Direito Internacional, Slides
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Direito Internacional, Slides
De acordo com o art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça (a CIJ é o único órgão que está
fora do EUA, localizado na Holanda), promulgado pelo Decreto nº 19.841/1945, serão utilizadas
como fontes do Direito Internacional:
Fontes Primárias
● convenções internacionais;
● costume internacional;
Fontes Secundárias
● jurisprudência e doutrina.
FONTES
artigo 38 da CIJ afirma que a Corte poderá utilizar como base de decisão a
determinada situação.
FONTES
Art. 38. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que
lhe
forem submetidas, aplicará:
a. as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente
reconhecidas pelos Estados litigantes;
b. o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;
c. os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;
d. sob ressalva da disposição do Artigo 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais
qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.
Parágrafo Único: A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma
questão ex aequo et bono, se as partes com isto concordarem.
SUJEITOS E ATORES DE DIREITO INTERNACIONAL
• a) igualdade soberana;
• e) cooperação internacional.
Integração frequente entre os direitos nacionais, o direito de
sistemas regionais de integração e o direito internacional
O cenário internacional contemporâneo é marcado por um processo dinâmico de integração
regional e multilateral. Além de produzir normas entre dois Estados (tratados bilaterais), há um
intenso processo de construção de direitos envolvendo muitos Estados ao mesmo tempo (tratados
multilaterais). Existem centenas de processos de integração em curso, de diversas naturezas. O
sistema de integração em estágio mais avançado é a União Europeia, que compreende a livre
circulação de pessoas, de mercadorias e a intensa troca cultural; mas outros processos regionais de
integração avançam mais timidamente, como o Mercado Comum do Sul (Mercosul), a Associação
das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e o Acordo de Livre Comércio da América do Norte
(NAFTA), por exemplo.
TRATADOS
A sociedade internacional tem usado muito os tratados como meio legislativo do DI. Após a
criação da ONU surgiu em 1945 para garantir a paz e a segurança do mundo), JÁ EXISTEM MAIS de
2.000 tratados. O processo e formação destes tratados multilaterais é hoje o principal e mais
importante processo legislativos nas relações internacionais. A natureza jurídica dos tratados varia
de acordo com o entendimento dos autores. Alguns entendem que os tratados não são fontes do
Em relação a sua natureza material (conteúdo do tratado), temos duas classificações importantes,
que geram efeitos concretos no direito nacional:
• em função da natureza do tratado: contrato ou norma;
• em função da matéria: direitos humanos ou tratados em geral.
Classificação dos tratados
a) Tratados-norma e tratados-contrato
Tratados-norma criam regras de direito, em geral comuns às partes, sem uma contraprestação
específica pelos Estados. Não há uma relação de troca, mas a criação de normas comuns. Em geral,
são celebrados entre diversos Estados.
Tratados-contrato criam benefícios recíprocos, em geral de cunho econômico ou financeiro. Seriam
as regras negociadas entre Estados para a redução recíproca de tributos ou a suspensão de
barreiras não alfandegárias em proporções equitativas, por exemplo. A classificação ganhou
importância no Brasil, a partir de uma decisão do Supremo Tribunal Federal, diferenciando os
tratados-contrato dos tratados-norma. Apenas os tratados contrato tinham o poder de revogar
normas nacionais de natureza tributária, pois se considerava a existência de hierarquia entre leis
complementares e leis ordinárias, e apenas os tratados-contrato seriam suficientes para revogar leis
complementares. Com a consolidação do direito internacional, a classificação foi aos poucos
perdendo sua importância. Essa classificação caiu em desuso.
Atualmente, se o tratado for internalizado, ainda que tratado-norma, irá revogar a norma tributária
que disponha de forma contrária. A classificação entre tratados-contrato e tratados-norma não
conserva um significado relevante no direito contemporâneo.
Classificação dos tratados
b) Tratados de direitos humanos e tratados em geral.
Outra classificação que ganha mais destaque recentemente separa os tratados de direitos humanos
dos demais. Muitos Estados consideram os tratados de direitos humanos como de importância
diferenciada, por vezes de hierarquia superior. O fundamento do destaque seria o sentido da
norma. O tratado não seria uma obrigação em relação aos demais Estados, mas uma obrigação em
relação aos indivíduos de cada Estado.
Diversas Cortes têm-se manifestado neste sentido (CEDH, CIJ). O Parecer consultivo da Corte
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) é exemplar:
A Corte deve enfatizar, contudo, que os tratados modernos sobre direitos humanos, de modo geral
e, em particular, a Convenção Americana, não são tratados multilaterais de formato tradicional,
concluídos em função de um intercâmbio recíproco de direitos, para o benefício mútuo dos Estados
contratantes. Seu objeto e seu fim são a proteção dos direitos fundamentais dos seres humanos,
independentemente de sua nacionalidade, tanto diante de seu próprio Estado como diante de
outros Estados contratantes. Ao aprovar esses tratados sobre direitos humanos, os Estados
submetem-se a uma ordem legal dentro da qual eles, pelo bem comum, assumem várias
obrigações, não em relação com outros Estados, mas com indivíduos sob sua jurisdição (CEDH,
Parecer consultivo OC-2/82, de 24.09.1982).
TRATADOS
No Brasil, o tema é regido pela Constituição Federal, art. 84, VIII, que determina as
competências privativas do Presidente da República: “Celebrar tratados,
convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional”. Por
celebrar tratados, deve-se entender todo o processo de negociação, até mesmo a
assinatura, quando esta não for suficiente para engajar definitivamente o tratado.
Somente pode ratificar o tratado após a autorização do Congresso Nacional, como
veremos abaixo. Existe uma questão jurídica interessante derivada do texto
constitucional brasileiro. De acordo com a Constituição Federal, as competências
privativas do Presidente da República não podem ser delegadas a seus ministros. As
O BRASIL E OS TRATADOS
exceções são previstas no parágrafo único do mesmo artigo, mas não incluem o
inciso VIII, que se refere ao poder de celebrar tratados. Desta forma, o Presidente
da República não poderia delegar poder algum ao Ministro das Relações Exteriores
ou mesmo aos diplomatas para participarem das negociações. Se a competência é
indelegável, como poderia ele ou ainda mais o Ministro das Relações Exteriores
conferir plenos poderes a um diplomata?
A questão parece não encontrar solução jurídica na Constituição. Na prática, o
Brasil segue uma tradição típica de direito costumeiro, construída desde o Império,
aceita pelos três poderes e consolidada no direito internacional. Pelo próprio
princípio da razoabilidade, a Constituição deve ser interpretada de forma a garantir
a negociação por meio dos diplomatas e não exigir que o Presidente da República
esteja presente em todas as negociações.
O BRASIL E OS TRATADOS
• Ratificação:
A ratificação é ato formal do Estado pelo qual indica seu consentimento em estar submetido a um
determinado tratado. Também é conhecida por aceitação, aprovação ou ato formal de confirmação.
Nos tratados bilaterais, a ratificação é realizada com a troca de notas diplomáticas entre os sujeitos
envolvidos. Nos tratados multilaterais, para ser considerada válida, a ratificação precisa ser
registrada no secretariado da Convenção ou do respectivo órgão depositário.
Cada Estado pode definir quem será competente para ratificar tratados. Em geral, a sua aprovação é
ato privativo do Poder Legislativo, sendo em seguida realizado pelo Poder Executivo, mas há
exceções, a exemplo do Reino Unido, onde a ratificação cabe à Coroa.
