1 Sucessões Transfronteiriças

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SUCESSÕES

TRANSFRONTEIRIÇAS
O que é uma sucessão transnacional?

• Transferência das situações jurídicas que se encontravam na titularidade do de cujus


(acervo de direitos e obrigações) quando estas situações jurídicas têm pontos de
contacto em mais do que um Estado

• Ex: existência de bens móveis ou imóveis, contas bancárias, seguros de vida em


diferentes Estados
É cada vez maior o número de cidadãos que trabalham, estudam ou
simplesmente escolhem para viver um Estado diferente do da sua
nacionalidade

 De acordo com dados da EU tínhamos, em 2012 :

 12,3 milhões de europeus a viver em estado diferente do da sua nacionalidade;

 450.000 sucessões internacionais

 120 biliões de euros em acervos hereditários


Exemplos de sucessões transnacionais:
 A, de nacionalidade francesa, residente em Portugal, onde falece, deixa um
imóvel em Portugal e contas bancárias em França;
 B, de nacionalidade sueca, morre em Itália, onde residia há 5 anos. Deixa bens
móveis e imóveis na Suécia e em Itália;
 C de nacionalidade holandesa, residente na Alemanha, tem todos os seus bens
em Portugal. Na Alemanha, por testamento, escolhe a lei alemã para regular a
sua sucessão
Em consequência:

 Temos vários países com competência para regular a sucessão:


 As autoridade do país da nacionalidade do de cujus
 As autoridades do país da última residência
 As autoridades dos países onde se situavam os bens…
 Alguns sistemas que convergem para a determinação de uma solução unitária para toda a
sucessão (modelo monista)
 Outros convergem para a determinação de uma solução variável, consoante a herança seja
composta por bens móveis ou bens imóveis (modelo dualista)
O direito comum espanhol Na Inglaterra não existe a
reserva uma parte da
herança para determinados Na Grécia a legítima figura de legitima portanto
familiares sob a forma de corresponde a não há qualquer restrições à
uma legítima metade da massa liberdade de disposição por
hereditária. morte

O direito francês só prevê o direito à Na Alemanha os parentes mais próximos


legítima para os descendentes do podem ser deserdados através de um
falecido (filhos, netos, etc., por testamento.
ordem de prioridade) e o seu Na Finlândia e a Estónia admite-se a professio iuris sem restrições,
cônjuge.. Os ascendentes e os enquanto que na Bélgica, Bulgária, Itália e Roménia admite-se a
professio iuris desde que não impeça a aplicação de normas sucessórias
colaterais não têm direito à legítima.
imperativas
Portugal, Espanha, França, Grécia,
No direito luxemburguês, só têm direito à Luxemburgo, Suécia, Hungria, Letónia,
legítima os descendentes do falecido (os filhos Áustria, Eslováquia, Eslovénia e república
ou, se estes tiverem morrido antes do falecido, Checa, não permitem a escolha da lei aplicável
os filhos destes). em matéria sucessória
Consequências:
 Processos sucessórios:
 Lentos
 Imprevisíveis
 Complexos
 Custos elevados
Dois sistemas:
• Sistema monista – que manda aplicar a mesma lei a toda a herança (aos bens
móveis e imóveis)

• Sistema dualista -
Até 17 de agosto de 2015:
DIP português de fonte interna

 Aplica-se a norma interna – o art.º 62º do Código Civil :

“A sucessão por morte é regulada pela lei pessoal do autor da sucessão ao tempo do
falecimento deste, competindo-lhe também definir os poderes do administrador da
herança e do executor testamentário”
A lei pessoal – art.º 31/1 “A lei pessoal é a da nacionalidade do individuo”
 Afirma-se o princípio da unidade e universalidade da herança que impõe que todos os bens
dela constantes, situados em território nacional ou no estrangeiro, devem ser considerados na
partilha a efetuar
• Após 17 de agosto de 2015

• Regulamento 650/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho de 4


de julho de 2012

• base legal artigo 81º do TFUE - cooperação judiciária nas matérias civis com incidência
transfronteiriça em particular quando tal cooperação seja necessária para o bom
funcionamento do mercado interno
• tem carácter geral
• obrigatório em todos os seus elementos
• diretamente aplicável em todos os Estados
• Regulamento 650/2012 do Parlamento Europeu e do
Conselho de 4 de julho de 2012- relativo à:
• competência – a competência é dos órgãos jurisdicionais do Estado da residência
habitual do falecido
• à lei aplicável
• ao reconhecimento e execução das decisões- consagra-se o reconhecimento
automático das decisões (sem necessidade de recurso a qualquer procedimento)
• à aceitação e execução dos atos autênticos em matéria de sucessões – reconhece-se
força probatória aos atos autênticos idênticos à que têm no Estado-Membro de origem
• à criação de um Certificado Sucessório Europeu
Regulamento 650/2012 - Âmbito de aplicação

• Espacial: aplicável em todos os Estado Membros da União Europeia- exceto


Dinamarca e Irlanda

• Temporal: aplica-se às sucessões abertas a partir de 17 de agosto de 2015


Residência habitual:
país com o qual o falecido tinha
Regulamento 650/2012- art.º 20º ao 38º uma relação mais estreita e
Lei aplicável à sucessão estável

