O CULTO
Nesses últimos anos podemos ver nas igrejas evangélicas do nosso país que estão acontecendo varias formas de prestarem ao culto a Deus vivo, vemos que em determinadas denominações estão fazendo certo merchandising com formas de culto que se a pessoas não oferecerem algo, Deus não o concede, fazendo que pessoas venham a oferecer sacrifícios para testarem a fé. No entanto os contextos de nossa sociedade estão mostrando uma serie de formas apresentadas tentando mostrar qual a maneira que mais se aproxima do culto que Deus se agrada, igrejas oferecendo sacrifícios, não interpretando a bíblia de forma correta como tem que ser interpretada e pessoas sendo influenciadas para fazer o mesmo, ou seja, pessoas aprendendo de forma errada a prestarem um culto racional e que Deus se agrada.
O que é Culto?
A palavra “culto” deriva do latim, cultu, e significa adoração ou homenagem a Deus¹. Etimologicamente, o termo cultu envolve a raiz colo, colere, que indica “honrar”, “cultivar”, etc. Classicamente, os reformados ortodoxos definiram “religião” como recta Deum colendi ratio, “a maneira correta de honrar a Deus”. ²
Os principais termos que descrevem o ato/atitude de “culto” são o Hebraico, שחה (shachah) e o Grego, προσκυνεω (proskuneo). Essas duas palavras e seus derivados correspondem a 80% do uso cúltico bíblico. O primeiro vocabulário, shachah, significa “inclinar-se, prostrar-se, como, por exemplo: “E acontecerá que desde uma lua nova até a outra, e desde um sábado até o outro, virá toda a carne a adorar [lit. ‘prostrar”] perante mim, diz o Senhor (Is. 66:22). A segunda palavra, proskuneo, indica originalmente “abaixar-se para beijar” vindo a indicar “prostrar-se para adorar”, “reverenciar”, “homenagear”, etc.³ O exemplo clássico sai da boca de Jesus: “Deus é espirito, e é necessário que os que o adoram [προσκυνουντας] o adorem [Προσκυνειν] em espirito e em verdade”(Jo. 4:24). Há ainda doi’s importantes termos que expressam ideias de culto. O primeiro é עבד (abad), “servir”, “trabalhar”. Por exemplo, Deus diz a Moisés: “Certamente eu serei Contigo; servireis a Deus neste monte”(Ex 3:12). A segunda palavra é λατρεια (latreia), “servir”, como visto no diálogo de Cristo com Diabo: “E interessante notar que um dos locus classicus de adoração e culto utiliza este termo para descrever a entrega do corpo a Deus como “culto racional” [λογικην λατρειαν] (Rm.12:1). Então podemos introduzir que “Cultuar” envolve tanto a ‘homenagem ou reverência’ Deus, quanto o ‘serviço’ a sua Pessoa!
PERSPECTIVA BÍBLICA SOBRE O CULTO
As perguntas mais antigas sobre o homem dizem respeito à sua origem e ao exato porquê de sua existência. Portanto, é fundamental que a fé cristã dê uma resposta a este homem angustiado em busca de si. A Reforma Protestante deu um passo marcante para resolver a questão do significado do homem ao responde-la de acordo com as sagradas escrituras. A resposta para o propósito de nossa existência é simples, contudo extremamente elucidativa sobre a questão: “O homem existe para glorificar o Criador”. É exatamente sobre este prisma que o culto a Deus deve ser oferecido. A partir disto, é possível verificar na Bíblia a maneira como este homem deve proceder em todas as áreas de sua vida, pois o seu propósito supremo é viver para a glória de Deus. Afinal foi para isto que Deus o criou.
Para entendermos o ensino bíblico que regulava a ordem do culto, e preciso fazer uma abordagem no Antigo e Novo testamento.
