Assassinos e seus princípios: uma leitura da
relação entre ética e violência nos contos O
morcego, o mico e o velho que não era corcunda e
O ciclista de Rubem Fonseca
Asesinos y sus princípios: una lectura de la
relación entre la ética y la violencia em los
cuentos O morcego, o mico e o velho que não era
corcunda e O ciclista de Rubem Fonseca
Diego Kiill1
Antônio Rediver Guizzo2
Resumo: Rubem Fonseca, em sua literatura, explora os nexos entre a violência
urbana e as relações de poder estabelecidas nas grandes metrópoles, sobretudo
as decorrentes de condições sociais, econômicas e ético-morais. As
personagens construídas pelo autor caracterizam-se pela agressividade e
excessiva brutalidade e pela inserção em enredos construídos em uma
linguagem direta, rápida e contundente, na qual as ações representadas
desenvolvem-se sem grandes reviravoltas. Tendo isso em vista, este trabalho
objetiva analisar a construção de duas personagens de Fonseca: o protagonista
do conto O ciclista (sem nome) e Seu José, protagonista do conto O morcego, o
mico e o velho que não era corcunda. Com esta análise, pretendemos investigar a
relação entre os atos de violências cometidos pelos personagens e os ideais de
justiça representados, a “justiça social” em O ciclista e a justiça como vingança
justificada em O morcego, o mico e o velho que não era corcunda.
Palavras-chave: Rubem Fonseca. Literatura contemporânea. Violência. Ética
Resumen: Rubem Fonseca, en su literatura, explora las conexiones entre
violencia urbana y las relaciones de poder establecidas en las metrópolis, sobre
todo las provenidas de condiciones sociales, económicas, éticas y morales. Los
personajes construidos por el autor caracterizan se por la agresividad y
demasiada brutalidad, inseridos en enredos construidos en una lenguaje
directa, rápida y contundente, en la cual las acciones representadas se
desarrollen sin grandes sorpresas. Tiendo en vista esto, este trabajo objetiva
analizar la construcción de dos personajes de Fonseca: el protagonista del
cuento O ciclista (sin nombre) y José, protagonista del cuento o morcego, o mico
e o velho que não era corcunda. En esta análisis, pretendemos estudiar la
relación entre los actos de violencias cometidos por los personajes y los ideales
de justicia representados, la “justicia social” en O ciclista y la justicia como
venganza justificada en O morcego, o mico e o velho que não era corcunda.
Palabras-claves: Rubem Fonseca. Literatura contemporânea. Violencia. Ética
1 Licenciado
em Letras – Espanhol e Português como Línguas Estrangeiras (LEPLE) na Universidade Federal da Integração
Latino Americana (UNILA). Mestre em Literatura Comparada pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura Comparada
(PPGLC), pela mesma instituição. Universidade Federal da Integração Latino Americana (UNILA).
2 Doutor em Letras pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2014). Professor da Universidade Federal da Integração
Latino-Americana (UNILA). Professor do curso de graduação Letras – Espanhol e Português como Línguas Estrangeiras
(LEPLE) e do Programa de Pós-Graduação em Literatura Comparada (PPGLC).
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1 Introdução
Rubem Fonseca é um dos principais escritores representantes da
literatura contemporânea brasileira. Desde o início de sua carreira
literária, com a publicação do livro de contos Os prisioneiros em 1963, a
literatura de Rubem Fonseca caracteriza-se pela composição de enredos
nos quais predominam a violência e o erótico, protagonistas que vivem
em grandes metrópoles nas quais as estruturas dominantes ramificamse em diferentes espaços sociais, culturais, profissionais e/ou
econômicos. Além disso, o estilo narrativo do autor também se destaca
pelas ações rápidas e diretas, predominando o movimento sobre o
suspense.
Tal estilo, visivelmente influenciado pela velocidade das novas
tecnologias narrativas, tais como o cinema e a televisão, também tornou
o escritor um dos autores mais adaptados para o cinema, televisão e
teatro no Brasil – adaptações entre as quais podemos destacar, a obra
Agosto adaptada em minissérie (Rede Globo, 1993), as histórias do
personagem Mandrake em série homônima (HBO, 2007) na categoria de
séries; as adaptações cinematográficas das obras Lúcia McCartney
(David Neves, 1971), Buzo & Spallanzani (Flávio Tambellini, 2001) e
Stelinha (Miguel Faria, 1990); e, no teatro, a peça os Idiotas que falam
outra língua (Fernando Guerreiro, 1999).
