Introdução À Microbiologia

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INTRODUÇÃO

À
MICROBIOLOGIA
Competências a serem adquiridas:
 Até no final desta aula, o estudante:

Compreenda a história, avanços e benefícios da microbiologia;

Descreve a morfologia e nomenclatura das bactérias;

Classifica os microrganismos de interesse Clínico;

Identifica os diferentes tipos de microrganismos;

Indica os principais grupos de Microrganismos;

Enumera as principais doenças causadas por bactérias e vírus;

Descreve o modo de transmissão de doenças bacterianas e vírais.


O que é Microbiologia?
Micro Bios Logos

Micrometro Ser Vivo Ciência

10-6 metro A palavra Microbiologia


deriva do grego: mikros =
pequeno, bios = vida, e
logos = Ciência ou tratado

Microbiologia - é a ciência que se dedica ao estudo de


organismos vivos minúsculos (microrganismos/micróbios),
que somente podem ser visualizados ao microscópio.
Objecto de estudo da Microbilogia
Organismos vivos minúsculos que podem ser chamados
de microrganismos ou micróbios.

Microrganismos - é o termo usado para designar


organismos invisíveis ao olho nu, que ocorrem na natureza
de forma unitárias ou em agregados.

Eles são considerados ubíquos/ubiquitários (vivem ou


pode viver em qualquer lugar ); na terra, na água do mar,
no ar, nos intestinos, nos alimentos, nas áreas do deserto,
águas fluviais, etc.
(Cont.)

Os principais grupos de microrganismos são:


 Bactérias;
 Protozoários;
 Certos Fungos;
 Certas Algas; e
 Vírus (apesar dos vírus não serem considerados
organismos vivos e sem partículas, mas têm
algumas características de células vivas).
Histórial e evolução da Microbiologia

Considera-se que o início da Microbiologia se deu quando se


aprendeu a polir lentes, feitas a partir de peças de vidro, e ao
combiná-las produziam um equipamento de aumento de
tamanho, suficiente para a visualização de micorganismos.

Entretanto, o primeiro a visualizar bactérias e protozoários,


foi o holandês Anthony Van Leeuwenhoek (1632-1723),
relatando em suas observações, com descrições precisas e
desenhos, que denominou de “animálculos”.
Histórial e evolução da Microbiologia
(Cont.)
 Em 1828, o alemão Ehrenberg, designou dos aniamlículos
as “bacterium” que, do Grego significa "pequeno bastão".

Em 1878, o cirurgião francês Charles-Emmanuel Sedillot


introduziu a palavra “micróbio” referindo os animalículos.
Principais marcos históricos
microbiologia

 1677 Antony Leeuwenhoek “Descobre animálculos”

 1861/62 Louis Pasteur “Queda da teoria da


geração espontânea.
Teoria dos germes e doenças”

 1876 Robert Koch “Bacillus anthracis”

 1881 Robert Koch “Crescimento bacteriano em meios sólidos”.


Principais marcos históricos (Cont.)
d()a
 1882 Robert Koch “Postulados de Koch”.
Paul Erlich “Coloração Ácido Resistente”.

 1884 Christian Gram “Coloração Gram”.


  1885 Louis Pasteur “1ª Vacina Raiva”.
 1887 R. Julius Petri “Placas de Petri”.
 1892 Dmitri Ivanovski “Descoberta dos vírus.”
 1899 Martinus Beijerink “Dependência viral
de células para replicação”.
Pioneiros da Microbiologiada
 Anton Van Leeuwenhoek (conferende afandecario Holandes)
- Foi o primeiro a observar bactérias e protozoários;
- Criandor do microscópio de lente única (Microscópio monocular).
- Observou uma variedade de minúsculas criaturas em várias amostras
(esperma, água de lagoas e valas, sangue, fezes, etc) e, chamou de
“animáculos”.
 Louis Pasteur (Químico francês)
- Descobriu o que ocorre durante a fermentação alcoólica.
- Descobriu formas de vida que poderiam existir sem oxigénio, tendo
introduzido os termos “aeróbios e anaeróbios”.
- Desenvolveu o processo de pasteurização (esterilização).
Pioneiros da Microbiologia (Cont.)

 Robert Koch
- Desenvolveu métodos para fixar e corar as bactérias.
- Descobriu métodos para cultura de microrganismos em meios
sólidos.
- Descobriu o Mycobecterium tuberculosis e o Vibrio cholerae.

 Hans Christian Gram


- Em 1884, desenvolveu a técnica que até actualmente permite
dividir as bactérias em dois grandes grupos (Gram positiva e
Gram negativa).
Classificação dos Seres vivos

O grande marco na classificação dos seres vivos foi estabelecido a partir de 1735, pelos
trabalhos do médico professor suéco Carl Von Linné, (1707-1778). No seu livro Systema
Naturae, Ele propôs um sistema de classificação que embora seja artificial é empregue
actualmente com modificações.

No sistema de Lineu a unidade básica de classificação é a espécie.


Espécies semelhantes são agrupadas em um género.
Géneros semelhantes são agrupados em uma família.
Famílias semelhantes são agrupadas em ordens;
Ordens semelhantes são agrupadas em filo ou divisão;
Filo ou divisão, semelhantes são agrupados em Reino.

• Reino – Filos ou divisão – Ordens – Famílias – Géneros – Espécies


Classificação dos Seres vivos (Cont.)
Em 1969,
Robert Whittaker, • Reino Monera - Seres procariontes, unicelulares,
baseando em 03 apresentando ribossomos como única organela. É
modos pelos representado pelas bactérias e cianobactérias.
quais os Seres • Reino Plantae ou Metaphyta - Seres eucariontes,
vivos obtém pluricelulares e fotossintéticos (vegetais).
nutrientes • Reino Animalia ou Metazoa - Seres eucariontes,
(ingestão,absorçã pluricelulares e heterótrofos (animais).
o, fotossíntese) e, • Reino Protista - Compreende os Protozoários e,
nas suas
inclui formas microscópicas unicelulares até as
semelhanças,
algas castanhas gigantes-pluricelulares.
propôs um
• Reino Fungi – Seres eucariontes, heterotróficos
sistema de
classificação, uni/pluricelulares, as vezes com parede celular
constituído de que possui quitina e, geralmente pluricelulares.
Cinco reinos:
Posição dos micróbios no mundo Vivo

Antes da descoberta dos microrganismos, todos seres vivos


estavam agrupados em dois Reinos: Animalia e Plantae.

