias e práticas da arquitetura contemporânea. Vários são os significados atribuídos à arquitetura dita “pós-moderna”, ora abrangente, ora restrito e pejorativo. Montaner ao traçar o panorama diverso e heterogêneo da arquitetura contemporânea nega os rótulos e advoga o conceito de “postura arquitetônica”, que:
1 Para Santos e Silveira (2003), a globalização é marcada pela emergência do “meio-técnico-científico-informacional”, num processo de desindustrialização no setor secundário e o aumento e especialização do comércio e serviços no setor terciário. Castells compartilha do mesmo raciocínio ao tratar das relações de produção e admite a existência do “espaço de fluxos” que caracteriza a sociedade contemporânea, ou melhor, “a sociedade em rede”.
(...) se baseia na consideração que certos arquitetos oferecem opções de tipo de espaços, materiais, linguagem, tecnologias e relações com a cidade. Essas opções mantêm uma certa coerência e permitem delimitar certas posturas determinantes (MONTANER, 2001:178).
2. CIDADES
2.1 KING ABDULLAH CITY
A nova cidade árabe King Abdullah City (anexo 1), ou para o português, Cidade Rei Abdullah, é o mais novo megaprojeto urbanístico saudita. A cidade será construída do zero para atender a vaidade do rei árabe Abdullah Abdulaziz, conhecido por sua ostentação, com o objetivo de desbancar em todos os sentidos a cidade de Dubai. O projeto é muito ambicioso, será o maior investido pelo setor privado no mundo, visando unir e expandir a maior economia do oriente médio. A nova metrópole foi projetada estrategicamente, estará à uma hora da cidade de Jeddah, o maior centro urbano do oeste da Arábia saudita e também a segunda maior cidade ficando apenas atrás da capital Riad, próximo a Medina e a Mecca, cidades sagradas e centros de peregrinação do islamismo, religião típica da Arábia Saudita, na costa do mar vermelho.
A construção da cidade está a cargo da mega empreiteira dos Emirados Árabes, Emaar, e o projeto urbano é de Skidmore, Owens & Merril, escritório de arquitetura, urbanismo e engenharia dos Estados Unidos, conhecidos como SOM.
A nova cidade para dois milhões de pessoas ocupará uma área de 173 km² e custará aproximadamente 86 bilhões de dólares, financiados pelo rei Abdullah, um mega empresário, bilionário, que pretende com a metrópole, incluir o reino entre os países mais atraentes do mundo para investimentos.
Anunciada em 2005, King Abdullah City, pretende ainda ser uma das mais sofisticadas cidades do mundo, principalmente no que se refere a telecomunicações, com uma rede alta tecnologia de fibras óticas e convergência de tudo que possa imaginar em tecnologia da informação, deixando a cidade cem por cento conectadas. A empresa CISCO é a responsável pelo design da rede de TI e a Ericsson pela banda- larga. O governo saudita ainda fez parcerias com grandes multinacionais na área de construção civil e tecnologia, como a Siemens, que é a responsável pela infraestrutura de eletricidade. A previsão de conclusão é para o ano de 2025.
A cidade ofertará mais de um milhão de novos empregos e será dividida em área portuária, industrial, turística, residencial, educacional e financeira (anexo 2). Este projeto do futuro estará localizado ao longo do mar vermelho, uma área espetacular, com praias de águas cristalinas e calmas, porém o turismo em praias dessa região não é muito difundido.
2.1.1 AREA PORTUÁRIA
O porto é estimado para cobrir 13,8 quilômetros quadrados, que será a maior da região, com uma capacidade de mais de 10 milhões de contêineres por ano. O porto terá facilidades para lidar com a carga e massa seca, e será equipado para receber os maiores navios do mundo. Outra componente chave será um espaço customizado, o Terminal Hajj, com capacidade para transportar até trezentos mil peregrinos a caminho de Mecca e Medina, as cidades sagradas.
