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INSTITUTO DE CIÊNCIAS DE SAÚDE
TENHA ESPERANÇA DE MOCUBA
CURSO DE TÉCNICO DE MEDICINA GERAL 3° SEMESTRE
ANAMNESE EM NEUROLOGIA Conteúdo 1. IDENTIFICAÇÃO 2. QUEIXA PRINCIPAL 3. HISTÓRIA DA DOENÇA ACTUAL 4. História Médica Pregressa e Familiar. 5. História Pessoal e Social Identificação do paciente
• Nome, Idade – importância: a poliomielite é mais
frequente em crianças e o AVC é mais frequente em adultos; • Sexo – importância: doenças dismielinizantes e de tendência familiar, como Síndrome de Guillan Barré, podem ter incidência diferente entre homens e mulheres; Cont..1 • Profissão, • Estado civil, • Naturalidade, • Residência, • Religião – importância nos casos de exposição à Neuro -Tóxicos como chumbo ou cianeto e adubos organofosforados podem depender da profissão; Queixa principal e duração • Existe um leque variado de queixas que um doente neurológico pode apresentar durante uma visita na unidade sanitária. • De acordo com sua ordem de frequência se destacam as seguintes: Cefaleia (dor de cabeça) Convulsões Cont....
Alterações da consciência: Obnubilação, Sonolência ou
letargia, Confusão mental ou estado confusional ou delírio, Estupor ou turpor, Coma. Insónia e Hipersónia Disfasia Disartria Vertigem Ataxia Parestesia Paralisias e Paresias Hipertonia Anestesia. Hipoestesia e Hiperestesia Movimentos involuntários Mioclonias Fasciculações Coreia Identificação de queixas associadas a condições neurológicas
• O senhor tem dor de cabeça?, para determinar a
presença de cefaleia. • O senhor está a sentir formigueiros, picadas nas mãos, nos pés? • As pernas ficam adormecidas?, para determinar a presença de: • Parestesia -Sensações na ausência de estímulos. • Anestesia - ausência total de sensações. • Hipoestesia - sensibilidade baixa para o nível de um estímulo. • Hiperestesia - sensibilidade alta para o nível de um estímulo. • O senhor teve convulsões? para determinar a presença de convulsões. A pergunta neste caso poderá ser mais adequadamente dirigida ao acompanhante ou informante, porquanto muitas vezes o paciente não terá memória do sucedido. • Está a notar que tem tremores nas mãos, nos braços?’ para identificar a presença de movimentos involuntários: mioclonia, fasciculações, hipertonia, coreia. • O senhor está a movimentar bem seus braços, suas pernas?” para identificar a presença de paralisias. • Desmaiou?”; “Têm algum problema ou mal-estar na consciência?” para identificar a presença de alterações da consciência, coma.
• A senhora está a dormir bem?”; “Acorda a noite?” para
identificar a presença de insónia, sonolência, hipersonia.
• A senhora lembra dos acontecimentos passados?
Lembra aonde esteva no verão passado (ou usar alternativamente datas comuns como feriados e dias festivos)?” para identificar a presença de amnésia. • O senhor sabe aonde está agora?”, Sabe que dia da semana é hoje?” para identificar a presença de confusão mental ou desorientação. • Consegue andar normalmente, sem dificuldade?; Quando anda ou fica parado, tem a impressão de estar caindo?” para identificar a presença de distúrbios de marcha e do equilíbrio. História da doença actual (HDA) • É a chave-mestra para se chegar ao diagnóstico. • HDA bem-feita em neurologia vai por exemplo permitir diferenciar sequelas antigas de um AVC, um AVC recidiva, um AVC primário recente de um AVC em curso.
• Isso têm implicações sobre o plano de tratamento,
sua urgência e sobre a gravidade da situação. a. Determinação do sintoma ou queixa principal
• Há vários sintomas que podem ser apresentados
por doentes neurológicos, sendo a cefaleia o mais comum. • É importante salientar que o sintoma chave será influenciado pelo nível intelectual do paciente, sua familiaridade com a terminologia médica bem como com o Técnico de Medicina. • É necessário ter em conta que as mesmas palavras podem ter significados diferentes os pacientes. • Por ex.: • Visão turva- pode significar perda unilateral da visão ou tontura.
