2013-11-22
Demissão, demissão e demissão
Mário Soares, cada dia mais assertivo, na vanguarda do combate à praga que
assaltou o poder em Portugal, encheu o grande auditório da Reitoria da
Universidade de Lisboa. Cadeiras, cochias, acessos e lá fora no átrio.
A mesa tinha Soares ao centro e à sua direita Helena Roseta, Pacheco Pereira
e Ruben de Carvalho, à sua direita estavam Víctor Ramalho que moderou a sessão,
Marisa Matias, Pinto Ramalho, Carlos do Carmo e Alfredo Bruto da Costa.
Mário Soares… percebeu-se logo ao que vinha e avisou que este não é o “bom caminho”, como falsamente por aí todos os dias nos massacram os ouvidos. Este - avisou - é o caminho que leva à ditadura. Exigiu a demissão do governo e exigiu, exigiu e exigiu a demissão do
Presidente da República. Incendiou o grande auditório e por entre as labaredas ouviam-se
ritmados os gritos de demissão, demissão e demissão.
A expectativa era grande e as intervenções dos vários oradores não desiludiram, por isso foram
várias vezes interrompidas por aplausos. Sem diminuir o alto nível das outras
destaco a intervenção do atual Pacheco Pereira. Quem vê a
Quadratura do Círculo conhece-o. Cultura,
humor, acutilância, apurada sensibilidade política. A assistência não lhe
poupou aplausos. Oiçam-no sff:
__________
......
Os exames aos professores
A minha inteligência não abarca tamanha inovação Cratiana!!! Exames nesta altura do campeonato?!
Mas não abarcando entendo que Nuno Crato precise de um alibi para forçar ainda mais a saída de uns quantos (muitos) e toca a corrê-los, via exames.
Mas interrogo-me agora e aqueles 10 000, segundo a comunicação social, que a União Europeia exige vínculo à função pública e aumento salarial; como ficam perante a atoarda do senhor ministro da (des)educação?
Mesmo com uma União Europeia a favor do governo e muito, com um presidente da Comissão chamado de Durão Barroso que está a favor de todas as trapalhadas contra o tribunal Constitucional e a puxar por este governo, apesar de tudo isto é tanta a infracção de princípios e normas que alguns puxões de orelha ao governo não podem deixar de chegar. Este governo tem decisões bárbaras de mais.
Etiquetas: Crato, professores, vínculo
A queda de um tabú
Nunca percebi porque razão as escadarias abaixo do edifício da Assembleia da República eram "um lugar sagrado". Nunca!! Sempre entendi e entendo que o não acesso não passa de uma prepotência do poder político.
Ontem, felizmente e ao contrário de várias tentativas, caiu esse "sacrossanto lugar" e de uma forma sensata.
Ainda bem. Uma manifestão das forças de segurança e da ordem contra a política de cortes deste governo forçou as forças da ordem que estavam do outro lado a ceder e subiram-se as escadas e desceram-se de forma pacífica.
Uma lição para este governo em que as proibições e os cortes são um paradigma da sua gestão.
Ouvi na rádio que o facto se deu, quando ia a caminho da reitoria, para estar presente no Congresso das "ditas esquerdas", aliás em defesa da constituição, da democracia e do estado social, promovido por Mário Soares.
Dei por ganho o meu tempo de lá ir, pois recolhi um ensinamento que não me era claro. Os portugueses estão muito mais desiludidos com Cavaco Silva do que com o governo.
Existe a noção clara de que quem sustenta o governo e as respectivas políticas de empobrecimento do país é o PR que jurou cumprir a constituição e parece que anda a rredio da sua leitura e interpretação.
Não foi só Mário Soares que gritou a demissão da Cavaco Silva. Foi toda a assembleia presente, certamente sem o apoio entusiasmado de Pacheco Pereira cuja intervenção foi brilhante. Para mim a melhor.