O CULTO PRÉ- MOSAICO
O culto é patrimônio comum da do gênero humano. Em gênesis 1 a 11, encontramos por duas vezes uma ação litúrgica: os sacrifícios de Caim e Abel, e a oferta de Noé depois do diluvio. Conclui-se dai com direito ser o culto fenômeno essencialmente humano de acordo também com as pesquisas da historia das religiões. Os sacrifícios descritos em Genesis 1-11 representam dois tipos diferentes quanto a motivação. Caim e Abel ofereceram as primícias da lavoura e do rebanho, em ação de graças e para e para impetrar a benção para o futuro. Já o sacrifício de Noé teve como fundo a salvação de mortal. Os sobreviventes recomeçam sua vida olhando para o salvador a quem pertencem a vida recém-doada. Ambos os motivos conservam seu valor até os tempos atuais. Honra-se ainda tanto o Deus benfeitor como o Deus redentor, no ritmo das solenidades anuais, a para , com as ações cultuais motivados por ocasiões peculiares.
Os patriarcas celebraram o seu culto no seio da família nômade, em lugares improvisados, no alto de um monte, debaixo de uma arvore frondosa, junto a fonte de água. Alude-se apenas a um santuário a ser fundado futuramente (Gn. 28), marcando então a transição para outra forma de vida. Na inexistência de templos sagrados festejavam-se certas ocasiões importantes, como a mudança das pastagens (antecipações da páscoa), o nascimento de filhos, imposição do nome da criança. O pai funcionava como intermediário, ele ou a mãe recebiam as palavras orientadoras e promissoras de Deus; o pai administrava a benção. O sacrifício é motivado por objetivo fortuito, não por instituição regulamentada. A oração, igualmente, nasce da situação concreta (Gn. 12: 15 32).
De Adão a Êxodo
Neste período o culto estava centralizado na família, podendo ser chamado de adoração domestica. Há alguns que gostariam de reeditar aquele período de Adão com um culto familiar. Estes buscam base para isto também no Novo Testamento (culto nas casas). Mas o fato é que o culto centralizado na família era anterior ao Êxodo, o altar domestico era central. No altar, Deus e o povo se encontravam e nele eram feitos sacrifícios. Caim e Abel ofereceram (Gn 4.2-5) e, embora não saibamos que tipo de altar eles construíram, sabemos com certeza que o diabo estava ativo lá. Foi no contexto daquela liturgia domestica que o primeiro homicídio aconteceu. Encontramos também naquela época os sacrifícios de expiação de pecados (Jó 1). Ali lemos que Jó sacrificava pelos pecados dos seus filhos. Também havia sacrifícios de gratidão. Noé sacrificou depois de ter saído da Arca (Gn 8.29). Entretanto há o registro de que Enoque andou com Deus (Gn 5.24), Abraão andou com Deus, mas não no é dito que instruções eles receberam para cultuar a Deus. Descobrimos que desde Gênesis 1 até Êxodo 19 não há qualquer especificação sobre como deveria ser o culto. O que encontramos são relatos de adoração a Deus, nós sabemos o que eles fizeram, mas não sabemos exatamente o que fizeram ou se tinham que fazer como foi descrito. Mas acreditamos que eles eram conduzidos pelo Espirito.
Desde Moisés, em êxodo 19, ate 1º Samuel.
Este foi o período do tabernáculo. O Tabernáculo era uma grande tenda que simbolizava a habitação de Deus. Humanamente falando, ele era um verdadeiro palácio portátil, porem seu significado esta muito acima de tal conceito. Nele estava a Arca, o lugar do trono de Deus. É preciso repetir que Deus era e é o Rei, Ele reinava no meio do seu povo, e ai daquele que não o honrasse como tal (Sl 24). No tabernáculo também havia a mesa da propiciação, falando da provisão maravilhosa de Deus para seu povo; havia candelabro com sete lâmpadas, representando o espirito de Deus que produz luz; havia o local de incenso, representando as orações do povo que eram levadas a Deus, o Rei; do lado de fora havia o altar, antes da entrada. Imaginem então, Deus, o Rei, saindo do Seu trono e postando-se à entrada do tabernáculo, ali junto ao altar; e ao sacerdote, representando o povo que ficava do outro lado. Eles se encontravam no altar de adoração, de consagração, lugar de interação amorosa, o lugar onde o pecado era removido pelo derramamento de sangue, lugar onde o povo recebia a segurança da benção divina. Mas, antes que o sacerdote pudesse chegar ao altar, havia a bacia, ali era onde a purificação externa tinha que acontecer. O sacerdote tinha que se lavar, os sacrifícios tinham que ser extremamente limpos, nenhuma impureza externa era aceita, Deus exigia pureza, limpeza, santidade! No altar, o coração era purificado, mas antes que coração fosse purificado, o povo tinha que se purificar externamente; o sacerdote que representava o povo tinha que comparecer perante deus totalmente purificado e limpo.