Competências e procedimentos para a ratificação de tratados
no Brasil
A Constituição Federal é a principal base legal para determinar a competência sobre ratificação dos
tratados. Na verdade, falta no ordenamento pátrio uma legislação específica sobre direito dos
tratados, que teria como objetivo sanar dúvidas jurídicas importantes. De forma geral, o Brasil não
foge à regra internacional, mas encontramos algumas peculiaridades. Existem dois artigos
constitucionais que cuidam do tema. Vejamos:
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
I – resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; (...)
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)
VIII – celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a
referendo do Congresso Nacional;
Interpretando o art. 49, conclui-se que o Congresso Nacional tem a competência de autorizar a
ratificação dos tratados que gerem repercussões financeiras de forma ampla. No entanto, essa
competência é ampliada pelo art. 84 para todos os demais casos, uma vez que o referendo do
Congresso Nacional nada mais é do que a autorização da ratificação dos tratados. Como não existe
ratificação provisória, somente com o referendo do Congresso, o Brasil pode efetivamente
comprometer-se.
O processo administrativo percorre o seguinte trâmite:
• o Ministério das Relações Exteriores traduz o texto negociado para o português, prepara uma minuta da
Mensagem Presidencial, faz a análise jurídica da legalidade do texto e encaminha ao Presidente da República;
• a Casa Civil da Presidência da República faz uma análise da legalidade e do mérito do tratado, tecendo suas
considerações;
• o Presidente, estando de acordo, envia a Mensagem, acompanhada da Exposição de Motivos à Câmara dos
Deputados;
• a Câmara aprova o tratado, remete em seguida ao Senado Federal;
• o Senado aprova o tratado;
o Presidente do Senado promulga, então, um Decreto Legislativo, que é publicado no Diário Oficial do Senado.
Este ato representa o referendo do Congresso Nacional.
CONVENÇÃO
Convenção – refere-se a tratado multilateral que estabelece normas gerais a todos os partícipes,
por exemplo, Convenção de Viena sobre Tratados, Convenção de Viena sobre Relações
Diplomáticas, Convenção sobre o Direito do Mar, Convenções da OIT (organização Internacional do
Trabalho) etc. A convenção é um conjunto de regras e critérios estabelecidos entre as partes,
normalmente durante reuniões internacionais. Ela funciona mais como um costume, ou seja, é uma
conduta que serve de base para que uma lei seja futuramente criada.
Quando existe conflito entre tratados e Constituição, a solução dada pelo juiz nacional depende do
sistema constitucional do Estado. A Constituição poderá optar pela superioridade do tratado com
relação a ela própria, revogando em si, as disposições contrárias ao tratado. De qualquer forma
necessário que haja uma reciprocidade, onde deve ser observado a proteção da Constituição, que é
dever dos poderes políticos.
TRATADOS
Conflito entre tratados e lei ordinária.
Nesse raciocínio, o Estado, para os dualistas, seria um antecedente lógico do Direito Internacional, ou seja,
não seria o Estado que está para o Direito Internacional, mas sim este que está para aquele. Em outras
palavras, para que o Direito Internacional seja integrado à ordem jurídica interna, faz-se necessário também
entendê-lo como parte integrante do Direito estatal, este sim a única ordem verdadeiramente soberana. Seria
o Direito do Estado (ou seja, o Direito criado exclusivamente pelo Estado, sem a participação de qualquer outro
ente) o responsável único a autorizar o ingresso de uma norma internacional no plano do Direito interno.
Por tais motivos é que, para os dualistas, os compromissos internacionalmente assumidos pelo Estado não
têm a potencialidade de gerar efeitos automáticos na ordem jurídica interna se todo o pactuado não se
materializar na forma de uma espécie normativa típica do Direito interno: uma emenda constitucional, uma lei,
um decreto, um regulamento etc.
A teoria dualista
É dizer, a norma internacional só vale quando “recebida” pelo Direito interno, não operando, a simples
ratificação, essa transformação. Seria necessária uma derradeira manifestação dos poderes constituídos (v.g.,
do Poder Legislativo), a fim de transformar a norma internacional em norma interna. Nesse caso, havendo
conflito de normas, já não mais se trataria de contrariedade entre o tratado e a norma interna, mas entre duas
disposições nacionais, uma das quais é a materialização da norma convencional transformada.
Dessa forma, esses dois ordenamentos jurídicos – o do Estado e o internacional – podem andar pareados
sem, entretanto, haver primazia de um sobre o outro, pois distintas são as esferas de suas atuações. Assim, não
pode um preceito de direito das gentes revogar outro que lhe seja diverso no ordenamento interno. O Estado
pactuante obriga-se a incorporar tais preceitos no seu ordenamento doméstico, assumindo somente uma
obrigação moral; mas, se não o fizer, deverá ser responsabilizado no plano internacional.
A teoria dualista
Ocorre que nenhuma Constituição brasileira jamais exigiu dupla manifestação do Congresso
Nacional como condição de validade dos tratados internacionais no nosso ordenamento interno.
Além da aprovação do tratado – por meio de Decreto Legislativo –, nunca se exigiu a edição de
um segundo diploma legal (uma norma específica) que reproduzisse as regras convencionais, a fim
de materializá-las internamente. Os defensores do chamado dualismo moderado, por sua vez, não
chegam ao extremo de adotar a fórmula legislativa para que, só assim, o tratado entra em vigor no
país, mas admitem a necessidade de um ato formal de internalização, como um decreto ou um
regulamento executivo. A Suprema Corte brasileira tem exigido, após a aprovação do tratado pelo
Congresso Nacional e a troca dos respectivos instrumentos de ratificação – o que, de resto, a
prática brasileira já segue há vários anos –,que seja o tratado internacional promulgado
internamente, por meio de um decreto de execução presidencial (não se exigindo seja o tratado
“transformado” em lei interna). Para o Supremo Tribunal Federal, tal decreto executivo, como
momento culminante do processo de incorporação dos tratados ao sistema jurídico brasileiro, é
manifestação essencial e insuprimível, considerando-se seus três efeitos básicos: a) a promulgação
do tratado internacional; b) a publicação oficial de seu texto; e c) a executoriedade do ato
internacional. Nesse sentido, poder-se-ia dizer que o STF tem assumido a posição dualista
moderada.
Teoria Monista
Os autores monistas (que têm em Kelsen o seu maior expoente) partem de uma inteligência
diametralmente oposta à concepção dualista, vez que têm como ponto de partida não a dualidade,
mas a unidade (ou unicidade) do conjunto das normas jurídicas, internas e internacionais. Para a
corrente monista, então, o Direito Internacional e o Direito interno são dois ramos do Direito dentro
de um só sistema jurídico.
Trata-se da teoria segundo a qual o Direito Internacional se aplica diretamente na ordem jurídica
dos Estados, independentemente de qualquer “transformação”, uma vez que esses mesmos
Estados, nas suas relações com outros sujeitos do direito das gentes, mantêm compromissos que se
interpenetram e que somente se sustentam juridicamente por pertencerem a um sistema jurídico
uno, baseado na identidade de sujeitos (os indivíduos que os compõem) e de fontes (sempre
objetivas e não dependentes – como no voluntarismo – da vontade dos Estados). Sendo assim,
tanto o Direito interno como o Direito Internacional estariam aptos para reger as relações jurídicas
dos indivíduos, sendo inútil qualquer processo de transformação das normas internacionais no
ordenamento jurídico interno. Em outras palavras, uma norma internacional, quando aceita por um
Estado (v.g., quando este ratifica um tratado), já tem aptidão para ser aplicada no plano do seu
Direito interno, sem a necessidade de ser “transformada” em norma interna (por ato posterior de
um dos poderes constituídos, v.g., o Poder Legislativo)
Teoria Monista
Para a doutrina monista, a assinatura e ratificação de um tratado por um Estado significa a
assunção de um compromisso jurídico; e se tal compromisso envolve direitos e obrigações que
podem ser exigidos no âmbito do Direito interno do Estado, claro está que não se faz necessária, só
por isso, a edição de um novo diploma normativo, “materializando” internamente (pela via da
transformação) o compromisso internacionalmente assumido. O Direito Internacional e o Direito
interno formam, em conjunto, uma unidade jurídica, que não pode ser afastada em detrimento dos
compromissos assumidos pelo Estado no âmbito internacional.