Etiquetas: Cavaco Silva, Demissão
2013-11-20
"Como se «vendeu» Passos ao PSD" e "Como se trabalhou a campanha contra Sócrates"
Cúmplice de Pedro Passos Coelho vangloria-se das campanhas
sujas, do condicionamento de opinião, das mentiras espalhadas pelos media e pelas redes sociais, levadas a
cabo por uma “task force” para o efeito criada e que assim, primeiro, ludibriando
os militantes do PSD ajudou Coelho a derrotar Paulo Rangel e Aguiar Branco na
corrida à presidência do partido e depois, manipulando os eleitores com os mesmos métodos, ajudou Passos Coelho a derrotar Sócrates.
A história desta atividade abjeta que ajudou a fabricar um
presidente do PSD e um 1ºM de Portugal vem descrita, com orgulho, pelo consultor
de comunicação, Fernando Moreira de Sá, um dos heróis desta saga, na revista
Visão de 14 de Novembro de 2013 e que reporta à sua tese de mestrado obtida na universidade de Vigo.
Eis o que nos relata a VISÃO:
Para ampliar, um clique na imagem.
Este texto da Visão
está aqui.
Etiquetas: Fernando Moreira de Sá, manipulação dos media, Passos Coelho, Visão Miguel Relvas.
2013-11-18
De Coelho a Rato
Passos Coelho nomeia Vasco Rato para a FLAD em substituição de Maria de Lurdes Rodrigues
que tinha a seu favor ter posto ordem na casa que Rui Machette deixara em
estado deplorável e em seu desfavor ter sido indicada pelo anterior governo de
Sócrates que, como se sabe, suscita compreensivelmente um ódio possesso a alguns portugueses pelos
terríveis males infligidos à pátria e ao mundo, desde responsabilidades devidamente apuradas no
dilúvio bíblico até, segundo fontes bem informadas de Massamá, na recente tragédia
das Filipinas.
Rui Machette
que fora distinguido pelos embaixadores norte-americanos por acusações de delapidar em luxos
e ostentação pessoal o dinheiro da Fundação foi substituído
por Maria de Lurdes Rodrigues ex- ministra da Educação. Teria o embaixador
americano má opinião também a seu respeito para levar o lépido Coelho a
substituí-la com tanta urgência por Rato?
“Maria de Lurdes
Rodrigues ... arrumou a casa e pôs termo a uma certa parasitagem que cirandava
pela Fundação. O embaixador norte-americano em Lisboa, Allan
J. Katz, viu-se obrigado a sair em sua defesa:
“(…) apoiámos
a nova Presidente da FLAD, a Professora Maria de Lurdes Rodrigues, e as
suas iniciativas para implementar mudanças significativas na política de
investimento e na gestão da organização. Actualmente, a situação financeira da
FLAD é sustentável e os objectivos e parâmetros de sucesso da instituição foram
refinados. Um estudo recente mostra que a FLAD reduziu os seus custos
administrativos em mais de 20% o que faz da instituição um bom modelo para o
Governo no seu esforço para encorajar a eficiência administrativa em todas as
fundações. Com a hábil liderança da Professora Maria de Lurdes Rodrigues, e com
o seu constante apoio e dedicação, a FLAD focou-se
com sucesso em quatro áreas importantes: a
internacionalização de instituições portuguesas, a língua e a cultura portuguesas nos Estados Unidos, as relações transatlânticas e as políticas públicas e um programa para os Açores.’ “
Mas, convenhamos, Vasco
Rato é um rapaz do círculo IN
do rapaz de Massamá…
Etiquetas: FLAD, Maria de Lurdes Rodrigues., Passos Coelho, Vasco Rato
2013-11-14
A austeridade que veio para ficar
Começa a ser difícil aceitar que o termo - austeridade - seja o mais adequado para descrever o que este governo está a fazer a Portugal.
O país está cada vez mais pobre, está a ser destruído, sem que um qualquer super tofão por cá passasse. A morte é lenta, não instantânea, mas certa. Menos espectacular apenas.