A lei judaica determinava que os israelitas servissem a Deus na vida de cada dia, observando os preceitos e as instruções; ou então, mediante o culto celebrado em lugar sagrado e em hora regulamentada. Esta forma, na Bíblia e em muitos idiomas, é denominada “serviço divino”. Não apenas uma instituição humana, mas antes uma expressão institucional do relacionamento reciproco entre Deus e o homem. Tanto do lado de Deus como do homem opera-se um agir e um falar. O lugar especial e o tempo certo separam o culto do dia a dia, bem como a presença do sacerdote como intermediário. O serviço divino assim concebido foi introduzido como fruto maduro da teofania sinaitica; ao pé do monte sagrado, o grupo, trânsfuga do egito e em caminho pelo deserto, experimentava pela primeira vez a sacralidade de um lugar a par com a palavra do Senhor precedente da aparição de Deus, funcionando Moisés como Medianeiro( Êx. 19).
O CULTO E O TEMPO – O SABADO E AS FESTAS.
A adoração, quando expressa em ritual, exige tempo. Sob o antigo pacto, Deus fez provisão para períodos de tempo diários, semanais, anuais e mesmo de gerações, para o cumprimento da obrigação de culto em israel. O sacrifício diário, o descanso do sábado ou do sétimo dia, os primeiros dias do mês e as cinco festas anuais do período pré-exilico foram divinamente determinado. “Tempos designados” (Num. 29:39) eram considerados centrais na expressão da adoração a Deus em Israel, porque eventos passados, nos quais Deus agira, nunca deveriam se esquecidos. O sábado, dia semanal de descanso e adoração é um exemplo fundamental do tempo consagrado a Deus. Embora alguém tenha se referido ao sábado como uma criação singular de gênio religioso hebraico e uma das contribuições hebraicas mais valiosas à civilização da humanidade, a bíblia simplesmente atribui a santidade do sétimo dia à lei de Deus. Ele foi fundamentado no descanso de Deus após a criação (Gn.1: 1-2,3).
O quarto mandamento impõe rigidamente a sua observância ele foi tanto abençoado como santificado por Deus (Ex.20:11). Sendo uma parte integral do pacto. Israel aceitou a observância do sábado como um sinal exigido de submissão nacional a Deus (Ex.31:13). Em resumo, esta festa semanal foi instituída para lembrar ao homem a sua responsabilidade de adorar a Deus em tempos e lugares determinados, bem como para proporcionar ao corpo físico o descanso necessário. Apesar da cessação de toda obra, sacerdotes continuavam o seu serviço (Lv. 24:8); a circuncisão era executada; o sábado, embora sendo apenas uma observância semanal, foi incluído nas “festas fixas do Senhor” (Lv. 23: 1-3), “uma convocação santa”, não devendo ser profanada. Quer visitando um profeta, quer participando da adoração no templo, os hebreus encarregados de tal serviço o coincidente com a santidade do sábado. Isaias desafiou os seus leitores a se desviarem dos seus citados para mostrar qual significado o dia deveria ter para os israelitas(Sl.92).
O caso mais eloquente de um historicização é a festa da pascoa que se transformou em memoria das origens de israel. A pascoa lembra ainda outra evolução significativa do culto divino e israel. Na sua qualidade de festa pastoril, ela foi celebrada na intimidade da família; crescendo, porém, a importância do templo em Jerusalém, todos os festejos foram transferidos para lá, entre eles também a pascoa. Destruído o templo, ou talvez já um pouco antes, a celebração desta festa voltou para a família. Vê-se dai que as festas não dependiam exclusivamente do santuário. Outras facetas da evolução era a coincidência direta com o objetivo agrícola, como, por exemplo, a vindima. Tempos depois, sua data passou a depender de calendário fixo e nem sempre simultâneo com o seu objetivo.