2.1.2 AREA INDUSTRIAL
A zona industrial foi projetada para cobrir 63 km². Os 4.400 hectares (11.000 acres) de terras serão dedicados à produção industrial e instalações de luz elétrica, identificado como impulsionadores do crescimento para a economia saudita, podendo receber 2.700 inquilinos industriais. Os empregos criados estimam- se em industriais (330 mil); planejamento e desenvolvimento (150.000); negócios e escritório (200.000); serviços (115 mil); hospitalidade (60.000) e de educação e serviços comunitários (145 mil). Os “Plásticos Valley” fabricados dentro da zona irão utilizar matérias-primas facilmente disponíveis na Arábia Saudita para produzir high-end plásticos utilizados em indústrias de embalagens, automotivas, de construção, biomédicas e de alimentos.
2.1.3 AREA TURÍSTICA
A área de turismo será projetada para serviços de lazer voltados a belezas naturais e amenidades, esperando atrair os turistas locais e internacionais. Prestes a se tornar um importante destino no mapa da Arábia Saudita e do mapa do Oriente Médio como um todo, ele incluirá hotéis, centros comerciais e outras instalações recreativas. O número de quartos e suítes por hotel são de para 25.000 quartos em mais de 120 hotéis. Entre os atrativos para turistas do resort, está um campo de golfe com 18 buracos, instalações de treinamento e driving range, um clube de equitação, iate clube e uma variedade de parques aquáticos.
2.1.4 AREA RESIDENCIAL
A área residencial tem seu ponto focal na estética e plasticidade. Será planejada para duzentos e sessenta mil apartamentos e cinquenta e seis mil casas. Este setor atenderá a cerca de meio milhão de habitantes e mais de dez mil turistas, será dividido em residencial, comercial e lazer, contando com restaurantes, cafés, parques e espaços verdes tudo será projetado com muita elegância e peculiaridade. As casas de alto luxo terão acesso diretamente ao mar vermelho, onde as lanchas e iates dos proprietários estarão ancoradas.
2.1.5 AREA EDUCACIONAL
A zona educacional é a parte do projeto para trazer recursos sauditas e aspirações em tecnologia para níveis competitivos globalmente. Nesse setor estão previstos vários campus universitários ladeados por dois polos de pesquisa e desenvolvimento. O campus multi-universidade é projetado para acomodar 18 mil alunos e um corpo docente de 7.500 e funcionários.
2.1.6 AREA FINANCEIRA
O distrito central de negócios (CBD) é planejado para oferecer 3,8 km² de área para escritórios, hotéis e de uso misto comercial. A Ilha Financeira, dentro da CBD, será o maior centro nervoso financeiro regional para os bancos mais importantes do mundo, casas de investimento e grupos de seguros.
2.1.7 ESCRITÓRIO SOM
A empresa SOM conta com um dos maiores portfólios de arquitetura. Deu-se inicio ao escritório em Chicago em 1936, os pioneiros fundadores foram os arquitetos americanos Louis Skidmore e Nathaniel Owings, logo depois em 1939 juntou-se ao grupo John O. Merrill. A primeira filial foi aberta em 1937, na cidade de Nova York, esse foi um dos primeiros passos para o sucesso.
Seus projetos se aprimoram, tomando partido dos espaços resultantes de grandes estruturas utilizadas. Os projetos pós-guerra, em sua maioria, são ícones da arquitetura moderna americana. A empresa é especializada na construção de edifícios, liderou o uso amplo de modernos arranha-céus. Foram apelidados de “The Three Blind Mies” (Os três Mies Cegos) por alguns críticos, devido a semelhança de suas obras com as de Ludwing Mies van der Rohe.
Possuem escritórios em San Francisco, Londres, Washington DC, Hong Kong, Shangai e Bruxelas, suas obras aparecem em quase todo o mundo. Entre os arquitetos que passaram pelo escritório estão Gordon Bunshaft, Myron Goldsmith, Bruce Graham, Fazlur Khan, Walter Netsch e David Childs. Com apenas 74 anos de carreira a companhia afirma ter completado 10.000 projetos. Tornaram-se um dos maiores escritórios de arquitetura do mundo.
2.1.8 JEDDAH TOWER
A cidade abrigará o maior arranha-céu já construído, a Jeddah Tower, que terá um quilômetro de altura e custará mais de um bilhão de dólares. O projeto arquitetônico é da empresa americana Adrian Smith+Gordon Gill Architecture e a torre será construída pelo Bin Laden Group, a empreiteira do pai de Osama Bin Laden. Além dessa torre, diversos “supertalls” serão construídos e farão um skyline espetacular. A obra cuja construção deverá demorar cinco anos, contará com um hotel cinco estrelas, bloco de apartamentos, e escritórios.
