Leptospirose Caso Clinico

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CINCIAS DA SADE DEPARTAMENTO DE ANLISES CLNICAS MICROBIOLOGIA CLNICA ACL 5107 Profa. Dra. Helena Cristina Ferreira Franz

Guilherme Assuno de Albuquerque Gustavo Rodio Bizinella

ASPECTOS HISTRICOS

A leptospirose foi inicialmente descrita em 1880, por Larrey no Cairo, e posteriormente por Landouzy (Paris), em 1883.
Adolf Weil em 1886 foi o primeiro a descrever minuciosamente a enfermidade, aps observar 4 casos clnicos em seres humanos em Heidelberg. A Leptospira foi descoberta em 1914 por um grupo japons (Inada & Ido). O rato s foi descrito como fonte de infeco humana em 1917.

Adolf Weil
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A leptospirose uma zoonose endmica e cosmopolita, com ocorrncia em todos os continentes, com exceo das regies polares, sendo comum em reas tropicais.

Apresenta evoluo benigna em torno de 90% dos casos.


Atualmente considerada uma doena infecciosa emergente.
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Pases desenvolvidos:

Animais domsticos Doena ocupacional

Pases em desenvolvimento:

Condies scio-econmicas

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Nos pases desenvolvidos, hoje a leptospirose cada vez mais associada a atividades recreacionais, eventos esportivos, viagens e turismo de aventura.

Desinfetante contra Leptospira vendido na Inglaterra como produto para pesca esportiva
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A leptospira um microrganismo mvel, que mede cerca de 6 a 20 m de largura e 0,1 a 0,2 m de dimetro. aerbio obrigatrio e se nutre atravs de cadeias de cidos graxos ou lcoois graxos. So Gram no capsuladas e no esporuladas. So catalase e oxidase positivas

Movimento da leptospira
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At 1989, o gnero Leptospira era dividido em duas espcies: Leptospira interrogans patognicas Leptospira biflexa vida livre no patognicas

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A diferenciao das espcies se dava: Por meio do crescimento da L. biflexa, a 13 C na presena de 8-azaguanina. Por sua incapacidade de formar clulas esfricas em NaCl a 1M.

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Mais de 60 sorovares foram registrados em Leptospira biflexa.

Mais de 200 sorovares foram reconhecidos na Leptospira interrogans.

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A classificao fenotpica das leptospiras tem sido substituda pela genotpica, onde espcies incluem todos os sorovares de L. biflexa e L. interrogans. A heterogeneidade gentica entre elas demonstrada algum tempo atrs e estudos hibridizao de DNA conduziram a definio mais de 16 espcies (genomespcies) Leptospira. foi de de de

A hibridizao do DNA veio confirmar o status taxonmico do gnero monoespecfico leptonema.


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O gnero Leptospira pertence a famlia Leptospiraceae da ordem Spirochaetales, distribudas em 8 diferentes gneros:
Leptospira Borrelia Serpulina Treponema Brachyspira Spirochaeta Cristispira Leptonema
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O gnero Leptospira est dividido em grupos de:


5 Espcies saprfitas: Leptospira biflexa Leptospira meyeri Leptospira wolbachii Turneria parva Leptonema illini

8 Espcies patognicas: Leptospira interrogans Leptospira borgpetersenii Leptospira santarosai Leptospira inadai Leptospira noguchii Leptospira weilii Leptospira kirshneri Leptospira faineii

As genomoespecies no correspondem s espcies L. interrogans e L. biflexa.

Sorovares patognicos e no patognicos podem ocorrer dentro de uma mesma espcie.


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As leptospiras so individualizadas em sorovares com base nas suas caractersticas antignicas. Dois ou mais sorovares antigenicamente relacionados formam um sorogrupo. Os sorogrupos patognicos mais comuns para o homem, baseado no Manual de Taxonomia, so: cterohaemorrhagiae Pomona Canicola Hebdomadis Grippotyphosa Autumnalis.
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O homem hospedeiro acidental da leptospira, contraindo a infeco atravs do contato da pele ou mucosa com gua e solo contaminados por urina de animais infectados tais como, roedores, ces e gado. Os roedores desempenham o papel de principais reservatrios da doena, pois albergam a leptospira nos rins, eliminando-as vivas. Sendo encontradas, em cada mico, ao redor de 18.000 Leptospiras.

