Nos céus da Alemanha e de França já voam aviões, sem passageiros, para testarem os reais efeitos nos seus motores das cinzas vulcânicas expelidas pelo vulcão Eyjafjallajökull na Islândia. Um negócio de muitos milhões de euros por dia não pode ficar assim à mercê de qualquer vulcão que resolva dar sinal de vida, pensarão algumas cabecinhas. Como vulcões há muitos, e também na Europa, a pergunta que se deve fazer com pertinência nesta era da tecnologia e da nanotecnologia, é: o que é que a investigação científica na indústria aeronáutica tem feito para proteger os motores dos aviões, não só das cinzas vulcânicas mas, também, das areias arrastadas dos desertos por ventos fortes, já para não falar das aves que, tanto quanto sei, há muitos aeroportos que ainda utilizam aves de rapina para as "caçar". Isto seria suficiente para gracejar, se não colocasse em risco a vida das pessoas.
E se o vulcão Katla, vizinho do outro, que, segundo os islandeses, 3 em 4 vezes tem entrado também em actividade após o Eyjafjallajökull, e que é ainda mais nefasto, podendo impedir a circulação aérea durante meses?
Se no campo militar há já aviões "imperceptíveis" para os radares e toda uma panóplia de aplicações para os mais diversos objectivos, na aviação civil ainda nem se conseguiu a protecção face a uma ave ou a qualquer bicharoco atrevido, pois tem-se investido no tamanho cada vez maior dos aviões para transportarem mais pessoas, com maior rentabilidade portanto, e não nesses elementos de segurança para enfrentarem situações como a presente. E tenho quase a certeza que o investimento na segurança seria muito inferior aos prejuízos agora sofridos.
Vendo a situação por outro prisma, creio que ela contribui para a necessidade de se acelerar o investimento nos meios ferroviários e, em Portugal, no projecto do comboio de alta velocidade, bem como na melhoria das linhas e comboios já existentes. E aqui não se pode dizer que há conluio e interesses com A, B ou C, porque um vulcão não se deixa comprar nem vender, é incorruptível, e faz o que tem a fazer por natureza.