Aceita a tese monista, surge, porém, um problema hierárquico a ser resolvido, qual seja, o de
saber qual ordem jurídica deve prevalecer em caso de conflito, se a interna ou a internacional. Em
outras palavras, aceitando a tese da unidade das duas ordens jurídicas, nasce a questão da
hierarquia entre as normas internas e internacionais, o que não acontece quando se aceita a
doutrina dualista, que vê as duas ordens jurídicas como esferas separadas e sem interpenetração
entre elas (a menos que o Direito Internacional seja transformado em Direito interno, como já se
falou).
Em suma, segundo o nosso entendimento, são três as correntes em que se divide a teoria monista quanto à
hierarquia entre o Direito Internacional e o Direito interno. Vejamos cada uma delas:
Teoria Monista
a) Monismo nacionalista: Segundo essa concepção, o Direito Internacional não seria mais que
uma consequência do Direito interno. Trata-se da doutrina constitucionalista nacionalista. Os
monistas nacionalistas aceitam a integração do direito das gentes ao Direito interno, mas sob o
ponto de vista do primado da ordem jurídica estatal, valendo tal integração somente na medida
em que o Estado reconhece como vinculante em relação a si a obrigação contraída. Esse
reconhecimento, segundo Kelsen, “pode operar-se expressamente por um ato de legislação ou
do governo, ou tacitamente, pela efetiva aplicação das normas do Direito internacional, pela
conclusão de convênios internacionais, pelo respeito das imunidades estatuídas pelo Direito
internacional. É dizer, o Direito Internacional só tem valor internamente sob o ponto de vista do
ordenamento interno do Estado, pois é a ordem jurídica estatal (a Constituição do Estado).
* crítica: a)se explicam o fundamento do tratado, não explicam satisfatoriamente o fundamento
do costume; e b) se as Constituições estatais fundamentam o Direito Internacional, não se explica
como este continua a vigorar, mesmo com as modificações nelas introduzidas. Registre-se, ainda,
outra crítica, feita por Jorge Miranda, para quem o monismo nacionalista “acaba por reverter numa
forma de negação do Direito Internacional, por se aproximar muito da orientação doutrinal (hoje
completamente ultrapassada) que vê o Direito Internacional como uma espécie de Direito estatal
externo.
Teoria Monista
b) Monismo internacionalista: O monismo com primazia do Direito Internacional
sustenta a unicidade da ordem jurídica sob o primado do direito externo, a que se
ajustariam todas as ordens internas (posição que teve em Kelsen o seu maior
expoente). Segundo essa concepção, o Direito interno deriva do Direito
Internacional, que representa uma ordem jurídica hierarquicamente superior. No
ápice da pirâmide das normas encontra-se, pois, o Direito Internacional (norma
fundamental: pacta sunt servanda), do qual provém o Direito interno, que lhe é
subordinado. Ambos os ordenamentos, o interno e o internacional, sob o comando
deste último, marcham pari passu rumo ao progresso ascensional da cultura e das
relações humanas. Em outras palavras, o Direito Internacional passa a ser
hierarquicamente superior a todo o Direito interno do Estado, da mesma forma
que as normas constitucionais o são sobre as leis ordinárias, e assim por diante.
Teoria Monista
Esta é a posição originária de Kelsen, que, por esse motivo, não admitia pudesse haver conflito
entre as ordens interna e internacional, sob esse estrito ponto de vista. Mas frise-se que esse
primado absoluto do Direito Internacional – que independe de qualquer reconhecimento interno e
e superior à vontade dos Estados (civitas maxima) – foi sendo gradativamente abrandado por alguns
outros juristas, dentre os quais figura Alfred von Verdross.
“A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969) consagrou expressamente a posição
monista internacionalista no seu art. 27 (Direito interno e observância de tratados), segundo o qual
um Estado “não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento
de um tratado”. Tal significa que quando “uma obrigação internacional é violada, a defesa não pode
consistir na alegação de que o Estado agiu dessa maneira por estar seguindo os ditames de suas
próprias leis internas”. Isso quer dizer, em outras palavras, que as normas internas que compõem o
ordenamento jurídico estatal (incluindo-se aí a Constituição do Estado) são um simples fato para o
Direito Internacional Público.
Teoria Monista
c) Monismo internacionalista dialógico: A teoria monista internacionalista “clássica” que se
acabou de estudar tem bem servido (até o presente momento) ao Direito Internacional Público,
contando com o apoio da melhor doutrina (tanto no Brasil, como no exterior). Ela, porém, não
diferencia as normas internacionais pelo seu conteúdo (pelo seu núcleo material ou substancial). Ou
seja, a primazia da norma internacional sobre a norma interna, para o monismo internacionalista
clássico, é de caráter intransigente (não admitindo qualquer concessão por parte da norma
internacional).
Ocorre que, quando em jogo o tema “direitos humanos”, uma solução mais democrática (e,
portanto, transigente) pode ser adotada, posição essa que não deixa de ser monista, tampouco
internacionalista, mas refinada com dialogismo (que é a possibilidade de um “diálogo” entre as
fontes de proteção internacional e interna, a fim de escolher qual a “melhor norma” a ser aplicada
no caso concreto). Essa “melhor norma” há de ser encontrada à luz da dimensão material ou
substancial das fontes de proteção em jogo, prevalecendo a que maior peso protetivo tiver em
determinado caso concreto.
Em outros termos, no que tange às relações entre os tratados internacionais de direitos
humanos e as normas domésticas de determinado Estado, é correto falar num “diálogo das fontes”.
Os próprios tratados de direitos humanos (bem assim a prática dos organismos regionais de direitos
humanos, v.g., da Comissão e da Corte Interamericana de Direitos Humanos) têm contemplado esse
“diálogo” internormativo textualmente, quando exigem seja aplicada a norma “mais favorável” ao
ser humano. Essa “via de mão dupla” que interliga o sistema internacional de proteção dos direitos
humanos com a ordem interna (e que juridicamente se consubstancia em ditos vasos comunicantes)
faz nascer o que também se pode chamar de transdialogismo.
Essa, nos parece, é a tendência do direito pós-moderno no que tange às relações do Direito
Internacional (dos Direitos Humanos) com o Direito interno. deve-se dizer que a questão
envolvendo as doutrinas dualista e monista (esta última, com suas divisões em nacionalista,
internacionalista e internacionalista dialógica) é relevante, na prática, a fim de saber se um Estado
pode ou não invocar o seu ordenamento jurídico interno para se esquivar do cumprimento daquilo
que fora acordado internacionalmente. A resposta – negativa – foi dada pela Convenção de Viena
sobre o Direito dos Tratados (art. 27), bem como por reiterados pronunciamentos da CIJ.
DUALISMO X MONISMO
Enfim, a controvérsia acerca das duas grandes correntes da aplicação das
normas internacionais (dualismo versus monismo) ainda persiste na doutrina. Este,
entretanto, é um problema de Direito interno de que o Direito Internacional não se
ocupa. Para o direito das gentes, basta o reconhecimento da obrigatoriedade de
suas normas em caso de conflito. A decisão de como e mediante quais
procedimentos o Direito Internacional Público é recepcionado no âmbito do Direito
interno dos Estados é matéria que fica a cargo do ordenamento jurídico estatal. O
Direito Internacional Público positivo sempre consagrou a primazia das suas
normas em relação a todas as demais do ordenamento interno. Basta-lhe, pois, o
reconhecimento de vigência e eficácia imediatas de seus princípios e regras no
âmbito dos direitos domésticos.
SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL
São sujeitos do Direito Internacional Público todos aqueles entes ou entidades cujas condutas
estão diretamente previstas pelo direito das gentes (ou, pelo menos, contidas no âmbito de certos
direitos ou obrigações internacionais) e que têm a possibilidade de atuar (direta ou indiretamente)
no plano internacional. Nasce, dessa maneira, em primeiro lugar, a noção de pessoas de Direito
Internacional como sendo aqueles seres ou organismos cuja conduta é regulada pelo Direito
Internacional Público e em relação aos quais quaisquer concessões de direitos e imposições de
obrigações são por ele determinados.
Características dos sujeitos de Direito Internacional:
a) só são sujeitos do Direito Internacional aqueles que estão em relação direta e imediata com a
norma internacional e que não necessitam de qualquer intermediação estatal para que os efeitos da
norma se projetem em sua esfera jurídica (pois é evidente que o Direito Internacional afeta os
sujeitos do Direito.
b) a personalidade jurídica internacional pode ter vários graus de capacidade (que pode ser mais
ampla, como no caso do Estado, ou menos ampla, como no caso dos indivíduos).
SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL
Além de direitos, os Estados também têm obrigações no plano internacional nas
suas relações com os demais sujeitos componentes da sociedade internacional,
podendo ser responsabilizados em caso de descumprimento dos comandos do
Direito Internacional em relação aos quais prometeram efetivo cumprimento.
Não importa ao Direito Internacional o tamanho territorial do Estado, o maior ou
menor número de sua população, bem como sua capacidade econômica.
Coletividades interestatais
As coletividades interestatais são as entidades formadas por Estados para
determinados fins e conhecidas pelo nome de Organizações Internacionais. Trata-
se de entidades criadas por acordos constitutivos entre Estados com personalidade
jurídica distinta da dos seus membros. São elas produto da associação de vários
Estados, estabelecida em tratado internacional, para gerir as finalidades às quais
foram criadas.
SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL
Diferentemente dos Estados, que podem sobreviver sem estar condicionados à existência de
uma Constituição, por ser um aglomerado humano a viver em certa base territorial, sob
determinada forma de regramento, as organizações internacionais não passam de uma realidade
eminentemente jurídica, uma vez que, como destaca Rezek, “sua existência não encontra apoio
senão no tratado constitutivo, cuja principal virtude não consiste, assim, em disciplinar-lhe o
funcionamento, mas em haver-lhe dado vida, sem que nenhum elemento material preexistisse ao
ato jurídico criador”.
MSF proporciona também ações de longo prazo, na ajuda a refugiados, em casos de conflitos
prolongados, instabilidade crônica ou após a ocorrência de catástrofes naturais ou provocadas pela
ação humana. A organização foi criada com a ideia de que todas as pessoas têm direito a
tratamento médico, e que essa necessidade é mais importante do que as fronteiras nacionais (com
base na tese do direito de ingerência humanitária
SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL
Os indivíduos: compõem o conceito contemporâneo de Direito Internacional Público, ao lado
dos Estados e das organizações internacionais intergovernamentais. A condição dos indivíduos
como detentores de personalidade jurídica internacional é uma das mais notáveis conquistas do
Direito Internacional Público do século XX, lograda em decorrência do processo de desenvolvimento
e solidificação do Direito Internacional dos Direitos Humanos. É certo que a capacidade dos
indivíduos, no plano internacional, é limitada, o que não lhes retira a personalidade jurídica.
O Tribunal de Nuremberg, instituído para julgar as atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra
Mundial pelos nazistas é exemplo das responsabilidades, direitos e obrigações dos indivíduos.
Representação do Estado no Direito Internacional
A personalidade do Estado é, como se sabe, formulada em termos eminentemente jurídicos.
Portanto, o Estado não tem como atuar (quer no cenário interno, quer no internacional) senão por
meio de pessoas que agem e funcionam em seu nome. No que tange à ação exterior do Estado, tais
pessoas agem como órgãos externos da potência soberana para a qual trabalham, variando sua
competência de acordo com a maior (v.g., o Presidente da República ou o Ministro das Relações
Exteriores) ou menor (os membros de missões junto a organizações internacionais).
Para o Direito Internacional Público, é o chefe de Estado – quer seja chamado de Presidente da
República, de Imperador, de Rei ou, até mesmo, de chefe de Governo – o responsável central pela
dinâmica das relações internacionais. No Brasil, a Constituição é clara ao afirmar que compete
privativamente ao Presidente da República “manter relações com Estados estrangeiros e acreditar
seus representantes diplomáticos” (art. 84, inc. VII). A competência para tais atos (que é privativa)
pode ser delegada a outros agentes, como ao Ministro das Relações Exteriores ou aos Chefes de
Missão Diplomática. Estes últimos, quando de caráter permanente, têm sua designação aprovada
previamente pelo Senado Federal, que os sabatina em sessão secreta (CF, art. 52, inc. IV).
Representação do Estado no Direito Internacional
Chefes de Estado. Salvo declaração formal em contrário, são os chefes de Estado (também
chamados de Soberanos) os responsáveis pela mais alta direção dos negócios públicos nacionais,
assim como pela dinâmica das relações internacionais dos Estados que representam.
No Brasil, as atribuições do chefe de Estado (ou seja, do Presidente da República) vêm expressas
em vários incisos do art. 84 da Constituição de 1988, sendo de maior interesse ao Direito
Internacional, especialmente as seguintes: a) manter relações com Estados estrangeiros e acreditar
seus representantes diplomáticos (inc. VII); b) celebrar tratados, convenções e atos internacionais,
sujeitos a referendo do Congresso Nacional (inc. VIII); c) declarar guerra, no caso de agressão
estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no
intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a
mobilização nacional (inc. XIX); d) celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso
Nacional (inc. XX); e e) permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente (inc. XXII). Tais atribuições
do chefe de Estado como responsável pela dinâmica das relações internacionais são fruto de um
constitucionalismo histórico.
Representação do Estado no Direito Internacional
Os privilégios e imunidades que os chefes de Estado, chefes de Governo e
Ministros de Estado ostentam são os seguintes:
• isenção de medidas coercitivas, extensiva à sua família e aos seus bens. O que se entende
atualmente é que tais privilégios que os chefes de Estado e seus familiares detêm em território
estrangeiro decorrem dos princípios de cortesia e de boa convivência entre as potências
estrangeiras.
• Imunidade em matéria penal – impossibilidade de demandá-lo criminalmente em qualquer
tribunal estrangeiro, à exceção dos crimes relativos à jurisdição do Tribunal Penal Internacional. O
fundamento dessa imunidade, que não se encontra positivada em norma convencional
(diferentemente do que ocorre com o pessoal da missão diplomática e consular), assenta-se no
princípio da inviolabilidade da pessoa dos chefes de Estado e seus altos funcionários, princípio
esse reconhecido pela unanimidade da doutrina comparada.
Representação do Estado no Direito Internacional
Imunidade em matéria civil – opera nos casos de o chefe de Estado atuar na sua condição de
representante do Estado, e não quando ele atua na condição de pessoa privada (na qualidade de
herdeiro ou legatário, por exemplo). Será total a imunidade civil quando o chefe de Estado estiver
em visita ao país estrangeiro. Quando ausente de um país estrangeiro, é preciso distinguir entre a
sua qualidade oficial (praticante de atos públicos) ou particular (praticante de atos privados),
cabendo a imunidade civil somente no que tange aos primeiros (atos públicos praticados na
condição de representante do Estado).
