8º Ano - Capítulo 9 - Brasil Do Começo Do Século XIX

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Capítulo 9 – O

Brasil do começo
do século XIX
A população brasileira no início do século XIX
Segundo dados coletados pela Igreja Católica no início do século XIX, 4 milhões de
pessoas viviam no Brasil.

260 mil eram indígenas, muitos morando em aldeamentos. Pouco mais de um milhão
de pessoas eram brancas.

Existiam ainda cerca de 500 mil negros libertos ou nascidos livres e quase 2 milhões de
negros escravizados.
A população brasileira no início do século XIX
Essa população vivia principalmente em zonas rurais, trabalhando em fazendas e
engenhos.

As principais cidades brasileiras nas primeiras décadas do século XIX: Rio de Janeiro,
com cerca de 80 mil pessoas, e Salvador, com mais de 60 mil habitantes.

Recife, com mais de 25 mil habitantes. São Luís e São Paulo contavam, na época, com
cerca de 20 mil moradores.
Um país rural
No começo do século XIX, o Brasil era um país essencialmente rural.

Grande parte da sociedade desenvolvia atividades para o abastecimento interno:


mandioca, milho, feijão, entre outros.

Esses produtos eram vendidos por pequenos comerciantes e ajudavam a interligar


economicamente as diversas partes do país.
Um país rural
O açúcar, o algodão e o fumo permaneciam como os principais artigos vendidos ao
exterior.

O café era cultivado no Brasil desde a segunda metade do século XVII, porém de
modo não significativo e a preço baixo.

Na década de 1830, o café, produzido inicialmente em regiões do Rio de Janeiro,


tornou-se a principal mercadoria exportada pelos brasileiros.
Um país rural

O produto se espalhou para outras regiões e se tornou a base da economia brasileira


durante todo o século XIX e início do século XX.

Promoveu a modernização do país, com a introdução de novas tecnologias e de


novos meios de transporte, como o ferroviário.

A falta de indústrias, fazia com que o Brasil continuasse dependente de mercadorias


industrializadas vindas do exterior.
Um país rural
Importava-se roupas, ferramentas agrícolas, utensílios domésticos e até alimentos
processados, como queijos e presuntos.

As indústrias que as elites tentaram implantar não tiveram força para concorrer com
os produtos ingleses.

Investiam seus recursos nas atividades agroexportadoras, especialmente o café,


bastante valorizado à época na Europa.
Uma sociedade profundamente desigual
No governo de D. Pedro I, a sociedade brasileira era hierarquizada. No topo, estava a
elite, estavam os grandes proprietários de terras e os comerciantes.

Abaixo, pequenos comerciantes, funcionários do governo, oficiais das Forças


Armadas, entre outros. Abaixo, os trabalhadores manuais e as pessoas pobres.

Na base, indivíduos escravizados. Desempenhavam as atividades produtivas do novo


país e sofriam cotidianamente diversas formas de violência.
Uma sociedade profundamente desigual
A Constituição de 1824 excluiu das eleições grande parte da sociedade.

Apenas os homens brancos, livres e com certas posses tinham todos os direitos
políticos de um cidadão.

Os pobres, as mulheres, as crianças, os indígenas e os escravizados, não tinha


direitos plenos e era marginalizada.

Isso não significa que esses grupos não lutavam por mudanças ou não participavam
da construção do país.
As mulheres na sociedade brasileira do século XIX

No século XIX, o inglês John Luccock


afirmou que as mulheres viviam
reclusas, era muito raro ver mulheres
andando pelas ruas da cidade.

Essa situação não se aplicava a todas as


mulheres do Brasil após a
independência. Elas desempenhavam
diferentes papéis na sociedade.
As mulheres na sociedade brasileira do século XIX

Viúvas de fazendeiros, assumiam a


administração de fazendas. Nas cidades,
vendedoras ambulantes, ou outras
tarefas para sobreviver.
As mulheres na sociedade brasileira do século XIX
As mulheres viviam em uma sociedade bastante discriminatória tinham seus direitos
negados. A Constituição de 1824 previa que elas não podiam votar nem participar
da política.