O poder do PSD/CDS está a ser mais arrasador que qualquer tofão, pois se os estragos decorressem da natureza, teríamos a ajuda de outros povos e a certeza de algo muito doloroso,.mas passageiro.
Com este governo, não. É algo para ficar. Os cortes nos rendimentos dos portugueses que teimam em não parar, vieram para ficar. É pelo menos a intenção do actual governo. A este respeito, a senhora ministra das finanças foi ontem muito clara. A tróika exige que a redução da despesa pública seja permanente. Como essa redução se traduziu no essencial em cortes de rendimento das pessoas que significa isto senão que os cortes feitos são definitivos?
Não sou constitucionalista, mas até à data os argumentos do TC foram deixar alguns cortes passar porque provisórios. Mediante esta clarificação do governo o que fará o TC?
Por outro lado, para manter o rácio actual - despesas públicas/PIB - só poderá haver alguma actualização de rendimentos com forte crescimento da riqueza do País, o que não está à vista com a política deste governo, que teima em afundar a procura interna.
Em síntese, o problema é mesmo do governo e dos seus objectivos. Com este governo as perspectivas continuam muito negras. Não é, pois, empobrecendo o País que ele se desenvolve nem se torna mais competitivo. E o Presidente é tão coveiro deste Portugal em queda para o abismo como o governo em funções. Mas as oposições também têm a sua quota parte de culpa, pois falta-lhes alguma coerência de propostas apresentadas.
Etiquetas: cortes de rendimento serão permanentes, Pais em empobrecimento
2013-11-11
Que está tró ló ló. Hum... não sei
Dizem que o senhor está meio tró ló ló e que portanto veio cá para fora
dizer o que cochicham no conselho de ministros sem se lembrar que um pilar da
política do governo a que empresta o respeito da sua idade é a mentira. Não a
mentira que todos ou quase todos os governos, em doses já mais ou menos
tabeladas, aqui e ali, utilizam, mas a MENTIRA em tudo o que é a essência e o
sentido da governação.
Por
conseguinte o homem veio, sem mais cerimónias, na santa inocência que a idade
lhe oferece, explicar que só se os juros no mercado secundário, nos empréstimos
a 10 anos, vierem por aí a baixo, para os 4 e picos por cento é que Portugal
pode dispensar um segundo resgate.
É claro que,
vir assim sem mais nem menos, dizer a verdade, ainda que muito relativa, cria
escândalo e dá prova, segundo os colegas mais treinados na trapaça, de
insanidade mental, tendo em conta os padrões de MENTIRA deste governo.
Não censuro
o senhor, pelo contrário acho que ao prestar um péssimo serviço ao governo que traiu
os portugueses (deixo de fora os banqueiros, os seus grandes acionistas e mais
uns poucos) prestou um bom serviço ao país – mesmo que, eventualmente, sem se
aperceber.
Por isso e
pelas mesmas razões que considerei positiva a anterior presença no governo
daquele inenarrável Miguel Relvas considero positiva a escolha deste senhor
para ministro de Estado e dos NE. É uma pessoa que, talvez devido à idade,
revela incapacidade em se adequar às exigências da grande MENTIRA que é a política
deste governo de Passos, de Portas, de Cavaco. Um governo de ministros criados
a biberon nos aparelhos partidários e que manejam magistralmente a mentira ao
serviço dos senhores, nacionais e estrangeiros, que de momento mandam no país e
que com ganas desejam servir, na esperança de jubilosos empregos futuros. O senhor
Machette ainda que involuntariamente, suspeito eu, ajuda a minar a
sustentabilidade da vergonhosa equipa. E… se isso é mau para uns poucos… é bom para muitos outros.