Ademais, a vasta obra literária de Rubem Fonseca, da qual se
destacam, entre outros, os romances O Caso Morel (1973), Bufo &
Spallanzani (1986) e Agosto (1990) e os livros de contos Lúcia
McCartney (1969), Feliz Ano Novo (1975) e O cobrador (1979), também
tem sido objeto de inúmeros estudos da crítica literária, dentre os quais,
para não tecer uma lista demasiado longa, podemos destacar os temas:
as representações das violências urbanas em formas líricas (LAFETÁ,
1993); o limite entre o fantástico e o romance policial na ficção
(CAMARANI; TELAROLLI, 2008); a violência de gênero, marginal e a
vingança como elemento condutor da escrita (SILVA JÚNIOR, 2016); e a
construção de um mundo literário trágico, negativo e fatalista (GODOY,
2009).
Neste contexto, buscamos neste trabalho estudar a obra de Rubem
Fonseca a partir de um tema diferente dos acima citados: a ética dos
assassinos. Mais especificamente, nosso objetivo é investigar a
construção do complexo sistema de justificativas e princípios de dois
personagens: o protagonista (sem nome) do conto O ciclista (2013) e
Seu José, protagonista do conto O morcego, o mico e o velho que não era
corcunda (2017). Ambos personagens cometem assassinatos nos contos
em que são protagonistas; no entanto, justificam os atos de violência
através de uma ética construída a partir da forma como compreendem o
mundo e as relações que nele estabelecem. Paralelamente, também
fazem parte da análise as percepções sobre a violência em sua forma
concreta e a violência simbólica, a justiça social, e a vingança como
autotutela necessária representada nas ações, falas e pensamentos dos
personagens.
Para tal fim, utilizamos como aportes teóricos as investigações de
diferentes autores que versam sobre os temas da ética, justiça social e
autotutela, por exemplo, o conceito de pragmatismo moral de Nicolau
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Maquiavel (2014); as definições de ética levantadas por Danilo
Marcondes (2007); os estudos de Slavoj Žižek (2014) nos quais o
filósofo discute as relações da violência na era contemporânea,
demarcando as diferenças entre o ato simbólico, concreto, subjetivo e
objetivo.
2 A violência em O ciclista
No conto O ciclista, publicado no livro Amálgama (2013),
conhecemos a história de um jovem proveniente da classe econômica
baixa (seu nome não é revelado ao longo da narrativa), que passa a
trabalhar como entregador de produtos de beleza de uma empresa
chamada Slim Beauty para ajudar financeiramente sua mãe. Já no início
da narrativa, o jovem ciclista, à medida que circula pelas ruas da grande
metrópole, apresenta aos leitores a percepção negativa que constrói dos
indivíduos, das relações sociais e do mundo: “As pessoas são infelizes, as
ruas são esburacadas e fedem, todo mundo anda apressado, os ônibus
estão sempre cheios de gente feia e triste” (FONSECA, 2013, p. 60).
O início de uma série de violências ocorre quando a personagem
“cicilista” vê um homem e se lembra que o mesmo bateu em uma
criança, e motivado por um sentimento de revolta atropela o rapaz.
Assim, o protagonista justifica sua atitude, afirmando que garotinhos
que levam tapas na cara, serão uns “pobres-diabos” quando adultos,
pois um tapa é humilhante. E é justamente esses sistemas de
justificativas dos atos de violência que procuramos analisar neste
trabalho.
Primeiramente, é necessário observar que a narrativa é
fundamentada em primeira pessoa, o próprio ciclista conta a sua
história; ou melhor, escreve-a, como podemos depreender da passagem
“O nome era Slim Beauty, acho que é assim que se escreve, é inglês, creio
que significa beleza e magreza” (FONSECA, 2013, p. 60). Na função de
narrador, o personagem se define como uma espécie de justiceiro,
qualidade que representa no imaginário social um indivíduo eticamente
superior que exerce a função de reestabelecer a justiça, punindo os
infratores com os quais se depara em seu caminho – “eu estou ficando
maluco? Todo dia fico procurando em cima da minha bicicleta alguma
pessoa má para punir” (FONSECA, 2013, p. 62).
Embora as ações do ciclista apresentem lastros éticos e o próprio
personagem procure evidenciar em suas condutas esse caráter, o
motivo principal para o exercício da punição, como afirma o ciclista, é de
dimensão afetiva – “os maus devem ser punidos (...) nem digo isso
porque meu pai abandonou a família (...) eu digo isso porque odeio
gente má. E sei quando uma pessoa é má só de olhar para a cara dela”
(FONSECA, 2013, p. 62). Interessante observar nesta justificativa a
relação que este afeto estabelece com o pai do personagem, embora o
ciclista negue que o motivo de suas ações é a ausência paterna, o
protagonista se contradiz no decorrer do conto ao indagar – “será que
eu vou ser igual ao meu pai, um covarde filho da puta que não teve
coragem de enfrentar a trabalheira de criar uma família e fugiu? É isso?
