Triste, tão triste esta era que vivemos. Onde rebenta com tanta força um ódio mascarado de deus, uma raiva pela nossa cultura segura e monótona onde todos somos charlie, todos temos uma opinião a dar no Facebook, nos blogs, nos artigos online, porque enfim, a liberdade é um dado adquirido e nós estamos zangados e gostamos de likes. Mas aqui, bem longe das culturas chacinadas, das crianças queimadas vivas, mulheres violadas, meninos raptados. Vocês aí, com as vossas bombas, e nós aqui, com os nossos belos hashtags.
Estou zangada eu também. Não sei o que motivará uns putos mais novos que o meu irmão rebentarem assim, sem mais nem menos, com eles e outros num dia normal. Não sei em que moradas se escondem estes monstros desumanos, deturpadores de uma fé que é, ao fim ao cabo, amor, só amor, e que conseguem chegar aos nossos do lado de cá, os que cresceram neste mundo evoluido e seguro e livre e superior, mas já sem fé e sem amor, vazios de esperança... Não sei que ódio é este, não entendo o fanatismo, não compreendo este desamor que os acusamos.
O que entendo, compreendo e vejo, é que acordamos num dia como outro qualquer, zangados com os impostos ou com a política, confortáveis no nosso mundinho seguro e monótono, e rebentaram-nos a segurança, abalaram os nossos supostos valores tão dignos de likes. E num piscar de olhos somos eles, e odiamos, berramos, apontamos o dedo a uma cor ou raça. Todos em guerras de likes e ofensas quando deveríamos estar do mesmo lado. O da tolerância. O da liberdade. O da paz. O do amor.
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