• Dormência- pode significar perda completa de
sensibilidade, paralisia or formigamento.
• Tontura- pode significar síncope iminente, sensação
de embriaguez ou vertigem. b. Pesquisa da época de seu início e evolução
• É importante esclarecer o momento exacto de
início e a velocidade de progressão dos sintomas sentidos pelo paciente.
• O tipo de início assim como o tipo de evolução
ajuda no raciocínio do diagnóstico etiológico. Tipos de início:
• Início súbito. O início súbito deve ser comparado,
para o paciente entender bem, como sendo parecido com o estalar de um trovão. Este tipo de início pode lembrar a ruptura de um aneurisma cerebral que causa um tipo de AVC (o hemorragico).
• Início rápido. Ocorre dentro de segundos ou poucos
minutos, em geral indica um evento vascular (AVC isquêmico) ou uma convulsão. • Início insidioso- O início insidioso lembra lesão expansiva ou doenças, lentamente, progressivas como as degenerativas doença de Parkinson, a doença de Alzheimer ou doenças infecciosas crónicas (criptococose meníngea, tuberculose, tripanossomíase-doença do sono) Tipo de evolução e factores desencadeantes/atenuantes:
• Evolução estacionária- A evolução estacionária
indica uma doença que deixa sequela, como por exemplo um trauma medular ou hemorragia cerebral. • Evolução regressiva- É considerada quando no decorrer dos meses ou dias, houver melhora dos sinais ou sintomas. • Evolução progressiva- aumentam com o tempo, como as doenças degenerativas e as lesões expansivasEx: (cancro, etc). • Pode estar associado às manifestações sistémicas de febre, rigidez da nuca e alteração do nível de consciência sugerindo um processo infeccioso (ex. Meningite).
• Evolução paroxística/ recidivante.
• Diferem apenas na duração dos sintomas. • No primeiro tipo, os sinais/ sintomas devem durar por minutos ou poucas horas (ex. crise epiléptica, enxaqueca) enquanto no segundo tipo, os sinais/sintomas poderão durar meses (ex. Esclerose Múltipla) e depois regredir, total ou parcialmente. • Evolução ondulante. • Caracteriza algumas doenças que sofrem influência de factores internos, como a hipo ou hiperglicemia, uremia, amonemia (afetando a circulação cerebral, por exemplo).
• É necessário investigar se há factores que melhoram
ou pioram o sintoma, perguntando sobre os factores de melhoria e de pioria separadamente. Os factores podem ser:
• Situações físicas: fazer exercício/caminhar pode piorar
a dor ou sensação parestésica;
• Factores ambientais: a luz pode piorar a dor de cabeça
na enxaqueca ou meningite; ficar no escuro pode aliviar a dor de cabeça.
• O acender ou desligar a TV (psicadélicas) pode
desencadear crise convulsiva na Epilepsia. • Factores psicossociais: o stress no trabalho pode piorar uma situação de dor de cabeça. • A cefaleia pós punção lombar melhora com o decúbito dorsal e piora com a posição ortostática.
• A avaliação da severidade da dor é circundada por
medição com escalas de dor, que podem ser verbais (referidas como leve, moderada, severa) ou escalas visuais -EV (abaixo). As escalas visuais podem ser:
• Verbais: o paciente escolhe um nível de dor (em
termos numéricos de 0=nenhuma dor à 10= dor mais intensa possível de experimentar) • Gráficas: apresenta-se um gráfico de evolução crescente da “intensidade da dor” – exemplo abaixo mostra faces, mas pode ser de gráfico de barras. • Escrita: o paciente marca a intensidade da sua dor numa linha recta gráfica com princípio e fim bem determinado (geralmente de 10 cm). Figura 3. Escala de dor de faces. • O uso de escalas é particularmente útil em pacientes com problemas em comunicar-se (AVC, demência); • E em paciente que experimentam dor crónica.
