Gostava
de fugir de ti,
mas
sou jóquei sem chicote
a
deliciar-se nas tranças das tuas carícias
de
amazona sem rédeas.
Deste
tempo de esporas,
aferroado
pelo galope da ideia desgovernada
no
arco dos sentidos,
sou
um coxo sem estribo
a
desviar-me dos teus arroubos em flecha.
Sem
trote, sucumbo aos teus
empolgados
assaltos e morro
[com
o freio nos dentes]
à
boca da ternura virgem
desenfreada
pelo teu corpo de Diana,
certo
que vou renascer corcel resoluto
a
cavalo da razão apeada.
Gostava
de fugir de ti, do teu arco,
mas
vou cortar as peias que me tolhem
e
consagrar-me, devoto,
à
jarra de cristal oculta
que
guardas no templo da tua pele impoluta.
© Jaime Portela, Março de 2020