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Dentre os roedores domsticos pertencentes a famlia Muridae:

Ratazana de esgoto Rattus norvegicus

Rato de telhado Rattus rattus

Camundongo Mus musculus

A ratazana de esgoto (R. norvergicus) se destaca por ser, portador clssico da L. icterohaemorrhagiae, a mais patognica ao homem.
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Ces e gatos, e outros animais de importncia econmica (bois, cavalos, porcos, cabras, ovelhas), tambm podem servir como vetores na transmisso da leptospirose ao homem. Esses animais, mesmo quando vacinados, podem se tornar portadores assintomticos e eliminar a Leptospira pela urina.
Ciclo da leptospirose (from Faine e cols. 1999) UFSC ANLISES CLNICAS - MICROBIOLOGIA CLNICA

Para a sobrevivncia do agente no meio, so necessrias condies adequadas, tais como:


Umidade, Temperatura intermediria (28-30 C), pH neutro ou alcalino, Viscosidade, Concentrao de sal.

A diviso ocorre em torno de 7 a 12 horas.


solo seco: 2 horas; solo mido: 5 dias; solo saturado, neutro levemente alcalino: 180 dias.

Tempo de sobrevivncia:

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A penetrao da leptospira ocorre ativamente atravs de mucosas da pele escarificada e inclusive da pele ntegra. Aps penetrarem, alcanam a corrente sangunea, se multiplicando e se disseminando por diversos rgos e sistemas ( fase de leptospiremia ). Pela sua ativa movimentao helicoidal e pela produo de uma hialuronidase, a Leptospira tem facilidade de se difundir pelo tecido conjuntivo, atingindo diversos compartimentos corporais, como o lquor e o humor aquoso, sem causar reao inflamatria exuberante nesta fase.
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Clinicamente a leptospirose apresenta-se sob duas formas: Forma anictrica Apresenta-se como uma sndrome febril aguda, de incio sbito, tal como uma gripe de grande intensidade. Forma ctero-hemorrgica (Sindrome de Weil) definida pelo aparecimento de ictercia, insuficincia renal aguda e ditese hemorrgica.

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A apresentao da leptospirose anictrica geralmente bifsica.

Fase aguda (leptospiremia)


Fase Imune (leptospiruria)

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Na leptospirose ictrica, o curso bifsico no observado e a febre persiste sem defervescncia entre os dois estgios.

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SINAIS E SINTOMAS

Febre alta com calafrios, cefalia, mialgia, prostrao. Parecido com os sintomas da gripe.

Um sintoma capaz de diferenciar de outras doenas a insuportvel dor na panturrilha.

Dor abdominal, nuseas, vmitos e diarria so freqentes.


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SINAIS E SINTOMAS

Hiperemia conjuntival

Ictercia

Alguns podem apresentar tosse e faringite


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SINAIS E SINTOMAS

Exantemas (rash)

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SINAIS E SINTOMAS

Em casos mais graves, a doena pode resultar em danos hepticos, insuficincia renal, meningite e hemorragia pulmonar.

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ASPECTOS EPIDEMIOLGICOS

Epidemias nos ltimos anos.

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ASPECTOS EPIDEMIOLGICOS

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ASPECTOS EPIDEMIOLGICOS

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ASPECTOS EPIDEMIOLGICOS

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A leptospirose uma doena de notificao compulsria no Brasil. Tanto a ocorrncia de casos suspeitos isolados como de surtos devem ser notificadas.

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O tratamento para pacientes com leptospirose base de Penicilina G cristalina, na dosagem de 6 a 12 milhes de unidades ao dia, em 4 doses, por 10 dias ou tetraciclina 2g ao dia para adultos antes do 5 dia de doena, pois depois desse perodo, no alteram o curso clnico da doena.

Os pacientes alrgicos s penicilinas podem usar ceftriaxona como alternativa.

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Tambm devem ser empregadas medidas de suporte, tais como reposio hidroeletroltica por via endovenosa e oxigenioterapia.

Em pacientes que desenvolvem insuficincia renal, indica-se a instalao de dilise peritoneal precoce (aos primeiros sinais de oligria) o que diminui significativamente as taxas de letalidade da doena.

