Pré Modernismo

Fazer download em pptx, pdf ou txt
Fazer download em pptx, pdf ou txt
Você está na página 1de 21

PRÉ-MODERNISMO

By: Jean Liberato


Contexto histórico
• Final do século XIX e início do século XX
• República Velha (da espada + café com leite)
• Revoltas populares
• Reconstrução do nacionalismo
Características:

•Não é uma escola literária


• Inovações no plano da linguagem
• Regionalismo
• Abordagem social
• Contemporaneidade
Principais autores / obras
• Euclides da Cunha – “Os Sertões”
• Lima Barreto – “Triste fim de Policarpo
Quaresma”
• Monteiro Lobato – “Urupês”; “Cidades
Mortas”
• Graça Aranha – “Canaã”
• Augusto dos Anjos – “Eu”
1- “Os Sertões” – Euclides da Cunha
• Retrato literário do conflito de Canudos (1897)
• Norte da BA
• Rigor científico
• Panorama histórico
• Linguagem literária
• 4 investidas militares
• Obra dividida em três partes:
- “A terra”
- “O homem”
- “A luta”
Os sertões - fragmentos
"Ao sobrevir das chuvas, a terra, como vimos, transfigura-se em mutações
fantásticas, contrastando com a desolação anterior.
Os vales secos fazem-se rios. Insulam-se os cômoros escalvados, repentinamente
verdejantes. A vegetação recama de flores, cobrindo-os, os grotões escancelados, e
disfarça a dureza das barrancas, e arredonda em colinas os acervos de blocos
disjungidos -de sorte que as chapadas grandes, entremeadas de convales, se ligam
em curvas mais suaves aos tabuleiros altos. Cai a temperatura. Com o desaparecer
das soalheiras anula-se a secura anormal dos ares. Novos tons na paisagem: a
transparência do espaço salienta as linhas mais ligeiras, em todas as variantes da
forma e da cor.
Dilatam-se os horizontes. O firmamento, sem o azul carregado dos desertos, alteia-
se, mais profundo, ante o expandir revivescente da terra.
E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono.
Depois tudo isto se acaba. Voltam os dias torturantes; a atmosfera asfixiadora; o
empedramento do solo; a nudez da flora; e nas ocasiões em que os estios se ligam
sem a intermitência das chuvas -o espasmo assombrador da seca.“
Cunha, Euclides da. Os sertões. São Paulo, Editora Três, 1984
“O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o
raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista,
revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o
desempeno, a estrutura corretíssima das organizações
atléticas. (...) Este contraste impõe-se ao mais leve exame.
Revela-se a todo o momento, em todos os pormenores da
vida sertaneja — caracterizado sempre pela intercadência
impressionadora entre extremos impulsos e apatias longas.”
 
Cunha, Euclides da. Os sertões. São Paulo, Editora Três, 1984 .
“Decididamente era indispensável que a campanha de
Canudos tivesse objetivo superior à função estúpida e
bem pouco gloriosa de destruir um povoado dos sertões.
Havia um inimigo mais sério a combater, em guerra mais
demorada e digna. Toda aquela campanha seria um crime
inútil e bárbaro, se não se aproveitassem os caminhos
abertos à artilharia para uma propaganda tenaz, continua
e persistente, visando trazer para o nosso tempo e
incorporar à nossa existência aqueles rudes compatriotas
retardatários.”
Cunha, Euclides da. Os sertões. São Paulo, Editora Três, 1984
2- Monteiro Lobato – “Urupês”, “Cidades
Mortas”
• SP – Vale do Paraíba
• Decadência do café
• Personagem: caipira preguiçoso/ignorante
• Transgressão ortográfica
• Jeca Tatu
• Brasil arcaico: vícios e vermes
• Contos
• Histórias infantis (sucesso e preconceito)
“Urupês” - fragmentos
Jeca Tatu é um piraquara do Paraíba, maravilhoso epítome de carne onde se resumem
todas as características da espécie. [...] De pé ou sentado as idéias se lhe entramam, a
língua emperra e não há de dizer coisa com coisa. De noite, na choça de palha, acocora-se
em frente ao fogo para “aquentá-lo”, imitado da mulher e da prole. Para comer, negociar
uma barganha, ingerir um café, tostar um cabo de foice, fazê-lo noutra posição será
desastre infalível. Há de ser de cócoras. [...] Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e
feio na realidade! [...] Quando comparece às feiras, todo mundo logo adivinha o que ele
traz: sempre coisas que a natureza derrama pelo mato e ao homem só custa o gesto de
espichar a mão e colher – cocos de tucum ou jissara, guarirobas, bacuparis, maracujás,
jataís, pinhões, orquídeas. [...] Seu grande cuidado é espremer todas as consequências da
lei do menor esforço – e nisto vai longe. Começa na morada. Sua casa de sapé e lama faz
sorrir aos bichos que moram em toca e gargalhar ao joãode-barro. [...] Mobília, nenhuma.
[...] Nenhum talher. Não é a munheca um talher completo – colher, garfo e faca a um
tempo? [...] Nada de armários ou baús. A roupa, guarda-a no corpo. [...] Se pelotas de barro
caem, abrindo seteiras na parede, Jeca não se move para repô-las. Ficam pelo resto da vida
os buracos abertos, a entremostrarem nesgas de céu. Quanto à palha do teto, apodrecida,
greta em fendas por onde pinga a chuva, Jeca, em vez de remendar a tortura, limita-se,
cada vez que chove, a aparar numa gamelinha a água gotejante... Remendo... Para quê? Se
uma casa dura dez anos e faltam “apenas” nove para que ele abandone aquela? Esta
filosofia economiza reparos. [...] De qualquer jeito se vive.
Literatura infantil – polêmicas – revisionismo
histórico
– Cale a boca! – berrou Emília. – Você só entende de
cebolas e alhos e vinagres e toicinhos. Está claro que não
poderia nunca ter visto fada porque elas não aparecem
para gente preta. Eu, se fosse Peter Pan, enganava Wendy
dizendo que uma fada morre sempre que vê uma negra
beiçuda…
– Mais respeito com os velhos, Emília! – advertiu Dona
Benta. – Não quero que trate Nastácia desse modo. Todos
aqui sabem que ela é preta só por fora.

(LOBATO, 2012, p. 22)


Monteiro Lobato e a publicidade
3- Lima Barreto – “Triste fim de Policarpo
Quaresma”
• RJ – Urbano
• Linguagem: traços de oralidade
• Questão racial
• Abusos por parte dos militares (República da Espada)
• Crítica ao Nacionalismo Ufanista
• Policarpo – três projetos para o Brasil:
-Língua(Tupi)
-Economia (Agricultura)
- Política (Revolta Armada)
“Triste fim de Policarpo Quaresma”
Fragmentos
“Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a
tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes?
Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome
dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz.
Foi? Não. Lembrou-se das coisas do tupi, do folk-lore, das suas tentativas
agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma!
Nenhuma!
O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-
o à loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram
ferazes e ela não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando
o seu patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções. Onde
estava a doçura de nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras?
Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida
era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções.
4- Augusto dos Anjos – “Eu”
• Originalidade
• Poesia
• Forma: tradicional
• Vocabulário científico
• Temática antilírica
• Agressividade
• Pessimismo
• Angústias existenciais
Versos Íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável


Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!


O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!


O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,


Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,


Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —


Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,


E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Ideia

De onde ela vem?! De que matéria bruta


Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!
 
Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!
 
Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,[1]
Tísica, tênue, mínima, raquítica...
 
Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No molambo da língua paralítica!

Você também pode gostar