O projeto inicial era de um prédio de mil e seiscentos metros de altura (1 milha), mas após estudos e testes no solo de Jeddah, resolveu-se que seria melhor parar nos 1000 metros.
A grande altura do Jeddah Tower necessita de um dos sistemas de elevador mais sofisticado do mundo, o complexo contará com cinquenta e nove elevadores e doze escadas rolantes. Um dos atrativos da torre será os elevadores observatórios, que vão viajar a uma velocidade de dez metros por segundo em ambos os sentidos.
Entre os 1.000 metros e os 1.600 metros estariam instalados equipamentos para captar energia renovável, fazendo com que a monstruosa torre saudita fosse proporcionalmente mais sustentável e menos nociva ao meio ambiente que outras torres. (anexo 3)
Outra característica única do projeto é um terraço com cerca de 30 metros (98 pés) de diâmetro no 157° andar.
2.2 PALM JUMEIRAH
As Palm Islands (em árabe جزر النخيل) são ilhas artificiais situadas em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
O fato de Dubai possuir várias praias com hotéis, resorts inúmeros shopping centers, clima propício para praia e com cerca de 5 milhões de turistas visitando a cidade a cada ano, foi decisivo para a ideia da criação das ilhas.
O Sheik Mohammed bin Rashid Al Maktoum tinha em vista triplicar os turistas em Dubai, passando assim para 15 milhões. Porém o problema era que, a costa de Dubai possuía apenas 72 quilômetros, que não era o suficiente para acatar a demanda almejada.
A solução do problema foi então, criar um conjunto de ilhas em forma de palmeiras. A primeira ilha maciça fora construída até o ano de 2006, (anexo 4), apresentava cerca de 5,5 km de diâmetro, aumentando assim mais 56 quilômetros no litoral, sendo que o Sheikh Al Maktoum assumiria as dívidas referentes à construção das ilhas.
As ilhas foram os maiores projetos de saneamento em todo o mundo. Nela edificaram-se grandes obras comerciais, residenciais e de infra-estrutura, que tiveram como resultado as maiores ilhas artificiais existentes até então.
Arquitetadas e desenvolvidas pelos arquitetos da HHCP (Helman Hurley Charvat Peacock). A realização da obra ficou a cargo da Nakheel Properties, uma incorporadora de imóveis nos Emirados Árabes Unidos, que contratou a empreiteira holandesa Van Oord para dragagem marinha, um das maiores especialistas do mundo na recuperação de terras².
As ilhas são a Palm Jumeirah, a Palm Jebel Ali e da Palm Deira (anexo 5). Cada uma das ilhas tem um formato próprio de palmeira, evolvidas com um quebra-mar. Concentram um grande número de edifícios residenciais, centros de entretenimento e lazer. Acrescentaram, juntas, 520 km de praias para a cidade de Dubai.
2- O Aterramento marítimo, ganho de terra do mar roubado ou recuperação de terra é o processo de colocar terra ou areia onde antes havia mar ou água. Trata-se da obtenção de novos solos a partir dos canais dos rios ou do mar, utilizados na criação de novos assentamentos urbanos.
Composta de aproximadamente 100 milhões de metros cúbicos de rochas e areia, a primeira ilha, teve seus materiais todos importados dos EAU. Entre as três haverá mais de 100 hotéis de luxo, residencial exclusivo de praia ao lado vilas e apartamentos, marinas, parques de diversão, restaurantes, shoppings, centros esportivos e de spas.
Em junho de 2001, iniciou-se a construção da Palm Jumeirah Island. Foi concluído o quebra-mar em agosto de 2003. Todo o projeto, com as edificações finalizou-se em 2006. Somente em 2009 ela obteve seu completo funcionamento.
2.2.1 O Assentamento e Construção da Palm Jumeirah
A procura por profissionais com experiência lideraram a Holanda a comprovar que era possível construir uma ilha com uma mega-estrutura que aumentaria em 35% de terra no mar.