Vou ser um cagão igual a ele?” (FONSECA, 2013, p.60).
Ademais, sobreposta a essa reação dúbia entre a punição enquanto
resposta ao abandono paterno e a punição enquanto forma de tutela dos
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direitos daqueles que não tem como se defender sozinhos e não contam
com a proteção do Estado, encontramos também a negação do status de
herói, que ocorre após ele ter sido responsável pela prisão de um
indivíduo armado e perigoso, e sua ação ter sido publicada em um jornal
sob o título ‘O jovem herói’ – “Não estou interessado em ser herói. Estou
interessado em punir as pessoas más e isso eu pretendo continuar
fazendo. A menos que seja convidado para fazer no circo o Globo da
Morte na minha bicicleta.” (FONSECA, 2013, p. 63). Nesta passagem,
também podemos observar outra característica interessante da
personagem, o sonho de ser ciclista do globo da morte de circo,
aspiração pela qual abandonaria seu interesse em “punir as pessoas
más”.
Para uma análise com maior profundidade dos atos de violência
que o ciclista comete, faz-se necessário observar as diferentes formas de
violência representada no conto. Quanto a este tema, partimos da
classificação do filósofo esloveno Slavoj Žižek (2014), para quem a
violência se manifesta de duas formas, a violência subjetiva, exercida
pelos atores sociais e pelo Estado – “diretamente visível, exercida por
um agente claramente identificável” (ŽIŽEK, 2014, p. 17), e a violência
objetiva, que pode se manifestar em sua forma simbólica – perpetrada
pela linguagem – e em sua forma sistêmica – decorrente do
funcionamento dos sistemas econômicos e políticos. No primeiro
parágrafo do conto, podemos observar o funcionamento dessas formas
de violência na autodescrição inicial do protagonista.
Eu não tenho pai, só tenho mãe. Quer dizer, eu tinha pai, mas ele largou a
minha mãe quando eu tinha seis anos e foi ela quem me criou. Isso não é
nada de mais, na escola pública primária onde estudei a maior parte das
crianças era criada pelas mães, os pais também tinham sumido. Um dia eu
achei um retrato do meu pai na gaveta da minha mãe. As mulheres são
incríveis, ele batia nela, corneava ela, largou ela com filho pequeno, e a
minha mãe guardava o retrato dele. Peguei o retrato, rasguei em mil
pedacinhos, joguei na privada, mijei em cima e dei descarga. Nem lembro
como era a cara dele, nem no retrato nem antes. Quando eu terminei o
primário, arranjei um emprego para ajudar a minha mãe (FONSECA, 2013,
p. 59).
Nesta passagem, a violência subjetiva — a forma visível e
perpetrada por agente determinado, conforme classificada por Slavoj
Žižek (2014) — está representada diretamente pela violência de gênero
sofrida pela mãe do ciclista na forma de agressão física e no ato do
protagonista em rasgar o retrato do pai, jogar na privada, mijar em cima
e dar a descarga, e, indiretamente, enquanto traição e abandono do lar,
agressões que, embora não sejam físicas, representam a causa de
dramas psicológicos e econômicos vivenciados pelo protagonista e por
sua mãe.
A violência objetiva sistêmica, por sua vez, encontra-se na
necessidade de o garoto arrumar um emprego para ajudar a sua mãe
assim que conclui o primário; ou seja, está presente nas consequências
socioeconômicas de ações perpetradas por agentes “coletivos”, tais
como políticas governamentais, má distribuição de renda, dificuldade de
acesso ao judiciário, ineficácia da força policial na tutela dos direitos dos
cidadãos, entre outras instâncias que regulam a dinâmica social e, no
caso representado no conto, forçam menores a abandonarem as
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instituições educacionais a fim de complementar a renda familiar,
sobretudo quando residem apenas com um dos cônjuges. Neste sentido,
o personagem está sendo exposto, desde criança, a essa violência
objetiva que, conforme Žižek (2014), embora seja “invisível”, é, por
vezes, mais contundente e, por vezes, a causa da violência subjetiva
perpetrada pelos indivíduos socioeconomicamente vulneráveis.