Cerca de 100 anos mais tarde, o biólogo dinamarquês Otto


Müller, ampliou os estudos de Leeuwenhoek e organizou os
“animaliculos” em gêneros e espécies de acordo com os
primeiros métodos de classificação e taxonomia binominal dos
seres vivos propostos no Séc. XVIII pelo médico professor suéco
Carolus Linnaeus, em que os seres microscópicos eram
considerados como “caos”.
Posição dos micróbios no mundo Vivo (Cont.)
Com o desenvolvimento da microscopia eletrônica, foram
analisadas as características ultra-estruturais baseadas nas
diferenças de organização da maquinaria celular, sendo os
organismos divididos em:
 Organismos Procariotos: Bactérias e algas azuis
(cianofíceas).
 Organismos Eucariotos: Protozoários, Fungos e demais algas
(células animais e vegetais).
Os vírus, são deixados de lado neste esquema de organização
celular, (não têm as várias estruturas e mecanismos básicos
necessários para sua autoreplicação e manutenção, sendo
dependentes obrigatórios a um hospedeio).
 
DIVISÃO DA MICROBIOLOGIA GERAL

Existem numerosos aspectos no estudo da microbiologia, portanto,


são divididos em duas grandes áreas:

1. Microbiologia básica: Oferece ferramentas de pesquisa mais


acessíveis ao estudo dos processos biológicos dos micróbios; em
suma, estuda a natureza e as características ou propriedades dos
micróbio; (ex:. Características químicas, morfológicas, fisiológicas,
etc.).
2. Microbiologia aplicada (que daremos mais enfoque):
Lida com problemas práticos da medicina, agricultura e indústria, ou
seja, estuda o controlo e o uso dos micróbio de maneira benéfica;
(ex:. processos industriais como produção de alimentos, fármacos e
controle de pragas ou de doenças, etc.).
Microbiologia Aplicada
Engloba áreas como:
 Microbiologia Industrial: Os microbios são utilizados na síntese de
substâncias químicas como ácido cítrico, antibióticos mais
complexos, enzimas e desempenham importante papel na produção
de alimentos e fármacos. 

 Microbiologia da Terra ou área Ambiental: Os micróbios são


usados como agentes de biodegradação e de limpeza ambiental,
controle de pragas, etc.

  A microbiologia dos Alimentos: relacionada com doenças


transmitidas por alimentos, controle de qualidade e produção de
alimentos (queijos, bebidas, pães, etc.).

 Microbiologia Médica ou medicinal ( o nosso foco ):


Microbiologia Médica ou medicinal

 Concentra-se, no estudo da vida dos micróbios que podem ou


não serem patogénicos ao Homem;
 Concentra-se da prevenção, diagnóstico, tratamento e controle
das enfermidades por eles causadas.

A microbiologia médica subdivide-se em 04 ramos, a saber:


1. Bacteriologia
2. Micologia
3. Parasitologia
4. Virologia
cont

Bacteriologia – que estuda as bactérias.


Micologia – que estuda os fungos.
Parasitologia – que estuda os parasitas.
Virologia – que estuda os vírus.
Importância da Microbiologia Médica

• Em Medicina, uma das razões para o estudo dos micróbios é


compreender as doenças por eles causadas, e a maneira como
controlá-las.

• A Microbiologia medicinal está focada no diagnóstico,


(isolamento ou identificação de patógenos) apoiando no
estabelecimento de terapias adequadas, acompanhamento do
progresso dos pacientes e a prevenção.

• Serve como base no estudo da distribuição natural dos


micróbios, suas relações recíprocas e com os outros seres vivos,
seus efeitos benéficos e prejudiciais sobre os homens e as
alterações físicas e químicas que provocam em seu meio
ambiente.
cont.

MUITO OBRIGADA.

PROF. PASCOAL
INTRODUÇÃO
À
BACTERIOLOGIA

“O que é Bacteriologia?”
Bacteriologia

 Bacteriologia - Parte da microbiologia médica ou Ciência que


estuda as bactérias.
 Bactérias - Organismos unicelulares, encontrados nos mais
variados ambientes (ubiquitários), podendo ser encontrados de
forma isolada ou em colônias.

Características gerais das Bactérias:


- São organismos vivos, muito pequenos, porém maiores que os
vírus mas, visíveis somente ao microscópio.
- São seres unicelulares – procariontes pertencem ao reino
Monera e, apresentam formas variadas.
- São ubiquitários (encontram-se em todos ambientes) .
Constituintes da célula bacteriana e suas
funções
(Cont.)

• Parede Celular - é uma estrutura rígida constituída por um


esqueleto com várias camadas de peptidoglicano (Polímero
constituído por cadeias de polissacáridos). Está presente em todas
as bactérias excepto (Chlamydia e Micoplasmas).
Funções: protege contra agressões físicas do meio. Através da sua
diversificada composição química e quando corada a Gram, as
bactérias sub dividem em:

Gram+ ( Parede celular espessa, rígida e muitos peptidoeglicanos).


Gram- ( menos espessa e mais complexas que as de Gram+).
(Cont.)

• Membrana Citoplasmatica: barreira responsável pela


separação do meio interno (citoplasma) e externo da celula.
Funções: Transporte de solutos; Produção de energia por transporte
de eléctões e fosforilação oxidativa; Biossintese; Duplicação do
DNA; Secreção.

• Cápsula: Proteção da bactéria contra as condições externas


desfavoráveis.
(Cont.)

• Membrana Externa: membrana que cobre a camada fina de


peptidoglicana.
Funções: Selectiva para a entrada e saída de substâncias na célula
e, podendo ainda causar efeitos tóxicos sérios em animais
infectados.

•Flagelos: Organelas especiais de locomoção.


(Cont.)

•Fímbrias, Pêlos ou pili


- Pili sexuais:
Permite a transferência de DNA por conjugação.

- Pili comuns:
São mais curtos e auxiliam na aderência às células dos
hospedeiro.
Componentes citoplasmaticos

• Ribossomos: responsável pela sítese de proteínas.

• Plasmídios: Moléculas de DNA circular, menores que o


cromossoma, capazes de autoduplicação independente da
replicação cromossômica.
Modo de Vida das bactérias

 Nutrição:
- Autotróficas (fotossintetizantes ou quimiossintetizantes)
- Heterotróficas (saprófitas, parasitas, mutualistas).

 Respiração:
- Aeróbica, anaeróbica e facultativa.

 Reprodução:
- Assexuada (divisão binária); e
- Sexuada (conjugação).
Métodos gerais de estudo das Bactérias

 São dois principais métodos de estudo ou observação das


bactérias, a saber:

1. Método de exames preparados a fresco ou temporário:


Consiste na observação de bactérias na sua maioria em vida
apoiando-se pela suas mobilidades, ou seja, são observados
pequenos organismos ou fragmentos de tecidos vivos, num
meio líquido e mais próximo possível do meio natural desses
organismos.
Ex:. Exame a fresco de Fezes e Corrimento vaginal.
2. Método de exames preparados colorados ou
definitivos:

 Diferentes métodos de coloração em Microbiologia,


são usados para tornar as células e seus organelos
internos mais visíveis sob a luz microscópica. As
amostras são preparadas de forma a manter as
principais características das estruturas nelas
presentes.
Ex:. Coloração de Gram.
Classificação e nomenclatura das
bactérias
Filogenética: As bactérias são classificadas e nomeadas de
acordo com regras padronizadas de taxinomia biológica e
nomenclatura, desenvolvida pelo botânico Linnaeus onde
inclui grandes divisões como: Reino, Filo, Classe, Ordem,
Família, até espécies.

