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Criminologia: Estudo Dos Assassinos Em Série

2018

O presente trabalho tem como objetivo abordar a questao da psicopatia manifestada em assassinos em serie, conhecidos tambem como serial killers. Fazendo uma abordagem do que motivaria esse comportamento frio, sem empatia ou remorso; e se a questao estaria ligada a um fator fisico do cerebro, se seria fruto da sociedade e de uma vida traumatica, ou um disturbio psiquico-mental. Explicando a diferenca entre os termos “sociopata” e “psicopata”. Trazendo casos reais e notorios como exemplo, e como atraves de padroes em seu comportamento e possivel tracar um perfil psicologico e geografico do individuo.

CRIMINOLOGIA: ESTUDO DOS ASSASSINOS EM SÉRIE Vanessa da Silva SANCHES1 RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo abordar a questão da psicopatia manifestada em assassinos em série, conhecidos também como serial killers. Fazendo uma abordagem do que motivaria esse comportamento frio, sem empatia ou remorso; e se a questão estaria ligada a um fator físico do cérebro, se seria fruto da sociedade e de uma vida traumática, ou um distúrbio psíquico-mental. Explicando a diferença entre os termos “sociopata” e “psicopata”. Trazendo casos reais e notórios como exemplo, e como através de padrões em seu comportamento é possível traçar um perfil psicológico e geográfico do indivíduo. Palavras-chave: Psicopatia. Serial Killer. Neurociência. Sociopatia. Patologias. Padrões. 1 INTRODUÇÃO Casos de assassinos em série costumam atrair a atenção da sociedade e o medo. Não é para menos, não se trata apenas de um crime isolado, praticado por um indivíduo no calor de uma discussão, ou para obter uma vantagem econômica, como durante um assalto que não deu certo. Trata-se de aliviar o puro desejo de matar, que reside dentro do assassino. Que tem seu direcionamento voltado não para uma vítima em específico, mas para um perfil de vítimas. Considerando que na maioria das vezes, trata-se de mulheres ou crianças. É chocante a destreza com que agem, muitas vezes passando anos sem serem notados, ou tendo sido descobertos seus crimes; comportando-se como indivíduos normais, o vizinho calado, o sujeito calmo e reservado. Ele pode ser seu vizinho, dissecando um corpo no porão ao lado da sua casa, sem que você nunca desconfie. E por que agem assim? Discente do 10º termo do 5º ano do curso de Direito do Centro Universitário “Antonio Eufrásio de Toledo” de Presidente Prudente - SP. E-mail: [email protected] 1 Seria culpa da sociedade? Que negligenciou uma criança traumatizada, vítima de abusos? Que não pôde protegê-la e criou um adulto rancoroso e desequilibrado? Sedento por expurgar seus demônios convertidos em memórias? Ou seria um fator físico? Conforme a neurociência acredita, estaria mesmo ligado a uma deficiência física no cérebro? Ou como apontam outros casos de indivíduos que sofreram traumas na cabeça, na região que advém as emoções, mudando seu comportamento social. Pode-se apontar como fator a questão psíquica, doenças patológicas, já que muitos assassinos em série sofriam de psicoses severas e esquizofrenia. Mas afinal, qual posicionamento estará correto? Ou seria mais de um? Essa é a pergunta que a sociedade se faz. E principalmente, como identificá-los e se proteger de sua aproximação. Eles causam repulsa, e ao mesmo tempo um fascínio mórbido. São frios, engenhosos, não possuem sentimento de empatia, culpa ou coletividade. A maioria nunca passou por uma delegacia e foram capazes de controlar seus impulsos e terem uma vida nos parâmetros impostos pela sociedade. Outros são temas de manchetes, estão na TV e nos documentários da madrugada. Eles podem ser seu primo, seu melhor amigo. Eles podem até ser você. 2 DESENVOLVIMENTO “O escorpião aproximou-se do sapo, que estava à beira do rio. Como