Neste sentido, podemos compreender o primeiro ato de violência
subjetiva do personagem como responsivo à esta outra forma de
violência a qual está submetido, violência maior que rege a sociedade
capitalista e contemporânea e que, também, reflete-se, de certa forma,
nas ações do pai — traição, violência física, abandono. Quanto a este
ponto, Žižek (2014, p. 24) observa que “opor-se a todas as formas de
violência — da violência física à violência ideológica — parece ser a
maior preocupação que predomina atualmente”, porém, o filósofo
salienta que essa preocupação com a violência subjetiva desvia a
atenção e invisibiliza a violência objetiva (a violência estrutural,
histórica, depressão secular proveniente do sistema capitalista).
Em outras palavras, a situação socioeconômica do protagonista,
causada pela violência objetiva sistêmica a qual está submetido e, em
certo sentido, relacionada com a violência subjetiva exercida pelo pai,
deixa seu lastro nas demais ações de violência subjetiva perpetradas
pelo protagonista, justificadas como revolta contra as pessoas más – “O
pior são as pessoas más, aquelas que batem em crianças, que batem em
mulheres, urinam nos cantos das ruas” (FONSECA, 2017, p. 60).
Esta revolta encontra a primeira situação material para se
concretizar em ato de violência quando o ciclista encontra dois meninos
que haviam assaltado uma velhinha.
Outro dia, depois de ter feito outra entrega, a sorte sorriu para mim, como
diz a minha mãe, que vê muita novela na televisão, e esse papo só pode ser
de novela, a sorte sorriu para mim. Encontrei os dois moleques que
haviam assaltado a velhinha seguindo outra na rua. Pedalando mais
depressa passei rente a eles e dei-lhe um soco na nuca. O puto caiu
estatelado no chão. Depois de uma freada, voltei e arremeti em cima do
outro dando uma pancada violenta na barriga dele com o guidão.
Fiz tudo isso me equilibrando em cima das duas rodas, como um desses
caras que trabalham no circo. (FONSECA, 2017, p. 61)
Como podemos observar na passagem, a bicicleta para o ciclista se
torna uma arma que, mais do que ferir, promove a justiça para o
personagem, um instrumento que viabiliza a punição das “pessoas más”.
Neste ponto, é interessante observar que o uso de armas para a chegada
a um posto de poder, para Maquiavel (2014), substitui os aliados
durante o percurso e se faz necessário para que a imagem inatingível e
forte do soberano seja construída e consolidada. Embora Maquiavel
remeta-se a outro contexto, a bicicleta, na história, é o ponto de partida
para os crimes e exerce papel fundamental para o exercício de seus
desígnios como para sua “chegada ao poder” – momento que no conto é
representado quando um de seus atos é noticiado em jornais.
Assim, estabelecendo certa analogia com o pensamento de
Maquiavel, considerando que a tutela dos direitos dos cidadãos
restringe-se, na maioria dos casos, ao Estado por meio do poder de
polícia, o ciclista age “por vias celeradas, contrária a todas as leis
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humanas e divinas” (MAQUIAVEL, 2014, p. 28); isto é, observamos na
conduta da personagem ora ações que visam à tutela de direitos
individuais alheios específicos, como no caso em que segue dois
moleques que já haviam assaltado uma velhinha e, segundo sua
percepção, estavam seguindo outra velinha para cometer o mesmo
delito; ora o exercício de uma tutela difusa, como no caso em que o
ciclista desconfia de um transeunte do sexo masculino que tinha a cara
de mau e, supostamente, cometeria uma ilegalidade. Estas duas
condutas, legalmente, são responsabilidades das forças policiais
legitimadas pelo Estado para a tutela preventiva ou repressiva dos
direitos garantidos por lei, sendo ilegal o exercício dessas prerrogativas
por cidadãos comuns. Quando tais prerrogativas são exercidas por
cidadãos comuns, reflete-se a ausência ou ineficácia da tutela estatal.
No conto, em nossa leitura, as ações do ciclista representam duas
dimensões da relação contemporânea entre sociedade e violência.
Primeiro, o personagem constitui certa crítica à ineficiência e omissão
do Estado na tutela dos direitos das classes menos favorecidas, o que,
voltando às classificações de Žižek (2014), é uma forma de violência
sistêmica do sistema capitalista. Por outro lado, a consagração social do
ciclista por meio de ações ilegais – torna-se o justiceiro do momento que
estampa o jornal em “uma foto montado na bicicleta e embaixo escrito:
O jovem herói.” (FONSECA, 2017, p. 63) – mimetiza o dúbio jogo
midiático que, ao mesmo tempo em que expõe e condena diferentes atos
de violência, torna socialmente legítimo, justificável e venerável o
exercício da violência em determinadas situações, contribuindo para
uma organização moral maniqueísta que invisibiliza os problemas
estruturais da sociedade.