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A quimioprofilaxia est indicada, em situaes no-endmicas e no-epidmicas, para indivduos que se expuseram a risco conhecido, e para indivduos que iro se expor a risco conhecido, por perodos curtos de tempo. O frmaco de escolha a Doxiciclina 200 mg/dia, por via oral, durante 5 a 7 dias.

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A vacina humana no est disponvel no Brasil, pois no existe uma vacina produzida com as leptospiras dos principais sorotipos isolados aqui no Brasil. Pases como Cuba, Rssia e China j utilizam a vacina.

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O diagnstico pode ser dividido em:

Mtodos Diretos Mtodos Indiretos

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Mtodos Diretos
Os mtodos diretos incluem:

Microscopia de campo escuro, Microscopia de contraste de fase, Colorao por prata, Imunofluorescncia, Imunoperoxidase, Cultura, Inoculao em animais de laboratrio, Hibridizao do DNA, Reao em cadeia da polimerase.
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Mtodos Diretos

Microscopia de campo escuro

Usando um microscpio de campo escuro, a leptospiras so observadas como microorganismos delgados, enroscados e de rpidos movimentos em fluidos como:
Sangue Lquido crebro espinhal Urina Fluido peritoneal Meio de cultura

As leptospiras podem ser concentradas no sangue ou urina por centrifugao diferencial.

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Mtodos Diretos

Microscopia de campo escuro

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Mtodos Diretos

Microscopia de campo escuro

Sangue

Meio semi-slido de Fletcher

Meio lquido EMJH

Meio lquido EMJH

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Mtodos Diretos

Microscopia de campo escuro

Vantagens til para observar as leptospiras no sangue durante o perodo febril ou em culturas, E para observar a microaglutinao.

Desvantagens
Tcnica exigente Reconhecer a leptospira difcil (principalmente quando esto presentes em pouca quantidade) Artefatos, como traos de fibrina no sangue, so confundidos com a leptospira Diagnsticos falsos positivos ocorrem com freqncia Deve sempre ser confirmada por outro mtodo
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Mtodos Diretos Microscopia de contraste de fase

A microscopia de contraste de fase outro mtodo especialmente til no exame da estrutura e de movimento de organelas maiores como o ncleo e mitocndrias de tecidos vivos, transparentes e no-corados. O mtodo se baseia nos princpios fsicos da difrao da luz, gerando imagens com diferentes graus de luminosidade.

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Mtodos Diretos Microscopia de contraste de fase

A microscopia de contraste de fase til para visualizar leptospiras no laboratrio, mas, por suas limitaes tcnicas em suspenses espessas e de suas caractersticas ptica, no tem nenhuma finalidade prtica sempre que a microscopia de campo escuro estiver disponvel.

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Mtodos Diretos

Colorao por prata

A tcnica de colorao por prata se baseia na reduo superficial das propriedades qumicas das leptospiras. Sua preparao mostra as espiroquetas negras em plido amarelo ou marrom.

URINA
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CULTURA

Mtodos Diretos

Colorao por prata

RIM

FGADO

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Mtodos Diretos

Colorao por prata

Este mtodo possui limitaes, assim como o de microscopia de campo escuro, j que difcil detectar um nmero pequeno de microrganismos em fragmentos de tecido. Outra limitao que artefatos da tcnica podem ser confundidos com leptospiras.

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Mtodos Diretos

Imunofluorescncia

A tcnica de imunofluorescncia frequentemente preferida em relao ao mtodo de colorao por prata.

mais fcil observar as leptospiras, especialmente quando esto em pequenos nmeros.

Tcnica de Imunofluorescncia Direta (IFD): mtodo diagnstico para deteco de leptospiras em tecidos utilizando um conjugado polivalente. UFSC ANLISES CLNICAS - MICROBIOLOGIA CLNICA

Mtodos Diretos

Imunofluorescncia
podem ser

Os sorovares ou sorogrupos determinados presumivelmente.

Quando a combinao de anti-soro marcada com um diferente fluorocromo usada, mais de um tipo sorolgico pode ser identificado na mesma preparao. tambm especialmente til para avaliao de produtos de bipsia obtidas ps-morte antes da soroconverso. As desvantagens deste mtodo so a necessidade de um equipamento de microscopia de fluorescncia e a marcao especial do anti-soro.
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Mtodos Diretos

Imunoperoxidase

O princpio da tcnica de imunoperoxidase muito semelhante ao da imunofluorescncia.

