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Aulas Teóricas
Na tradição da sociologia jurídica os conceitos de sociologia
jurídica e de sociologia do direito são utilizados como sinónimos e as distinções entre eles apresentam-se um tanto a quanto artificiais (Souto & Souto 1981:13). Entretanto Jean Carbonnier considera que a sociologia jurídica tem um alcance mais lato que a sociologia do direito. Neste âmbito a “sociologia do direito limitar-se ao que constitui o próprio direito, `as normas e instituições, enquanto a sociologia jurídica compreenderia todos os fenómenos mais ou menos coloridos pelo direito, todos os fenómenos dos quais o direito pode ser causa, efeito ou ocasião, compreendidos os de violação, de inefectividade e de desvio” (Carbonnier, 1979:19) Na nossa perspectiva os termos sociologia jurídica e sociologia do direito serão utilizados sem distinção terminológica, apontando sempre para uma visão mais inclusiva dos fenómenos jurídicos. O direito e a sociedade são duas realidades inseparáveis. O direito é um fenómeno social embora apresente suas características específicas que o separam dos fenómenos sociais não jurídicos. Todos fenómenos jurídicos são eminentemente sociais embora nem todos os fenómenos sociais sejam jurídicos, existindo fenómenos sociais não jurídicos caracterizados pelo costume (Carbonnier, 1979:20) São várias as definições da sociologia jurídica que evidenciam a relação entre o social e o jurídico. A sociologia jurídica ou Sociologia do direito “ é a ciência que investiga, através de métodos e técnicas de pesquisa empírica, o fenómeno social jurídico em correlação com a realidade social” (Souto & Souto 1981:13). Jean Carbonnier considera que sociologia jurídica ou sociologia do direito “ é o ramo da sociologia geral que tem por objecto uma variedade de fenómenos sociais: os fenómenos jurídicos ou os fenómenos do direito”. Na sua concepção restrita, a sociologia jurídica estuda os fenómenos jurídicos primários que são fenómenos sociais cujo carácter jurídico é evidente, tais como a lei, o julgamento, etc. Na concepção lata a sociologia jurídica estuda também os fenómenos jurídicos secundários, que são fenómenos sociais que comportam um elemento do direito tais como a família, a propriedade e o contrato, etc. (Carbonnier, 1979:20-22). Tanto o objecto da sociologia jurídica quanto o do direito dogmático é o direito. Na sociologia jurídica o objecto é chamado de fenómeno jurídico enquanto na dogmática jurídica é classificado por direito. Embora a sociologia jurídica e o direito dogmático tenha por objecto o direito, ambos ramos de conhecimento são orientados por paradigmas diferentes de análise dos fenómenos jurídicos. O direito dogmático estuda as normas em si mesmas, enquanto que a sociologia jurídica se esforça por descobrir as causas sociais e os efeitos sociais das normas jurídicas (Carbonnier, 1979:25) De forma operacional Ana Lúcia Sabadell considera que a “sociologia jurídica examina a influência dos factores sociais sobre o direito e as incidências deste último na sociedade, ou seja, os elementos de interdependência entre o social e o jurídico, realizando uma leitura externa do sistema jurídico” (Sabadell, 2005:55). Na opinião desta autora a sociologia jurídica responde a basicamente três questões: porque se cria uma norma ou inteiro sistema jurídico? Quais são as consequências do direito na vida social? Quais são as causas sociais da ‘decadência’ do direito, que se manifesta por meio do desuso e da abolição de certas normas ou mesmo mediante a extinção de determinado sistema jurídico? A sociologia jurídica faz leitura externa do direito contrariamente ao direito dogmático que realiza uma análise interna. De acordo com Ana Lúcia Sabadell, “ quando se diz que a abordagem sociológica observa o direito ‘de fora’, isto quer dizer que o pesquisador procura olhar o direito, abandonando por um momento, a óptica do jurista, e colocando-se numa outra perspectiva, que pode ser a política, a económica, a social, dependendo do tipo de análise que está a fazer (…). O jurista sociólogo interessa-se por interpretar as relações das normas jurídicas com a estrutura social e privilegia a abordagem quantitativa do sistema jurídico. O intérprete do direito objectiva, ao contrário, interpretar o sentido da norma de per si e busca soluções de casos concretos” (Sabadell, 2005:56-57). No mesmo diapasão, Cláudio Souto & Solange Souto consideram que a “ sociologia do direito estuda o fenómeno jurídico que é um fenómeno social, sempre em função da realidade social total na qual se encontra inserido, e a dogmática jurídica tende a isolar, em seu trabalho de sistematização, aspectos puramente lógico-normativos do conjunto da vida social com a finalidade prática de facilitar a aplicação judiciária o administrativa das normas” (Souto & Souto 1981:15) De acordo com Jean Carbonnier, os fenómenos jurídicos podem ser