Voltando a análise à representação estética da violência,
observamos na composição do conto que as ações do ciclista não
representam apenas atos de uma violência responsiva. Como
perceptível em outras obras e personagens de Rubem Fonseca, a
violência representada é espetacular; isto é, embora mantenha uma
relação com as condições socioeconômicas às quais as personagens
estão submetidas, sobretudo no caso de personagens economicamente
desprivilegiadas, como podemos observar exemplarmente na passagem
abaixo do conto “O cobrador”
“Estão me devendo comida, buceta, cobertor, sapato, casa, automóvel,
relógio, dentes, estão me devendo [...] “Odeio dentistas, comerciantes,
advogados, industriais, funcionários, médicos, executivos, essa canalha
inteira; Todos eles estão me devendo muito” (FONSECA, 1979, p. 166).
Os atos de violência exercidos não são somente uma reação à
ausência quase completa dos objetos, ações, serviços e relações sociais
que garantem a subsistência, o conforto e a satisfação dos indivíduos
(violência objetiva sistêmica). Se assim fosse, a representação da
dimensão humana na literatura de Rubem Fonseca estaria reduzida a
outra forma de maniqueísmo que vincula diretamente todo ato violento
às condições socioeconômicas. Rubem Fonseca também agrega aos
personagens um caráter idiossincrático o qual conecta a expressão da
violência às dimensões afetivas. No caso do ciclista, como sucintamente
já observamos, o interesse em punir as pessoas más excede desígnios
éticos e/ou projeções de vingança contra o abandono paterno; visto que
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o ciclista suspenderia seu projeto punitivo caso fosse “convidado para
fazer no circo o Globo da Morte” em sua bicicleta. Em outras palavras, às
explicações anteriormente apresentadas que denotam o caráter
responsivo de seus atos violentos agrega-se uma razão maior, certa
pulsão afetiva que encontra na violência sua forma de expressão, mas
que também, no caso do ciclista, poderia expressar-se na aventura no
Globo da Morte. Em outras palavras, a relação entre o social e esta
movimentação afetiva de difícil determinação característica dos
personagens de Rubem Fonseca imprimem à literatura do autor, como
também observa Jaime Ginzburg (2010, p. 258), “a dificuldade de
atribuir uma motivação clara aos atos violentos”.
Por isso, consideramos a representação da violência neste conto
espetacular (do latim, spetaculum, algo para ser visto); isto é, excede a
responsividade em direção a uma representação grandiloquente da
violência por meio da junção de um elemento alheio a lógica de causa e
consequência implícita na ideia de resposta à violência objetivo
sistêmica; no caso, a pulsão afetiva mencionada, certo anseio latente por
um prazer que encontra em situações de violência ou perigo sua
condição de satisfação.
Outro elemento constitutivo desta lógica do espetáculo é a
linguagem. Não somente o enredo é marcado pela representação da
violência, como também a construção sintática, as escolhas lexicais e a
organização das ações e acontecimentos. Neste sentido, observamos na
literatura de Rubem Fonseca um caso exemplar do movimento descrito
por Antonio Candido ao afirmar que “o externo (no caso, o social)
importa, não como causa, nem como significado, mas como elemento
que desempenha um certo papel na constituição da estrutura, tornandose, portanto, interno” (CANDIDO, 2006, p. 16).
No conto em questão, observamos esse movimento do externo para
o interno em três dimensões: a) o protagonista, por um lado, responde à
violência objetiva à que é submetido, indo ao encontro do pensamento
de Žižek (2014) – a violência subjetiva, por vezes, é uma resposta à essa
violência objetivada em suas formas simbólicas e sistêmicas; b) o
protagonista, por outro lado, apresenta certa pulsão afetiva pelo ato
violento – mais do que uma forma de justiça e/ou a prática da ética, há
um prazer na punição, prazer que só não supera seu sonho de participar
do Globo da Morte e que também dialoga profundamente com uma
sociedade que transforma as tragédias sociais em espetáculos
noticiados em tevês, jornais e rádios e/ou compartilhado por diferentes
mídias sociais; c) a violência na linguagem, marcada por três
características predominantes – as escolhas lexicais, a construção
sintática e a organização das ações e acontecimentos.
