Os textos discutem a menoridade e a desigualdade humanas. Kant argumenta que a menoridade ocorre quando as pessoas não usam seu próprio entendimento, dependendo de outras pessoas, e defende a liberdade de pensamento. Rousseau critica a desigualdade na sociedade e busca entender como o homem era antes da civilização, vivendo em harmonia na natureza.
Os textos discutem a menoridade e a desigualdade humanas. Kant argumenta que a menoridade ocorre quando as pessoas não usam seu próprio entendimento, dependendo de outras pessoas, e defende a liberdade de pensamento. Rousseau critica a desigualdade na sociedade e busca entender como o homem era antes da civilização, vivendo em harmonia na natureza.
Os textos discutem a menoridade e a desigualdade humanas. Kant argumenta que a menoridade ocorre quando as pessoas não usam seu próprio entendimento, dependendo de outras pessoas, e defende a liberdade de pensamento. Rousseau critica a desigualdade na sociedade e busca entender como o homem era antes da civilização, vivendo em harmonia na natureza.
Os textos discutem a menoridade e a desigualdade humanas. Kant argumenta que a menoridade ocorre quando as pessoas não usam seu próprio entendimento, dependendo de outras pessoas, e defende a liberdade de pensamento. Rousseau critica a desigualdade na sociedade e busca entender como o homem era antes da civilização, vivendo em harmonia na natureza.
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Immanuel Kant: Que é o esclarecimento?
• Esclarecimento [Aufklärung] – saída do homem
de sua menoridade (do qual ele é culpado) rumo à maioridade; • Menoridade: incapacidade de fazer uso de seu próprio entendimento sem a direção de outro indivíduo; • O homem é culpado dessa menoridade na medida em que sua causa não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e de coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. • Lema do esclarecimento: sapere aude! Isto é, tenha a coragem de servir-se e fazer uso do teu próprio entendimento; • Causas da menoridade: preguiça e covardia são as duas causas principais pelas quais grande parte da humanidade permanece menor durante toda a sua vida; • Preguiça e covardia também explicam por que é tão fácil que os outros se constituam em tutores deles: “É tão cômodo ser menor”. • “Se tenho um livro que faz as vezes de meu entendimento, um diretor espiritual que por mim tem consciência, um médico que por mim decide a respeito da minha dieta etc., então não preciso de esforçar-me eu mesmo. Não tenho necessidade de pensar, quando posso eu mesmo pagar; outros se encarregarão em meu lugar sobre os negócios desagradáveis. A imensa maioria da humanidade (inclusive o belo sexo) considera a passagem à maioridade difícil e além do mais perigosa, porque aqueles tutores de bom grado tomaram a seu cargo a supervisão dela”. • [...] Depois de terem primeiramente embrutecido seu gado doméstico e preservado cuidadosamente estas tranquilas criaturas a fim de não ousarem dar um passo fora do carrinho para aprender a andar, no qual as encerraram, mostram-se em seguida o perigo que as ameaça se tentarem andar sozinhas. Ora, este perigo na verdade não é tão grande, pois aprenderiam muito bem a andar finalmente, depois de algumas quedas. Basta um exemplo deste tipo para tornar tímido o indivíduo e atemorizá-lo em geral para não fazer outras tentativas no futuro”. • Liberdade: condição indispensável para o esclarecimento; condição para que o homem possa fazer um uso público de sua razão em todas as questões; o uso público de sua razão deve ser sempre livre e só ele pode realizar o esclarecimento entre os homens; • Uso público da razão: aquele que qualquer homem, enquanto sábio, faz dela [da razão] diante do grande público do mundo letrado. • Uso privado da razão: aquele que o sábio pode fazer da sua razão em um certo cargo público ou função a ele confiado. • Três exemplos: “Assim, seria muito prejudicial se um oficial, a quem seu superior deu uma ordem, quisesse pôr-se a raciocinar em voz alta no serviço a respeito da conveniência ou da utilidade dessa ordem. Deve obedecer. Mas, razoavelmente, não se lhe pode impedir, enquanto homem versado no assunto, fazer observações sobre os erros do serviço militar, e expor essas observações ao público, para que as julgue. O cidadão não pode se recusar a efetuar o pagamento de impostos que sobre ele recaem; até mesmo a desaprovação impertinente dessas obrigações, se devem ser pagas por ele, pode ser castigada como um escândalo (que poderia causar uma desobediência geral). Exatamente, apesar disso, não age contrariamente ao dever de um cidadão se, como homem instruído, expõe publicamente suas ideias contra a inconveniência ou a injustiça dessas imposições”. • Do mesmo modo também o sacerdote está obrigado a fazer seu sermão aos discípulos do catecismo ou à comunidade, de conformidade com o credo da Igreja a que serve, pois foi admitido com essa condição. Mas, enquanto sábio, tem completa liberdade, e até mesmo o dever, de dar conhecimento ao público de todas as suas ideias, cuidadosamente examinadas e bem intencionadas, sobre o que há de errôneo naquele credo, e expor suas propostas no sentido da melhor instituição da essência da religião e da Igreja. Nada existe aqui que possa constituir um peso na consciência”[...]