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Mtodos Diretos

Imunoperoxidase

A diferena que o anticorpo conjugado com uma enzima (peroxidase ou fosfatase alcalina) ao invs de fluorescena. Embora a enzima esteja conjugada ao anticorpo, ela permanece ativa e, quando entra em contato com um substrato, age sobre este, resultando em mudana de cor.

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Mtodos Diretos

Imunoperoxidase

Essa tcnica possui a vantagem sobre a IF de no necessitar microscpio de fluorescncia. til no diagnstico ps-morte.

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Mtodos Diretos

Cultura

As leptospiras incorporam bases de purina, em seus cidos nuclicos e por isso so resistentes atividade antibacteriana do anlogo da pirimidina, o 5- fluororacil. Este componente usado no meio seletivo para isolamento de leptospiras, pois impede o crescimento de microrganismos contaminantes.

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Mtodos Diretos

Cultura

Os meios usados para isolamento e cultivo de leptospiras so enriquecidos com soro de coelho ou albumina bovina (BSA) e livres de protena. Para o diagnstico sorolgico da infeco e para tipificao microbiolgica deve-se utilizar meios de cultura lquidos.

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Mtodos Diretos

Cultura

Usualmente 1 - 3 gotas de sangue ou de outros lquidos corporais so incorporadas ao meio de cultura Tambm pode ser usado uma pequena poro de tecido modo. O crescimento pode ocasionalmente ser detectado depois uma semana, mas muitas vezes toma mais tempo. O meio de cultura deve ser revisado em intervalos regulares por um perodo de 3 meses e, para este propsito deve se utilizar o microscpio de campo escuro.

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Mtodos Diretos

Cultura

Apesar de apresentar alta especificidade, esse mtodo pouco usado para fins diagnsticos devido baixa sensibilidade e ao longo perodo necessrio para o crescimento bacteriano. Como o tempo necessrio para a liberao de um resultado pode chegar a trs meses, a cultura usada como mtodo confirmatrio, associada ao ELISA e ao MAT. Entretanto, o isolamento das bactrias tem importncia fundamental nas investigaes epidemiolgicas, sendo pr-requisito essencial para a identificao da cepa envolvida em surtos ou epidemias, ou mesmo circulante em determinada rea geogrfica.

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Mtodos Diretos

Cultura

EllinghausenMcCullough modificado por JohnsonHarris

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Mtodos Diretos

Cultura

Em meios semi-slidos, o crescimento alcana uma densidade mxima em uma zona discreta abaixo da superfcie do meio, que se torna cada vez mais turvo enquanto a incubao prossegue. Este crescimento est relacionado tenso ideal de oxignio e conhecido como anel ou disco de Dinger.

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Mtodos Diretos

Inoculao em animais de laboratrio

A tcnica de inoculao em animais de laboratrio til no isolamento de microrganismos de materiais contaminados e tambm na manuteno de isolamentos recentes. Esta tcnica tambm essencial na descontaminao de culturas, e com a ajuda de proteo passiva os animais inoculados podem ser usados para recuperar um sorotipo simples de uma cultura mista.

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Mtodos Diretos

Inoculao em animais de laboratrio

Hamster dourado o mais utilizado. O material clnico deve ser intraperitonialmente e o animal examinado duas vezes ao dia. inoculado deve ser

A partir do terceiro ou stimo dia, o lquido peritoneal examinado no microscpio de campo escuro.

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Mtodos Diretos

Hibridizao do DNA

A hibridizao de DNA, tambm conhecida como DNA restriction enzyme analysis (REA) envolve a extrao do DNA da populao homognea de microrganismos, digesto do DNA com restrio da endonuclease e eletroforese da digesto do DNA em gel de agarose. A impresso do DNA, portanto altamente especfica para cada tipo de leptospira.

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Mtodos Diretos

Hibridizao do DNA

Esta tcnica provou ter sensibilidade suficiente para diferenciar entre sorovares de leptospiras baseado em suas diferenas genticas

Entretanto, a sensibilidade destas reaes muito menor que a da amplificao genmica, (PCR).

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Mtodos Diretos

PCR

O PCR um mtodo de amplificao de segmentos especficos do DNA de Leptospira, em amostras clnicas como sangue, at que alcance nveis detectveis. Desta maneira, a presena de leptospiras confirmada pela deteco e identificao de segmentos especficos do DNA de Leptospira.