LUGAR SAGRADO – O TEMPLO
Na adoração do antigo Israel, o espaço sagrado era comparável em importância, aos tempos divinamente designados. Deus escolheu locais especiais para se revelar no decorrer da historia vétero-testamentaria. Especialmente após o êxodo e a instituição da lei, o levantamento do tabernáculo significava localizar a gloria de Deus no Lugar Santo. Deus proibiu Israel de erigir altares sacrificiais em qualquer lugar onde seu nome residisse.
Mas o lugar que o SENHOR vosso Deus escolher de todas as vossas tribos,
para ali pôr o seu nome, buscareis, para sua habitação, e ali vireis. ( Dt.12:5).
Nos recessos inacessíveis do Santo dos Santos, aquele aposento santo, respeitável primeiramente no tabernáculo e depois no templo onde Deus “residia”, ficavam o propiciatório e a arca que continha as tabuas da sua lei. Ali, o sangue da expiação pelos pecados da nação era aspergido, no mais solene rito anual de adoração (Lv. 16).
A adoração é o protocolo pelo qual se pode entrar na presença divina. O Santos dos Santos representa o monte Sinai, onde Deus se encontrou com Moisés, dando-lhe sua palavra e mostrando-lhe a sua glória. Assim, o tabernáculo e, posteriormente, o templo se tornaram extensões históricas daquele encontro, o modelo de adoração para o povo eleito. O templo era o único local de sacrifícios, consagrações e entrega de dízimos agradáveis a Deus. Jesus mostrou grande respeito pelo templo, purificando-o para realçar sua santidade.
O caráter sagrado do templo não era absoluto, isto é não se impunha a separação do ambiente considerado “profano”, fora do lugar santo; ele era entes funcional, na sua qualidade de fonte de bênçãos para o país, retribuindo o país esta bênçãos em forma de ofertas para o culto do templo. A santidade do templo teve a sua concretização quando os habitantes do país a ele se dirigiram, retornado às suas casas, repletos do que lá haviam recebido.
O SACRIFICIO
Considerando que o homem é pecador, ele precisa de um sacrifício propiciatório para remover qualquer ofensa que o separe de Deus, modo que possa ter comunhão com seu Criador. Como “Moisés... se interpôs, impedindo que sua cólera os destruísse “(Sl. 106:23); assim o sacerdote e o pecador sob a égide do Antigo Pacto se uniam para oferecerem a Deus uma vitima sacrificial em propiciação. Seguindo as ordens divinas, os pecadores gozavam da benção de pecados cobertos(Sl 32:01) ou apagados (Is. 43:25). Há contudo, uma verdade básica a ser lembrada. “Deus não é influenciado por meio de sacrifício sacerdotal... É realmente o próprio Deus quem realiza o ato de perdão e expiação, mas o culto sacerdotal é designado ao seu ato e como testemunho da purificação de pecador.
Dentre nisto vemos uma palavra muito usada e “Holocausto” palavra esta aparecendo setenta vezes na Vulgata, sendo em grego uma tradução do hebraico ‘olah, cuja o significado “subir”: é o sacrifício que faz subir sobre o altar ou, mais provavelmente, do qual sobe a fumaça para Deus quando é queimado. Sua característica é que a vitima inteira é queimada e que nada sobra para o ofertante nem para o sacerdote (salvo a pele). Isto Justifica que o grego o tenha traduzido por “holocausto” e que o termo ‘olah seja substituído às vezes por kalil, sacrifício “total”, (1 Sm 7:9); (Dt 33.10)².