As chances de receberem educação formal eram muito menores em relação às dos


homens, e o número de mulheres alfabetizadas também era inferior.

Em 1827, criadas as primeiras faculdades brasileiras, e apenas homens se


matriculavam. Somente no fim do império que as mulheres puderam cursar o
Ensino Superior no Brasil.
Nísia Floresta Brasileira, responsável pela tradução da importante obra da feminista
inglesa Mary Wollstonecraft, Reivindicação dos direitos da mulher, de 1792.

Lutou pelos direitos das mulheres no Brasil e, nos anos 1850, mudou-se para Paris,
publicou um conjunto de artigos sobre a emancipação feminina.

A luta de mulheres por direitos possibilitou o surgimento de grupos organizados que


passaram a exigir mudanças políticas no país no século XX.
A vida das crianças no Brasil do início do século XIX
As condições de vida das crianças no Brasil do
século XIX variavam de acordo com o grupo
social.

As da elite, tinham acesso a bens materiais, boa


alimentação e educação, e utilizavam roupas e
brinquedos fabricados pelos escravizados
domésticos.

Meninos e meninas das famílias da elite recebiam


formações educacionais distintas: os meninos
eram instruídos para ocupar cargos públicos e
participar da vida política da sociedade.
A vida das crianças no Brasil do início do século XIX
A vida das crianças no Brasil do início do século XIX
Muitos fazendeiros desejavam que seus filhos se tornassem advogados, funcionários
públicos e políticos.

Já a educação feminina era voltada principalmente para os trabalhos manuais e o


cuidado doméstico.

Ler e escrever não eram prioridade para as meninas, e muitas cresciam sem ser
alfabetizadas.

As crianças das camadas populares, tinham bem menos recursos e chances que as
crianças ricas.
A vida das crianças no Brasil do início do século XIX
O abandono de meninos e meninas era muito comum. Outras que viviam em casas
pobres e começavam a trabalhar desde muito cedo para ajudar a família.

Diversas crianças negras escravizadas, que já nasciam na condição de cativas Muitas


morriam antes de atingir os cinco anos de idade.

Era tratada como adulta e considerada pronta para o trabalho aos 11 anos. Aos 14
anos, adquiria o mesmo valor que um escravizado adulto, podendo ser vendida em
mercados.
A vida dos escravizados
No início do século XIX, o tráfico de escravizados para o Brasil se intensificou. De
maneira legal ou ilegal, africanos de diferentes etnias foram introduzidos no país.

Pendes, songos, ganguelas, oiós e ifés eram alguns desses povos trazidos para a
América. O principal porto de desembarque desses trabalhadores era o do Rio de
Janeiro.

A maioria da população escravizada trabalhava em zonas que produziam mercadorias


para exportação, como os engenhos de açúcar e as plantações de algodão, café e
tabaco.
A vida dos escravizados
Viviam nas senzalas. A depender de suas habilidades, escravizados viviam nas cidades
prestavam serviços, pelos quais cobravam, fora da propriedade de seus donos.

Eram os escravizados de ganho, que podiam atuar como vendedores de doces,


transportadores de pessoas e de cargas, barbeiros, fabricantes de utensílios e etc.

Possuir pessoas escravizadas era sinal de prestigio, e os proprietários costumavam


participar de eventos sociais, como as missas de domingo, acompanhados de seus
cativos.
A vida dos escravizados
A vida dos escravizados
A vida dos escravizados
Viviam nas senzalas. A depender de suas habilidades, escravizados viviam nas cidades
prestavam serviços, pelos quais cobravam, fora da propriedade de seus donos.

Eram os escravizados de ganho, que podiam atuar como vendedores de doces,


transportadores de pessoas e de cargas, barbeiros, fabricantes de utensílios e etc.

Possuir pessoas escravizadas era sinal de prestigio, e os proprietários costumavam


participar de eventos sociais, como as missas de domingo, acompanhados de seus
cativos.

Médicos, advogados, professores, funcionários públicos, pequenos comerciantes,


militares possuíam pelo menos uma pessoa escravizada.
As populações indígenas no início do Império
O novo governo criou políticas para lidar com a população indígena que vivia no
território brasileiro.

