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terça-feira, 1 de junho de 2010

Muito Além do Tomate




Leandro Altheman

"Juruá faz a sua lição de casa no diálogo entre as civilizações"

Foi dificil conter o entusiasmo diante do significado do momento. Enquanto centenas de estudantes ouvem atentamente às palavras do presidente da ALEAC, Edvaldo Magalhães, meu pensamento não para de trabalhar.
O intercâmbio universitário entre estudantes do Brasil (leia-se Juruá) e do Peru é pleno de sentido históricos. Quem soube, como eu, cruzar as fronteiras físicas que separam os dois países, sabe também que existem outras fronteiras, que muitas vezes estreitam a nossa visão e nos apartam de nós mesmos.
Na verdade somos vítimas do mesmo preconceito com que muitas vezes são tratados peruanos e bolivianos na nossa região. Um certo sentimento de inferioridade, de não pertencer ao Brasil, de ser um canto esquecido do mundo. um sentimento que começa a morrer a medida em que vamos contruindo uma relação de amizade e solidariedade com os nossos vizinhos.

O Peru não é pouca coisa. Ao contrário do Brasil, que é considerado um país jovem, o Peru tem pelo menos 5 mil anos de história, grafada nos muros de pedra, em obras que desafiam o tempo e a tecnologia atual.
Mesmo em sua história pós-colonial, o Peru é um superlativo: possuiu a primeira unversidade das américas (antes mesmo dos EUA). Fundada ainda em 1550, a Universidade de San Marcos em Lima é um dos destinos da delegação universitária brasileira. No Brasil, a primeira univrsidade foi fundada apenas depois da vinda da família real, no século XIX. Portanto, temos muito a aprender com eles.
Os tomates foram de início uma boa bandeira para defender a integração, uma bandeira que felizmente começa a ser superada por uma visão mais ampla do que o país tem a nos oferecer.Em uma postagem anterior já havia falado sobre que o que nos falta de verdade, não são os tomates, mas os horizontes.

Mas, no quesito agricultura, o Peru realiza prodígios nos três climas: montanha, deserto e floresta. Impressionou-me por exemplo, o cultivo de frutas em pleno deserto e de como é possível encontrar em todas as partes do país uma quase infinita variedade de hortifrutigranjeiros. Terra de riquezas naturais e humanas, não é a toa que o Peru tenha como um dos seus símbolos a cornucópia ,uma antiga lenda, tornada realidade neste país.

Também já foram oferecidas 8 vagas em Medicina para estudantes brasileiros, um sonho de muitos jovens do Juruá.
Enfim, o intercâmbio começa a encerrar de vez o isolamento técnico-cietífico e cultural do Juruá e passa a ser um elemento novo que modifica a geopolítica da América do Sul. Estarei exagerando? Creio que não. Temos que parar de pensar pequeno e enxergar com os olhos da grandeza para quem somos e para o que representa o Juruá, para o Brasil, a América do Sul e o mundo.

Imagem 3: Vista lateral da Universidade de San Marcos, em Lima.
Imagem 4: Terraços utilizados para plantio em terrenos difíceis no tempo dos Incas. Ainda hoje a agricultura é prodigiosa no Peru.
Imagem 5: A Cornucópia, que ao lado da Lhama, é um dos símbolos nacionais peruanos. simboliza, riqueza, fartura e prosperidade.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O que nos faz falta são os horizontes



Leandro Altheman

Podem acreditar. Não são as frutas verduras e legumes o que mais nos fazem falta. Tampouco é a pedra para asfaltar as estradas. Nem a própria estrada nos faz tanta falta assim.
Depois desta viagem, decidi que o que realmente nos faz falta, são os horizontes.
Isto por que a falta de horizonte atulha nossa visão. Nos faz mais limitados do que realmente somos. Vemos apenas dificuldades e obstáculos, onde na verdade existem possibilidades quase que ilimitadas.
A visão limitada e a pequenez de pensamento deveriam ser eleitos como nossos verdadeiros inimigos. São eles quem fazem de nós estúpidos e ignorantes seres. Destruidores em potencial de tudo que está a sua volta. Destruímos a Terra em busca de tesouros que jamais encontraremos aí, pois o buscamos no lugar errado. Destruímos aos nossos semelhantes, ao supor-los menores do que são. Ou maiores também. Ao colocarmos alguém acima de nós, lhe tiramos a possibilidade de ser o que é: humano.
Se enxergássemos as coisas simples como são, também nos maravilharíamos diante de tudo. Não precisaríamos nem mesmo de cinema, circo ou televisão. Se olhássemos verdadeiramente para quem está próximo, não precisaríamos de novelas para nos emocionar.
Por isso que digo que o que nos falta são os horizontes. Perspectiva. Enquanto tivermos um olhar “viciado” nada será possível, a não ser a repetição monótona do que todos já sabemos: um mundo velho, cansado, violento e impessoal.
Olhar com o olhar inocente de uma criança, que descobre a cada segundo, a magia da vida. Este deveria ser o nosso desafio diário. Despertar seria então um ato de bravura, e dormiríamos cientes de que a próxima alvorada trará principalmente surpresas. Assim seríamos impelidos a acreditar em nós mesmos e nos daríamos conta de que o vínculo sagrado e invisível que une eu, você e todas as coisas é tão real quanto o Sol que brilha todas as manhãs no horizonte.