Imunidade de polícia e tributos – impedimento de impor-lhes multas administrativas ou cobrar-lhes
tributos pessoais, de consumo ou congêneres, a exemplo dos impostos aduaneiros, salvo impostos
que recaiam sobre propriedade ou atividade comercial lucrativa exercida no país estrangeiro. À
equipe presidencial que acompanha o chefe de Estado em suas missões estrangeiras também são
atribuídos os mesmos privilégios e imunidades, a fim de que desempenhem, com eficácia e com
total liberdade, os seus misteres internacionais, até que permaneçam atuando no respectivo cargo.
Representação do Estado no Direito Internacional
Ministro das Relações Exteriores. Não obstante a importância dos chefes de Estado como
responsáveis pela dinâmica das relações internacionais, o certo é que já está ultrapassada a fase da
sua participação direta e ativa nos negócios exteriores do Estado. Modernamente, dada a variedade
de funções que lhe incumbem, o chefe de Estado não tem mais condições de atender pessoalmente
à direção de todos os serviços do país no exterior. Modernamente, dada a variedade de funções que
lhe incumbem, o chefe de Estado não tem mais condições de atender pessoalmente à direção de
todos os serviços do país no exterior.
O Ministro das Relações Exteriores é o responsável maior pelas funções administrativas da política
exterior de um Estado. Sua principal missão, regulada pelo Direito interno de seu país, é dirigir os
negócios de seu Estado nas relações deste com as demais potências estrangeiras, norteando a
política exterior que melhor convier aos interesses nacionais. Trata-se de um verdadeiro auxiliar do
chefe de Estado em matéria de política externa e de condução dos negócios internacionais do
Estado.
As atribuições do Ministro das Relações Exteriores são de natureza interna e externa, mas é certo
que as suas principais tarefas dizem respeito ao âmbito dos problemas exteriores do seu Estado.
Representação do Estado no Direito Internacional
Agentes diplomáticos. Embora a gerência das relações internacionais constitua função diretiva
do chefe de Estado, com a administração externa do Ministro das Relações Exteriores, é claro que o
seu perfeito funcionamento, dada a sua complexidade, depende também de um corpo determinado
de funcionários especialmente treinados para tal finalidade. Assim, os funcionários que um Estado
envia a outro, ou a uma organização internacional intergovernamental, para atuar nas relações
entre ambos, defendendo os seus direitos e representando os seus interesses, é o que se chama de
agentes diplomáticos, cujas funções e competências vêm reguladas pela Convenção de Viena sobre
Relações Diplomáticas de 1961, que é o instrumento que codificou coerentemente o direito
costumeiro que vinha sendo aplicado até a sua entrada em vigor.
Os embaixadores são os agentes de maior importância na hierarquia diplomática, seguidos pelos
ministros plenipotenciários (detentores dos plenos poderes para negociações internacionais) e, por
fim, pelos representantes diplomáticos. Em relação aos primeiros (embaixadores), a Convenção de
Viena de 1961 lhes atribui a condição de chefes da missão diplomática (v. art. 14, infra).
Representação do Estado no Direito Internacional
A nacionalidade é um direito fundamental da pessoa humana, cujo único titular capaz de outorgá-la (já
se disse) é o Estado soberano. O que este Estado faz é outorgar a nacionalidade ao indivíduo, sem afetar
o direito que este tem de optar por outra nacionalidade, sempre que isto lhe for conveniente e
juridicamente possível. Os Estados não podem se furtar em estabelecer distinção entre os seus nacionais
e os estrangeiros.
Não se pode, ademais, esquecer as regras fundamentais insculpidas no art. 15, §§ 1º e 2º, da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, que dispõem: “. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. Ninguém
será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de titular do direito de legislar sobre a
nacionalidade (no caso brasileiro, esse poder é conferido à União, nos termos do art. 22, inc. XIII, da
Constituição de 1988), não se exclui do indivíduo o direito à sua nacionalidade, daí se abstraindo que a
condição de nacional também se manifesta pela vontade dos indivíduos que compõem o Estado.
Conceito de nacionalidade
Aspectos sobre a Nacionalidade: a aquisição da nacionalidade , a nacionalidade
adquirida, a naturalização e a perda da nacionalidade.
A nacionalidade pode ser originária ou adquirida, sendo a primeira a que resulta do nascimento
e a segunda a que provém de mudança da nacionalidade anterior. Em geral, todo indivíduo, ao
nascer, adquire uma nacionalidade, que poderá ser a de seus pais (jus sanguinis) ou do estado de
nascimento (jus soli).
No passado, a nacionalidade era sempre a dos pais (jus sanguinis), mas, com o surgimento dos
Estados Unidos e dos países da América Latina, os dirigentes dos novos países compreenderam que
novo critério deveria ser adotado, daí surgindo o critério do jus soli.
A Constituição do Império consagrava essa tese ao estipular no art. 6º que: “São cidadãos
brasileiros os que no Brasil tiverem nascido, quer sejam ingênuos ou libertos, ainda que o pai seja
estrangeiro, uma vez que este não resida por serviço de sua nação”.
NACIONALIDADE
O princípio do jus soli passou a figurar em todas as Constituições brasileiras, sendo que a exceção
atribuída apenas aos funcionários diplomáticos passou a sê-lo aos filhos de todos os funcionários
que se encontrassem no exterior a serviço do País. A Constituição de 1988 vai mais longe, pois diz,
no art. 12, I, c, com a redação dada pela Emenda Constitucional n. 54, de 2007, que são brasileiros
natos: “os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam
registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do
Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira”
Conceito de nacionalidade
Em decorrência de conflito positivo entre os princípios do jus soli e do jus sanguinis, a criança
pode nascer com dupla nacionalidade. Ao contrário, no caso de conflito negativo, a criança não
adquire a nacionalidade quer do jus soli quer do jus sanguinis, ocorre a ausência de nacionalidade,
ou seja, a criança será apátrida. Nesse ponto, cabe ressaltar que a Convenção Americana de Direitos
Humanos reconhece, tal qual a Declaração Universal de Direitos do Homem, o direito à
nacionalidade (artigo 20).
Além disso, de modo original, a Convenção combate a apatridia, ao determinar que o indivíduo tem
direito à nacionalidade do estado, em cujo território houver nascido, se não tiver direito a outra.
Assim, neste último caso, o estado brasileiro seria obrigado a conceder a nacionalidade brasileira.
Nacionalidade e cidadania.
Trata-se de duas matérias inter-relacionadas, mas que juridicamente não se confundem. A
distinção nem sempre é fácil de fazer, tendo em vista que o conteúdo jurídico do conceito de
cidadania foi ampliado sobremaneira, notadamente após a Segunda Guerra Mundial.
O primeiro esboço do conceito de cidadania teve origem, historicamente, com o surgimento dos
direitos civis, no decorrer do século XVIII (chamado Século das Luzes), sob a forma de direitos de
liberdade, mais precisamente a liberdade de ir e vir, de pensamento, de religião, de reunião, pessoal
e econômica, rompendo-se com o feudalismo medieval na busca da participação da sociedade.
A concepção moderna de cidadania surge, então, quando ocorre a ruptura com o Ancien Régime
absolutista, em virtude de ser ela incompatível com os privilégios mantidos pelas classes
dominantes, passando o ser humano a deter o status de “cidadão”, tendo asseguradas, por um rol
mínimo de normas jurídicas, a liberdade e a igualdade contra qualquer atuação arbitrária do então
Estado-coator.
Nacionalidade e cidadania.