As espécies são designadas por uma nomenclatura


binominal em latim, em que o primeiro nome refere o
género (ex: Staphylooccus) e o segundo nome da espécie
(ex: aureus).
Fenotípica: A morfologia microscópica e macroscópica
das bactérias constituem primeiras características
utilizadas para identificar os microrganismos.

A capacidade de reter os corantes de Gram ( Gram


positivas ou negativas); e, também o aspecto
macroscópico das colonias (hemolíticas em AS,
pigmentação, tamanho e forma).

 Na pratica Laboratorial a classificação das bactérias é


baseada muito mais pela:
• Morfologia ou forma e arranjos;
• Capacidade de reter os corante de Gram;
• Necessidades de Ar.
Morfologia ou formas bacterianas

Embora existam milhares de espécies, quanto a forma as


bactérias podem ser:

 Esféricas ou arredondadas (Cocos); Ex:. Streptococcus


pneumoniae, responsável pela pneumonia ;
 Alongadas ou bastonetes (Bacilos); Ex:. Clostridium tetani,
responsável pelo tétano;
 Espiraladas ou espiroquetas (Espirilos); Ex:. Treponema
pallidum, que causa a sífilis;
 Forma de vírgula (Vibriões); Ex: Vibrio cholerae, causador
da cólera.
Arranjos ou disposição bacteriana

 Refere-se ao agrupamento das bactérias que pode ser aos


pares (recebendo o prefixo diplo), em cadeia (strepto) ou em
aglomerados irregulares/cacho (staphylo).

• Cocos/bacilos em pares: diplococos/diplobacilos;


• Cocos/bacilos em cadeia: streptococos/streptobacilos;
• Cocos irregulares/cacho: staphylococos.
Fonte: Enfª : Lorena Amorim, 2014, p.17
Principais Bactérias de Interesse
Clínico
1. Família Micrococaceae (Cocos)

Características Gerais:
São cocos de Gram positivo;
Aeróbicos facultativos;
Dispoem-se em forma singular, em fila ou em cacho
Géneros Staphylococcus

São os agentes mais comuns da doença no homem


Infecções:
 Meningite,
 Conjuntivite,
 Intoxicação alimentar,
 Infecções urinária,
 Abcessos e Feridas etc.
As espécies mais isoladas são:
S. aureus, S. epidermidis, S. saprofíticos.
A espécie mais patogénica é S. aureus.
Géneros Streptococus
São cocos de gram positivo, dispõem-se em cadeia ou fila e
podem ou não ter cápsula
 São os agentes mais frequentes de infecções: de pús,
(abcessos ou feridas, meninges e otite) e, pneumónia etc.

As espécies mais isoladas são :


 S. pneumóniae, S. pyogenes e, S. mutans;
As espécies mais patogénicas são:
 S. pneumóniae e, S. pyogenese.

Algumas espécies destes gênero são comensais da cavidade


bucal e fazem parte da flora intestinal do homem e, outras são
saprofíticos.
2. Família Neisseriaceae
São Cocos de Gram negativo, apresentam-se como diplococos
imóveis e são reniformes; são conhecidos três géneros com
interesse clínico:
 Kingella e Eikenella (ambos comensais da orofaringe
humana e agentes patogénicos oportunistas); e,
 Neissérias (com maior importância clínica).

Género Neissérias
Consiste em dez espécies encontradas no Homem, sendo duas
são agentes patogénicos restritos com as doenças bem
conhecidas:
 N. meningitidis e a N. gonorrhoeae
Neisséria meningitidis
É uma bactéria comensal da nasofaringe, cujo Homem é o seu único
reservatório natural.
Transmissão: Inalação de partículas de aerossóis contaminados,
sendo a segunda causa mais comum de meningite adquirida na
comunidade.
A doença endémica é mais comum em crianças com idade inferior a
5 anos (principalmente entre os 6 meses e os 2 anos).
Em casos de epidemia afecta adultos, especialmente em ambientes
fechados.
Patologias:
 Meningite (serogrupos B e C): caracterizada por febres
altas, vómitos (em crianças), cefaleias, sinais meníngeos e
petéquias (pequenos pontos vermelho na pele ou mucosas)
 Pneumonia (serogrupos Y e W135);
 Artrite e Uretrite.

Diagnóstico Laboratorial
A coloração de Gram em LCR (punção lombar) é muito
sensível e específico. É possível também efectuar hemocultura.
Outros meios de identificação e diagnóstico podem ser usados,
como a PCR.
Neisseria gonorrhoeae
É uma bactéria patogénica restrita para o ser humano cujo
principal reservatório é o indivíduo infectado assintomático (20%
de infecção no homem e 50% de infecção na mulher).

Transmissão: Contacto sexual e, Vertical (de mãe para o Filho).

Patologias:

 No homem: uretrite purulenta com disúria (gota matinal);


complicações como a epididimite, prostatite e abcessos
periuretrais podem ocorrer. Quase todos os homens infectados
apresentam sintomas.
 Na mulher: corrimento vaginal, disúria, cervicite e dor
abdominal;
 No recém-nascido: conjuntivite – oftalmia neonatal.

Diagnóstico Laboratorial
 Efectuado pelo estudo do exsudato uretral/do cervical.
Também se podem efectuar culturas e PCR.
Bactérias Intestinais

Lembre-se que, as bactérias são organismos unicelulares,


podendo ser encontrados de forma isolada ou em colônias, não
possuem núcleo celular definido (procariontes) e, são
ubiquitários.

São organismos muito pequenos, porém maiores que os vírus,


mas visíveis somente ao microscópio. Pertencem ao reino
Monera e, apresentam formas variadas.
As bactérias intestinais, na sua maioria pertecem a familia
Enterobacteriaceae.
2. Família Enterobacteriaceae
É a maior colecção de bacilos gram-negativos com importância
clínica. são organismos ubiquitários e, a maioria habitam no intestino
do Homem e de outros animais, (podem ou não levar à infecção). Pela
sua importância clínica, podem ser divididas em dois grupos:

 Patogénicos Primários: Bactérias capazes de causar doença em


qualquer indivíduo; Ex:. Shigella, Salmonela, Yersinia, Klebsiella
pneumoniae, etc.

 Patogénicos Secundários ou oportunistas: Bactérias que só são


capazes de causar doença em certas condições ou em certos
hóspedes. Ex:. Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Proteus,
Serratia, Enterobacter, Morganella, Providencia, etc.
Diferenciação das Enterobacteriaceae
São diferenciadas a partir das suas diversificadas capacidades bioquímicas:

• Diferenças na produção de H2S;


• Diferenças na hidrólise de ureia;
• Diferenças na liquefacção de gelatina.
• Diferentes meios de cultura permitem-nos diferenciar visivelmente estas
bactérias, pois os meios salientam as suas diferenças metabólicas
(ex:.BEM=Eosin methylene blue e meio MacConkey).

