quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Já tá passando da hora!

E por falar em Marinha. Um dia desses tive vontade de fazer um colega meu "andar na prancha", como faria um antigo capitão diante de uma insubordinação.

Há alguns meses atrás, um colega de trabalho, que em tese seria meu subalterno, fez um duro questionamento à minha postura em uma reportagem. Disse-me que eu havia sido “parcial”e faltado com a ética. Crítica pesada. Mais tarde, depois do pôr-do-sol, de cabeça fria tive que lembrar que estava no século XXI e que tais práticas tão eficazes consagradas nos sete mares, infelizmente não poderiam ser mais utilizadas.

Na verdade, decidi que um sujeito que tem a coragem de dizer abertamente que discorda de uma posição, é exatamente o tipo de pessoa que preciso do meu lado para que meu trabalho seja cada vez melhor.

Este preâmbulo serve apenas para ilustrar o verdadeiro objeto desta postagem que é a questão sobre a mudança de fuso horário. Não se trata mais de discutir se o melhor horário é o antigo ou o atual. O povo já decidiu isso no referendo de 2010. A questão agora é cumprir o que o povo decidiu. Isso tem se tornado um problema ainda maior na medida em que firulas jurídicas são encontradas para justificar o não-cumprimento da vontade popular.

Para a população a leitura é simples: sua vontade não está sendo respeitada. Trouxe-me alívio a posição publicamente assumida pelo senador Jorge Viana de que o desejo popular manifesto no referendo será respeitado. Mas as complicações jurídicas do problema são percebidas pela população em geral apenas como “interesses escusos” do atual horário. Sejamos francos: uma questão jurídica só se torna uma questão, se há interesses a serem representados. E esses interesses já estão mais do que evidentes para todo mundo. Precisa dizer mais?

Esse é um problema político sim, e tentar abstrair a questão política desta equação trará conseqüências políticas aos envolvidos. Como bem disse o jornalista Mariano Maciel se essa fosse uma questão religiosa seria decidida pelo Papa, mas está sendo decidida em âmbitos políticos, sejam as urnas, ou o legislativo. Talvez por esta razão seja melhor chamar o antigo horário de ao invés de “Horário de Deus” simplesmente de “Horário do Povo”. Aliás, é bom que se diga que a alcunha “Horário de Deus” surgiu naturalmente nos ramais, seringais e aldeias do Vale do Juruá, muito antes de Flaviano Melo, Tião Bocalon e Sérgio Petecão pisarem por aqui. Não foi uma invenção da oposição, e se fosse talvez nem tivesse virado jargão comum na boca do povo. Eles apenas como políticos experientes que são, souberam “surfar na onda” do desejo popular, enquanto os que insistem em ir contra esta vontade, estão se afogando nesta mesma onda. Como diz o ditado popular: “boi lerdo bebe água suja”.

Mais uma vez sejamos francos conosco mesmo: a oposição na verdade é muito fraca. Fossem partidos de esquerda a defenderem a questão, o povo já estaria nas ruas.

É triste perceber que o posicionamento do bloco situacionista do Acre tem sido a antítese do slogan de Governo “Servir ao Povo”. Servir ao Povo neste caso seria simplesmente fazer valer a vontade popular. O acirramento da questão no campo político e o conseqüente desgaste seriam evitáveis simplesmente apreciando e honrando esta vontade. Mas para quem esta cercado de opiniões comprometidas é difícil enxergar isso. O debate infrutífero sobre uma questão já decidida nas urnas toma espaço desnecessário na mídia, justamente agora em que o governo dá sinais de uma arrancada sem precedentes nos campos da produção e na conclusão de obras que estão no âmago dos sonhos de qualquer acreano.

Já está passando da hora em reconhecer que quem é por direito o verdadeiro dono deste estado é o povo acreano e que a sua vontade tem que ser respeitada.

A reportagem saiu no SBT Nacional.

Leia mais também: "O Acre está prestes a entrar em ato de desobediência civil."