Pode-se considerar a nacionalidade como sendo o elo jurídico-político que liga o indivíduo a
determinado Estado e a cidadania como a condição de exercício dos direitos constitucionalmente
assegurados, que não mais se limita à mera atividade eleitoral ou ao voto, compreendendo também
uma gama muito mais abrangente de direitos – por sua vez, oponíveis à ação dos poderes públicos –
e, também, deveres para com toda a sociedade. A cidadania, assim considerada, consiste na
consciência de participação dos indivíduos na vida da sociedade e nos negócios que envolvem o
âmbito de seu Estado, alcançados, em igualdade de direitos e dignidade, pela construção da
convivência coletiva com base num sentimento ético comum, capaz de torná-los partícipes no
processo do poder e garantir-lhes o acesso ao espaço público. São atos que comprovam o exercício
da cidadania o desempenho de funções públicas, de atividades comerciais ou empresariais, o
exercício do voto, a participação na vida pública ou da sociedade civil etc.
nacionalidade adquirida
A Declaração Universal de 1948 reconhece ao indivíduo o direito de mudar de nacionalidade, em
virtude da naturalização. Além da aquisição da nacionalidade pela naturalização, citam-se ainda
como modo de aquisição o casamento e a nacionalização em virtude de formação de novo estado
ou do desmembramento de território de outro estado. A Constituição brasileira regula a matéria.
“São brasileiros naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa
apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a
nacionalidade brasileira”
NATURALIZAÇÃO E PERDA DA NACIONALIDADE
*Todos os países reconhecem o direito de estrangeiros adquirirem por naturalização sua
nacionalidade, preenchidas determinadas condições, que podem ser mais ou menos severas de
conformidade com a política demográfica do país. No Brasil, a naturalização é prevista no art. 12, II,
que estabelece as condições, conforme dispositivo reproduzido acima.
*Questão muito debatida na prática diz respeito à prestação de serviço militar pelo indivíduo
com dupla nacionalidade, a qual somente se soluciona levando em consideração o caso concreto e
as legislações dos países envolvidos e eventuais acordos concluídos entre eles. O problema tem sido
resolvido com a conclusão de tratados entre os países interessados, o que tem facilitado
sobremaneira sua solução. Foi nesse sentido que a Itália, país que adota o sistema do jus sanguinis
em princípio, celebrou com o Brasil, em 6 de setembro de 1958, na cidade do Rio de Janeiro, acordo
internacional isentando do serviço militar os filhos de italianos nascidos no Brasil, quando estes já
prestaram o serviço neste país, nos termos do seu art. 3º, que assim dispõe: “As pessoas a quem se
aplicar este Acordo serão consideradas como havendo cumprido as obrigações impostas pela lei
vigente na Itália, caso hajam cumprido suas obrigações nas Forças Armadas do Brasil e apresentem,
como prova deste fato, um certificado devidamente autenticado, fornecido, mediante
requerimento, pelas autoridades competentes do Brasil.
*Ainda no que tange à polipatria, apesar de mais raro de ocorrer, pode surgir o caso de ter o
indivíduo três nacionalidades, sendo uma correspondente à da mãe, outra em razão da
nacionalidade do pai, e a terceira determinada pelo local do nascimento.
Observação que deve ser feita diz respeito à proteção diplomática de tais polipátridas. Aqui, a
regra é que um Estado “não pode exercer a sua proteção diplomática em proveito de um seu
nacional contra outro Estado de que o mesmo seja também nacional”, nos termos do art. 4º da
Convenção Concernente a Certas Questões Relativas aos Conflitos de Leis sobre a Nacionalidade, de
12 de abril de 1930. Portanto, em caso de polipatria, a pessoa que esteja em território de um
Estado de onde é nacional, será nesse Estado considerada como somente nacional seu; passando o
indivíduo a ingressar no território de outro Estado do qual também é cidadão, será, nesse Estado,
considerado também como seu nacional apenas (princípio da igualdade soberana dos Estados).
Aquisição da nacionalidade
Sendo um direito fundamental de toda pessoa humana, a nacionalidade é de livre escolha dos
indivíduos. Nascido em um Estado do qual se afastou por circunstâncias pessoais, pode o indivíduo
encaminhar-se para qualquer outro e lá pleitear nova nacionalidade, trocando-a novamente quantas
vezes for necessário. Cuida-se, aqui, de estudar as formas da nacionalidade adquirida, também
chamada de nacionalidade secundária, derivada ou de eleição, que têm lugar sempre após o
nascimento. De maneira bastante larga, a nacionalidade de modalidade “adquirida” pode dar-se por
dois modos: pelo casamento e pela naturalização.
O chamado sistema misto de nacionalidade procura conjugar os critérios do jus sanguinis e do jus soli,
buscando evitar os choques de nacionalidade decorrentes do emprego exclusivo de um ou outro
sistema, dando aplicação mais ou menos equânime aos critérios da filiação e territorial. A rigor,
modernamente, não há Estado que adote exclusivamente um ou outro sistema de atribuição de
nacionalidade, tendo as várias legislações contemporâneas adotado o sistema misto, como é o caso
do Brasil e a maioria dos países da América Latina. No que toca ao Brasil, tal se deu em virtude do fato
de que este Estado deixou de ser país de imigração e passou a ser país de emigração. As normas
constitucionais brasileiras relativas ao assunto, como se verá nos tópicos seguintes, estão muito mais
brandas em relação à aquisição da nacionalidade brasileira do que no passado, quando a filosofia dos
governantes era contrária a que brasileiros mantivessem vínculo patrial com outros países.
O indivíduo está sujeito a perder sua nacionalidade, o que se dá geralmente pela aquisição de outra
por meio da naturalização. A Declaração Universal dos Direitos do Homem, em seu artigo XV, § 2 º ,
estipula que “ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar
de nacionalidade”.
A Constituição brasileira de 1988 previa a perda da nacionalidade no seu art. 12, § 4 º.
“Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I — tiver cancelada sua naturalização por sentença judicial,
em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
II — adquirir outra nacionalidade por naturalização voluntária”
Embora mais liberal do que as Constituições anteriores, que não se limitavam aos dois casos de
perdas mencionados, a Constituição não espelhava a realidade brasileira quanto à questão
demográfica do Brasil, que deixou de ser país de imigração e passou a ser país de emigração,
situação que se vem agravando desde 1988.
NACIONALIDADE - Art. 12, CF
BRASILEIRO NATO: são aqueles que possuem nacionalidade originária.
O Brasil adota tanto o critério do ius soli quanto o ius sanguinis.
a) O nascido no Brasil- regra: os nascidos no território brasileiro;
EXCEÇÃO: os nascidos no Brasil, filhos de pais estrangeiros que estavam
no território brasileiro a serviço de seu próprio país.
b)Os nascidos no estrangeiro: filhos de brasileiros no estrangeiro.
Aquisição automática; registro no órgão competente, caso não esteja o
genitor a serviço do Brasil; mediante opção do filho ao atingir a
maioridade.
BRASILEIROS NATURALIZADOS
São aquele que eram, a princípio, estrangeiro, mas quiseram e
tornaram-se brasileiros.
Deportação: De início, a deportação não deve ser confundida com o impedimento à entrada de
estrangeiro, que ocorre quando lhe falta justo título para ingressar no Brasil (um passaporte visado,
lá fora, por nosso cônsul, ou, dependendo do país patrial, um simples passaporte válido). No caso
de impedimento, o estrangeiro não ultrapassa a barreira policial da fronteira, porto ou aeroporto: é
mandado de volta, sempre que possível a expensas da empresa que para aqui o transportou sem
certificar-se da prestabilidade de sua documentação.