Transmissão: pode se dar por consumo de produtos alimentares


contaminados ou por meio fecal-oral em crianças.
Género Salmonella

É um género de bactérias anaeróbicas facultativas, com mais


de 2500 serotipos (referidos como espécies).

 As S. typhi e S. paratyphi são organismos patogénicos


restritos para o Homem e causam as formas mais agressivas
e raras das doenças de Salmonella nos humanos. Essas
infecções são transmitidas de pessoa para pessoa.
O género Salmonela tem um aspecto clínico variado:
Patologias
Gastroenterite [S. enteritidis]: 8 a 48 horas após a ingestão da
Salmonella ocorrem náuseas, vómitos, diarreia e febres baixas. Os
sintomas desaparecem geralmente 2 a 3 dias depois;

Bacteriémia [S. choleraesuis]: após infecção oral ocorre invasão


precoce da corrente sanguínea (com possíveis lesões nos pulmões,
ossos, meninges, etc.), com mal-estar geral e sem manifestações
intestinais;

Febre tifóide [S. typhi]: após a ingestão, as bactérias alcançam o


intestino delgado, a partir do qual penetram nos vasos linfáticos e
entram na corrente sanguínea atingindo vários órgãos, incluindo o
intestino. As principais lesões são a hiperplasia e necrose do tecido
linfóide, hepatite e inflamação da vesícula biliar.
Prevenção e diagnóstico
Em Laboratórios de Microbiologia , as bactérias podem ser
identificadas a partir de culturas em meios diferenciais (ex:.
MacConkey e SS), selectivos e enriquecidos.

Prevenção :
Existe vacina contra a S. typhi que reduz o risco de doença para
pessoas que viajam para zonas endémicas.
Os alimentos devem ser devidamente preparados.
Infecções com S. typhi e S. paratyphi devem ser tratadas com
antibióticos de eficaz (seleccionados por TSA em in vitro);
Género Shigella
É um género, com quatro espécies, todas anaeróbicas
facultativas. são bactérias altamente infecciosas.
Predominante em faixas etárias inferiores a 10 anos, podendo
também afectar pessoas em contacto directo com essas crianças
(ex:.Pais, educadoras de infância) e homens homossexuais. São
de transmissão fecal-oral.

A Shigella diferencia-se bioquimicamente da E. coli, pois não


fermenta lactose, e da Salmonella, pois não produz H2S.
Diagnóstico Laboratorial
As bactérias do Género Shigella podem ser isoladas de amostras
fecais, atravez de uma coprocultura (pois são facilmente isoladas).
A coprocultura é efectuado em meio SS, onde crescem Shigella e
Salmonella, sendo depois feita a diferenciação pela produção de
H2S (que estas bactérias não fazem).

Patologias:
Disenteria bacilar: caracterizada por febre e mal-estar com
diarreia aquosa e dores abdominais; 12-24 horas depois a febre
diminui, surgindo tenesmo, dejecções com sangue e muco
abundantes, mas em menor número;
Pode ocorrer também gastroenterite (shigellose)
Escherichia coli

É um cocobacilo comensal do tracto intestinal dos mamíferos, é uma


bactéria aeróbica que não forma esporos.
Factores de virulência: as enterotoxinas, as adesinas, as exotoxinas e a
capacidade invasiva.
Pode se apresentar em quatro formas, dependendo de como efectua a
infecção:

• E. coli enterotoxigénica
Esta bactéria produz dois tipos de enterotoxinas: uma termolábil e outra
termoestável ; têm um mecanismo de acção tóxico, com diarreia aquosa
devido à hipersecreção de água e electrólitos.
Local de acção: intestino delgado.
Diagnóstico laboratorial: ensaios de citotoxicidade em culturas celulares, de
modelos animais e de técnicas de biologia molecular.
E. coli enteroinvasiva
A estirpe, está associada a serotipos O restritos, tendo
propriedades patogénicas semelhantes às da Shigella. É mais
comum nos países subdesenvolvidos. Esta bactéria invade e
destroe o enterócito por um mecanismo invasivo, ocasionando
uma diarreia aguda com pus e sangue.
Local de acção: intestino grosso.
Diagnóstico laboratoriais: técnicas de biologia molecular
(sondagens de DNA, PCR e PCR multiplex).
 
E. coli enteropatogénica
Está associada à diarreias do recém-nascido. Esta bactéria adere
ao enterócito promovendo a fusão das vilosidades; levando à
formação de filamentos de actina polimerizada, o que promove a
destruição do enterócito, resultando em diarreia aquosa e má
absorção de nutrientes.
Local de acção: Intestino delgado.
Diagnostico laboratorial: a partir de testes genotípicos. As
classificações serológicas têm interesse apenas em estudos
epidemiológicos.
 
E. coli enterohemorrágica
Esta estirpe, está associada à colite hemorrágica, pois
produz uma toxina conhecida por verotoxina, que provoca
a morte do enterócito dando origem a diarreias com
sangue.
Local de acção: intestino grosso.
Diagnóstico laboratoriais: pela verificação de efeitos
citopáticos em células, induzidas pela verotoxina, ou pelo
uso do “MacConkey Sorbitol Agar”.
Família Vibrionaceae

É o segundo maior grupo de bacilos gram-negativos com importância


clínica. Actualmente, esta família é composta por dois géneros, Vibrio
e Photobacterium, sendo ao primeiro que se dará maior destaque.

Caracterização gerais:
São bacilos gram-negativos curvos;
São aeróbicos ou anaeróbicos facultativos;
São oxidase positivos;
São halofílicas, exceptuando a Vibrio cholerae;
E são móveis (possuem um único flagelo polar).
Outras infecções por E. coli

• Meningite;
• Septicémia;
• Pneumonia;
• Infecções urinárias: 1º - aderência bacteriana
ao uroepitélio (a partir de fímbrias e adesinas); 2º - a bactéria
atravessa a uretra e infecta a bexiga (cistite), podendo atingir o rim
(pielonefrite).
Sintomas: ardor ao urinar, urinar frequentemente.
Géneros Vibrio
• Vibrio cholerae
As bactérias desta espécie são bacilos gram-negativos curvos, anaeróbios
facultativos e com capacidade de fermentação. Não têm grandes requisitos
nutricionais e podem crescer na ausência de sal. As estirpes são divididas em
mais de 140 serotipos.

Os serogrupos variam com o antigénio somático (Ag O). No serogrupo O1 e


O139 há a produção de enterotoxina podendo causar uma cólera epidémica e
pandémica.
Vibrio cholerae (Cont.).
Os vibriões desta espécie são encontrados globalmente em estuários ou em
ambientes marinhos e estão associados com certos tipos de marisco. As
bactérias podem-se multiplicar livremente em água; os níveis de bactérias
em águas contaminadas aumentam durante os meses quentes.

Transmissão: é feita pelo consumo de alimentos ou água contaminada; a


transmissão de pessoa para pessoa é por meio de contacto fecal.
Vibrio cholerae (Cont.)

