sem reticências,
Entraste nesta janela virtual, acolhi-te no real,
Um dia ao observares as minhas mãos, perguntaste-me, se eu gostava delas,
disse-te que sim,
Perguntaste, de qual gostas mais?
Da esquerda! A direita tem os dedos tortos, que na minha altura escrevia-se muito e no papel,
Brincaste e pediste para escolher um dedo que me fizesse menos falta, se tivesse de ficar sem ele,
Sorri, que raio de pergunta, afinal fazem-me todos falta,
Insististe, se tivesse que te cortar um, qual escolherias?
Bolas, que me assustas com isso, respondi numa gargalhada, preciso de todos!
Para quê? quiseste saber,
Brinquei, tinha as unhas pintadas de vermelho vivo, faziam falta os dedos todos naquela pintura completa,
Mas que resposta tola, gozaste, se ainda me dissesses que era para acarinhares o teu filho!
A minha resposta tola, parecia mínima perto dessa observação! Acarinharia o meu filho Sempre, sem mãos, sem nada, apenas com o amor,
É tão óbvio como pedires a uma criança que te desenhe um sol e um céu, o céu será sempre azul e o sol será sempre amarelo,
Mas, estas mãos e dedos também te acarinharam a ti, cravados na tua pele, em tom de desabafo emocional,
Talvez, também eu desenhe sempre um céu azul e um sol amarelo, mas, acrescentaria uns raios alaranjados e umas nuvens brancas e fofinhas,
Em vez de um aceno, banal, viro as palmas das mãos para cima, abertas,
Liberto-me,
Repara que não digo que te liberto a ti, essa escolha és tu que farás,
Há histórias que nunca acabam, por isso não colocarei pontos finais,
Ficarão para sempre, mesmo não tendo lugar a reticências,
Coloco virgulas, as virgulas aconchegam, mas separam,
E, vou continuar a desenhar o sol amarelo com raios laranja e o céu azul com nuvens brancas e fofinhas,
com estas mãos, de unhas pintadas de vermelho vivo,
Agora digo-te eu, vês? Vês agora porque não escrevo muito sobre mim?
Não sei se vem do coração, esse é um órgão essencial, bombeia o nosso sangue que percorre o nosso corpo todo, transportando oxigénio e nutrientes,
Não lhe atribuo outras capacidades,
Beijo, Grande (como sempre)