O livro de levíticos e um dos que mais falam de sacrifícios e logo no inicio no capitulo primeiro nos põe em face da fluidez da linguagem sacrificial. O holocausto aí é chamado também de qorban, Lv 1.2,10,14, o que se “aproxima” de Deus ou do altar: um termo que Levítico, Números e Ezequiel aplicam a todos os sacrifícios, até às oferendas não sacrificiais, como os materiais destinados ao santuário, Nm 7 passim, e que tomará no judaísmo posterior o sentido de “consagração”. Neste mesmo capitulo, o holocausto é chamado também ’isseh, Lv 1.9,13,17. A etimologia é discutível mas, seja como for, não há duvida que os redatores bíblicos entendiam o termo como tratando-se de toda oferenda totalmente ou parcialmente consumida pelo fogo, ’es. Frequente nos escritos sacerdotais, retomando pelo Eclo hebraico 45.20; 50.13; o termo só aparece três vezes em outras passagens, Dt18.1; Js 13.14 (hebr.) 1 Sm 2.28, logo, nos textos deuteronomistas e sempre a proposito do direito dos sacerdotes sobre os sacrifícios. Frequentemente no Pentateuco, o termo é acompanhado da expressão “cheiro agradável a Iahvé”. Esse antropomorfismo significa que Deus se agradou do sacrifício, Cf. Gn 8.21, onde ele corresponde a uma expressão análoga, mas rude, da narrativa babilônica do dilúvio. A formula, esvaziada de seu sentido materialista, ficou na linguagem cultual.
Quatro tipos distintos de sacrifícios eram prescritos:
A oferta queimada, significando literalmente “aquilo que ascende” ( Lv. 1:6,8-13). Ela produzia um “sabor de satisfação” de modo que do altar, no tribunal da casa de Deus, um fogo perpétuo e o sacrifício pudessem, duas vezes por dia, “simbolizar a resposta do homem à promessa de Deus. Apenas o melhor animal, um macho sem macula, podia ser oferecido, o que sugere a máxima devoção. A imposição de mãos retratava a identificação completa.
6 Então esfolará o holocausto, e o partirá nos seus pedaços
7 E os filhos de Arão, o sacerdote, porão fogo sobre o altar, pondo em ordem a lenha sobre o fogo.
8 Também os filhos de Arão, os sacerdotes, porão em ordem os pedaços, a cabeça e o redenho sobre a lenha que está no fogo em cima do altar;
9 Porém a sua fressura e as suas pernas lavar-se-ão com água; e o sacerdote tudo isso queimará sobre o altar; holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao SENHOR.
10 E se a sua oferta for de gado miúdo, de ovelhas ou de cabras, para holocausto, oferecerá macho sem defeito.
11 E o degolará ao lado do altar que dá para o norte, perante o SENHOR; e os filhos de Arão, os sacerdotes, espargirão o seu sangue em redor sobre o altar.
12 Depois o partirá nos seus pedaços, como também a sua cabeça e o seu redenho; e o sacerdote os porá em ordem sobre a lenha que está no fogo sobre o altar;
13 Porém a fressura e as pernas lavar-se-ão com água; e o sacerdote tudo oferecerá, e o queimará sobre o altar; holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao SENHOR.
Lv. 1:6, 8-13
A oferta de manjares era literalmente chamada uma “dadiva”. Oferecida junto com a oferta queimada e a oferta pacífica, ela exigia “o sal da aliança do teu Deus (2:13). A “porção memorial”, queimada com incenso ao Senhor, tinha como objetivo trazer a aliança à lembrança de Deus. O simbolismo sugeria que Deus era o convidado de honra.
13 E todas as tuas ofertas dos teus alimentos temperarás com sal; e não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas oferecerás sal.
Lv 2:13
A oferta pacifica (Lv. 3: 7, 11-14). Seguindo um ritual preparatório idêntico aquele de quem apresentou a oferta queimada, o ofertante comia o sacrifício com alegria diante do Senhor. Não era permitido que a festa resultante durasse mais que um dia, para garantir que um número de amigos fosse incluído. Ela expressava a plenitude e o bem-estar denotados pela paz de Deus, compartilhada com sacerdotes e amigos.
7 Se oferecer um cordeiro por sua oferta, oferecê-lo-á perante o SENHOR;
11 E o sacerdote queimará isso sobre o altar; alimento é da oferta queimada ao SENHOR.
12 Mas, se a sua oferta for uma cabra, perante o SENHOR a oferecerá,
13 E porá a sua mão sobre a sua cabeça, e a degolará diante da tenda da congregação; e os filhos de Arão espargirão o seu sangue sobre o altar em redor.