Quanto a esta última, cabe observá-la caso a caso. Em relação às
escolhas lexicais, podemos observar o uso reiterado de palavras e
expressões que podem ser consideradas agressivas — “vou ser um
cagão igual a ele?” (FONSECA, 2013 p. 60), “essas gordas sempre dão
gorjetas” (FONSECA, 2013 p. 60), “será que eu vou ser igual ao meu pai,
um covarde filho da puta” (FONSECA, 2013, p. 60) — e que evidenciam
diferentes formas de violência simbólica, tais como a reprodução do
discurso estético midiático que padroniza o corpo belo (principalmente
feminino) e marginaliza aqueles que fogem ao arquétipo, o imaginário
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heteronormativo e patriarcal que relaciona à agressividade ao
masculino e culpabiliza a mulher pelas ações dos filhos (“filho da puta”).
Quanto à construção sintática, a linguagem é direta e rápida,
prevalecendo o uso do discurso direto, a sucessão ininterrupta de ações
e acontecimentos, e a acelerada alternância entre o fluxo de consciência
dos personagens e a representação das ações, como podemos perceber
nos seguintes trechos: “pouco depois chegou um carro da polícia e um
carro de reportagem de um jornal. Expliquei que o sujeito estava
andando com um revólver na mão e que eu decidira fazer alguma coisa,
pois ele certamente era um bandido” (FONSECA, 2013, p. 63); “Andando
na minha bicicleta, vejo tudo isso e chego em casa preocupado, e minha
mãe pergunta o que aconteceu, você está triste, e eu respondo não é
nada, não é nada. Mas é tudo, é eu não poder ajudar ninguém, hoje
mesmo vi uma velhinha ser assaltada por dois moleques e não fiz nada,
fiquei olhando de longe, como se aquilo não fosse assunto meu. Será que
eu vou ser igual ao meu pai, um covarde filho da puta que não teve
coragem de enfrentar a trabalheira de criar uma família e fugiu? É isso?
Vou ser um cagão igual a ele?” (FONSECA, 2013, p. 60)
Quanto à organização das ações e acontecimentos, conforme
aponta Ginzburg (2010), a literatura de Rubem Fonseca caracteriza-se
por uma quebra constante da previsibilidade narrativa, como podemos
observar na rotina previsível do ciclista, sua trajetória de bicicleta (casa
– trabalho – casa) é alterada quando o protagonista encontra “dois
moleques que haviam assaltado a velhinha seguindo outra na rua”
(FONSECA, 2013, p. 61) e parte para o confronto físico, em que
“pedalando mais depressa passei rente a um deles e dei-lhe um soco na
nuca. O puto caiu estatelado no chão. Depois de uma freada, voltei e
arremeti em cima do outro dando uma pancada violenta na barria dele
com o guidão.” (FONSECA, 2013, p. 61).
3 A violência em O morcego, o mico e o velho que não era corcunda
O conto O morcego, o mico e o velho que não era corcunda,
publicado no livro Calibre 22 (FONSECA, 2017), é dividido em duas
partes. Na primeira parte, conhecemos a história do Seu José, um senhor
velho e solitário, “velho, mesmo não sendo corcunda como eu, não
arranja amigo nem namorada” (FONSECA, 2017, p. 103), que vive uma
rotina estável, com dois inusitados amigos que vem lhe visitar para
comer as bananas que periodicamente compra no supermercado, um
morcego e um mico, ao quais o protagonista nomeou, ambos, de Zé. O
terceiro amigo de Seu José, Otávio, é um rapaz que foi despedido da
escola onde trabalhava pelo fato de ser homossexual e, desde então,
passou a morar com o protagonista.
Outras características de Seu José que se destacam nas duas partes
do conto são certa erudição — “esse cara com o carrinho cheio de
compras tinha um bigodinho à Clark Gable, ninguém hoje sabe quem foi
Clark Gable, um ator de cinema, má figura, que estuprou Loreta Young,
mas hoje também ninguém sabe quem foi Loreta Young” (FONSECA,
2017, p. 102); a recorrente negação de atributos relacionados à velhice
— “sou velho, mas não sou corcunda” (p. 102), “sou velho, mas não sou
corcunda, nem sou demente” (FONSECA, 2017, p. 105), “sou velho, mas
não sou corcunda e tenho memória de elefante (FOSENCA, 2017, p.
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109)”, “sou velho, mas não sou corcunda nem tímido com as mulheres”
(FONSECA, 2017, p. 111); e uma noção de justiça engajada, de certo
modo, com a defesa de grupos socialmente vulneráveis: “Otávio mora na
minha casa desde que foi demitido da escola onde ensinava por ser
homossexual. Neste mundo nojento homossexuais e mulheres são
discriminados, vítimas de uma intolerância asquerosa”. (FONSECA,
2017, p. 103), “[...] quem maltrata homossexuais e mulheres não merece
viver” (FONSECA, 2017, p. 109).