Os vibriões entram por via oral pela ingestão de produtos


contaminados. No estômago, os bacilos podem ser destruídos pelo
ácido gástrico, no entanto, se estiverem em grande número (ou se a
produção de ácido gástrico for diminuída ou neutralizada) eles podem
passar por esta barreira.

Os sobreviventes atravessam a camada de muco que reveste o epitélio


intestinal e colonizam-no por meio de factores de virulência.
Patologia.

Cólera : incubação vai de poucas horas a 5 dias.


 Causa vómitos, desconforto abdominal e diarreia
simples ou diarreias profusas e aquosas. As fezes apresentam um muco
“fezes do tipo água de arroz” e são inicialmente acastanhadas,
passando depois a serem acinzentadas.

O vibrião colérico liberta uma tóxina que altera o equilíbrio de sódio


nas células da mucosa do intestino e provoca a perda de uma grande
quantidade de fluidos corporais com diarreias severas.
Prevenção e diagnóstico Laboratorial

Prevenção:
É necessário que o marisco cru seja adequadamente refrigerado e
que o aquecimento das amêijoas a uma temperatura interna exceda
os 60°C.
Tratamento de agua, lavagem das mãos e dos alimentos antes do
consumo.

Diagnóstico: As bactérias podem ser identificadas laboratorialmente


através do isolamento em meio de TCBS (Tiosulfato-Citrato-sais-
Biliares-Sacarose), técnicas de biologia molecular (PCR e hibridização
DNA/RNA) e da classificação serológica.
Obrigado
pela tenção dispensada.
Bacilos espurolados Gram-positivo

A parede celular destas bactérias é espessa, com cerca de 40 camadas de peptidoglicano


(15-80 nm de espessura). Esta parede pode conter outros componentes como:

 Os ácidos lipoteicóicos (estão ancorados na membrana citoplasmática e promovem a


 Aderência a outras bactérias e a receptores específicos das células mamárias).
 Os ácidos teicóicos (estão ligados ao peptidoglicano, sendo essenciais à viabilidade
celular e sendo importantes factores de virulência).
 Complexos polissacarídeos e proteínas.
Bacillus anthracis
É um organismo largo que em especímenes clínicos se apresenta em
forma de bastonete único, em pares ou como uma longa cadeia
serpenteante. Forma esporos, mas estes não são observados ; os esporos
podem sobreviver no solo por vários anos. Não é móvel e é um anaeróbio
facultativo.

Patologias
Carbúnculo Cutâneo e Pulmonar: causada normalmente por
manuseamento de lã, por inalação de esporos. Inicialmente sem sinais
específicos, é seguida por um rápido aparecimento de sépsis com febre,
edema e linfadenopatia. É também acompanhada por falha respiratória. A
maioria dos pacientes que inalam este bacilo morrem a menos que o
tratamento seja iniciado imediatamente.
Bacillus anthracis (Cont.)
Forma Gastrointestinal: rara no homem, mas frequente nos herbívoros. Forma
úlceras no local da invasão. Tem uma mortalidade de 100% devido ao
diagnóstico tardio e disseminação sistémica rápida.
Bacillus anthracis (Cont.)

• Prevenção e diagnóstico Laboratorial


O diagnóstico pode ser feito a partir de exame directo das amostras
clínicas (exsudato das pústulas, gânglios linfáticos, sangue), ou por
observação da morfologia colonial. O PCR também é utilizado.

Esta bactéria raramente é isolada em países desenvolvidos mas é


prevalecente em locais onde a vacinação animal não se faz. Os
indivíduos em risco são aqueles que contactam com animais ou solos
infectados. O maior risco desta bactéria em países industrializados é o
seu uso como arma biológica.
Bacillus cereus
É uma bactéria com distribuição ubiquitária, que forma esporos. É
anaeróbica facultativa e não tem um crescimento fastidioso. Os esporos
podem sobreviver no solo.

Os factores de virulência são a toxina necrótica, a cereolisina e a


fosfolipase C (enzimas citotóxicas, isto é, destroem tecidos).
Patologias

A patologia principal causada por esta bactéria é a intoxicação


alimentar; esta pode se apresentar de duas formas:

Forma Emética: associada ao consumo de arroz contaminado. Com um


período de incubação de 1 a 6 horas, a doença deve-se a uma
enterotoxina termo-resistente. Causa vómitos, náuseas e cãibras
abdominais;

Forma Diarreica: associada a vários alimentos. Com um período de


incubação de 6 a 24 horas, a doença deve-se a uma enterotoxina
termolábil(perde as suas propriedades em determinada temperatura.),
Bacillus cereus (Cont.)

Prevenção e diagnóstico Laboratorial


Prevenção: nunca deixar os alimentos em contacto directo com o solo,
cozer bem os mesmos em particular o arroz.

• O diagnóstico Laboratorial, é feito a partir de cultura dos alimentos


suspeitos.
Género Clostridium

Este género, é uma colecção de bacilos gram-positivos, ubiquitários,


formadores de esporos. Alguns formam cápsula e podem ser móveis –
flagelados perítricos. São anaeróbios restritos, mas alguns são
aerotolerantes.

• Clostridium tetani
É um bacilo móvel e formador de esporos. As bactérias desta espécie não
fermentam hidratos de carbono e são anaeróbios restritos (difíceis de
isolar a partir de especímenes clínicos).
Clostridium tetani (Cont.)

Patologia
Esta bactéria pode originar:
Tétano generalizado, localizado ou neonatal (mais de metade).

Transmissão: dá-se por inoculação dos esporos em tecidos lesados. Os


factores de virulência são a tetanolisina (uma hemolisina) e a
tetanospasmina(uma neurotoxina).
Clostridium tetani (Cont.)
• Prevenção e diagnóstico Laboratorial
O diagnóstico é feito essencialmente pela apresentação clínica. As toxinas
são indetectáveis no sangue, logo é necessário recorrer ao uso de culturas.
Prevenção: Existe vacina para o tétano, com doses de reforço a cada 10
anos, e pelo desbridamento das feridas.
Clostridium botulinum

É um bacilo anaeróbio restrito, com um crescimento fastidioso e


ubiquitário. As estirpes associadas com doença humana produzem
lipase, proteínas digestivas de leite, hidrolisam gelatina e fermentam
glucose.

Produz uma das sete toxinas botulínicas (A-G). A cadeia leve ou A é


uma neurotoxina que bloqueia a neurotransmissão, impedindo a
libertação de acetilcolina, o que causa uma paralisia flácida.
Clostridium botulinum (Cont.)

Patologias
Esta bactéria pode originar:
• Botulismo alimentar: intoxicação alimentar (consrevas ou enlatadas,
mel, etc.);
• Botulismo de feridas;
• Botulismo inalatório: maior rapidez dos sintomas e maior
mortalidade. A morte acontece por paralisia respiratória.
Clostridium botulinum (Cont.)
• Prevenção e diagnóstico Laboraratorial
O diagnóstico é feito pelo isolamento do bacilo em cultura de fezes e de
alimentos ou pela detecção da toxina no soro.