* Na ilustração é o famoso relógio de Salvador Dali, só para lembrar o quão SURREAL é essa situação.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Meus tempos de Marinha (3): A Ilha dos Amores ou a Festa das Enfermeiras

Há temas que são recorentes em novelas de marinharia. Tempestades, Criaturas monstruosas, sereias encantadoras e perigosas e é claro: A Ilha dos Amores, que surge como recompensa para os perigos enfrentados.
Camões dedicou um episódio inteiro a este tema que já aparece em romances muito anteriores como na própria Odisséia de Homero. É fácil entender que os marinheiros passando por perigos e sofrendo delírios e distorções de percepção comuns a quem passa muito tempo embarcado, também criassem esta quimera de que encontrariam em algum lugar paradisíaco, ninfas ardendo de desejo que lhe proporcionariam a satisfação de seus prazeres. Ulisses encontra a ilha da bela Calipso (sim, é dela que sai o nome deste ritmo musical tão popular na região amazônica). Para os marinheiros de Vasco da Gama este encontro foi ditoso, com os marinheiros se deliciando com as belas, enquanto o próprio Vasco da Gama recebe de sua musa, a orientação segura para navegar.

Há também ao menos um episódio real em que a vida realmente imitou a arte. O Bounty, navio britânico comandando na base da chibata pelo capitão Bligth, acabou sogrendo um dos mais famosos motins da história da navegação, depois que os marinheiros foram recebidos como "todo amor" pelas belas nativas de uma ilha do pacífico sul, proximo onde hoje está o Taiti.

Enquanto marinheiro, não-embarcado, mas aquartelado, tive também um episódio de "Ilha dos Amores". Foi a noite da Festa das Enfermeiras, que hoje compartilho com os poucos, mas valiosos leitores deste blog.

Havia, na enseada vizinha à nossa unidade em Angra dos Reis, um famoso hotel que recebia convidados ilustres. De alguma maneira ficamos sabendo que naquela noite haveria uma "festa das enfermeiras" no referido hotel. Foi oi suficiente para aguçar a imaginação de nossas mentes pueris.
Naquele tempo, era um dos mais novos da minha turma. Com apenas 16 anos, de baixa estatura e com cara de doze, claro que a princípio a idéia era me deixar de fora dessa. Mas o fato é que apesar da tenra idade havia acumulado uma habilidade imprescidível para a "operação". Isto por que a saída para a Festa das Enfermeiras dependia de uma fuga noturna pelas matas que circulavam a unidade, incrustrada na Serra do Mar e um retorno de madrugada que não levantasse suspeitas. Mais do que isso, deveríamos passar literlamente pelas costas de um fuzileiro naval que cuidava da saída, o que significava andar à noite sem lanterna. Naquele tempo eu era o único na turma capaz de tal manobra.

Tendo realizado os preparativos, nos embrenhamos na mata, comigo à frente. Os outros totalmente cegos fizeram uma fila atrás de mim, cada um segurando na bitaca na calça do colega à frente. Lembro-me como se fosse hoje o coração querndo saltar à boca, enquanto despistávamos o fuzileiro e ganhavamos a mata. Em fila e quase totalmente cegos seguimos pelo estreito caminho pode cerca de meia hora até que pudessemos acender às lanternas. Caminhavamos em meio aos sons noturnos e misteriosos que preenchiam a floresta.
Com mais de meia hora de subida, começamos a descer, nos deparando com as primeiras casas de uma vila de pescadores.
Quando a Floresta se abriu deparei-me com uma cena que até hoje permanece viva em minha memória: acima de nós a Lua Cheia mais linda que já havia visto, à frente o mar prateado, a vila de pescadores com os barquinhos descançando no porto, a areia alvíssima e atrás de nós a floresta de onde ainda podíamos ouvir o som mdos pássaros noturnos. A cena, somada à sensação de liberdade que o momento proporcionava, ficaram cravados em minha memória e naquela noite em diante, soube que jamais suportaria viver sem liberdade, sem aventura, sem emoção.

Bem, e as enfermeiras?