Há uma lição da História que é
necessário ter sempre presente: o que é ótimo para uns
pode ser péssimo para outros. É bom! É
bom!! É bom!!! Na política, no que toca à “governação” isto é, à regulação da vida em sociedade, à distribuição da riqueza, à garantia dos serviços que o Estado presta ou não presta aos cidadãos, quase
sempre o que é bom para os cidadãos em geral não é bom para os cidadãos que
ambicionam mais e mais riqueza seja a que preço for, com a fome, a doença, a ignorância ou o sangue de
quantos for preciso.
É uma liberdade essencial do capitalismo
e por ele garantida. Mormente pelo capitalismo no atual apogeu, neoliberal, dirigido
pelo sistema financeiro internacional sem rosto e sem pátria.
O desafio é dominar o monstro. E
como? Juntando forças. Não há lugar para o desânimo. Esse bicho horrível, o
maior predador do planeta, capaz do pior e do melhor já deu provas. Outrora
“inventou” o esclavagismo e depois conseguiu acabar com ele e assim por aí fora,
até aos dias de hoje. No mundo coexistem restos de quase todas os tipos de sociedade
que, umas após outras, foram ganhando a supremacia. E no plano individual coexistem homens com os
saberes e hábitos das sociedades
pré-históricas e homens com saberes e costumes de sociedades posteriores
numa gradação paulatina até aos sábios da atualidade que deixam sem fôlego, de espanto,
o comum dos seus concidadãos com as explorações que fazem nas margens do
infinito. Do infinitamente grande, para lá da galáxia que habitamos até ao
infinitamente pequeno que desfaz em nada (ou em energia) a pobre matéria. Tão
pouco organizada na maioria das nossas cabeças. Por isso creio que os homens serão capazes de vencer a favor de um futuro melhor a crise sistémica que atravessamos.
2013-11-07
Aguiar Branco num momento patético
O ministro da Defesa Nacional (MDN), Aguiar Branco, ontem
pela TV, hoje pelos jornais, deu a conhecer o perigo em que Portugal se
encontra por estar a caminhar para um Estado totalitário. O alarme foi dado no
âmbito de uma lição dada no Instituto de Defesa Nacional (IDN) em que era professor
convidado António Barreto.
Disse Aguiar Branco – cito o Público que reproduz o que ouvi
diretamente ao ministro nos noticiários televisivos – “existe em Portugal «a tentação de um Estado totalitário» provocado por
um «Estado social absorvente»”, trata-se de “um Estado social que absorve a
sociedade ao ponto de se tornar totalitário.”
Mas de que fala Aguiar Branco quando fala de “Estado
totalitário”? Fala do oposto a Estado totalitário, fala de estado social, em
sentido estrito. Senão vejamos: o Estado totalitário de que fala o MDN não é
algo com a natureza do salazarismo ou de qualquer outra ditadura, não se refere
a um Estado sem liberdade ou democracia. Não, para Aguiar Branco o Estado
totalitário a que se refere é “totalitário” porque tende a disponibilizar
acesso à saúde a “todos”, saúde
“totalitária”?, perigosamente igual para todos, ricos ou pobres. E de igual
modo para o ensino e educação, escola igual para “todos” e não em função do vencimento do papá. Estado totalitário ao querer abranger “todos” no apoio ao desamparo, no desemprego,
no direito à reforma, de acordo naturalmente com os descontos feitos.
Trata-se portanto, no pensamento do ministro, de um Estado
social “absorvente”, que “absorve” a sociedade ao ponto de se
tornar “totalitário”. Trata-se, mesmo
assim de uma exageração ministerial pois que há a liberdade de criar e oferecer
medicina privada e de a ela aceder quem quiser , desde que tenha dinheiro para
isso. O mesmo se passando com o ensino e até com a constituição de seguros de
reforma.