Calcularam-se a força das tempestades e o aumento do nível da água do mar, levadas em conta devido ao aquecimento global. As marés fortes representaram o maior perigo, destroem quase tudo em seu caminho, entretanto, neste quesito, esta área provou ser sortuda. Equipes de pesquisa comprovaram que o Golfo Pérsico é de apenas 160 km de largura e apenas 30 metros de profundidade, portanto, muito curto e raso para as ondas catastróficas. Em agosto de 2001 deu-se inicio à construção do quebra-mar. Desenvolvido com altura de 3 metros e 11,5 km de comprimento, com a finalidade de manter esta ilha frágil segura.
O turismo em 2001 ficou parado, devido à uma praga, porém o projeto se manteve em movimento. Cerca de 1.200 engenheiros estrangeiros foram colocados para trabalhar. Esses engenheiros tiveram anteriormente experiências internacionais como no aeroporto de Hong Kong, no centro industrial de Cingapura, na Estrada da Holanda do Norte e outras megaestruturas de renome, mas nada comparado ao trabalhado em uma estrutura deste porte ou forma. Colocaram em novembro de 2001, novecentos e quinze barcas, quatro draga, trinta máquinas retroescavadeira e dez guindastes para trabalhar.
Encontrar a areia certa já era uma das dificuldades, surge o primeiro desafio, colocar areia no leito do mar. A areia do deserto era muito fina e a areia do mar é mais grossa e resistente às ondas, assim, para manter a areia no lugar, o entulho carregado foi deixado sobre ela. Dragas recolheram a areia, enquanto o mesmo ainda estava calmo, e despejaram onde o quebra-mar seria construído (anexo 6). Deste modo possibilitou um quebra-mar a uma altura de três metros acima do nível do mar. Este foi o início da defesa do mar, sem ele a ilha não poderia existir.
A terceirização de enormes quantidades de rochas forçaram os construtores a buscar rochas de 16 pedreiras em todo Emirados Árabes Unidos, alguns pedaços de pedra, que chegavam pesar até seis toneladas. Utilizaram cerca de 5,5 milhões de metros cúbicos de rochas, para a construir metade do comprimento do quebra-mar, o suficiente para construir duas pirâmides egípcias. As camadas inclinadas tiraram a força das ondas, todavia, a areia e o entulho estão na base, o que realmente protege a ambos é outra camada de rocha. Para formar a ilha extrema, as dragas, que coletaram areia do Golfo Pérsico, preencheram e despejaram cerca de 8000 toneladas de areia em uma hora. O suficiente para encher uma piscina olímpica em apenas 4 minutos.
A ilha apresenta um formato curvo, por isso exigiu uma precisão para moldá-la como uma palmeira, o GPS foi usado enquanto despejavam a areia no mar para que se conseguisse uma precisão (anexo 7).Utilizaram um satélite particular, a 676 km acima, para assegurar que a ilha estivesse em seu local e forma desejados. Como referência para a grelha da ilha, empregou-se receptores celulares e o satélite deu as coordenadas do ponto onde a areia seria colocada. As dragas, então, preencheram a área de mar que lhes foram ordenadas pelo satélite.
Como a construção da ilha tinha começado antes da investigação e estudos terem terminados, os engenheiros perceberam que a água não estava circulando devidamente no interior dos ramos de palmeira. A solução foi cortar o anel em dois locais, para que a água entrasse e nivelasse o sistema (anexo 8).
Esta ilha consistiu em apoiar uma cidade cheia, necessitou o uso de vibradores para a compactação. Para este propósito empregaram 15 máquinas. Após ter passado oito meses, a ilha foi estabilizada para 120.000 pessoas, que estavam a trabalhar lá. A cada dia, 850 ônibus levavam 40.000 trabalhadores que construíam uma cidade no mar. Esses trabalhadores instalaram tubulações de gás, água, telefone e cabos elétricos e construíram estradas. Os funcionários eram divididos em duplas, que cumpriam 12 horas seguidas de trabalho, sob a temperatura esgotante de 40ºC. Para a construção das casas, estradas, hotéis e centros comerciais, empregaram 57 empreiteiros.
Inicialmente o projeto da ilha atenderia a 60.000 pessoas, devido a grande repercussão que houve, a capacidade teve de ser duplicada e todas as casas foram vendidas em apenas 3 dias. Passou então a acomodar 120.000 pessoas.