A deportação é uma forma de exclusão, do território nacional, daquele estrangeiro que aqui se
encontre após uma entrada irregular — geralmente clandestina — ou cuja estada tenha-se tornado
irregular — quase sempre por excesso de prazo, ou por exercício de trabalho remunerado, no caso
do turista. Cuida-se de exclusão por iniciativa das autoridades locais, sem envolvimento da cúpula
do governo: no Brasil, policiais federais têm competência para promover a deportação de
estrangeiros, quando entendam que não é o caso de regularizar sua documentação. A medida não é
exatamente punitiva, nem deixa sequelas. O deportado pode retornar ao país desde o momento em
que se tenha provido de documentação regular para o ingresso.
Expulsão
Aqui também se cuida de exclusão do estrangeiro por iniciativa das autoridades
locais, e sem destino determinado — embora só o Estado patrial do expulso tenha o
dever de recebê-lo quando indesejado. Seus pressupostos são mais graves, e sua
consequência é a impossibilidade — em princípio — do retorno do expulso ao país.
É passível de expulsão, no Brasil, o estrangeiro que sofra condenação criminal de
variada ordem, “ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos
interesses nacionais”. A expulsão pressupõe um inquérito que tem curso no âmbito
do Ministério da Justiça, e ao longo do qual se assegura ao estrangeiro o direito de
defesa. Ao ministro incumbe decidir, afinal, sobre a expulsão, e materializá-la por
meio de portaria. Só a edição de uma portaria futura, revogando a primeira, faculta
ao expulso o retorno ao Brasil.
Expulsão
Admissão discricionária. Nenhum Estado é obrigado, por princípio de direito das gentes, a
admitir estrangeiros em seu território, seja em definitivo, seja a título temporário. Não se tem
notícia, entretanto, do uso da prerrogativa teórica de fechar as portas a estrangeiros, embora a
intensidade de sua presença varie muito de um país a outro: o número de estrangeiros residentes é
maior no Brasil que na Espanha, onde, contudo, são muito mais numerosos os visitantes de curto
prazo; excedendo de longe, uns e outros, o contingente de estrangeiros que, a qualquer título, se
dirigem ao Nepal ou à Albânia. Entretanto, a partir do momento em que admite o nacional de outro
país no âmbito espacial de sua soberania, tem o Estado, perante ele, deveres resultantes do direito
internacional costumeiro e escrito, cujo feitio e dimensão variam segundo a natureza do ingresso.
Variedade dos vistos. No Brasil, como nos demais países, são diversos os títulos sob os quais
pode ser o estrangeiro admitido. A distinção fundamental é a que deve fazer-se entre o chamado
imigrante — aquele que se instala no país com ânimo de permanência definitiva — e o forasteiro
temporário: tal o gênero em que se inscrevem turistas, estudantes, missionários, pessoas de
negócios, desportistas e outros mais.
Diversidade dos direitos
É possível afirmar, à luz de um quadro comparativo, que na maioria dos países a lei
costuma reconhecer aos estrangeiros, mesmo quando temporários, o gozo dos direitos civis
— com poucas exceções, das quais a mais importante costuma ser o exercício de trabalho
remunerado, acessível ao estrangeiro residente. No que se refere à propriedade de imóveis,
ela é em geral facultada, nos países ocidentais, até mesmo ao estrangeiro que permanece na
origem e adquire esse patrimônio mediante negociação à distância. O Brasil submete a
requisitos severos — mas não proíbe — a aquisição, por estrangeiro, de terras na faixa de
fronteiras.
O estrangeiro não tem direitos políticos, mesmo quando instalado definitivamente no
território e entregue à plenitude de suas potencialidades civis, no trabalho e no comércio.
Este princípio — só excepcionado por convenções especiais como o estatuto da igualdade
— significa que ele não pode votar ou ser votado, nem habilitar-se a uma carreira estatutária
no serviço público (desde 1998, entretanto, por força de emenda que alterou o art. 37-I da
Constituição, certas funções públicas podem ser, na forma da lei, exercidas por
estrangeiros). No Brasil, valeria acrescentar que a falta de direitos políticos torna o
estrangeiro inidôneo para propor a ação popular, uma forma de exercício da cidadania
destinada à proteção do patrimônio público
REFUGIADOS
Regulamentação internacional.
Tratava-se de questão que encontra sua baliza na ideia fundamental do Estado Democrático de Direito (CF, art.
1º, caput), ou seja, a discussão sobre a competência do STF diz respeito especialmente à interpretação
constitucional do princípio liberal, dos princípios democráticos e da separação de Poderes. É dizer que, para fins
de aplicação do art. 33 da Lei n. 9.474/97, a decisão administrativa do CONARE ou do Ministro da Justiça, pela
concessão do refúgio, não pode obstar, de modo absoluto, todo e qualquer pedido de extradição apresentado à
Suprema Corte.
Essa tese prevaleceu na sessão realizada em 18 de novembro de 2009, quando o Tribunal assentou a ilegalidade
do ato de concessão de refúgio ao extraditando, por reconhecer que seus crimes tinham natureza comum, e
não política. Superada essa questão, o Supremo Tribunal deferiu o pedido extradicional, com fundamento na
Lei n. 6.815/80 e no tratado de extradição firmado entre o Brasil e a Itália.
A decisão do Supremo, nesses casos, é de natureza preponderantemente declaratória, atestando certeza jurídica
quanto à configuração dos requisitos para o cumprimento do tratado ou do pacto de reciprocidade pelo Brasil.
Como toda decisão de conteúdo declaratório, estabelece um preceito, uma regra de conduta, consistente no
dever de extraditar, pelo Brasil, e no direito de obter a extradição, pelo Estado requerente, em cumprimento do
pacto internacional. Não há na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal entendimento que consagre ao
Chefe do Poder Executivo irrestrita discricionariedade na execução da extradição já concedida.
EXCEÇÃO DOUTRINÁRIA E JURISDICIONAL: O CASO
CESARE BATTISTI (Gilmar Ferreira Mendes).
Nesse sentido, é mister destacar que o Supremo Tribunal Federal tem conferido especial atenção à questão da prisão preventiva
do extraditando. No julgamento do HC 91.657, Rel. Min. Gilmar Mendes, verificando a prática corrente do desrespeito ao
prazo legal máximo para manutenção da prisão preventiva – que, na maioria das vezes, era mantida até o fim do processo de
extradição –, firmou-se o entendimento de que a prisão preventiva para fins de extradição há de ser analisada caso a caso e,
ainda, deve ser-lhe atribuído limite temporal, compatível com o princípio da proporcionalidade, quando seriam avaliadas a sua
necessidade, adequação e proporcionalidade em sentido estrito.
Portanto, quanto a essa questão, ante a existência de tratado bilateral de extradição, deveria o Poder Executivo cumprir com as
obrigações pactuadas no plano internacional e efetivar a extradição. Insista -se: a discricionariedade existente é sempre
limitada pela lei interna e pelo tratado de extradição.
O Presidente da República, pela primeira vez na história constitucional brasileira, negou a execução da entrega do
extraditando, utilizando -se, no caso, de argumentos já rechaçados pelo Supremo Tribunal Federal. Justificou que estaria
agindo nos termos do acordo entre Brasil e Itália ao aceitar que se tratava de crime político, fundamentando seu ato em
questões que já haviam sido apreciadas e não aceitas pela Corte.
O ato de recusa do Presidente da República foi objeto de nova análise pelo Supremo Tribunal Federal. Nessa oportunidade,
prevaleceu que a decisão de negar a extradição de Cesare Battisti, contrariando a Corte, seria ato de soberania nacional, o que
não poderia ser apreciado pelo Tribunal. Vencido, assim, o entendimento de que o Presidente da República deveria agir nos
termos da lei, justificadamente e respeitando os tratados internacionais, no que foi concedido alvará de soltura ao então
extraditando.