O que parece que Aguiar Branco pretende é que o Estado
reduza senão totalmente pelo menos ao máximo as ofertas de saúde (Serviço
Nacional de Saúde), de educação (escolas gratuitas ou quase), segurança social,
reforma assegurada e gerida pelo Estado. E o ministro quererá tudo isso porquê e para quê? Não porque
queira o mal de ninguém, seguramente pois julgo-o ” pessoa de bem”. Talvez seja porque partilha o pensamento “liberal” (no
sentido usado em Economia)de que quanto menos Estado melhor para a máxima liberdade
de cada um se desenvencilhar conforme o dinheiro que tiver no bolso. Mas
partindo duma “grelha de partida” em que uma pequena minoria de cidadãos ultra-milionários
são donos de quase tudo e outros donos de pouco ou mesmo nada. Partilha o nosso ministro a doutrina
neoliberal de Hayek, Friedman, da Escola de Chicago?.
Quer nos convencer que as fortunas ultra – milionárias que
conhecemos por aí , foram em geral, obtidas pelo “suor do seu rosto”, pelo
mérito?
O Estado social criado na europa e só tardiamente chegado a
Portugal a partir de 1974 e com muitas debilidades é uma conquista histórica
dos portugueses e representa um Estado que procura compensar as profundas
desigualdades e injustiças da sociedade fazendo alguma redistribuição da riqueza
usurpada por minorias que detêm o controlo maioritário do Estado exactamente
para enriquecerem. Ora aquela conversa de que “existe em Portugal «a tentação de um Estado totalitário» provocado
por um «Estado social absorvente»”, “um Estado social que absorve a sociedade ao
ponto de se tornar totalitário.” Não passa de uma conversa tola que tem o vão
objetivo de ludibriar os cidadãos. Para que iludidos aceitem a liquidação ou a redução
ao mínimo das funções sociais do Estado e assim as funções redistributivas da
riqueza nacional. Para quê? Para que se privatizem os hospitais, as escolas, a
segurança social, os fundos de pensões (desde que bem capitalizados). Para quê?
Para maior liberdade e oportunidade de os mais poderosos enriquecerem mais à
custa do empobrecimento da maioria portugueses e da proletarização da classe
média. Não porque Aguiar Branco deseje tão negras consequências para estes,
certamente, mas porque o dinheiro não cai do céu e para enriquecer os muito
ricos não há outro remédio.
O ministro lembrou-se ou alguém o lembrou de adornar a sua
proposta política para se pôr fim ao estado social ou reduzi-lo ao mínimo com
aquelas risíveis e despropositadas “palavrotas” de “totalitarismo” ou “ estado
social absorvente”.
Tudo isto para que se mude a Constituição no que ela tem de melhor e consagrado pelas conquistas democráticas e humanistas da Europa após a 2ª Guerra Mundial.
Vá lá Sr. MDN, um pouco de bom senso e de não tomar por
tolos aqueles que desejaria assustar e predispor a aceitar o roubo de uma vida
digna a que têm direito.
Para compreender as saídas da dívida soberana
A dívida é sustentável quando não há escrúpulos
No jornal Público de 8/10/2013
Se o Governo português declarasse que a actual dívida pública é
insustentável, esse gesto teria de ter como consequência a abertura
imediata de um processo de renegociação dessa dívida com os credores que
a detêm. Essa renegociação, feita em nome dos interesses do país, teria
de se saldar por um perdão de uma parte substancial dessa dívida, por
uma descida dos juros a aplicar sobre a dívida restante e por um
reescalonamento dos pagamentos, de preferência de forma indexada ao
desempenho da economia (balança comercial) e a indicadores sociais
(desemprego).
É evidente que se pode perguntar "Por que razão é que os credores
aceitariam receber menos dinheiro e mais tarde se podem receber mais
dinheiro e mais cedo?".