Existiam comunidades nativas que viviam em aldeamentos portugueses e que foram


consideradas como parte da população do Brasil.

Eles foram considerados cidadãos do império e tinham os mesmos direitos que os


demais cidadãos brasileiros. Eram considerados "civilizados".
As populações indígenas no início do Império
Muitos outros grupos que não viviam em aldeamentos, os quais foram considerados
"selvagens".

O governo trabalhou para que esses nativos se adaptassem as leis e às regras do novo país,
obrigando-os a seguir os valores culturais da sociedade brasileira.

Como se dizia na época, era um projeto que visava "civilizar o índio selvagem".

Nasceu, em 1824 a proposta de criar um aldeamento civilizatório para a comunidade dos


botocudos.

Os indígenas aldeados, não foram considerados cidadãos, mas indivíduos tutelados, sem
direitos políticos.
As populações indígenas no início do Império
Essa política na realidade contribuiu para desorganizar o modo de vida dos nativos,
que acabaram utilizados na realização de tarefas úteis ao Estado brasileiro.

Muitos indígenas foram recrutados para as Forças Armadas e, a partir de 1850,


obrigados a trabalhar na abertura de novas frentes agrícolas pelo país.

Um dos efeitos disso é que ela legitimou a tomada de terras dessas populações
nativas.

Com a desculpa de civilizá-las, muitas comunidades foram retiradas de suas terras e


obrigadas a viver em aldeamentos.
D. Pedro l e a Constituição de 1824
Uma de suas primeiras tarefas de D. Pedro I foi convocar uma Assembleia para criar
uma Constituição para o novo país.

Houve uma eleição para a constituinte Em maio de 1823, a Assembleia Constituinte -


formada por representantes da elite brasileira - reuniu-se.

O projeto de Constituição que estava sendo elaborado previa, entre outros aspectos, a
limitação dos poderes do imperador.

D. Pedro I não concordou com essa limitação, dissolvendo a Assembleia Constituinte em


novembro do mesmo ano.
D. Pedro l e a Constituição de 1824
D. Pedro I encarregou o Conselho de Estado, a missão de criar um novo projeto de
Constituição que não limitasse seus poderes.

A saída encontrada foi pouco convencional.

Estabeleceu-se a divisão dos poderes em quatro: os três surgidos a partir do pensamento


iluminista (Executivo, Legislativo e Judiciário) e mais um novo, o Moderador.
O Poder Moderador, atribuído ao
imperador, lhe permitiria intervir nos
demais poderes.

Dissolver a Câmara dos Deputados,


convocar novas eleições, aprovar decisões
da Assembleia Geral e revendo as
deliberações dos juízes brasileiros.

O imperador tomava-se a maior autoridade


do país e tinha força para reverter qualquer
decisão que contrariasse seus interesses.

A monarquia brasileira nasceu fortemente


identificada com os princípios absolutistas.
A Constituição reforçaria as desigualdades
da sociedade brasileira, estabelecendo o
voto censitário, apenas aqueles que
possuíam determinada renda teriam o
direito de votar.

Mulheres, pessoas escravizadas e


menores de idade não poderiam votar
nem concorrer a cargos políticos.

A Carta Magna, foi outorgada pelo


imperador em março de 1824, dando
origem a primeira Constituição brasileira.
Confederação do Equador
A decisão de revogar a Assembleia Constituinte e criar um novo projeto de
Constituição provocou desentendimentos entre parte das elites brasileiras e o novo
imperador.

Essa parcela da sociedade passou a ver D. Pedro I como autoritário e capaz de


contrariar seus interesses.

Esse descontentamento abriu caminho para críticas e revoltas contra o novo


governo em diversas partes do país.
Confederação do Equador
Um dos protestos mais significativos ocorreu pouco depois que a Constituição foi
imposta: em julho de 1824, irrompeu a chamada Confederação do Equador.

Envolveu membros das elites das províncias: Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do
Norte e Ceará, descontentes com as decisões do Imperador que removiam o poder das
elites locais.

Jornais com críticas a D. Pedro I, comandados por Cipriano Barata e frei Caneca. Deu-se
início a um movimento de independência dessas províncias.