A prevenção: é essencialmente feita a nível alimentar;


 Manutenção dos alimentos refrigerados ou em pH ácido (evitar a
germinação dos esporos) e/ou aquecimento a 60-100°C para destruir as
toxinas.
Para evitar o botulismo infantil, deve-se evitar o consumo de alimentos
contaminados (particularmente o mel, que não deve ser dado a crianças
com menos de 1 ano de idade).
Obrigado
pela tenção dispensada.
Corynebacterium/Corinebacterias
Os bacilos deste género são pleomórficos, não esporulados, não formam
cápsulas e, são imóveis. Metabolicamente, são aeróbicos ou anaeróbicos
facultativos, são catalase positiva.

Crescem bem na maioria dos meios de cultivo, mas algumas espécies requerem
meios de cultura enriquecidos com soro ou sangue.
Corynebactérias (Cont.)
• Corynebacterium diphtheriae
É uma bactéria comensal da pele e mucosas da orofaringe e transmite-se
por inalação ou contacto com feridas ou pele infectada.

Patologia:
Difteria Respiratória: doença do tracto respiratório superior caracterizada
por inchaço da garganta, febres baixas e com a presença de
pseudomembranas na, faringe e/ou cavidades nasais. Pode causar
complicações tóxicas disseminadas.
Mycobacterium/Micobactérias

As bactérias deste género, pertencem à família das


Mycobacteriaceae, são bacilos com estrutura da parede
de bactérias Gram-positivo; no entanto não coram pela
coloração de Gram pois, trata-se de Bacilos Ácido-Álcool
Resistentes (BAAR).
São microrganismos aeróbicos e imóveis, de crescimento
fastidioso e lento, não formam esporos.

O género possui muitas espécies mas, focaremos em Mycobacterium


tuberculosis e leprae.
Mycobacterium tuberculosis

Isolado em 1882 por Robert Koch “bacilo de Koch”, é um patogéno


intracelular transmitido por via aérea, sendo fagocitado por macrófagos a
nível dos alvéolos pulmonares. A doença provocada por esta bactéria deve-se
essencialmente à resposta do hospedeiro à infecção.
 
• Patologia
Tuberculose: afecta geralmente os pulmões e pleuras, mas pode invadir
também tecidos como os gânglios linfáticos ou o SNC. Sintomaticamente
traduz-se por tosse arrastada, perda de peso, fraqueza e mal-estar geral.
Prevenção e diagnóstico Laboratorial
Diagnóstico: baseia-se na evidência radiográfica e detecção laboratorial
do Mycobacterium:
 Pela coloração de Ziehl-Neelsen;
 Pelo método de Florescência (fluorocromo auramina-O); e
Actual tecnologie de ponta Gene-Xpert.

O teste da tuberculina pode igualmente ser usado para diagnosticar a


patologia. Trata-se de um antigénio que, nos doentes, provoca uma
reacção de hipersensibilidade.
A cultura celular em meio de Loewenstein demora quatro a oito
semanas. A identificação da bactéria em questão é feita através de
estudos TSA e por métodos moleculares.

 
Detecção Laboratorial do Mycobacterium

Baciloscopia (Coloração de Ziehl-Neelsen)


Prevenção e diagnóstico (Cont)

Prevenção: A vacina BCG, contendo M. bovis atenuado, é utilizada


para prevenir a infecção e é administrada a todos os recém-nascidos.

No entanto, a eficácia desta vacina é muito discutida, pois protege


somente das formas mais graves e não da tuberculose em geral. Para
além disso, diferentes estudos têm mostrado que a eficácia da vacina
varia entre 0-80 %.
Prevenção e diagnóstico (Cont)

A tuberculose requer, um tratamento prolongado


(devido à elevada resistência de antibióticos), com a
administração de uma grande variedade de
medicamentos.

A tuberculose é uma doença com maior prevalência em Moçambique e


especialmente frequente em indivíduos infectados pelo HIV, (considera-se como
doença oportunista).
Mycobacterium leprae

De maneira semelhante ao M. tuberculosis, esta bactéria sobrevive no


interior de macrófagos e a patologia causada deve-se essencialmente à
resposta imunitária do hospedeiro.

• Patologia

Lepra: lesões da pele, mucosas e nervos periféricos. A forma tuberculóide


é menos grave e pouco contagiosa; a forma lepromatosa é mais grave
(com destruição extensa de tecidos) e muito contagiosa.
Lepra: (lesões da pele, mucosas e nervos
periféricos).
Mycobacterium leprae (cont.)
Diagnóstico: O M. leprae não se pode cultivar, por isso, o diagnóstico é
feito directamente a partir de raspado nasal ou das lesões.
Como no caso da tuberculose, também o tratamento é muito demorado e,
envolve vários tipos de antibióticos.

Em Moçambique, a lepra está oficialmente eliminada como problema de


saúde pública desde 2008, embora Nampula, Niassa, Zambézia e Sofala,
ainda hajam diagnósticos da doença.
Obrigado
pela tenção dispensada.
Espiroquetas
As bactérias desta ordem foram agrupadas pela sua
morfologia em comum:
• São forma espiralada (helicoidais e finas), de dimensões
0,1 - 0,5 × 5 - 20μm e são de gram-negativo.

São várias espécies de espiroquetas que são patógenas


para o ser humano mas, devido à sua importância clínica
em Moçambique, focaremos somente a T. pallidum
pallidum e Borrelia spp.
Espiroquetas (Cont.)

• Treponema pallidum
É o agente causador da sífilis. O seu habitat é a mucosa
urogenital. É anaeróbio facultativo, e não pode-se
cultivar in vitro.
Estudos indicam que tem uma dispersão mundial, sendo
transmitida por contacto íntimo, transfusional ou congénito;
é actualmente a 3ª DST bacteriana.

O diagnóstico da sífilis é feito por testes serológicos. É


extremamente frágil, e muito sensível a temperatura,
humidade, e desinfectantes.
Prevenção e diagnóstico

• Diagnóstico: O diagnóstico pode ser efectuado pela apresentação


clínica da doença (cancro duro), podendo a bactéria ser identificada
por serologia com testes treponémicos específicos . 

• Prevenção: Ainda não existe vacina; práticas sexuais seguras


previnem a contaminação. Os parceiros sexuais de pacientes
infectados também devem receber tratamento.
Espiroquetas (Cont.)

• Borrelia
As bactérias do género Borrelia, especialmente a Borrelia
duttoni que é responsável pela febre recorrente por
mordedura de carraças,(actuam como vectores).
O cultivo in vitro de borrelias é muito complicado, portanto
os testes diagnósticos são fundamentalmente serológicos.

Transmissão: dá-se de pessoa a pessoa, mas requer um


vector que é o piolho. Deste modo os indivíduos em risco
são aqueles que estão expostos a condições de higiene
deficitárias.
Mycoplasmas

Os micoplasmas, bactérias da classe das Mollicutes, são um conjunto


de 200 espécies de bactérias, 5 das quais patogénicas para o homem.
São observáveis em microscopia de fundo escuro, já que os métodos
de coloração normalmente destroem a célula.