classificados em fenómenos jurídicos primários e secundários; fenómenos de poder e os fenómenos em sujeição ao poder; os fenómenos instituição e os fenómenos-caso; os fenómenos contenciosos e não contenciosos (Carbonnier, 1979: 163-175) Os fenómenos jurídicos qualificados como primários são aqueles em que todos os outros derivam deles por se encontrarem no mais alto nível de generalidade. São fenómenos de autoridade e de poder. Um texto legal, uma sentença, o gesto de um agente da circulação – abstraindo-se o eu conteúdo - são fenómenos primários. Os conteúdos – a disposição da lei, a condenação ou absolvição, a paragem dos automóveis são fenómenos secundários gerados pelos fenómenos primários. São fenómenos jurídicos de poder aqueles que derivam dos governados, e se referem a posição dominante do governante sobre os governados. Os fenómenos jurídicos em sujeição ao poder são aqueles segundo os quais impede um dever dos governados de obediência e de submissão. Os fenómenos jurídicos instituição baseiam- se num sistema organizado de relacionamentos jurídico-sociais e atendem a certas necessidades básicas da sociedade tais como o casamento como instituição. Os fenómenos jurídico-caso aparecem como derivados do fenómeno jurídica instituição, como por exemplo a formação de um determinado lar. Os fenómenos jurídicos contenciosos são todos aqueles que buscam a resolução dos conflitos que emanam na sociedade com base nos tribunais oficiais os quais aplicam normas do direito formal e os fenómenos jurídicos não contenciosos são aqueles que buscam soluções extra-judiciais Sociologia juridica antes do século XX Sociologia juridica depois do século XX Na antiguidade a sociologia jurídica ficou patente nos relatos dos historiadores e viajantes que retratavam os hábitos e costumes jurídicos e culturas de diversos povos distantes. Esses autores produziram uma etnologia jurídica que retratava a diversidade do direito no tempo e no espaço, e a variabilidade das diversas componentes normativas da cultura. Dentre eles destacam-se os nomes como o Heródoto, Plutarco, Varrão, Tácito, etc. Na antiguidade as obras mais representativas da sociologia jurídica apresentavam um carácter mais teórico do que empírico e situavam-se no mundo helénico. Os principais filósofos foram o Aristóteles, Platão, os filósofos pré-socráticos, etc. Entende-se que Aristóteles é precursor da sociologia jurídica Aristóteles por considerar a existência de um mundo de relações que não é regido pelo direito mas pela amizade, reconhecendo os limites do jurídico face do social não jurídico (Carbonnier, 1979:76-77). Montesquieu é considerado não só precursor da disciplina como também, em algum sentido, fundador da mesma. Sua principal obra de sociologia jurídica, O espírito das Leis já mostrava a variabilidade do direito no tempo e no espaço. Os principais pilares da sua sociologia assentam na relatividade e determinismo do direito. Montesquieu sustenta que as leis seguem os costumes de cada povo. Alterar estes costumes por meio de uma mudança de leis seria, de um modo geral, um ato de tirania e provavelmente não obteria muito êxito , devido a resistência da comunidade (Sabadell: 2005:39) As doutrinas do direito natural se conjugam com a sociologia jurídica em parte, por ambas apresentarem uma perspectiva anti-positivista isto é por serem contrárias a concepção de direito defendida pela teoria política liberal – A equação entre estado, nação e direito e defendida pelo positivismo jurídico dos séculos XIX e XX. Todavia existem diferenças entre o direito natural e a perspectiva da sociologia jurídica. A doutrina mais difundida da direito natural, postula um direito natural assente na universalidade, imutabilidade de carácter absoluto o que contrasta com a perspectiva sociológica do direito que é mais relativo, histórico e falível. O movimento de codificação que se manifestou a partir do fim do século XVIII mais ou menos por toda a Europa continental, em particular o Código Napoleónico de 1804, inibiu a emergência da sociologia jurídica por considerar o direito a manifestação da vontade do legislador. A actividade doutrinal passou a fundamentar-se na exegese da lei em prejuízo a outras interpretações de carácter histórico-sociológico. Auguste Comte é considerado um estranho na sociologia jurídica, por ser considerado alérgico ao direito. Não obstante desenvolveu ideias sociológicas em relação ao direito pelo seguinte: pelo método legislativo, ao defender que as leis devem ser retiradas da experiencia e não de conceitos a priori, ao contrario do que fizeram os legisladores e 1804 e pelo fundamento da doutrina ao alegar que é necessário reconhecer a prioridade das realidades colectivas. A doutrina jurídica alemã do século XIX manifestou seu pensamento sociológico com base na Escola histórica liderada por Carlos Savigny baseada nas seguintes ideias: “ o direito não nasce da vontade acidental