Caminhamos por mais meia hora sobre a areia fofa. Descalços para evitar o barulhinho desagradável que ela fazia sob nossos sapatos. Finalmente chegamos á tal "festa".
Encontramos na verdade meia dúzia de enfermeiras idosas e embriagadas ao som de Maria Betânia. Tomamos um drink e demos meia volta, a maioria xingando o destino.

Eu não, pois naquela noite, a Lua, O Mar e a Floresta, haviam me bastado. Foram eles os melhores companheiros que se pode ter em uma jornada em busca de aventura e liberdade.

Meus tempos de Marinha (2)

Muita gente se pregunta por que que o Jack Sparrow anda daquele jeito meio trôpego, cambaleante. A explicação mais comum é que seja devido a uma embriaguês crônica de rum caribenho. Na verdade exitem dois fatores.
Além do rum, marinheiros que passam muito tempo embarcados acabam desenvolvendo uma certa tolerância ao efeito desorientador do balanço do mar. O Órgão responsável pelo equilíbrio, o labirinto, depois de algume compensa este efeito, o problema é que quando desembarcamos, o mar por assim dizer "permanece" na gente e acabamos andando no porto, pelo menos nas primeiras horas, meio cambaleantes como se estivesemos no convés de um navio. Se isso aconteceu comigo após uma viagem relativamente curta entre Angra dos Reis e Parati, em um litoral relativamente tranqüilo, fico imaginando como não deveria ser para os marinheiros da gloriosa era dos veleiros, que passavam meses embarcados em navios muito mais suceptíveis ao balanço do mar, enfrentando tempestades no meio do atlântico, por exemplo. Aí sim, somem a isso o rum caribenho e entenderemos por que que Jack Sparrow anda daquele jeito.

Meus tempos de Marinha (1)







Quiz Show:

O que Jack Sparrow, Popeye e Leandro Altheman têm em comum?
Resposta: os três já serviram a Marinha.

Com a chegada do Navio Hospital a Cruzeiro do Sul não há como deixar de lembrar de meus tempos de Marinha, até porque normalmente neste período acabou sempre reencontrando velhos conhecidos.
Fiz o meu ensino médio no Colégio Naval, o que equivale dizer que servi a Marinha do Brasil, entre os anos de 1989 e 1991. Deste período muitas lembranças e embora não tenha seguido a carreira militar-naval, devo a este período muito do que sou até hoje.

Demoraria horas tentando definir o quanto foi forte na formação de meu caráter este período em que estive na Marinha. Talvez um dos traços mais fortes seja o sentimento de grupo, aquela teimosia obstinada de capitão que afunda junto com o navio mas não abandona sua tripulação. Assim sou ainda hoje com a minha equipe de jornalismo, por exemplo.

Outro traço é que não suporto dedo-duro e para mim é uma das maiores provas de falta de caráter quando alguém denuncia um colega de trabalho a um superior, por exemplo, por alguma falta cometida. Na Marinha aprendemos a resolver nossos prórios problemas, nem que isto custe alguns hematomas e cicatrizes.

Mas eu tinha pensado em começar esta postagem na verdade, desmitificando esta história de que "na Marinha tem muito viado". Na minha turma por exemplo, de 200 pessoas, só tinha um e foi definitivamente defenestrado durante uma tentativa tresolucada de "atacar" um colega à noite. Nada contra as preferências sexuais de cada um, mas atacar um colega, é complicado, independente de qual seja o sexo do envolvido. Mas o fato é que 0,5% é uma proporção pequena se comparado com qualquer outra categoria. Todo mundo sabe que no Exército esse número é bem maior. A diferença é que lá eles são... camuflados...rsrsrs

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

1984: A verdadeira história do "Big Brother"


Muita gente já sabe, mas outro tanto desconhece qual é a verdadeira história por trás da expressão "Big Brother". Lembrei disso quando percebo que a Globo continua ingerindo na vida pública e particular das pessoas, determinando horários de jogos de futebol e mudando o fuso horário de um estado inteiro como é o caso do Acre, isso é claro além de ditar modas e comportamentos ao seu bel prazer.