Estas bactérias são organismos pleomórficos de pequenas dimensões


com um crescimento lento. São anaeróbicos facultativos (excepto o M.
pneumoniae que é aeróbio restrito).
Mycoplasmas (Cont.)

• Mycoplasma pneumoniae
É uma bactéria patogénica extracelular que adere ao epitélio
respiratório por uma adesina e afecta as células ciliares, que são
destruídas que interfere com a limpeza normal do tracto respiratório,
causando uma tosse persistente no portador.

Transmissão: dá-se a partir das secreções nasais ou pela inalação de


gotas de aerossóis infectados e o período de incubação pode chegar a
ser vários meses.
Mycoplasma pneumoniae

• Patologias :
Esta bactéria causa doenças endémicas, afectando todos os grupos
etários, especialmente crianças e adolescentes.

Doença respiratória (do tracto respiratório superior);


Traqueobronquite;
Pneumonia atípica.
Mycoplasmas (Cont.)
•Mycoplasma fermentans
É uma bactéria patogénica que coloniza o tracto respiratório e o
tracto genitourinário. Esta bactéria pode originar patologias como a
Síndrome gripal e Pneumonia.

•Micoplasmas urogenitais
Afecta 15% da população sexualmente activa; o Mycoplasma
genitalium e o Ureaplasma urealyticum, que afecta 45% dos
indivíduos do sexo masculino e 75% dos indivíduos do sexo feminino.
Patologias:
Pielonefrite;
Febre pós-parto;
Uretrite.
Rickettsias
São bactérias com estruturas de gram-negativa, divididas em dois géneros
(Rickettsia e Orientia). São intracelulares obrigatórias. dependem
inteiramente do citoplasma do eucariota hospedeiro para crescer e
multiplicar-se.

Transmissão: Os reservatórios deste tipo de bactérias são outros animais e


artrópodes, sendo o Homem um hospedeiro acidental.Nas R. rickettsii, R.
prowazekii, R. conorii, causam febre, arrepios, cefaleias e mialgias.

Diagnóstico: É possivel observar atravez da oloração de Giemsa.


Família Chlamydiaceae

É uma família de bactérias dividida em dois géneros, Chlamydia e


Chlamydophila; São bactérias com estruturas de gram-negativo e são
intracelulares obrigatórias, não têm parede de peptidoglicano.

Diagnóstico: pode-se efectuar culturas, serologias, citologias e, é


possível detectar antigénios em amostras clínicas.
Família Chlamydiaceae

• Chlamydia trachomatis
Transmissão: dá-se por contacto sexual ou por inoculação em tecidos
lesados ou mucosas.
 
• Patologias:
Tracoma: conjuntivite folicular com inflamação difusa;
Conjuntivite no adulto, associada a infecção genital;
Conjuntivite neonatal, por exposição no parto;
Pneumonia infantil;
Linfogranuloma Venéreo (LGV): com um período de incubação de 1 a
4 semanas, causa lesões nos genitais;
Família Chlamydiaceae

• Chlamydophila pneumoniae
É uma bactéria patogénica cujo reservatório é o proprio Homem.
Transmissão: contacto interpessoal através de secreções respiratórias.
 

• Patologias :
Bronquite;
Pneumonia;
Sinusite.
 
Principais doenças causadas por bactérias

Tuberculose: causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de “Koch”


designação dada em homenagem a seu descobridor. Afeta o pulmão mas pode
atingir os rins, ossos e intestino. A transmissão ocorre pela aspiração e ou
deglutinação da bactéria.

Hanseníase/Lepra:causada por um bacilo chamado Mycobacterium leprae,


que afeta a pele e o sistema nervoso, causando deformações e falta de
sensibilidade. O contágio ocorre pelo contato íntimo e prolongado com o
indivíduo infectado.

Pneumonia: pode ser causada pelo S. pneumoniae ou por fungos. O S.


pneumoniae é um habitante comum da garganta e nasofaringe de indivíduos
saudáveis.
Principais doenças causadas Por bactérias
(Cont.)
Botulismo: causado pelas tóxinas do Clostridium botulinum, que também forma
esporos. É uma intoxicação resultante da ingestão de alimentos condimentados,
defumados, embalados a vácuo ou enlatados contaminados. Nesse tipo de
alimento, em condições de anaerobiose, os esporos germinam, crescem e
produzem a tóxina.

O intoxicada, após cerca de 18 horas de ingestão do alimento, sente distúrbios


visuais, dificuldade em falar e incapacidade de deglutir. A morte ocorre por
paralisia respiratória ou parada cardíaca. Por isso, devemos sempre cozinhar os
alimentos, mesmo os enlatados, durante, no mínimo, 20 minutos antes de
comê-los.
Principais doenças causadas Por bactérias (Cont.)

Diarréias bacterianas: são causadas por diversas bactérias (enterobactérias),


tais como Salmonella, Shigella, Enterobacter, Klebsiella, Proteus e a
Escherichia coli , transmitidas através de alimentos, água, leite, mãos sujas,
fezes, etc.

Cólera: é causada pelo Vibrio cholerae: fortes diarreias “fezes com aspecto de
água de arroz” vômitos e, consequentemente, desidratação.

Sífilis: causada por Treponema pallidum.


Gonorréia: causada por Neisseria gonorrhoeae.

Meningite: causada por Neisseria meningitidis (Está subdividida em 13


serogrupos, dos quais o A, B, C, X, Y e W135 são causadores).
Referências bibliográficas
MICHAEL, J. Pelczar Jr.; Microbiologia, conceitos e aplicações Vol. 1 2ª
Edição , Editora Pearson Edcucation Brasil.

PATRICK, R. Murray (2009); Microbiologia Médica, 6ª Edição, Editora


Guanabara, Rio de Janeiro.

LUIZ, R.T, Flávio, A.(2008),Microbiologia, Editora Atheneu, São Paulo.

SPICER,W.J (2002),Bacteriologia,Micologia e parasitologia clínica Um texto


ilustrado a cor, Editora Guanabara, Rio de Janeiro.

BERGEY'S, Manual of Determinative Bacteriology, p. 593, 1994.

BURTON, Gwendolyn R.W. E Engelkirk, Paul G. (2005). Microbiologia para as


Ciências da Saúde. 7ª Edição. Editora Guanabara Koogan: Rio de Janeiro.
Muito Obrigado
pela tenção dispensada!
NOÇÕES GERAIS DA IMUNOLOGIA

O QUE É A IMUNOLOGIA ?