• Não há infelizmente uma forma objectiva já
validada de avaliação de intensidade de dor em pacientes inconscientes. Sintomas relacionados:
• Muitas doenças neurológicas ocorrem no contexto de
outros distúrbios clínicos. • Por ex: sintomas de hipertensão arterial (cansaço, tontura, cefaleias, etc.) podem estar presentes num paciente com hemiparésia (paralisia parcial de metade do corpo) ou hemiplegia (paralisia total de metade do corpo), afasia (incapacidade de falar ou perceber ou ambas por lesão do córtex cerebral associativo respectivo), etc. • No contexto de AVC; sintomas de diabetes melito (poluiria, emagrecimento, sudorese, dispneia, etc.) podem estar presentes num paciente com parestésias, alteração do nível de consciência. • Sintomas gerais de infecção: febre, cefaleia, mal estar geral, sinais de choque séptico.
• Convulsões e perda de consciência ocorrem nas
situações graves de afecção do sistema nervoso central: • por ex: meningite, malária cerebral, diabetes mellitus complicada, outras doenças metabólicas. Revisão dos sistemas
• Similar ao aprendido em aulas de semiologia, constitui
um complemento da história da doença actual. • Trata-se de um interrogatório orientado sobre os vários sistemas destacando sintomas e sinais mais comuns para cada um deles. • O paciente pode não reparar ou não dar importância à alguns sintomas que de facto podem ajudar e ser relevantes no diagnóstico e tratamento. • Geral: febre, alterações de peso, alteração no dinamismo. • Cabeça e pescoço: cefaleia, tontura, alterações no pescoço como paralisias. Olhos: dor ocular, problemas de visão como dupla visão, lacrimejamento, sensação de olho seco Ouvidos: dor, zumbido, vertigem, perda da sensibilidade auditiva (acuidade) Nariz: obstrução,espirros, corrimento, incapacidade de sentir cheiro(anosmia) Cavidade bucal: aftas,halitose, dor de garganta, tosse, dificuldade na deglutição, etc • Sistema Respiratório: dificuldade para respirar, falta de ar, pieira, etc. • Sistema Cardiovascular: dor no peito, palpitações • Sistema Digestivo: diarreia, obstipação, etc. • Sistema genitourinario: dor ao urinar, incontinência urinária, poluiria, etc. • Sistema Nervoso: consciência, tontura, desmaio, vertigem, convulsão, dor na face, perda de memória, da psique, de sensibilidade, alterações de sono, etc.
• Sistema musculoesquelético: dores ao movimento,
fraqueza muscular, formigamento, etc. HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA E FAMILIAR, HISTÓRIA PESSOAL E SOCIAL
• História Médica Pregressa
• O uso de gentamicina, kanamicina e outros
aminoglicósidos pode exacerbar sintomas de fraqueza e tonturas (lesão tóxica do ouvido interno). • Pacientes com ingestão excessiva de vitamina A podem gerar sintomas de um tumor cerebral (cefaleias, hemiparesias, hemiplegias, etc.). • História de HTA pode estar relacionada com uma cefaleia ou uma paralisia (AVC). • Infecções como tuberculose, malária, sífilis, herpes, podem estar relacionadas com uma meningite tuberculosa, malária cerebral, neurosífilis, meningite e encefalite virais, paralisia do nervo facial, entre outras condições neurológicas. História Pessoal e Social
• Também, à semelhança de outras áreas da
medicina, a presença de antecedentes pessoais deve ser questionada activamente, assim como o uso de substâncias exógenas, medicamentos, drogas lícitas ou ilícitas.
• As seguintes perguntas devem ser feitas:
• Está a tomar algum medicamento prescrito ou suplemento alimentar? • Se sim qual? • Usa alguma droga ilícita? • Consome algum tipo de bebida alcoólica? • O consumo de álcool e drogas ilícitas são os maiores neurotóxicos. • Tem história de doença cancerígena? • Se sim, fez quimioterapia ou radioterapia? • Práticas sexuais (quantidade de parceiros e se fixo ou não, uso de preservativos, etc.) História Familiar • Perguntas à serem feitas:
1. Seus pais e avós são vivos?
2. Se forem, estão bem de saúde?
3. Se não, que doenças tiveram?
4. Como foi que morreram?
5. Qual foi a idade da morte?
Doenças a serem realçadas
1. Problemas cardiovasculares: Hipertensão
Arterial, Infarto Agudo do Miocárdio, AVC. 2. Doenças metabólicas:DM – diabetes mellitus. 3. Doenças neoplásicas -câncer diversos. Fim obrigado