O Tribunal Penal Internacional
A origem de um tribunal penal internacional permanente remonta inicialmente aos trabalhos efetuados pela
Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas (CDI) ainda no início da década de 1990. De fato, em
1993 a Assembleia-Geral das Nações Unidas (AGNU), por meio da Resolução nº 48/31, solicitou à CDI a
elaboração de um projeto de estatuto para a constituição de um tribunal penal internacional permanente. Este
projeto foi entregue em 1994 e neste mesmo ano, a AGNU estabeleceu um Comitê aberto a todos os Membros
das Nações Unidas, para estudar o estabelecimento de tal jurisdição permanente, bem como a possibilidade de
convocação de uma conferência para sua Instituição.
Em, 17 de julho de 1998 foi firmado o Estatuto de Roma por 120 votos a favor, incluindo o Brasil, 7 contra e 21
abstenções.
O Estatuto de Roma foi submetido à aprovação do Congresso Nacional em 06 de junho de 2002 por meio do
Decreto Legislativo nº 112, sendo promulgado pelo Decreto nº 4.388 de 25 de setembro de 2002. O depósito da
ratificação brasileira junto à ONU ocorreu em 20 de junho de 2002, dez dias antes da entrada em vigor do
Estatuto. Em 2004 foi aprovada a Emenda Constitucional nº 45, que acrescentou ao artigo 5º o parágrafo 4º,
dispondo que “o Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado
adesão”, permitindo assim a compatibilidade entre o Estatuto de Roma e a Constituição Federal.
DIREITO INTERNACIONAL PENAL
• Crimes internacionais em sentido estrito (ou crimes de “jus cogens”)- interessam não apenas a um Estado ou
grupo de Estado, mas toda a coletividade internacional.
• Julgamento de responsabilidade internacional de indivíduos que pratiquem atos graves
• Exemplo clássico é o tribunal de NUREMBERG destinado a julgar crimes de guerra; Tribuna de Tóquio,
destinado a julgar os crimes de guerra contra a humanidade praticados pelas autoridades políticas e militares
do Japão imperial.
• Princípios de NUREMBERG: a)Qualquer pessoa que cometa um ato que constitua um crime sob a lei
internacional é passível de punição; b) O fato da lei interna não impor uma sanção por um ato que constitui
um crime para o direito internacional não isenta a pessoa que o cometeu da responsabilidade perante o direito
internacional; c) O fato de a pessoa agir de acordo com a ordem de seu governo ou de um superior não a
exime da responsabilidade perante o direito internacional, desde que uma escolha moral fosse de fato possível
para ela, d) a cumplicidade na prática de um crime contra paz, de guerra ou contra a humanidade é também
um crime de direito internacional.
• TRIBUNAL DA ex-Iugoslávia e Ruanda: Tribunal Penal Internacional da ex-Iuguslávia e o Tribunal Penal
Internacional de Ruanda (criados pelo Conselho de Segurança da ONU- resolução 827/1993;e Resolução nº
955/1994.
ESTATUTO DE ROMA-DECRETO Nº 4.388, DE 25 DE SETEMBRO DE 2002.
Foi aprovado em 17 de julho de 1998, na Conferência de Roma das Nações Unidas- jurisdição criminal.
Foi aprovado por 120 Estados, contra apenas sete votos contrários ( China, Estados Unidos, Iêmen, Iraque, Israel, Líbia,
Quatar.)
Entrou em vigor em 1º de julho de 2002.
O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL (TPI)- instituição independente, com jurisdição criminal permanente sobre os
indivíduos- pessoas físicas- responsáveis pela prática de crimes de jus cogens.
Não é um tribunal de Direitos Humanos, mas traz uma grande contribuição à proteção internacional dos direitos essenciais, na
medida em que estabelece responsabilidade penal internacional.
Diferentemente da Corte Internacional de Justiça (CIJ), cuja competência jurisdicional vincula unicamente
Estados soberanos, o Estatuto de Roma estabelece que apenas indivíduos podem ser conduzidos à jurisdição
penal do TPI, não havendo a responsabilização do Estado ou de pessoas jurídicas ou morais pelo Tribunal. O
reconhecimento da responsabilidade individual, entretanto, não elimina a possibilidade de existência da
responsabilidade estatal, que poderá ser reconhecida pela Corte Internacional de Justiça (CIJ). Em outras
palavras, a decisão do TPI não gera bis in idem para com as outras jurisdições internacionais.
Outra característica importante da justiça penal internacional é que o Estatuto de Roma não distingue a
qualidade oficial dos indivíduos suspeitos, sendo que o cargo exercido ou sua hierarquia não impedem seu
julgamento pelo Tribunal ou mesmo a redução de pena. Nota-se, igualmente que os crimes de competência do
Tribunal são Imprescritíveis.
O Tribunal rege-se pelo princípio da complementariedade, que determina que este não terá primazia sobre os
sistemas domésticos de seus Estados-Partes, mas agirá de forma complementar, atuando unicamente em casos
excepcionais nos quais haja manifesta indisposição do Estado em julgar o réu em seu sistema judiciário
nacional ou inaptidão e incapacidade de fazê-lo. Firmando-se como um remédio em face da inércia ou falta de
ação genuína dos países a respeito de crimes internacionais, o TPI reconhece a excepcionalidade da intervenção
internacional. Portanto, os Estados mantém a primazia para investigar e julgar os crimes previstos no Estatuto
de Roma, mas tal princípio é excepcionado caso o Estado se mostre omisso ou constitua um empecilho na
obtenção da justiça internacional.
Gerações dos tribunais internacionais Penais.
• 1ª Geração- Tribunal de Nuremberg e Tribunal de
Tóquio
• 2ª Geração Tribunal Penal para ex-Iugoslávia e
Tribunal Penal de Ruanda
• 3ª Geração Tribunal Penal Internacional
• 4ª Geração Tribunal Especial para Serra Leoa e
Tribunal Especial para o Líbano.
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL EM MATÉRIA PENAL
• A crescente movimentação de pessoas, bens, serviços, informações e capitais entre as fronteiras demanda,
cada vez mais, mecanismos que permitam aos países desenvolverem o auxílio mútuo para bem exercerem a
sua atividade jurisdicional.
• AUTORIDADE CENTRAL PARA COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL: Autoridade Central é o órgão responsável pela boa
condução da cooperação jurídica que cada Estado realiza com os demais países. Cabe à Autoridade Central receber, analisar, adequar,
transmitir e acompanhar o cumprimento dos pedidos de cooperação jurídica. Essa análise tem o objetivo de verificar o atendimento aos
requisitos da lei do Estado requerido, bem como do tratado que fundamenta o pedido, conferindo, assim, maior agilidade ao procedimento.
Cada país, cada tratado, cada medida gera um rol específico de requisitos. São inúmeras, portanto, as variantes. É papel da Autoridade
Central, conhecendo todas essas particularidades, adequar o pedido e cuidar para que o seu cumprimento se dê da maneira mais célere
possível.
• Acordos Multilaterais: Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas- (Convenção de Viena) - Decreto
nº 154, de 26 de junho de 1991;
• Convenção Interamericana contra a Fabricação e o Tráfico Ilícitos de Armas de Fogo, Munições, Explosivos e Outros Materiais Correlatos
Decreto nº 3.229, de 29 de outubro 1999;
• Convenção Interamericana contra a Corrupção Decreto nº 4.410, de 7 de outubro de 2002;
• Convenção Interamericana contra o Terrorismo, Decreto nº 5.639, de 26 de dezembro de 2005.