Além disso, Seu José também é o narrador do conto. Conhecemos
tanto as características e rotina de Seu José, como do Zé morcego, do Zé
mico e de Otávio, quanto as ações e acontecimentos que se desenrolam
na narrativa através da perspectiva do protagonista da narrativa, assim
como ocorre em O ciclista.
As duas partes do conto também apresentam uma estrutura
semelhante à característica composicional observada por Jaime
Ginzburg nas narrativas curtas de Rubem Fonseca, “a rotina descrita no
início e no final, sugerindo tédio e frieza cotidiana, contrasta com a
intensidade emocional vivida pelo protagonista” (GINZBURG, 2010, p.
259). Essa intensidade que desestabiliza a rotina do protagonista, na
primeira parte do conto, inicia-se quando o ex-namorado de Otávio,
Agnaldo, aparece na rua em frente à casa de Seu José gritando
agressivamente “bichinha, bichinha” e exigindo falar com Otávio. Seu
José diz que a polícia estaria vindo para prendê-lo, e Agnaldo foge. No
entanto, pouco tempo depois Otávio diz que precisa sair para espairecer
um pouco e some. No outro dia, Seu José sai a procura de Otávio e
descobre que ele foi visto com Agnaldo em uma padaria. Na manhã
seguinte, como Otávio continua sumido, Seu José procura a polícia e
descobre que Otávio estava no necrotério. Seu José vai à casa de Otávio e
o mata, voltando à rotina fria e tediosa do cotidiano mencionada por
Ginzburg — “Minha mão ficou doendo uns dez dias. Aquela Tauros
matava, mas era horrível para quem atirava” (FONSECA, 2017, p. 108).
Nesta primeira parte, também observamos, assim como no conto O
ciclista, a ausência da tutela estatal, tanto na prevenção do que veio a
acontecer com Otávio, quando seu José liga para a polícia e não é
atendido – “Seu José, nós estamos atendendo dois assassinatos, vinte
furtos e vinte assaltos na rua, e o senhor acha, seu José, que nós temos
tempo de atender o seu pedido? Um homem gritando na rua? Seu José,
passe bem” (FONSECA, 2017, p. 105), quanto na possível prisão do
responsável, frente ao descaso das autoridades na delegacia de polícia e
no necrotério
“Otávio Cromildo. Está no necrotério, aguardando autópsia.
Ele está morto?
Autópsia só é feita em cadáver. Claro que está morto.”
[...]
“Otávio Cromildo?, perguntou um sujeito de avental azul sujo. Está na
geladeira.
Na geladeira?
Sim, na geladeira. Sabe quantos cadáveres estão na geladeira aguardando
a autópsia? Mais de cinqüenta. E esse número aumenta todo o dia, esta
cidade está cheia de criminosos[...]
E o meu amigo Otávio Cromildo?
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Não sei quem matou o seu amigo. Ele escreveu bichinha com tinta
vermelha na testa do seu amigo, Brincadeira idiota.” (FONSECA, 2017, p.
170-171)
Neste sentido, o ato de violência praticado por seu José também
representa, a seu modo, uma reação à violência sistêmica perpetrada
pela negligência e descaso das instâncias públicas que seriam
responsáveis por tutelar o direito à vida, assim como, prender aqueles
que violam tal direito.
Na segunda parte do conto, Seu José afirma que tomou duas
decisões: que não mataria mais ninguém, ressaltando que não era por
remorso, já que para ele quem maltrata homossexuais e mulheres não
merece viver; que o Zé Morcego e o Zé Mico seriam seus únicos amigos.
Dito isso, a personagem descreve um evento que lhe ocorreu ao andar
pela rua, em um dia não especificado, foi interpelado por uma mulher,
Maria João, “bonita, loura, olhos azuis, altura mediana e muito bem
vestida” (FONSECA, 2017, p. 110) que lhe pedira a localização de uma
agência de banco. Após dar-lhe as coordenadas, Seu José a acompanhou
a uma confeitaria a fim de tomarem um café, onde Maria João lhe pedira
para que a acompanhasse na ida ao banco, pois retiraria uma quantia
significativa e tinha medo. Na agência Seu José descobre que a mulher
aplicaria um golpe, passando-se pela esposa do doutor Ernesto Coimbra,
e ele estava sendo usado como parte do plano. Ao perceber o
movimento o protagonista denuncia a mulher para o guarda.
De acordo com João Lafetá (1993) a lírica de Fonseca conduz as
suas personagens para uma integridade particular, ou seja, marcas em
suas personalidades intocáveis e inquestionáveis. Socialmente são
figuras derrotadas, mas nas ficções do autor tendem, por escárnio e
agressividade, a superioridade, vimos isso nas repetidas vezes que José
fala “sou velho, mas não sou corcunda”, “diferente dos outros velhos, eu
tenho memória”.