não sabia nadar, pediu uma carona para chegar a outra margem. Desconfiado, o sapo respondeu: - Ora, escorpião, só se eu fosse tolo demais! Você é traiçoeiro, vai me picar, soltar o seu veneno, e eu vou morrer. Mesmo assim o escorpião insistiu, com argumento lógico de que, se picasse o sapo, ambos morreriam. Com promessas de que poderia ficar tranquilo, o sapo cedeu, acomodou o escorpião em suas costas e começou a nadar. Ao final da travessia, o escorpião cravou o seu ferrão mortal no sapo e saltou ileso em terra firme. Atingido pelo veneno e já começando a afundar, o sapo, desesperado, quis saber o porquê de tamanha crueldade. E o escorpião respondeu friamente: - Porque essa é minha natureza! ” Fábula do escorpião – Ana Beatriz Barbosa Silva Criminologia é o estudo das causas do comportamento antissocial do homem, com base na psicologia e na sociologia. É a disciplina que se ocupa das diversas teorias do direito criminal ou penal. Ou seja, estuda o crime, as causas, a vítima e o comportamento criminoso, buscando mecanismos de ressocializá-lo. Neste presente trabalho, o foco será o comportamento criminoso, mais precisamente os assassinos em série. Devido a peculiaridade de seu comportamento, que difere dos demais assassinos. São indivíduos frios, desprovidos de empatia pelo outro, e que não apresentam remorso. Sentem prazer em matar e subjugar suas vítimas. O que nos parece cruel e pérfido, para eles é fonte de sublimação. Costumam seguir um padrão de comportamento, e focando em um determinado tipo de vítima, ou um mesmo modus operandi. Agem sozinhos, em sua maioria, mas também podem agir conjuntamente. É comum que já demonstrem certo desvio de conduta desde a infância, com comportamentos anti-sociais, maltratando animais e outras crianças, hábito de mentir, ausência de remorso e conduta desafiadora contra autoridade, entre outros. Há várias teorias acerca do que desencadearia essa série de assassinatos cometidos por um indivíduo cruel e sanguinolento. Mas nenhuma conclusiva. 2.1 Neurociência: A resposta é física. A neurociência é um campo que vem estudando o cérebro dos agentes criminosos e, com base em pesquisas, constatou que o cérebro dos psicopatas apresenta anomalias cerebrais. Como redução nos volumes de matéria cinzenta no córtex pré-frontal rostral e nos pólos temporais, regiões onde ocorrem os sentimentos de empatia, culpa e raciocínio social. Conforme noticiou o globo, em sua página da Web. Pesquisas feitas na Universidade de Montreal, no Canadá, revelaram através de ressonância magnética, anormalidades em partes do cérebro onde ocorre a noção de castigo. Por isso, eles não são capazes de entender punições e tornamse reincidentes na prática criminosa. Diferente dos criminosos regulares, que costumam ser agressivos e sensíveis a ameaças, os psicopatas costumam ser frios e indiferentes a ameaças – concluiu Nigel Blackwood, professor afiliado ao Kings College, de Londres, que também participou da pesquisa. Nesse cenário, também há relatos de pessoas que sofreram pancadas ou traumas na cabeça e passaram a mostrar comportamento violento e frio, com cometimento de crimes. 2.2 Sociopatia: A culpa é da sociedade. O que diferencia os termos psicopata e sociopata, seria o que motivou o indivíduo. A sociopatia é o termo usado por aqueles que acreditam que o criminoso é fruto da sociedade, enquanto que o termo psicopata refere-se àquele cuja condição é psicológica ou biológica, nasceu com ele. Conforme define a psicóloga Ana Beatriz Barbosa da Silva - “Alguns utilizam a palavra sociopata por pensarem que fatores sociais desfavoráveis sejam capazes de causar o problema. Outras correntes que acreditam que os fatores genéticos, biológicos e psicológicos estejam envolvidos na origem do transtorno adotam o termo psicopata. Por outro lado, também não encontramos consenso entre instituições