A resposta é que há uma situação em que os credores aceitam sempre
renegociar dívidas: quando essa opção é melhor do que a alternativa. A
renegociação é aceite pelos credores sempre que existe um risco de
incumprimento do devedor. Perante a possibilidade de deixar de receber
pagamentos, é racional que um credor baixe juros e alargue prazos de
pagamento. Esta renegociação não é um favor do credor nem é um pecado do
devedor. É algo comum no negócio. Segundo a lógica da economia
capitalista, é saudável ganhar ou perder com os negócios e, às vezes,
perde-se. Quando se empresta dinheiro a quem não pode pagar, fez-se um
mau investimento e, por isso, perde-se. E é uma condição essencial à
existência de um são mercado concorrencial que se possa ganhar quando se
faz um bom negócio e se perca quando se faz um mau negócio. Se houvesse
sempre a garantia de ganhar, fazendo bons ou maus negócios, não haveria
mercado e não haveria a sobrevivência dos mais capazes, como reza a
teoria. Mas - pode argumentar-se - isso não incentiva todos os devedores
a exigir renegociações? Isto não desequilibra o mercado em benefício
dos incumpridores? Não, por duas razões: por um lado, o credor pode não
aceitar a renegociação se considerar que tem boas possibilidades de
receber todo o seu dinheiro; por outro lado, o devedor paga um preço em
termos de reputação e, da próxima vez que precisar de financiamento,
pode não o encontrar no mercado, o que constitui uma forte penalização.
Quando o devedor é uma empresa, é fácil avaliar os seus activos e
ver se ela tem ou não condições para pagar. O seu património constitui
um conjunto finito, conhecido. No caso de um país, as coisas são mais
complicadas. Mesmo que um Estado não tenha reservas no tesouro nacional e
não possa imprimir dinheiro, pode sempre aumentar impostos, confiscar
bens privados, vender património, vender licenças para a exploração de
bens públicos. De facto, um Estado só declara incumprimento quando se
atinge uma linha vermelha que ele próprio decide. Mas pode acontecer que
um governo ache que o pagamento da dívida nos termos contratados se
sobrepõe a todos os deveres e deve ser feita "custe o que custar". Pode
acontecer que um governo pense que o pagamento da dívida se sobrepõe à
lei do país, aos direitos humanos, à moral. Neste caso, aumentará
impostos, cortará na educação e saúde, cortará nas pensões, nos apoios
sociais e venderá todos os bens públicos que possa. Quando se decide
pagar custe o que custar e não renegociar nunca, o incumprimento pode
nunca acontecer, mesmo que as condições dos empréstimos sejam moralmente
abjectas e economicamente destrutivas. Pode-se vender a Batalha e a
Torre de Belém. Pode-se vender o Algarve e a Madeira. Pode-se vender o
voto nas instâncias internacionais a quem pagar mais. Pode-se vender
concessões mineiras sem exigir garantias para o ambiente. Pode-se
garantir uma exportação de milhares de engenheiros por ano para a
Alemanha (a Alemanha gosta de receber Fremdarbeiter). Pode-se
oferecer o país para fazer experiências científicas difíceis de aceitar
noutros países. Pode-se criar uma rede de bordéis para utilização de
altos funcionários de organizações credoras. Pode-se fazer imensas
coisas para gerar dinheiro, pagar a dívida e satisfazer os credores.
Custe o que custar.
Inversamente, quando existe um mínimo de moralidade e de sentido
patriótico, há abjecções a que não se admite descer e que fazem com que a
dívida seja insustentável.
A maior parte dos economistas não comprometidos com os partidos do poder acha que a dívida actual é insustentável.
Passos Coelho e Cavaco Silva, pelo contrário, acham que é
sustentável. (É verdade que Cavaco diz que é masoquismo dizer o
contrário, sendo que antes disse o contrário do que disse agora, mas
isso é aquele problema de fios trocados que nós fingimos não ver.)
Há ainda imensas coisas que eles acham que se pode fazer para ir
buscar dinheiro. Não existe linha vermelha definida pela lei, pela moral
ou pelo interesse nacional que eles não admitam ultrapassar.
Isto significa que, enquanto Passos Coelho estiver no poder, a
renegociação não será vista como a melhor opção para os credores. Eles
sabem que têm um amigo na presidência e outro em São Bento. Enquanto
eles lá estiverem, os credores estão garantidos. A dívida vai ser
sustentada. Os portugueses, esses, é que vão ficar sem sustento.