14 Depois oferecerá dela a sua oferta por oferta queimada ao SENHOR, a gordura que cobre a fressura, e toda a gordura que está sobre a fressura;
Lv. 3: 7,11-14
As ofertas pelo pecado e pela culpa (Lv.4:1-6,7). Distintas das três festas anteriores que eram voluntarias, estas eram exigidas quando um pecador quebrava a lei de Deus e tinha o seu relacionamento interrompido com o Criador. Nem a congregação nem o Sumo sacerdote estavam sem pecado; consequentemente, eles precisavam de sangue para ser aspergido diante do véu e aplicado aos dois altares. Uma vez por ano o sangue expiatório tinha de ser levado para dentro do véu. Os objetivos desse sacrifício eram a restauração da comunhão e o acesso à presença de Deus.
1 FALOU mais o SENHOR a Moisés, dizendo:
2 Fala aos filhos de Israel, dizendo: Quando uma alma pecar, por ignorância, contra alguns dos mandamentos do SENHOR, acerca do que não se deve fazer, e proceder contra algum deles
3 Se o sacerdote ungido pecar para escândalo do povo, oferecerá ao SENHOR, pelo seu pecado, que cometeu, um novilho sem defeito, por expiação do pecado.
4 E trará o novilho à porta da tenda da congregação, perante o SENHOR, e porá a sua mão sobre a cabeça do novilho, e degolará o novilho perante o SENHOR.
5 Então o sacerdote ungido tomará do sangue do novilho, e o trará à tenda da congregação;
6 E o sacerdote molhará o seu dedo no sangue, e daquele sangue espargirá sete vezes perante o SENHOR diante do véu do santuário.
Lv.4:1-6,7
O CULTO CRISTÃO NA IGREJA PRIMITIVA
O que sabemos do culto cristão nos dá uma ideia do modo como aqueles cristãos do primeiro século percebiam e experimentavam sua fé. Com efeito, quando estudamos o modo como a igreja antiga adorava, nós nos apercebemos do impacto de sua fé deve ter sido para as massas despojadas que constituíam a maioria dos fieis. Desde o principio, a igreja cristã costumava se reunir no primeiro dia da semana para “partir o pão”. A razão pela qual o culto tinha lugar no primeiro dia da semana era que nesse dia se comemorava a ressurreição do Senhor. Logo, o proposito principal do culto não era chamar os fieis à penitencia, nem fazê-los sentir o peso de seus pecados, mas celebrar a ressurreição do Senhor e as promessas das quais ressurreição era a garantia.
É por isso que o livro de Atos descreve aqueles cultos dizendo que “ parindo o pão nas casas comiam juntos com alegria, e singeleza de coração”(Atos 2:46). A atenção naqueles cultos de comunhão não se centralizava tanto nos acontecimentos de Sexta- feira santa como nos domingo de ressurreição. Uma nova realidade havia amanhecido, e os cristãos reuniam-se para celebra-la e fazerem-se participantes dela. A partir de então e através de quase toda a historia da igreja, a comunhão tem sido o centro do culto cristão. É somente em época relativamente recente que algumas igrejas estabeleceram a pratica de se reunir para adorar aos domingos sem celebrar a comunhão. A primeira delas, é que a ceia do Senhor era uma celebração. O tom característico do culto era o gozo e a gratidão, e não a dor ou a compunção. No principio, a comunhão era celebrada em meio de uma refeição. Cada qual trazia o que podia, e depois da comida em comum, celebravam orações sobre o pão e o vinho. Já em princípios do século segundo, entretanto, e possivelmente devido, em parte, às perseguições e às calunias que circulavam acerca das “festas de amor” dos cristãos, começou a se celebrar a comunhão sem a refeição em comum. Mas sempre se manteve o espirito de celebração dos primeiros anos.
