Ao teu lado, os meus dedos
têm a forma e a sede das tuas flores,
porque te evoco por colinas e vales,
onde elas se abrem
às carícias famintas do teu pólen.
Mas diz-me:
Renascemos, vezes sem fim, condensados
numa simbiose de sol e de chuva?
Morremos na corrente sangrenta
das veias que fraturam o ofício da voz?
Sei que me vais responder
com o orvalho da tua carne
ou com a chave
que me deste para entrar no teu coração,
mas eu quero que me respondas
com o fogo e o sangue da fêmea
e da alma de mulher que há em ti.
© Jaime
Portela, Maio de 2023