. • O pensamento livre permite ao homem despreender-se progressivamente do estado de selvageria [menoridade], a agir de acordo com a liberdade e a alcançar a sua dignidade. Jean-Jacques Rousseau: Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. • Em 1753, a Academia da Dijon propôs a questão: qual a origem da desigualdade entre os homens e será ela permitida pela lei natural? • No Discurso, Rousseau inicialmente faz uma crítica às noções de natureza e de propriedade para, em seguida, realizar uma crítica forte da organização social e política da sociedade europeia de sua época; • Trata-se de buscar uma explicação da diferenciação econômica, política e social que fosse diferente das oferecidas por seus antecessores (Hobbes e a tese de uma guerra permanente de todos contra todos e Locke com a tese de que a proteção da propriedade privada seria o fundamento do pacto social e da instituição da sociedade política, do Estado). • A noção de desigualdade não possui qualquer fundamento natural; a desigualdade é um problema que tem origem na esfera da vida civil: portanto, a desigualdade não é um dado da natureza das coisas; trata-se de uma consequência dos atos e das escolhas humanas; • Rousseau critica e condena as sociedades europeias de seu tempo; para ele, a boa sociedade não são as repúblicas ou os países europeus; boa sociedade é a que não conheceu a civilização. • Portanto, conhecer a fonte da desigualdade entre os homens exigirá, antes de tudo, conhecer os próprios homens, antes da sua contaminação pelos vícios da sociedade em vias de industrialização. • Como o homem poderá conhecer a si mesmo depois de tantas mudanças produzidas pela “sucessão do tempo e das coisas”? Como é possível “separar o que pertence à sua própria essência daquilo que as circunstâncias e seus progressos acrescentaram ao seu estado primitivo ou nele mudaram?”; • Pois a sociedade, com todas as suas transformações, com todos seus acertos e erros, com todos os seus conhecimentos etc., já imprimiram suas marcas na alma humana, transformando o espírito simples originário dos homens dado por seu criador [seu espírito natural, inocente]; • Assim, quanto mais os homens adquirem e acumulam novos conhecimentos, mais se afastam dos meios capazes de levá-los a conhecerem a si mesmos; • É no conjunto das “mudanças sucessivas da constituição humana” que se deve procurar a origem primeira das diferenças que distinguem os homens, diz Rousseau; • Trata-se de separar o que há de original do que é artificial na natureza atual do homem; identificando o que há de artificial (ou social) na sociedade humana, talvez seja possível chegar próximo de que teria sido o homem natural; • No estado primitivo [estado de natureza], o que cada ser visa é o próprio bem-estar e a própria conservação; além disso, o sofrimento alheio nos causa repugnância e piedade — fazem com que os seres humanos não façam qualquer mal uns aos outros, exceto em caso de legítima defesa; • Em sua condição selvagem, o ser humano seria um animal cujas relações estão em perfeito equilíbrio com o meio que o cerca; • No estágio atual da sociedade, o que se percebe é uma condição extrema de desigualdade: a violência dos poderosos e a opressão dos fracos, afirma Rousseau em referência ao filósofo Maquiavel (O Príncipe); • Dois tipos de desigualdade entre os homens: (i) uma que é física ou natural (idade, saúde, força do corpo e do espírito, etc.); e (ii) outra que é moral ou política – “porque depende de uma espécie de convenção e que é (...) autorizada pelo consentimento dos homens”. • A desigualdade moral ou política diz respeito aos privilégios de que gozam alguns em detrimento de outros (ser mais rico ou poderoso ou fazer-se obedecido); • Trata-se de mostrar com exatidão como, no progresso das coisas, houve um momento em que a força foi sucedida pelo direito e, deste modo, submeteu-se a natureza à lei; • Rousseau faz uma reconstrução imaginária da situação natural do animal selvagem: como o homem era em sua condição originária, natural? • O homem físico: • No estado de natureza, (i) o que se vê é um animal mais fraco que uns e menos ágil que outros, mas que, em conjunto, é organizado de modo mais vantajoso que todos os