O governo agiu rapidamente, sufocando a revolta e perseguindo seus líderes, tendo


condenado vários à morte.
Problemas internacionais
O primeiro deles foi a Guerra da Cisplatina, (1825). Tratava-se de um conflito
entre forças brasileiras e argentinas pelo controle da Província Cisplatina (atual
Uruguai).

Essa província era uma antiga possessão colonial espanhola, incorporada ao


território brasileiro no final do Período Colonial por D. João VI.

Os argentinos decidiram intervir na região e conseguiram a vitória militar em


1828.

A província da Cisplatina tornou-se independente, dando origem a um novo


país na parte sul da América Latina, o Uruguai.
O segundo acontecimento internacional foi a questão da sucessão do trono em
Portugal.

Com a morte de D. João VI, em 1826, quem deveria assumir a Coroa era a filha de D.
Pedro I, dona Maria, que tinha apenas 7 anos de idade.

O irmão do imperador, D. Miguel, organizou um golpe para assumir o trono. D.


Pedro I decidiu intervir na disputa.

As elites brasileiras viram tal atitude como um exemplo do descaso do imperador


com a realidade brasileira, o que abalou ainda mais o prestígio e a autoridade de D.
Pedro I.
O terceiro acontecimento internacional estava relacionado com a pressão inglesa pelo
fim da escravidão no Brasil.

Os ingleses pressionavam regiões escravistas a proibir o comércio de escravizados, já


que essa prática era prejudicial aos interesses econômicos da Inglaterra.

O governo brasileiro fez um acordo com os ingleses estes reconheceriam a existência


do novo governo, em troca, o Brasil criaria uma lei que interromperia o tráfico de
escravizados.

A lei do fim do tráfico foi promulgada em 1831, o que provocou um


descontentamento ainda maior entre as elites, que dependiam diretamente desse
tráfico.
Começa o Período Regencial
Seu sucessor, Pedro de Alcântara, era uma criança com pouco mais de 5 anos.

Por isso, de acordo com a Constituição, o governo brasileiro deveria ser ocupado
temporariamente por regentes escolhidos pelos deputados e senadores.

Os regentes governariam até o futuro imperador completar 18 anos, idade em que


atingiria a maioridade, estando livre para assumir o trono.

Entre 1831 e 1840, o Brasil foi governado por quatro governos regenciais. Sem a
presença de uma autoridade forte, porém, esse período acabou marcado por inúmeros
conflitos.
Isso fez com que o governo regencial promovesse uma série de reformas.

O governo tinha o objetivo de controlar os conflitos e as revoltas e de evitar novos


movimentos que ameaçassem os privilégios das elites e que promovessem revoluções
sociais.

Em 1831, os regentes criaram a Guarda Nacional, uma força armada, não remunerada,
instituída com o objetivo de controlar a população e enfraquecer as revoltas populares.

A Guarda era independente do Exército e formada apenas pela população civil.


Cada cidade teria membros da Guarda, os quais deveriam prestar obediência ao
coronel da região.

Esse era o cargo mais alto da nova instituição, sempre ocupado por um chefe
político local aliado das elites.

Dessa maneira, a Guarda consolidou o poder dos grandes proprietários de terra.

A Guarda Nacional era mobilizada para conter revoltas que desafiavam a autoridade
do governo regencial.
Esse papel fazia com que os coronéis e outras lideranças da Guarda ganhassem
relevância política.

Graças a essa influência, os coronéis acabavam concedendo favores aos indivíduos


que moravam em sua comunidade.

Um exemplo comum era conseguir a dispensa de pessoas que sofreram


recrutamento compulsório para o Exército. Em troca, a pessoa passava a dever
favores ao coronel.

Essas trocas de favores fortaleciam os coronéis e os transformavam em figuras de


grande autoridade nas comunidades locais.
Isso deu origem a um sistema político conhecido como coronelismo. O coronel
passava a ter grande influência sobre a vida e as decisões políticas da comunidade
onde vivia.

Isso se acentuou nas décadas seguintes e se tornou a principal marca da política


brasileira na virada do século XIX para o XX, como você estudará no próximo ano.

A Guarda Nacional só seria extinta em 1922.

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