e arbitraria do soberano, sendo antes produto de um desenvolvimento anónimo e espontâneo no seio da nação (…) não se pode separar os fenómenos jurídicos dos outros fenómenos nacionais: política, os costumes e sobretudo a língua (…). O direito retira a sua força e a sua vida do espírito nacional” (Carbonnier, 1979:97). Embora a escola tenha desenvolvido ideias da sociologia jurídica o seu impacto foi diminuto à medida que de acordo com Savigny o direito nacional devia ser liderado pela classe dominante e interpretado por juristas, apresentando assim um paradoxo nas ideias iniciais. O empirismo inglês consagra três autores que dedicaram a sua reflexão jurídica à reflexão sociológica: Bentham, Maine e Spencer. Betham escrevendo sobre a legislação civil e penal, desenvolve ideias relativas a aculturação jurídica. Maine como historiador do direito com experiência do direito hindu, desenvolveu a perspectiva do direito comparado, abrindo espaço para analisar a variação do direito no tempo e no espaço. Spencer ao desenvolver uma análise funcionalista da sociedade, identifica o papel funcional do juiz na sociedade O marxismo apresentou as suas ideias de sociologia jurídica com base nas teses de Karl Marx e dos seus discípulos. A tese de Karl Marx baseou- se nos seguintes vectores: o materialismo histórico; a luta de classes e o desaparecimento do Estado. O materialismo histórico postula que a infra-estrutura, ou seja as condições matérias de existência, determinam os estados de consciência, as ideias as ideologias que constituem a super-estrutura. O direito faz parte da superstrutura, historicamente determinado pelo desenvolvimento das relações de produção. A sociologia jurídica marxista é evolucionista, determinista e materialista. A luta de classes é a característica fundamental das sociedades. A infra- estrutura encontra-se dividida em conflitos de classe que se manifestam no direito, que exprime a vontade da classe dominante e não da sociedade como um todo. No futuro a sociedade comunista irá prescindir do Estado e da sua autoridade e a ordem realizar-se a pela força da razão. A dissolução do estado implica a dissolução do direito. Emile Durheim Max Weber Eugen Erlich A sociologia jurídica propriamente dita nasce com as contribuições dos escritos de Émile Durkheim. Este autor considera o direito como um facto social e que este se desenvolve na no seio da sociedade humana, conformando condutas individuais e organizacionais. De acordo com Durkheim, “ a vida social, em toda a parte que existe de uma maneira durável, tende inevitavelmente a tomar uma forma definitiva e a se organizar, e o direito não é outra coisa que esta organização mesma no que ela tem mais estável e de mais preciso. A vida geral da sociedade não se pode estender sobre um ponto sem que a vida jurídica aí se estenda ao mesmo tempo e na mesma relação. Podemos pois estar certos de encontrar reflectidas no direito todas variedades essenciais de da solidariedade social. (…) Se então pode ocorrer que haja tipos de solidariedade social que apenas os usos (mores) manifestem, são certamente muito secundários; ao contrário, o direito reproduz todos aqueles que são essenciais, e são os únicos que temos necessidade de conhecer (Durkheim, Émile, Apud Souto & Souto 1981:31). Um dos principais conceitos de sociologia de Durkheim é o conceito de solidariedade, que configura uma estrutura de relações e vínculos recíprocos. A solidariedade social opera quando existem formas de controlo social por socialização e por pressão social, que conformem as condutas sociais garantindo a coesão social. Cada sociedade estabelece padrões de comportamento que corresponde a sua consciência colectiva, que é um conjunto de crenças e sentimentos comuns à média dos membros de uma sociedade (Sabadell, 2005:43). Durkheim distingue dois tipos de solidariedade: a solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica. A primeira é típica das sociedades ditas primitivas e simples baseadas na tradição e na religião, onde a divisão social do trabalho não está desenvolvido. Este tipo de solidariedade baseia-se na semelhança e uniformidade do comportamento dos seus membros. O comportamento desviante é visto como um atentado à ordem social e aos princípios da comunidade. O tipo de direito correspondente a estas sociedades, é o direito penal acompanhado de sanções repressivas. A solidariedade orgânica é típica de uma sociedade complexa e especializada na divisão social do trabalho onde os indivíduos apresentam um comportamento não uniformizado. Nesta sociedade, “ o indivíduo não se vincula directamente a valores sociais, não está submetido a liames tradicionais, a obrigações religiosas ou comunitárias. A solidariedade cria-se através de redes de relacionamentos entre indivíduos e grupos, onde cada um deve respeitar as obrigações assumidas por contrato (…). O direito que exprime a solidariedade orgânica compreende