2.2.2 Divisão da Palm Jumeirah
Com o formato análogo a uma palmeira, a Palm Jumeirah é a menor e original das três Palm Islands construídas. Possui aproximadamente 5 por 5 km (3,1 por 3,1 mi) e sua área total é maior que 800 campos de futebol. Consiste em um tronco, uma coroa com 17 folhas, e uma ilha crescente em torno dessa forma de 11 km (6,8 milhas) de paredão longo.
Foi concebida como uma solução para criar componentes de turismo para o mercado de rápido crescimento de Dubai, o programa possui mais de 60 km (37 milhas) da costa de novo, criado a partir de 80 milhões de metros cúbicos de rocha, areia e terra, tudo provenientes dos recursos locais. É a primeira terra feita pelo homem, que pode ser identificado pelo olho humano do espaço.
O Tronco da Palm Jumeirah é o centro da ilha, inclui uma vila de varejo e entretenimento, dois hotéis de ancoragem grandes, cada um com a sua própria marina, e apartamentos de luxo na costa.
A “coroa” contém 17 “folhas”, são organizadas em letras que começam do “A” e vai até o “P”, que abrangem casas-jardim e moradias que oferecem uma variedade de tamanhos, modelos e estilos dentro de bairros isolados, privados para 1.000 famílias. O sistema viário possui uma via de tráfego em cada sentido, nas “folhas”, sendo a mesma no centro, possuindo ainda um porto de ancoragem no fim de cada “folha”.
O Quebra-Mar, uma barreira de recifes que cerca as “folhas” – contém 40 hotéis resort, cada um com seu próprio tema e característica, que oferecem restaurantes de classe mundial e são abertos aos residentes da ilha e ao público – está conectado a parte superior da Palm por um túnel submarino. A “coroa” liga-se ao continente por uma ponte de 300 metros.
Os projetos habitacionais residenciais das folhas expressam a individualidade dos proprietários da vila, refletindo 25 diferentes elevações temáticas. Isso proporciona uma rica diversidade arquitetônica para os bairros. Há um padrão nos lotes (37 metros de largura x 31 metros de profundidade) e possuem 25 casas modelo baseadas em 8 plantas diferentes.
Localizado na costa norte do Tronco, os Apartamentos da Linha da Costa oferecem aos residentes acessíveis unidades de aluguel. Dos 1.500 apartamentos disponíveis, existem quatro opções de andares entre seis prédios à beira-mar. A propriedade também conta com dois clubs, praia e piscinas.
3. Conclusão
O presente artigo foi de suma importância para aprimorar conhecimentos acerca da cultura, arquitetura e principalmente urbanismo árabe assim como as técnicas construtivas e novas tecnologias utilizadas na nova cidade King Abdullah City e na ilha Palm Jumeirah.
De início, os ambientalistas constataram que o projeto das Palm Islands arruinaria a vida marinha local, mas, quando o estudo foi realizado, notou-se que a vida marinha não foi danificada e que o quebra-mar se transformou no maior recife artificial de vida marinha, assim, os ambientalistas não tiveram objeção ao projeto. Portanto, além de concentrar grandes pólos turísticos, gastronômicos e comerciais, a ilha não oferece danos ao meio ambiente, menos ainda à vida marinha.
A mais nova cidade árabe, King Abdullah City, é um dos projetos mais ambiciosos da atualidade, com um investimento exorbitante patrocinado pela ostentação do rei Abdullah, um dos homens mais ricos do mundo, pretendendo competir e superar em todos os sentidos a cidade de Dubai.
Apesar da complexidade da obra, será implantada a mais alta tecnologia, buscando soluções sustentáveis para tentar amenizar alguns dos impactos que a mega ilha causará. O objetivo principal será elevar o país, Emirados Árabes Unidos, ao patamar de grande centro econômico e financeiro mundial, tornando-o um país mais competitivo globalmente.
De modo geral, o mundo árabe sempre foi visto de forma preconceituosa devido a constantes conflitos internos e externos, principalmente depois dos transtornos gerados pelos atentados terroristas. Mesmo com a imensa riqueza do país gerada através da abundancia de petróleo, não foi suficiente para mudar o pensamento estrangeiro.