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Mtodos Diretos

PCR

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Mtodos Diretos
VANTAGENS: til no diagnstico ps-morte. DESVANTAGENS: Requer equipamentos laboratrio. especiais e um

PCR

O PCR pode confirmar rapidamente o diagnstico na fase aguda.

espao

reservado

do

Profissional altamente qualificado. Pode dar resultados falsos positivos pela presena de quantidades mnimas de DNA estranho que pode contaminar a rea de trabalho. Pode dar resultados falsos negativos pela presena de inibidores nos materiais clnicos que esto sendo examinados. A validez dos testes depende essencialmente da qualidade dos controles includos nas provas.
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Mtodos Indiretos
Os mtodos indiretos incluem: Imunofluorescncia indireta (IFI) Soroaglutinao macroscpica Aglutinao microcapsular (MCAT) ELISA Soroaglutinao microscpica (MAT) Lepto-Dipstick

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Mtodos Indiretos

Imunofluorescncia Indireta

O teste de imunofluorescncia indireta (IFI) no largamente utilizado como teste diagnstico primrio para leptospirose, embora seja um teste confivel e rpido quando h disponibilidade. Possui sensibilidade de 91,4%, tendo sido comparado tcnica de Soroaglutinao Microscpica (MAT), sendo considerada moderadamente sensvel e especfica para o diagnstico inicial de leptospirose.
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Mtodos Indiretos

Soroaglutinao macroscpica

A tcnica de soroaglutinao macroscpica feita partir de um pool de leptospiras formolizadas. Os antgenos so empregados na forma de suspenso concentrada de leptospiras inativadas pelo formol.

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Mtodos Indiretos

Soroaglutinao macroscpica

Vantagens:

um exame prtico, rpido e econmico, detecta melhor a doena na fase aguda,

Desvantagens:

no distingue a sorovariante que est provocando a doena, pois gnero especfico e serve como exame de triagem. Existem algumas divergncias em relao a esta prova, em funo do freqente nmero de resultados falso negativos e com menor freqncia de falso positivos

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Mtodos Indiretos

Aglutinao microcapsular

baseada na aglutinao passiva de polmeros transportadores sintticos, pelo anticorpo leptospiral. O MCAT foi avaliado para uso em humanos por 6 centros colaboradores da Organizao Mundial de Sade (OMS), sendo til como um teste de triagem precoce.

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Mtodos Indiretos

Aglutinao microcapsular

VANTAGENS: Capaz de apresentar o resultado positivo mais cedo que o MAT ou o ELISA. DESVANTAGENS: No capaz de detectar anticorpos de alguns sorovares de leptospiras.

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Mtodos Indiretos

ELISA

O ELISA um teste preciso e prtico, usado para a deteco de anticorpos anti-leptospira. Os anticorpos da classe IgM podem ser detectados aps uma semana da infeco Os anticorpos do tipo IgG partir de 2 semanas Atualmente, este teste tem sido largamente usado para screening gnero especfico da leptospirose no homem.

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Mtodos Indiretos
VANTAGENS:

ELISA

O ELISA mais sensvel que o MAT na primeira semana da doena S utiliza um antgeno, chamado antgeno gnero especfico. Ao contrrio da MAT, pode ser estandarizado. No requer cultura de leptospiras no laboratrio local, para fornecer antgeno desde que um kit comercial esteja disponvel.

DESVANTAGENS:

Algumas provas de ELISA so menos especficas que a MAT Reaes cruzadas, devido presena de outras doenas, podem ser observadas. O MAT mais sensvel que o ELISA na terceira semana da doena. Como se baseia em um antgeno gnero especfico, a prova de ELISA no da indicao do sorovar infectante.

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Mtodos Indiretos

MAT

A tcnica de soroaglutinao microscpica (MAT) a mais recomendada pela Organizao Mundial de Sade (OMS). realizada a partir de antgenos vivos, e considerada como o exame laboratorial padro-ouro para a confirmao do diagnstico.

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Mtodos Indiretos

MAT

um exame caro e trabalhoso, pois h a necessidade de manter culturas de leptospiras viveis, representativas das sorovariantes mais importantes para a regio de estudo.