como a Associação de Psiquiatria Americana (DSM-IV-TR)1 e a Organização Mundial de Saúde (CID-10).2 A primeira utiliza o termo Transtorno da Personalidade Antissocial, já a segunda prefere Transtorno de Personalidade Dissocial”. Disponível em seu livro Mentes Perigosas – O Psicopata mora ao lado, ano 2014, página 32. Para aqueles que defendem que a sociedade é a causa, a razão estaria em abusos físicos, psicológicos e de natureza sexual, ou mesmo a pobreza. Ou seja, seria o meio em que se desenvolveram que os motivou. Isso refletiria no comportamento anti-social, com atos violentos e cruéis. Diferente dos psicopatas que são desorganizados mentalmente, os sociopatas aparentam ser uma pessoa comum, aponta o psicólogo Felipe de Souza, presidente no Instituto Felipe de Souza, em seu artigo na Web: “Qual a diferença entre a sociopatia e a psicopatia”. Um caso notório que pode ilustrar isso, foi o de Beth Thomas, disponível no documentário “A Ira de um anjo”, no canal do Youtube, na Web. Beth foi vítima de abuso sexual pelo pai, e após ser adotada por um casal, demonstrou traços de crueldade, exclusão social, e ameaçava a família de morte. Chegou a esfaquear o cão da família, cortou um colega de classe com caco de vidro e se insinuou sexualmente para seu avô. Outro caso que chocou a sociedade foi de Mary Bell. Narrado por Natália Rangel, em seu artigo na Web: Crianças assassinas: Mary Bell, a estranguladora mirim. Mary matou Martin Brown, de três anos, e Brian Howe, de quatro. Isso ocorreu quando Mary ainda tinha dez anos de idade. Filha de mãe prostituta, foi abusada sexualmente na infância. Trinta e dois anos depois, após refazer-se do trauma e levar uma vida normal, foi lançada sua biografia Gritos no vazio – Escrito pela jornalista Gitta Sereny. Ambas, no entanto, após acompanhamento psicológico, atualmente possuem uma vida normal. Tiago Rocha, o serial killer de Goiânia, tinha como alvo mulheres jovens e bonitas. Sua mãe acredita que a culpa tenha sido causada por sua ausência na infância do filho, e pela situação de pobreza. Tiago, ao ser preso, alegou ter sido violentado por um vizinho na infância e ter sofrido bulling na escola e desilusões amorosas, o que teria despertado sua ira. Acreditava que ao cometer os crimes, punia as vítimas por suas frustrações. Casos como os deles levantam os questionamentos: se tivessem tido uma infância normal e sadia, essa onda de raiva e violência teria sido evitada? Seus caminhos teriam sido outros? Os crimes teriam sido cometidos? 2.3 Patologia: esquizofrenia e neuroses A esquizofrenia paranóide é uma doença mental caracterizada por delírios e alucinações, e transtornos de pensamento. “Os distúrbios classificados como esquizofrenia acometem apenas 1% da população – um quarto da incidência da sociopatia.” Alega a psicóloga Martha Stout, em seu livro Meu vizinho é um psicopata, página 20. Doenças psíquicas, como a esquizofrenia, podem desencadear atos de assassinatos em série? Cristopher Scaver, conhecido por assassinar o serial killer Jefrey Dahmer, sofria de esquizofrenia e acreditava ouvir a voz de Deus, e que esta lhe mandava cometer crimes. Sofria de alucinações auditivas e ilusões psicóticas. Há vários outros casos de assassinos em série que sofriam de doenças mentais ou mais especificamente, esquizofrenia. Outro caso de esquizofrenia paranóide foi de Herbert Mullin, que matava suas vítimas em forma de sacrifício para que os terremotos não ocorressem mais na Califórnia. Albert Fish, o serial killer que deu origem ao mito do bicho papão, vinha de uma família com histórico de doenças mentais. Aos nove anos, caiu de uma cerejeira e bateu com a cabeça, o que se acredita que possa ter piorado seu quadro. Desde a infância adquiriu gostos masoquistas, sentindo prazer em sentir dor. A ponto de espetar agulhas no corpo, colocar fogo no próprio ânus e espancar-se. Praticou masoquismo, homicídios, pedofilia e canibalismo. Tendo como principal alvo crianças, que sumiam sem explicação, o que lhe conferiu o apelido na época. Os médicos afirmavam que ele sofria de psicose religiosa. 