O urbanismo saudita visionário, apoiado financeiramente pelos sheikhs, foi o impulsionador para tirar a visão negativa do país. As megaconstruções arquitetônicas árabes ainda são vistas aos olhos do ocidente como obras utópicas, no entanto fazem parte do cotidiano local.
É evidente que as tomadas das novas tecnologias influenciaram a nova sociedade árabe. Os conceitos de Sustentabilidade, High Tech, Paisagismo estão, agora, inclusos no lazer e no dia-a-dia. Tal arquitetura tão inovadora está sendo aceita aos poucos pelo mundo ocidental e inserida em inúmeros lugares como um exemplo a ser seguido.
ANEXOS
Anexo 1
Plano Urbanísico da cidade de King Abdullah City
FONTE: arquitetoinquieto.com/?p=1619
Anexo 2
Skyline de King Abdullah City
FONTE: arquitetoinquieto.com/?p=1619
Anexo 3
Esquema de distribuição dos setores do Jeddah Tower
FONTE: http://www.blogjusto.com.br/2011/04/mil-e-seiscentos-vertiginosos-metros-de-altura/
Anexo 4
Palm Island Jumeirah
FONTE: persons.com/projectis/pages/palm-jumeirah-vehicular-tunnel.aspx
Anexo 5
Palm Islands
FONTE: skycrapercity.com/showtheread.php?t=433707
Anexo 6
Dragas para fazer a curvatura da terra
FONTE: http://www.enggpedia.com/civil-engineering-encyclopedia/megastructures/palm-islands-dubai
Anexo 7
Uso de GPS na curvatura de Jumeirah Palm Island
FONTE: http://www.enggpedia.com/civil-engineering-encyclopedia/megastructures/palm-islands-dubai
Anexo 8
As áreas em vermelho mostram a não circulação da água. Agora com os corte e a melhor circulação de água.
FONTE: http://www.enggpedia.com/civil-engineering-encyclopedia/megastructures/palm-islands-dubai
BIBLIOGRAFIA
Disponível em <<http://www.dubai-architecture.info/DUB-034.htm>> acessado em 31 de agosto de 2012;
Disponível em <<http://pt.scribd.com/doc/35986538/Aula-01-Urbanismo-e-Arquitetura-Arabe-Ontem>> acessado em 31 de agosto de 2012;
Disponível em <<http://noletoblog.blogspot.com.br/2012/05/exemplares-bim.html>> acessado em 06 de setembro de 2012;
Disponível em <<http://www.blogjusto.com.br/2011/04/mil-e-seiscentos-vertiginosos-metros-de-altura/>> acessado em 06 de setembro de 2012;
Disponível em << http://arquitetoinquieto.com/?p=1619>> acessado em 02 de setembro de 2012;
Disponível em << http://www.projetodasaladejantar.com/2011/07/11/design-hotel-hotel-de-humor-por-vladimir-zak-e-roman-vrtiska-e-associados/>> acessado em 02 de setembro de 2012;
Disponível em <<http://edificacaodesign.blogspot.com.br/2010/08/arquitetura-em-dubai.html>> acessado em 09 de setembro de 2012;
Disponível em <<http://urbanascidades.blogspot.com.br/2010/08/palm-jumeirah-dubai.html>> acessado em 06 de setembro de 2012;
1 Para Santos e Silveira (2003), a globalização é marcada pela emergência do “meio-técnico-científico-informacional”, num processo de desindustrialização no setor secundário e o aumento e especialização do comércio e serviços no setor terciário. Castells compartilha do mesmo raciocínio ao tratar das relações de produção e admite a existência do “espaço de fluxos” que caracteriza a sociedade contemporânea, ou melhor “a sociedade em rede”.
1: Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade do Estado de Mato Grosso, cursando o 6º Semestre, Campus de Barra do Bugres. E-mail:
[email protected]
2: Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade do Estado de Mato Grosso, cursando o 6º Semestre, Campus de Barra do Bugres. E-mail:
[email protected]
3: Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade do Estado de Mato Grosso, cursando o 6º Semestre, Campus de Barra do Bugres. E-mail:
[email protected]
4: Professor Doutor da Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Barra do Bugres.