Pelo menos a partir do século segundo, o culto de comunhão constava de suas partes. Na primeira liam-se e comentavam-se as escrituras, faziam-se orações e cantavam-se hinos. A segunda parte do culto começava geralmente com o osculo da paz. Logo alguém trazia o pão e o vinho para frente e os apresentava a quem presidia. Em seguida, o presidente pronunciava uma oração do Espirito Santo sobre o pão e o vinho. Depois se partia o pão, os presentes comungavam, e se despediam com a benção. Naturalmente, a esses elementos comuns acrescentavam-se muitos outros em diversos lugares e circunstancias. Outra característica comum do culto nesta época é que só podia participar dele quem tivesse sido batizado. Os que vinham de outras congregações podiam participar livremente, sempre e quando estivessem batizados. Em alguns casos, era permitido aos convertidos que ainda não tinham recebido o batismo assistir a primeira parte do culto – isto é, as leituras bíblicas, as homilias e as orações - mas tinham que se retirar antes da celebração da ceia do Senhor propriamente dita.
Outros dos costumes que aparece desde muito cedo era celebrar a ceia do Senhor nos lugares onde estavam sepultados os fieis já falecidos. Esta era a função das catacumbas. Alguns autores dramatizaram a “igreja das catacumbas”, dando a entender que estas eram lugares secretos em que os cristãos se reuniam para celebrar seus cultos escondidos das autoridades. Isto é um exagero. Na realidade as catacumbas eram cemitérios e sua existência era conhecida pelas autoridades, pois não eram só os cristãos que tinham tais cemitérios subterrâneos. Mesmo que em algumas ocasiões os cristãos tenham utilizado algumas das catacumbas para se esconder dos seus perseguidores, a razão pela qual se reuniam nelas era que ali estavam enterrados os heróis da fé.
OS BATISMOS
Segundo já foi dito anteriormente, só quem havia sido batizado podia estar durante a comunhão. No livro de atos, vemos que tão logo alguém se convertia era batizado. Isto era possível na primitiva comunidade cristã, aonde a maioria dos conversos vinha do judaísmo, e tinha, portanto, certo preparo para compreender o alcance do Evangelho. Sem duvida alguma, o rito principal por meio do qual as pessoas se tornavam membros dos grupos cristãos primitivos era um batismo que compreendia a inovação do nome de Jesus. Essa inovação ritual do nome de Jesus sobre os batizados não tem paralelo em outra pratica de prosélitos do judaísmo ou nos ritos de entrada de grupos como o da seita de Cunrã e é, certamente outra forte indicação da reformulação da pratica cultual monoteísta típica dos círculos cristãos primitivos.
Hartman observou:
O uso do titulo Kyrios na formula dessa ação cultual significaria provavelmente que Jesus era considerado sob aspectos análogos aos Deus, e o uso batismal desse titulo aplicado a Jesus é uma boa evidencia de que, em tais casos, há nele a força de um titulo divino.
Essa inovação ritual de Jesus aparece nas referencias de Paulo ao batismo “ em Cristo Jesus” (Rm 6. 3; Gl 3.27) e também no lembrete que Paulo faz aos coríntios de que certamente eles não foram batizados em (eis) seu nome (1 Co 1.15). Proferir o nome de Jesus no batismo deve ter funcionado como um meio ritual de comunicar ao batizado o poder do Jesus exaltado e marcava a pessoa como propriedade dele (1 Co 1.12; 3.23; Gl 3.29). É por isso que Paulo descreve o batizado como alguém que “se revestiu de Cristo”(Gl 3.27)³ (adoração na igreja primitiva Pg.127).
A PRATICA DA ADORAÇÃO
Deus mandou que seu povo, sob a Antiga Aliança, cumprisse ao pé da letra todas as suas instruções a respeito da adoração. Ele advertiu Moisés sobre a construção do tabernáculo. Tinha de ser “segundo a tudo o que eu te mostrar para modelo de todos os seus moveis, assim mesmo o fareis” (Ex. 25:9). Os detalhes que Deus comunicou ao chefe da nação foram dados para que o povo não se desviasse em nenhum ponto da vontade estipulada por Deus. O temor de Deus arraigado no coração do piedoso israelita, não permitia que ele desobedecesse conscientemente qualquer regrinha que regulamentava o ritual dos cultos (Dt. 6:1,2).
Após a leitura do Antigo Testamento, estranhamos o fato de não descobrirmos no novo Testamento regras explicitas para nos informar que tipo de culto Deus quer.
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