2.3 Perfil geográfico Com base no estudo da área onde os crimes ocorreram, é possível traçar um espaço e verificar o padrão dentro desta região, limitando as buscas ao criminoso. Em outras palavras, o psicopata tende a agir, na maioria das vezes, em um determinado espaço, em uma mesma região. Através de programas de computadores modernos, mais precisamente o conhecido GIS (Geographic Information System – Sistema de informação geográfica, vem sendo possível traçar um perfil geográfico de atual dos assassinos em série. Perfil de uma mente criminosa, volume 3, 2003, página 10. Estudos constataram que alguns assassinos em série tendem a matar suas vítimas em torno de um círculo, sendo que o núcleo seria um “ponto de ancoragem”, ou seja, um ponto onde ele possui algum vínculo, como sua residência ou emprego. Pode também ser um ponto social, como um bar, ou a casa de um amigo. “A questão de identidade de Jack, o Estripador, continua atraindo a atenção de criminalistas, incluindo David Carter, que aplicou o conceito de ponto de ancoragem para o problema. Aceitou a sugestão oferecida pelo historiador Paul Begg de que o principal suspeito Aaron Kosminski, uma teoria com s qual o FBI concorda. Embora Begg não soubesse o endereço de Kosminski, sabia onde morava seu irmão Wolf, que cuidava dele após seu ingresso no asilo mental. Begg achava que era provável que Aaron morasse por perto – que o chefe-assistente da polícia tinha descrito como ‘O coração do distrito onde os assassinatos foram cometidos.” Perfil de uma mente criminosa, volume 3, ano 2003, páginas 17-18. O geóperfil também pode demonstrar que o criminoso possui mais de um ponto de ancoragem. Esse tipo de mapeamento pode ajudar a limitar o local onde ocorrem as atividades do agressor e, com isso, encontrá-lo e detê-lo mais rapidamente. 3 CONCLUSÃO Muitas podem ser as causas determinantes que leva um indivíduo a tomar uma postura fria e indiferente à moral e à sociedade. Nenhum estudo chegou a um fator conclusivo ainda, dada as particularidades de cada caso. Um psicopata ou sociopata, independente do termo empregado, não é apenas aquele que chega ao ponto extremo de matar. Trata-se daqueles que infringem valores morais, ludibriando pessoas, subjugando-as psicologicamente, aproveitando-se da bondade alheia para conseguir proveito próprio, etc. É importante descobrirmos o fator desencadeante do comportamento psicopata, como forma de buscarmos soluções para amenizar ou coibir tais atos. É preciso estudarmos a causa, para buscarmos o remédio. Entendendo a motivação, seremos mais capazes de traçar um perfil, e como o papel da sociedade, ou tratamentos médicos podem vir a neutralizar o problema. Isso serve de respaldo para definir punições e mesmo tentativas de ressocializar o indivíduo. Afinal, a maior vítima é a sociedade ou o indivíduo predestinado? “As mentes diferem ainda mais que os rostos. ” – Voltaire REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A Ira de Um Anjo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8Bp-cgUQpbk. Publicação de 15 de maio de 2012. Luiz Ernesto B. Teixeira. Acesso em 05 de setembro de 2018, s.p. ALBERT Fish – Mentes Diabólicas. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=meC2IOc77eM. Publicação de 10 de julho de 2014. Leandro Pereira (Milho Wonka). Acesso em 09 de setembro de 2018, s.p. CRIANÇAS Assassinas: Mary Bell, a Estranguladora Mirim. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/criancas-assassinas-mary-bell-aestranguladora-mirim/. Redação de 08 de novembro de 2017. Natália Rangel. 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