A expressão "Big Brother" (para quem não é fluente em inglês: "Grande Irmão") foi cunhada pelo escritor britânico Geogre Orwell, na verdade pseudônimo de Eric Arthur Blair. Orweel foi um militante socialista que aderiu às teses de Trotsky, em oposição às de Stalin e que lutou na Guerra Civil Espanhola no PSOU (Partido Socialista Obrero Unificado), braço trotskista que juntamente com anarquistas e socialistas de outras vertentes formou o exército republicano que lutou contra os monarquistas e os fascistas do general Franco, durante uma das mais sangrentas guerras que a humanidade conheceu. Metade da população espanhola sucumbiu diante dos fuzis, da fome e das doenças consequentes às batalhas.

Orwell tornou-se um crítico feroz de regimes totalitários, não poupando de suas críticas o modelo stalinista da URSS. Em 1949 publicou o livro "1984", . Neste livro, Orweel criou uma sociedade totalitária, onde as televisões eram vias de mão dupla, ou seja, quem a assitia, também era assistido por ela. Na prática isso siginicava um controle de toda vida pública e particular a partir da televisão. À esta entidade simbólica que via a tudo e a todos, Orwell denominou "Big Brother". A idéia de ter a vida assistida por algo ou alguém acabou sendo aproveitada nesta aberração que é o BBB, na verdade uma cópia de um programa televisivo de grande audiência nos EUA.

O episódio em que a Rede globo, a Rede Amazônica e a ABERT (Associação Brasileira de Radio e Televisão) tentam de todas as maneiras, se sobrepor à vontade popular de retorno ao fuso horário antigo, referendado no pleibiscito, mostra o quanto na verdade podemos estar perigosamente próximos de um totalitarismo, não partidário, mas determinado pela vontade consciente das emissoras de TV que pairam onipresentes sobre a inconsciência do populacho inculto e teleguiado.

Leia mais sobre atentativa da Globo de se sobrepor à vontade popular no Blog do Altino

Faça-se a Luz: Cai a Máscara da Rede Globo

Onde houver trevas, que Faça-se a Luz. Para aqueles que creem na bíblia esta seria a frase proferida por Deus para dar início à Criação. Para mim, é um símbolo de que Deus se faz presente na verdade clara e transparente que rompe as trevas da ilusão.

Portanto esqueça essa balela de que o horário do Acre foi modificado para "adequar o horário de atendimento bancário" ou "aproximar o Acre do restante do Brasil no horário comercial". Nada mais falso e ilusório, trevas. A verdade, para quem ainda não sabe, é que a Rede Globo de TV através de sua afiliada Rede Amazônica, fizeram uma ingerência junto ao Senado Federal para mudar o fuso horário do estado, o que foi aprovado a toque de caixa.

A notícia foi destaque na impresa nacional. Leia mais no Jornal do Brasil

Por que?

A Vara da Infância e da Adolescência exigia há anos da Rede Globo que adequasse sua programação ao fuso horário do estado. A discrepância é tão grande que a "novela das oito" passava às cinco da tarde. A conseqüencia direta disso é que crianças e adolescentes tinham acesso à conteúdos impróprios para a idade. Após anos protelando a adequação, alegando dificuldades técnicas, a Globo foi finalmente obrigada a fazer valer a decisão do STF.
Não se trata de falso moralismo, se trata de cumprir o que a lei obriga. E vou dizer, a tendência da Globo é sempre de explorar o pior conteúdo possível para tentar manter sua audiência, sempre em queda.