Prof. Pascoal Gervasio


Historial da Imunologia
Elie Metchnikoff em 1882, criou o conceito de Imunologia, após espetar
uma larva transparente de estrela-do-mar com o acúleo de uma roseira,
verificou um acumulo de células cercando a ponta afiada, 24 horas após a
injúria; uma resposta activa (inexistente naquela época).
Esta actividade seria fundamental na manutenção da integridade dos
organismos, sendo que a defesa aparece como um fenômeno secundário.
Noções gerais da Imunologia

Imunologia: é a ciência que estuda o sistema imune, ou seja, parte da


biologia que estuda os mecanismos que o corpo dos seres humanos e
outros animais usam para se defender contra a invasão de
microrganismos.

Imunologia = Imuno + Logia


Imuno = Defesa
Logia = Estudo / Ciência
Noções gerais da Imunologia (Cont.)
Sistema Imune – é o conjunto de orgãos, células e moléculas especializados
na defesa.
Imunidade – é a resistência a infecções, provém do latim “immunis = isento”.
As células responsáveis pela imunidade são os linfócitos e os fagócitos. Os
linfócitos podem apresentar-se como linfócitos T ou linfócitos B (estes são
responsáveis pela produção de anticorpos).

Ex:. As células T citotóxicas (CD8) destroem células infectadas por vírus e os


linfócitos T auxiliares (CD4) coordenam as respostas imunes.
Conceitos básicos
Antígeno/Antigénio - É qualquer substância ou partícula estranha que, uma
vez presente no organismo, provoca da parte deste a produção de anticorpos
específicos contra a sua própria estrutura.

Anticorpos - São substâncias (proteínas solúveis) produzidas especificamente


pelo organismo contra determinadas partículas ou substâncias estranhas, com
características de antígeno.

Seroconversão - É o aparecimento de anticorpos no soro de um indivíduo


depois da exposição a um antígeno.
Anticorpos

Moléculas de defesa produzidas por linfócitos


em resposta à presença de antígenos;
pertencem a uma classe particular de
glicoproteínas chamada de imunoglobulinas.
Cada anticorpo tem actividade específica
dirigida ao antígeno que determinou a sua
produção.
Os anticorpos são um grupo de moléculas ou
proteínas séricas produzidas pelos linfócitos B
e T.
Anticorpos (Cont.)

A resposta imunológica só é provocada se


o antígeno for reconhecido como
estranho.
Neste caso, podem começar diferentes
processos, desde a produção de moléculas
de defesa ou anticorpos até a activação de
células específicas.
Antígeno
É qualquer molécula reconhecida como estranho pelo sistema imune.
Geralmente os antígenos tem na sua constituição (proteínas ou
polissacarídeos). Podem ser fragmentos de bactérias, vírus, fungos ou
protozoários.
O sistema imune evolui com a finalidade de reconhecer os antígenos e
destruir ou eliminar a sua fonte. Quando o antígeno é eliminado, o sistema
imune é desligado.
Resposta Imune

• Resposta Imune – é a reacção coordenada das células, tecidos e


moléculas que norteiam a imunidade.

Resp.
Imun.
R. INATA R. ADAPTATIVA

•Não específica
•Especíifica
•1a linha de defesa
•2a linha de defesa
Células responsáveis pelas respostas imunes
As células que apresentam as funções especializadas nas respostas imunes
inatas e adaptativas são:
• Os neutrófilos, monócitos-macrófagos, basófilos,
eosinófilos, os linfócitos T, B e células NK “assassinas naturais” provenientes
da linhagem linfóide.
As NK são geralmente específicas para determinados antígenos e actuam
para eliminar as moléculas reconhecidas como sendo estranhas ao
organismo.

As principais células de entre várias mencionadas são os linfócitos, T e


B.

(Abbas et al, 2007)


Resposta Imune (Cont.)
O sistema imune pode sofrer um desequilíbrio, esta falência pode ocasionar:
• Imunodeficiência - resposta imune ineficiente;

• Hipersensibilidade - resposta imune exagerada; doenças auto-imunes –


reacção inadequada aos antigénios autólogos.

• Inflamação - concentração das células do sistema imune no local da infecção e


compreende três eventos: aumento do suprimento sanguíneo para a área
afectada, aumento da permeabilidade capilar e migração dos leucócitos, dos
capilares para os tecidos circundantes.
Imunidade Inata (Natural)

Presente desde o nascimento (em indivíduos saudáveis),


bloqueia a entrada ou elimina microrganismos que entram
com sucesso nos tecidos. O sistema inato é composto por
mecanismos de defesa não-específicos, que constituem
uma resposta indiferenciada ao agente invasor.
A pele é a principal barreira;
Barreiras epiteliais;
O ácido gástrico do estomago;
A saliva e as lágrimas contêm enzimas bactericidas;
O muco é outra defesa, revestindo as mucosas;
Células Natural Killer (NK) e Macrófagos.
Imunidade Inata (Cont)

• A pele é a melhor barreira contra a infecção, os orifícios do corpo


(boca, olhos, nariz, canal audiditvo e ânus), são protegidos por
epitélio ciliado e mucoso, lágrimas, pelo ácido gástrico e pela bile do
trato gastrointestinal.

• Ao ultrapassar essas barreiras naturais, o antígeno aciona as defesas


do hospedeiro não específicas para antígenos (imunidade inata).
Imunidade Adaptativa
• Defesa estimulada por micróbios que invadem tecidos. Reconhecem ou não
substâncias microbianas (antígenos).

Ex:. O princípio da vacinação está baseado em dois elementos fundamentais


da resposta imune adaptativa: memória e especificidade. O objectivo no
desenvolvimento da vacina é alterar o patogeno ou as suas toxinas de tal
modo que eles se tornem inócuos sem perderem a antigenicidade.
Imunidade Adaptativa (Cont)
Resposta imune específica ao antígeno é fornecida por células de memória B e
T, que determinam uma resposta precoce e mais eficaz que a realizada
durante a infecção primária. Essa proteção pode não evitar os estágios iniciais
da infecção, mas, na maioria dos casos, ela previne a progressão da doença.

Assim, em uma segunda infecção pelo mesmo agente etiológico , as respostas


mediadas pela célula são mais eficaz em limitar a disseminação local do
patógeno e os anticorpos do soro podem evitar a disseminação.
Referências bibliográficas
MICHAEL, J. Pelczar Jr.; Microbiologia, conceitos e aplicações Vol. 1
2ª Edição , Editora Pearson Edcucation Brasil.

PATRICK, R. Murray (2009); Microbiologia Médica, 6ª Edição, Editora


Guanabara, Rio de Janeiro.

LUIZ, R.T, Flávio, A.(2008),Microbiologia, Editora Atheneu, São Paulo.


SPICER,W.J (2002),Bacteriologia,Micologia e parasitologia clínica Um
texto ilustrado a cor, Editora Guanabara, Rio de Janeiro.
BERGEY'S, Manual of Determinative Bacteriology, p. 593, 1994.

BURTON, Gwendolyn R.W. E Engelkirk, Paul G. (2005). Microbiologia


para as Ciências da Saúde. 7ª Edição. Editora Guanabara Koogan: Rio
de Janeiro.
Muito Obrigado
pela tenção dispensada!

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