1 Sucessões Transfronteiriças
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TRANSFRONTEIRIÇAS
O que é uma sucessão transnacional?
• Sistema dualista -
Até 17 de agosto de 2015:
DIP português de fonte interna
“A sucessão por morte é regulada pela lei pessoal do autor da sucessão ao tempo do
falecimento deste, competindo-lhe também definir os poderes do administrador da
herança e do executor testamentário”
A lei pessoal – art.º 31/1 “A lei pessoal é a da nacionalidade do individuo”
Afirma-se o princípio da unidade e universalidade da herança que impõe que todos os bens
dela constantes, situados em território nacional ou no estrangeiro, devem ser considerados na
partilha a efetuar
• Após 17 de agosto de 2015
• base legal artigo 81º do TFUE - cooperação judiciária nas matérias civis com incidência
transfronteiriça em particular quando tal cooperação seja necessária para o bom
funcionamento do mercado interno
• tem carácter geral
• obrigatório em todos os seus elementos
• diretamente aplicável em todos os Estados
• Regulamento 650/2012 do Parlamento Europeu e do
Conselho de 4 de julho de 2012- relativo à:
• competência – a competência é dos órgãos jurisdicionais do Estado da residência
habitual do falecido
• à lei aplicável
• ao reconhecimento e execução das decisões- consagra-se o reconhecimento
automático das decisões (sem necessidade de recurso a qualquer procedimento)
• à aceitação e execução dos atos autênticos em matéria de sucessões – reconhece-se
força probatória aos atos autênticos idênticos à que têm no Estado-Membro de origem
• à criação de um Certificado Sucessório Europeu
Regulamento 650/2012 - Âmbito de aplicação
• Regra geral: a lei aplicável ao conjunto da sucessão é a lei do estado onde o falecido tinha
residência habitual no momento do óbito (art.º 21º);
• A título excecional, caso resulte claramente uma relação mais estreita com um Estado
diferente do Estado da residência, aplica-se a lei desse outro Estado
• Sistema unitário: a lei determinada pelo regulamento regula toda a sucessão(art.º 20º);
• Autonomia Conflitual: possibilidade do cidadão escolher a lei do Estado de que é nacional
no momento em que faz a escolha ou no momento do óbito (art.º 22º); a validade material
do ato pelo qual foi feita a escolha é regulada pela Lei escolhida;
Regulamento 650/2012
Certificado Sucessório Europeu – art.º 62º ao 73º
• Documento destinado a ser utilizado pelos herdeiros, pelos legatários ou pelos
administradores que necessitem de invocar noutro Estado Membro a sua
qualidade e /ou exercer os seus direitos:
• Designadamente:
• A qualidade de herdeiro ou legatário e as respetivas quotas partes da herança
• A atribuição de determinado bem
• Os poderes do administrador da herança
Regulamento 650/2012
Certificado Sucessório Europeu – art.º 62º ao 73º
• Não é obrigatório, mas substitui os documentos internos uma vez emitido
• Visa facilitar a circulação internacional da prova da qualidade de herdeiro ou legatário que até agora
dependiam de instrumentos de carácter nacional cujos efeitos não se encontravam garantidos além
das fronteiras de cada Estado
• Produz o mesmo efeito em todos os EM
• O CSE goza da presunção de fidedignidade, exatidão e autenticidade e garante as qualidades e
poderes mencionadas;
• Determina a proteção de terceiros. Aquele que fizer entrega de um bem ou proceda a um pagamento,
àquele que está mencionado no CSE como habilitado para o receber, beneficia da proteção do terceiro
de boa fé
HIPÓTESE
A, de nacionalidade portuguesa, morre em Aveiro onde após se ter reformado, passava o verão, depois de uma vida de 30 anos
de trabalho na Alemanha onde vivem os filhos e os netos. A herança é composta por uma casa em Hannover, cidade na qual
passava o resto do ano e onde tinha acompanhamento médico, um veículo automóvel e uma conta bancária. Em Portugal tinha
a casa onde residia em Aveiro, um veículo automóvel e quota parte de uma herança indivisa da herança dos seus pais.
Art.º 62º do Código Civil : “A sucessão por morte é Art.º 21º do regulamento 650/2012: a lei aplicável ao
regulada pela lei pessoal do autor da sucessão ao tempo conjunto da sucessão é a lei do Estado onde o falecido
do falecimento deste, competindo-lhe também definir os tinha a sua residência habitual – Lei alemã
poderes do administrador da herança e do executor
Art.º 20º - sistema unitário: a lei determinada pelo
testamentário”. A lei pessoal – art.º 31/1 “A lei pessoal é
regulamento regula toda a sucessão
a da nacionalidade do individuo” – Lei portuguesa
Art.º 4º - Competência aos órgãos jurisdicionais
portugueses
HIPÓTESE
A, de nacionalidade francesa, morre em Portugal, onde residia há 15 anos, com a mulher e o filho após se ter reformado.
A herança é composta por uma casa em Paris, onde residia nos meses mais frios e uma quinta em Inglaterra que havia
herdado de um tio. Em Portugal tinha uma quinta no Douro, onde passava grande parte do ano, uma conta bancária,
dois veículos automóveis, uma coleção de motas clássicas e uma quota numa sociedade de exportação de vinhos.
https://beta.e-justice.europa.eu/166/PT/succession
https://op.europa.eu/pt/publication-detail/-/publication/
61afb4c0-a71b-11e7-837e-01aa75ed71a1