O resultado foi que para fazer a vontade da Globo, fomos obrigados a acordar de madrugada e levar nossos filhos à escola no escuro. Curioso notar que em aldeias, colônias e seringais o povo não aodtou o novo horário e em uma forma de protesto individual mantiveram os ponteiros do relógio no horário antigo que ganhou o apelido de "Horário de Deus". Há quem argumente que o horário é uma convenção humana e que Deus não inventou o relógio, mas para quem acredita na existência de um Criador (que é o meu caso) pode-se dizer que Deus não fez o relógio, mas deixou o Sol para marcar as horas. Para os que preferem um explicação científica (que também é o meu caso), pode-se dizer que existem as gonadotropinas e hormônios corporais que regulam a atividade cerebral e corpórea principalmente através da luz solar. Pode-se argumentar que a população do Sul-Sudeste tem de conviver com mudanças anuais com a chegada do horário de verão, mas também pode-se contra-argumentar que em latitudes maiores, ou seja mais distantes da linha do Equador, existe uma maior variação da incidência da luz solar durante as estações do ano, o que implica em dias mais longos no verão e noites mais longas no inverno, de modo que durante o horário de verão, uma hora mais cedo, de fato o dia começe também, mais cedo. No Acre, mais próximo da linha do Equador, a variação não é tão grande, de modo que o impacto do novo horário é apenas amenizado nos meses de dezembro e janeiro, próximo ao solstício de verão (um "pagão" tem que saber destas coisas!) enquanto no solstício de inverno os efeitos do novo e atual fuso se tornam ainda mais aberrantes.

Para mim que sou membro da Frente Popular desde quando cheguei ao Acre, vejo com muita tristeza que tenha sido a oposição capitaneada pelo PMDB quem teve que fazer este reparo. Claro que as motivações são políticas e com o gesto de propor um pleibiscito, Flaviano Melo acertou um golpe na boca do estômago da FPA. Uma pena, da próxima vez façam valer a sua história de lutas populares e fiquem do lado do povo, e não da Globo.


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Epa Hei Iansã!

Meus leitores certamente vão começar a notar uma mudança no tom de minhas postagens.
A explicação é simples: mudei o santo da minha cabeça. Do reservado, silencioso e diplomático caçador Oxossi passei agora para regência da tempestuosa Iansã.
Amo meu pai, mas estou adorando estar nos braços de mamãe. Sem papas na língua ela vai me falando a verdade e com sua ventania me impelindo a fazer o mesmo.
Medo de que afinal? Bem, é verdade que o silêncio do caçador derruba a caça na hora certa, mas a ventania também surpreende e impõe a sua verdade. Entre pseudo-conservadores e hipócritas, o mais sensato mesmo é ficar calado, mas como Iansã já abriu o verbo em pleno Teatro dos Nauas não há mais nada a esconder.
Dois pontos de vista de outros tantos possíveis, duas maneiras de viver a vida e nenhum melhor ou mais perfeito que o outro. Que me desculpem os monochatos, mas esta é uma das vantagens de ser politeísta.

Além do quê, um escritor que tem medo da reação de seus leitores, vive limitado, não explora seu real potencial. Quem escreve não pode temer o furacão de sentimentos que por vezes abala a alma. Por isso, não ligue se você ficar arrepiado nas próximas postagens, vem chumbo grosso por aí. Há poucos dias alguém recomendou este blog como uma das "letras nobres do Juruá", mal sabe o que eu tô com vontade de publicar nas próximas.
Foda-se, se o Henry Miller pode, eu também posso.

Bast: a Deusa-Gata do Egito

E já que a bola da vez é o Egito, resolvi lembrar desta grande civilização, berço da humanidade. Já ouvi muitas piadas sobre Mubarack e a terra das pirâmides, mas a melhor de todas é aquela: - Qual a receita para manter uma múmia trinta anos no poder?
Resposta: Com o apoio da CIA.

Mas deixa para lá, tem tanta coisa para se falar sobre o Egito, que preferi me concertrar em um pequeno aspecto, justamente aquele que é pintado na bíblia como a maior falta dos antigos egípcios: o seu prolixo politeísmo. Os egípcios tinhas tantos deuses e deusas que somente um escriba para saber o nome de todos. Eles tinhas deuses serpentes, falcões, vacas, cães, crocodilos e até, uma deusa gata, que atendia pelo nome de Bast.

Para não perder tempo falando dos outros decidi me concentrar sobre esta deusa-gata, em particular porque até hoje são muitas as pessoas que nutrem uma admiração quase trancendental a estes animais.

