Apesar de saber da enorme capacidade manipuladora dos
políticos e da tentativa de distrair as pessoas, lançando-lhes areia para os
olhos ou desviando o foco da atenção do que não lhes interessa.
Apesar de perceber que os actuais governantes, candidatos à
reeleição, fogem a explicar a razão das medidas gravosas que arruinaram
milhares de empresas, famílias e os legítimos projectos de vida de milhares de emigrantes
forçados a abandonar o país.
Apesar de perceber que o seu programa de futuro é o mesmo
que aplicaram até aqui e a sua estratégia é desculparem-se com o omnipresente Sócrates,
sem terem coragem de assumir que foi por opção ideológica que empobreceram o
país.
Apesar de tudo isto e de relativizar o que é dito nestas
circunstâncias, ainda consigo ficar chocado com a ousadia ululante de Paulo
Portas, ao classificar os opositores candidatos com epítetos ofensivos e vazios.
Se tivesse um pingo de vergonha e dignidade política, ficaria irrevogavelmente calado.
Até porque não são os programas da oposição que vão a julgamento no dia 4 de
Outubro.
Quanto ao “extraordinário” Passos Coelho, apesar de tudo
fazer para que nos esqueçamos do passado, do seu tecnofórmico e do nosso, de resistência
aos males que nos causou o seu governo, estou convencido que nem as gloriosas
sondagens vão impedir que seja derrotado.
É esse o meu desejo.