Esse escárnio repetitivo com o uso desse bordão reflete a
necessidade de uma autoafirmação e distanciamento que Seu Zé
necessita fazer, ou dizer, para se afastar da marginalização que a figura
do velho possui (imbecilidade, inocência quase infantil, sujeito
incapacitado) dentro da sociedade contemporânea em que se preza cada
vez mais a juventude e virilidade. Essa situação denota a violência
subjetiva que Žižek (2014) em que esta “é experimentada enquanto tal
contra o pano de fundo de um grau zero de não violência. É percebida
como uma perturbação do estado de coisas “normal” e pacífico” (Žižek,
2014, p. 18).
Se o normal dentro da sociedade é a reafirmação da juventude,
principalmente na mídia, no conto, quando a personagem protagonista
declara “sou velho, mas não sou corcunda nem sou demente. Depois de
velho ou sua memória piora ou você fica com uma memória de elefante.
É o meu caso” (FONSECA, 2017, p. 105), há a mudança de valor. A
reiteração da frase é usada como uma espécie de cacoete do velho, e
também para evidenciar aspectos positivos adquiridos com o
envelhecimento, no caso do protagonista, quanto ao bom aspecto físico
e à boa capacidade cognitiva. Outro fator que Seu José reafirma manter
de forma íntegra e sem interferência quanto à idade é a sexualidade,
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como vemos na seguinte passagem em que narra sua desenvoltura
diante do sexo feminino.
Ela me estendeu a mão. Apertamos as mãos. A mão dela estava quente. As
minha estão sempre frias. Seja verão ou inverno. Sou muito friorento.
Acho que também já disse isso.
“Mas antes, senhor José, eu queira tomar um cafezinho. Sei que vou ficar
muito tempo no banco e antes...”
“Tem um café muito bom aqui perto. Vou levar a senhora”
Na verdade era uma confeitaria. Acho que já falei que os botequins
acabaram, os armazéns, os açougues. Mas essa é outra história.
Sentamos numa mesa da calçada. Eu queria entrar, minhas mãos estavam
geladas. Já disse, sou velho, não sou corcunda e tenho memória de
elefante, mas sou friorento.
Ficar na mesa da calçada tinha uma vantagem. Eu podia olhar as mulheres
que passavam. Soto de olhar as mulheres andando. Paradas também. Soto
do Zé Mico e do Zé Morcego, mas gosto também de mulher. (FONSECA,
ANO, p. 111)
4 Considerações finais
É quando essa integridade de ser velho, mas não ser corcunda e ter
uma memória de elefante é atingida, assim como a sua inteligência
(ressaltada tanto na primeira quanto na segunda parte, seja em
conhecimentos bélicos, enciclopédicos e cinematografias) e seu charme
sexual são desconsiderados e usados de forma leviana por Maria João,
Seu José faz um ato benevolente de denunciar um golpe à uma
instituição financeira, pois atingiu o seu princípio – o de não se
comparar a um velho qualquer, ou a figura estereotipada da velhice na
sociedade.
Consideramos que nas duas narrativas de Rubem Fonseca as
personagens protagonistas são sujeitos afetados pela violência objetiva
presente na sociedade que estão inseridos. Violência esta que os tornam
sujeitos marginalizados, tendo como figuras-chaves: o jovem pobre que
vive em um contexto violento dentro da estrutura familiar; e o velho que
refuta o estereótipo da velhice, embora pertença a solidão e reclusão
social, restando-lhe como amigos um morcego e um mico.
Subjetivamente estas personagens respondem a essas violências
sistêmicas quando os princípios, que regem as suas próprias vidas, são
afetados. Seja assistindo velhinhas e crianças sendo roubadas e
violentadas em grandes centros urbanos, seja quando um homossexual
é vítima de um homicídio.
Essa violência também está representada na linguagem
fonsequiana, em que se preza o uso linguagem direta e rápida, o uso do
discurso direto, a sucessão ininterrupta de ações e acontecimentos, e a
acelerada alternância entre o fluxo de consciência dos personagens e a
as violentas ações. Uma alternância entre o uso descritivo da narração,
conhecimentos enciclopédicos sobre determinados assuntos e o ato
violento do assassinato. A repetição de palavras de cunho agressivo, em
O ciclista, e do jargão que caracteriza O morcego, o mico e o velho que não
era corcunda também levam a uma reiteração da necessidade de se
impor diante da violência.
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