About the Author
Membro da Comissão de Auditoria da IAC
Portas em Macau. Grande Gaffe Diplomática
Recebi (ontem) de um amigo esta notícia sobre mais UMA "GAFE de Portas:
O vice-primeiro-ministro Paulo Portas deixou
os convidados de uma recepção no consulado português de Macau à espera durante
duas horas. Cerca de metade das pessoas desistiram de esperar, noticia o Hoje
Macau, acrescentando que o governante português não se dignou a pedir desculpa.
POLÍTICA
DR
14:09 - 05 de Novembro de 2013 | Por Notícias
Ao Minuto
A publicação Hoje Macau noticia que o vice primeiro-ministro
português, Paulo Portas, tinha uma recepção marcada para 21h00 no consulado de
Portugal em Macau, para a comunidade portuguesa local, mas chegou duas horas
atrasado, o que fez com que grande parte dos convidados saíssem antes de ele
chegar.
PUB
Paulo Portas não se explicou nem desculpou o atraso e
começou a discursar normalmente, como se nada fosse. Na sala restaram apenas
alguns portugueses residentes em Macau e os que se deslocaram de Portugal para
ouvir o vice-primeiro-ministro no âmbito do Fórum Macau, sendo que praticamente
todos os convidados de etnia chinesa já tinham ido embora.
Relativamente ao discurso, o jornal nota que Portas falou
sobre as relações económicas recentes entre Portugal e a República Popular da
China como se estivesse a falar para empresários chineses e não à comunidade
portuguesa como um todo que era, afinal, o destinatário do convite endereçado
para a recepção.
Alguns portugueses radicados na região expressaram o seu
desagrado pelo comportamento do vice-primeiro-ministro: “Todos sabemos como os
chineses consideram este tipo de atraso como uma ofensa e uma falta de
consideração. É incompreensível esta atitude que basicamente tirou face à nossa
comunidade. Uma vergonha! Inenarrável!”, afirmou um empresário português.
2013-11-03
Os Governos deviam controlar os bancos mas os bancos é que controlam os governos
São os juros, os juros, os juros. Stupid!
Empenhado em que eu entenda o verdadeiro papel de controlo, hoje em dia, dos governos e das nossas vidas pelos bancos ou, se preferirem, pelo sistema financeiro totalitário, através da dívida pública enviaram-me este vídeo
http://www.youtube.com/watch?v=I6fImpY0jjw Diz o académico que o dinheiro deve ser criado pelo banco central controlado pelos governos e não pelos bancos privados que são responsáveis, nos EUA e no RU, pela criação de 97% do dinheiro circulante. Por lá como por cá.
Publicado em 10/10/2013
"O governo não pode ser autorizado a contrair empréstimos - nem um cêntimo - nunca mais, de ninguém! Os bancos são empresas e requer-se ás empresas que maximizem os seus lucros. O que isso significa? Isso significa que os bancos NUNCA terão como objetivo o interesse público! É impossível para eles funcionar para o interesse público! Portanto, não podemos dar-lhe o poder do dinheiro."
Palestra completa aqui:
http://www.mddvtm.org/detalhes-medida...
"Palestra de Bill Still na conferência do IFSS (Fórum Internacional sobre Sistemas Financeiros) em Istambul, Turquia (2013.09.12).
Bill Still é um ex editor e redactor de jornal. Escreveu para os jornais USA Today, The Saturday Evening Post, the Los Angeles Times Syndicate, OMNI magazine, etc. Escreveu 22 livros e dois vídeos documentários.
Em 1996 produziu o documentário aclamado "The Money Masters / Os Mestres do Dinheiro" (www.themoneymasters.com) que previu os eventos econômicos que estão apenas começando a acontecer. Coordenado pelo economista vencedor do premio novel Milton Friedman este é considerado o trabalho clássico sobre a reforma monetária."