o direito civil, comercial, administrativo e constitucional, fazendo-se acompanhar de sanções restitutivas (reparação de danos) ” (Sabadell, 2005:44). Durkheim definiu o direito como “regras de sanções organizadas” assumindo uma posição de juristas dogmáticos. Esta concepção foi largamente criticada. De acordo com Cláudio Souto e Joaquim Falcão, “ a definição do direito por Durkheim é, simultaneamente, muito ampla e muito estreita. Há ‘regras de sanção organizada’ que não dependem do direito: as exigências religiosas, por exemplo; há regras jurídicas que não são acompanhadas de sanções organizadas; tais como o direito espontâneo das sociedades globais (nações), o direito das classes sociais, o direito sindical, as regulamentações jurídicas autónomas de diversos agrupamentos, começando pela família. O direito pode ser sancionado de maneira difusa, por exemplo com o boicote ou a vendetta; pode não ser totalmente sancionado de modo directo, como o caso do direito espontâneo. Em consequência, o direito não pode ser definido por sanções organizadas, pois estas últimas pressupõem a existência do direito para organiza-las” (Souto & Falcão 2001:23-24) As principais ideias de Max Weber se encontram na sua principal obra sociológica intitulada “Economia e Sociedade”. A teoria weberiana do direito subjectivo é ponto de partida da sua visão da sociologia jurídica. Max Weber parte do princípio que o comportamento dos agentes sociais não é previsível. Uma relação social entre indivíduos nada tem de objectividade que permite predizer o comportamento de cada um deles. Uma relação social é apenas uma probabilidade de comportamentos padronizados vierem a acontecer entre os agentes sociais. O comportamento do agente social em relação a uma norma legal será sempre uma probabilidade de vir acontecer conforme está legalmente previsto (Rocha, 2005: 89-90). O direito é garantido através de internalização do “medo” aos agentes sociais. Como observa Rocha, “ sociologicamente o Direito pode ser considerado ‘ objectivamente garantido’ na medida, e apenas na medida, em que um sistema de coerção jurídica seja capaz de inculcar algum ‘medo’ nos sociais e, ao mesmo tempo, a lei tenha alguma validade em relação a um interesse futuro dos agentes sociais, em face do qual, estes estão dispostos a conviver com esse ‘medo’” (Rocha, 2005:91) Max Weber concebe o direito de forma lógico-dogmática encarando que o direito “ jamais brota de modo espontâneo na realidade social, mas sempre é obra dos juristas actuando com finalidades práticas, obra de um formalismo especial, gerador de fórmulas de alta generalização aplicáveis a uma quantidade inumerável de factos” (Souto & Souto, 1981:39) Vejamos a seguir algumas críticas formuladas ao pensamento de Max Weber (Souto & Falcão 2001:28-29) Ainda que se considere que a sociologia jurídica nasceu com Émile Durkheim, na verdade foi com Eugen Ehrlich que se tornou sistemática, devendo, portanto, a este autor o título de paternidade. Eugen Ehrlich celebrizou-se por defender a teoria do direito vivo e por considerar que “a ciência do direito dos juristas é antes uma doutrina técnica visando a fins práticos e uma técnica relativa, pelo seu condicionamento pelos diferentes quadros sociais, de tal sorte que a teoria dos juristas não apreenderia senão a realidade mais superficial do direito” (Souto & Souto, 1981: 37). O autor considera que “ o centro de desenvolvimento do direito em nossa época como em todos os tempos, não deve ser buscado na lei, nem na jurisprudência ou na doutrina nem, mais geralmente, em um sistema de regras, mas na própria sociedade” (Souto & Falcão, 2001: 30). Nestes termos, o autor “ insiste sobre a ideia, essencial à sociologia jurídica, de que existe uma ordem social pacífica e espontânea, não contenciosa, que se forma através de uma livre organização das vontades individuais ou colectivas (a dos grupos particulares). [Os] conflitos (…) resolvem-se , em boa parte, sem recurso a formas abstractas, através da apreciação da justiça corrente do caso, tal como a realizam os próprios interessados, os árbitros ou os juízes” (Carbonnier, 1979: 127) A forma como se apresenta o direito positivo revela o circunstancialismo histórico do seu desenvolvimento e de modo algum se deve assumir como universal em todos os tempos e em todos os lugares. Defendendo a tese do pluralismo jurídico num contexto social em que o Estado pode não ser o sequer o actor mais importante, o autor considera que “ as proposições jurídicas abstractas formuladas pelo Estado são ‘comparáveis à espuma que se forma na superfície das águas’, não se dirigem, no fundo, senão aos tribunais estatais e a outros órgãos do Estado, os grupos e indivíduos vivem frequentemente sua vida jurídica na ignorância dessas proposições”. Apesar das suas ideias bastantes fecundas teoricamente são lhe apontadas algumas vulnerabilidades (Souto & Falcão, 2001:31-32) Obrigado