• Regra geral: a lei aplicável ao conjunto da sucessão é a lei do estado onde o falecido tinha
residência habitual no momento do óbito (art.º 21º);
• A título excecional, caso resulte claramente uma relação mais estreita com um Estado
diferente do Estado da residência, aplica-se a lei desse outro Estado
• Sistema unitário: a lei determinada pelo regulamento regula toda a sucessão(art.º 20º);
• Autonomia Conflitual: possibilidade do cidadão escolher a lei do Estado de que é nacional
no momento em que faz a escolha ou no momento do óbito (art.º 22º); a validade material
do ato pelo qual foi feita a escolha é regulada pela Lei escolhida;
Regulamento 650/2012
Certificado Sucessório Europeu – art.º 62º ao 73º
• Documento destinado a ser utilizado pelos herdeiros, pelos legatários ou pelos
administradores que necessitem de invocar noutro Estado Membro a sua
qualidade e /ou exercer os seus direitos:
• Designadamente:
• A qualidade de herdeiro ou legatário e as respetivas quotas partes da herança
• A atribuição de determinado bem
• Os poderes do administrador da herança
Regulamento 650/2012
Certificado Sucessório Europeu – art.º 62º ao 73º
• Não é obrigatório, mas substitui os documentos internos uma vez emitido
• Visa facilitar a circulação internacional da prova da qualidade de herdeiro ou legatário que até agora
dependiam de instrumentos de carácter nacional cujos efeitos não se encontravam garantidos além
das fronteiras de cada Estado
• Produz o mesmo efeito em todos os EM
• O CSE goza da presunção de fidedignidade, exatidão e autenticidade e garante as qualidades e
poderes mencionadas;
• Determina a proteção de terceiros. Aquele que fizer entrega de um bem ou proceda a um pagamento,
àquele que está mencionado no CSE como habilitado para o receber, beneficia da proteção do terceiro
de boa fé
HIPÓTESE
A, de nacionalidade portuguesa, morre em Aveiro onde após se ter reformado, passava o verão, depois de uma vida de 30 anos
de trabalho na Alemanha onde vivem os filhos e os netos. A herança é composta por uma casa em Hannover, cidade na qual
passava o resto do ano e onde tinha acompanhamento médico, um veículo automóvel e uma conta bancária. Em Portugal tinha
a casa onde residia em Aveiro, um veículo automóvel e quota parte de uma herança indivisa da herança dos seus pais.

Antes de 17 de agosto de 2015 A partir de 17 de agosto de 2015

Art.º 62º do Código Civil : “A sucessão por morte é Art.º 21º do regulamento 650/2012: a lei aplicável ao
regulada pela lei pessoal do autor da sucessão ao tempo conjunto da sucessão é a lei do Estado onde o falecido
do falecimento deste, competindo-lhe também definir os tinha a sua residência habitual – Lei alemã
poderes do administrador da herança e do executor
Art.º 20º - sistema unitário: a lei determinada pelo
testamentário”. A lei pessoal – art.º 31/1 “A lei pessoal é
regulamento regula toda a sucessão
a da nacionalidade do individuo” – Lei portuguesa
Art.º 4º - Competência aos órgãos jurisdicionais
portugueses
HIPÓTESE
A, de nacionalidade francesa, morre em Portugal, onde residia há 15 anos, com a mulher e o filho após se ter reformado.
A herança é composta por uma casa em Paris, onde residia nos meses mais frios e uma quinta em Inglaterra que havia
herdado de um tio. Em Portugal tinha uma quinta no Douro, onde passava grande parte do ano, uma conta bancária,
dois veículos automóveis, uma coleção de motas clássicas e uma quota numa sociedade de exportação de vinhos.

Antes de 17 de agosto de 2015 A partir de 17 de agosto de 2015


Art.º 62º do Código Civil : “A sucessão por morte é regulada pela lei Art.º 21º do regulamento 650/2012: a lei aplicável ao
pessoal do autor da sucessão ao tempo do falecimento deste,
conjunto da sucessão é a lei do Estado onde o falecido
competindo-lhe também definir os poderes do administrador da
herança e do executor testamentário”. A lei pessoal – art.º 31/1 “A lei
tinha a sua residência habitual – Lei portuguesa
pessoal é a da nacionalidade do individuo” – Lei francesa
Art.º 20º - sistema unitário: a lei determinada pelo
DIP francês: manda aplicar a lei do domicílio aos bens regulamento regula toda a sucessão
móveis e a lei lex rei sitae aos bens imóveis, pelo que, a
Art.º 4º - Competência aos órgãos jurisdicionais
sucessão terá várias massas sucessórias - tantas quantos os
portugueses
países em que se localizem os bens imóveis - e cada uma
será regulada por uma lei própria (inglesa, francesa e
portuguesa)
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?
uri=CELEX%3A02012R0650-20120705

https://beta.e-justice.europa.eu/166/PT/succession

https://op.europa.eu/pt/publication-detail/-/publication/
61afb4c0-a71b-11e7-837e-01aa75ed71a1

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