Para os egípcios, a capacidade dos gatos de enxergar no escuro, lhes conferia poderes além túmulo, como um condutor da alma pelos terrenos difíceis e escuros do pós-morte.
Ainda hoje, o que mais admira aos criadores de gatos é a capacidade que o animal tem de preservar sua individualidade, sua independência e seus instintos, mesmo quando domesticados. Certamente é algo digno de admiração.
Mas mesmo os gatos às vezes desenvolvem um certo grau de dependência emocional em relação aos seus donos, afinal quem não gosta de ser afagado e acarinhado? Outras vezes são os seus donos que passam a gostar mais de seus gatos do que de si mesmos, por perceberem a sua incapacidade de serem livres, sem amarras. Aquela certeza de que só os gatos tem de que podem sempre "cair de pé" em qualquer relação ou situação. Para estes os gatos se tornam verdadeiros amuletos, lembrando-os daquilo que poderiam ser.

Mas um gato (ou uma gata) também corre perigo, mesmo com suas sete vidas.
Pode lhe acontecer de esfregar o seu rabo felpudo e cair ronronando no colo de alguém que de fato não compreenda e admire o que ele tem de melhor em sua natureza, justamente a delícia de ser o que é, felinamente gato.

Saladino

Nesta semana me lembrei de uma história do velho e saudoso general Saladino, reconquistador de Jerusalém.
Os Cristãos Cruzados contam que Saladino era um homem de grande honra e sabedoria e mesmo seus inimigos mais encarniçados o aprenderam a respeitar por estas qualidades.
Um episódio nos conta muito sobre a natureza e o caráter de um guerreiro de fé, como o foi o grande Saladino.

Durante as batalhas que culminaram com a retomada de Jerusalém, Saladino soube identificar, entre seus oponentes cristãos, diferentes comportamentos e atitudes entre as diversas ordens militares-religiosas que conduziam a batalha. Durante a batalha Saladino havia capturado dois poderosos inimigos cristãos: Guy de Lusignan e Reinaldo de Chatillon. Guy, que era considerado por Saladino um inimigo honrado, recebeu inicialmente um copo de água, o que no deserto, tem imenso significado, mas repreendeu a um subalterno que dera água a Reinaldo, a quem Saladino considerava um infame violentador de mulheres e crianças e a quem mais tarde conduziria pessoalmente sua execução.

A moral islamita do deserto entende que dar água a um prisioneiro a qual se pretende executar, é uma forma de tortura desnecessária, pois alimenta no condenado, a vã esperança de que será poupado.

Amigas
Mas porque lembrei desta história? Por um episódio que por várias vezes já vi acontecer e que se algum leitor lembrar de ter lhe ocorrido algo semelhante, por favor, mande um comentário.

Você tem uma amiga. E você naturalmente gosta desta amiga. A initimidade sincera e descontraída, sem a necessidade de máscaras é o combustível perfeito para despertar um sentimento forte, mais forte que os namoricos baseados na sedução das aparências.
Aí, em dado momento, você percebe que pode ser mais que um amigo. Vai devagarinho testando o terreno e ao perceber que existe alguma chance, faz avanços cuidadosos, medidos, mas prossegue.
E a "amiga", vai dando trela, alimentando esperanças que no fundo, ela sabe que não existem. Como que para testar o condenado, ela vai deixando que o cara se perca em suas próprias ilusões. O sujeito, com sede, vai lhe pedindo cada vez mais água. Então quando finalmente ele acha que encontrou um oásis, descobre que tudo não passou de uma miragem e se vê sozinho no meio do deserto.

Há amigas que na hora do "vamo vê" conseguem ser MAIS FRIAS DO QUE UMA CADEIRA DE ALUMINIO NO AEROPORTO DE MADRUGADA.

Valha-me meu Chiric Sanango!*

Dizem que no amor e na guerra vale tudo. Mas às vezes vejo que há mais honra nas batalhas de sangue do que nas artimanhas do amor.

Por isso, amiga, te peço que se você não tem interesse no "condenado", faça como Saladino: seja piedosa e passe meu pescoço no fio da cimitarra ao primeiro piscar de olhos.

* O Chiric Sanango para quem não sabe, é uma poderosa medicina natural utilizada no Peru para equilibrar a temperatura corporal e emocional!