demais; • (ii) Dispersos no seio da natureza, os homens dela se alimentavam e viviam em absoluta harmonia com o ambiente; • (iii) O único instrumento do qual dispunha o homem selvagem era o seu corpo, que ele empregava de vários modos na satisfação de suas necessidades básicas; • (iv) Doença e velhice são males que afligem apenas ao animal humano; as doenças são mais produto do avanço da civilização do que da natureza; esses males, frutos tanto do excesso de ociosidade de uns como do excesso de trabalho de outros, não atingem o selvagem, que desconhece as doenças e os remédios, além dos próprios médicos; • O homem psicológico: • (v) O homem possui, em comum com os animais, os sentidos de onde provêm as ideias; por meio deles, percebe e sente; • (vi) O que o distingue do animal é, em primeiro lugar, a liberdade; por ela, o homem quer e não quer, deseja e teme; além disso, possui a faculdade de aperfeiçoar-se e retroceder (esta é a causa da infelicidade dos homens, que não souberam permanecer na felicidade do estado de natureza); • (vii) As faculdades intelectuais superiores nascem das faculdades inferiores; • (viii) A razão é posta em ação pelas paixões que, por sua vez, são suscitadas pelas necessidades; As paixões elementares reduzem-se a três desejos e um temor: nutrição, reprodução, repouso; o medo da morte. O homem, ignorante do que seria a morte, não poderia temê-la. • (ix) Esta última poderia ser comprovada, de um lado, pela história do progresso intelectual, que está condicionado pelas paixões e pelas necessidades, incessantemente aumentadas, no homem social; de outro lado, pela observação dos selvagens, que não possuem desejos ou imaginação, e vivem inteiramente no momento presente; • (x) O progresso intelectual supõe trabalho, curiosidade, previdência – coisas próprias não do homem natural, mas do homem social. O progresso intelectual supõe também duas condições que são as convenções sociais: a linguagem e a divisão das terras. • A degeneração de uma espécie humana aparece associada à acomodação e à instrumentalização de certas “ferramentas” (habitação, vestimentas, e, mais tarde, ao desenvolvimento tecnológicos como o fogo, o aço, a enxada, o arado, etc.) pelos homens; • Esses instrumentos, à medida em que foram incorporados à constituição do próprio, acabaram degenerando as características e aptidões primitivas da espécie; o homem selvagem havia sobrevivido sem eles em uma condição de harmonia e completude com o meio ambiente; • O homem moral: • (xi) Amoralismo integral: o homem não é então nem bom nem mau, ignora tanto as virtudes quanto os vícios. O estado de natureza é mais vantajoso para ele e lhe proporciona mais felicidade do que o estado social; • (xii) Primeiro princípio da moral natural: o instinto de conservação de si mesmo. O erro de Hobbes foi o de supor que, para conservar-se a si mesmo, era necessário lutar, matar ou escravizar seus oponentes; a ausência de bondade não implica a maldade; o direito sobre as coisas de que tem necessidade não leva a um domínio universal; é possível zelar pela sua autoconservação sem prejudicar o outro; o homem primitivo não poderia ser mau, uma vez que não sabia o que era ser bom e mau; • O segundo princípio da moral natural: a piedade. • (xiii) O homem é naturalmente indulgente; a piedade é um movimento da natureza, anterior a qualquer reflexão; a prova disso pode ser encontrada no instinto maternal, nos animais; a piedade não é, portanto, uma virtude social; a piedade é mais forte no estado de natureza, onde nos identificamos de maneira espontânea com os infelizes, do que no estado social, no qual nos baseamos na reflexão. • (xiv) As paixões são mais violentas no estado de natureza; a paixão pela alimentação pode ser facilmente satisfeita e, quando isso se dá, ela se extingue; no amor, deve-se distinguir o amor fictício (inventado pela sociedade) e o físico (natural); • Conclusão do primeiro livro: • A) No estado de natureza a igualdade é quase nula; em nenhuma de suas formas possui grande realidade e influência; • B) a maioria das desigualdades resulta, com efeito, do hábito e da educação e, consequentemente, da sociedade que exercita ou não as forças do corpo e as do espírito; • C) as desigualdades naturais, de início fracas e insignificantes, são multiplicadas pela sociedade que, de um lado, aumenta os desejos e, de outro, favorece a cultura. • D) assim, só se notou a beleza depois de inventada pelo amor mental, e também a servidão e a dominação decorrentes da força e da riqueza só vieram a existir quando os homens conviveram entre si quanto à sua dependência mútua;
As OSCIP (Organizações Da Sociedade Civil de Interesse Público) e A Administração Pública: Intermediação Fraudulenta de Mão-de-Obra Sob Uma Nova Roupagem Jurídica