Alm de detectar anticorpos especficos, usada na identificao e classificao dos sorovares isolados e deve ser realizada em laboratrios especializados ou de referncia.

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Mtodos Indiretos

MAT

No MAT relativamente comum observar fenmenos de co-aglutinao, ou seja, a presena de anticorpos contra mais de um sorovar de leptospira. Neste caso a interpretao dos resultados deve considerar o ttulo mais alto e persistente na evoluo, como provvel responsvel pela doena.

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Mtodos Indiretos

MAT

Se houver um resultado no-reagente na primeira amostra e um resultado reagente com ttulo maior ou igual a 1:200 na segunda amostra, teremos o que se conhece como soroconverso, o que tambm confirma o caso. Excepcionalmente, quando se conta apenas com uma amostra sangnea com teste de microaglutinao reagente, com ttulo igual ou maior que 1:800, confirma-se o caso.

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Mtodos Indiretos

MAT

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Mtodos Indiretos
Vantagens: Alta especificidade

MAT

Desvantagens: Cultura e mantimento de leptospiras vivas. Tcnica exigente e consome muito tempo. Insensibilidade em detectar anticorpos antes da segunda semana de doena.

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Mtodos Indiretos

Lepto-Dipstick

O Lepto-Dipstick um teste simples para a deteco de anticorpos IgM especficos da Leptospira em amostras de soro humano. O teste rpido e no requer nenhum equipamento especial.

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Mtodos Indiretos

Lepto-Dipstick

O teste baseia-se na ligao anticorpo IgM especficos para o antgeno Leptospira. O ensaio realizado atravs de uma diluio 1:50 de soro

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Mtodos Indiretos

Lepto-Dipstick

A vareta contm duas faixas horizontais: um antgeno constitudo de banda larga reativa de antgeno de Leptospira (banda inferior) e um controle interno (banda superior).

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Mtodos Indiretos

Lepto-Dipstick

Vantagens: Fcil e rpido para realizar Bem padronizado Reagentes altamente estveis. No necessitam de refrigerao No requer nenhum equipamento especial

Desvantagens: Falso-positivas podem ocasionalmente ocorrer em soros de pacientes com outras doenas. Falsos-negativos podem ocorrer ocasionalmente quando houver anticorpos IgG, em vez de anticorpos IgM.

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Amostra
O LACEN o laboratrio de referncia para diagnstico no estado e realiza teste de ELISA IgM e Microaglutinao. De acordo com MS: A amostra deve ser coletada a partir do 7 dia do incio dos sintomas;

A amostra deve ser de 3 ml de soro (sem hemlise), em recipiente sem anticoagulante, acondicionada para transporte temperatura de +4C. Em caso de Teste de Elisa Reagente, recomenda-se a coleta de uma segunda amostra a partir do 15 dia dos primeiros sintomas da doena, para realizao da MAT, que tem por objetivo determinar a espcie da Leptospira.
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Segundo MS, confirmao do caso:

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Paciente do sexo masculino, 23 anos, procurou hospital queixando-se de febre e dor no corpo. Relata que h 7 dias apresenta quadro de febre, cefalia e mal estar, evoluindo com melhora dos sintomas. Aps 2 dias da melhora voltou a apresentar febre de 40C, mialgia difusa, principalmente nas panturrilhas e vmitos. H 48 horas apresenta ictercia, colria e hiperemia conjuntival. Na histria epidemiolgica relata acampamento em Ilha Grande, Angra do Reis, Rio de Janeiro, tendo ficado descalo na chuva por vrios dias. Negava contato com animais rurais, mas refere vrias leses de pele causada por escoriaes.
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Exames Inespecficos
Paciente Hematcrito Hemoglobina Plaquetometria 34 % 11,5 g/100mL 48.000/mm Valores de Referncia 40-52 % 11,5-16,4 g/dL 150.000-450.000/mm

Uria
Creatinina Sdio Potssio

192 mg/dL
3,8 mg/dL 140 meq/L 3,9 meq/L

10-50 mg/dL
0,8-1,3 mg/dL 140-148 meq/L 3,6-5,2 meq/L

TGO (AST)
TGP (ALT) Gama GT

187 U/L
146 U/L 197 U/L

11-39 U/L
11-39 U/L 7-45 U/L

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Exames Inespecficos
Bilirrubina (total) 25,1 mg/dL 1 mg/dL

Bilirrubina (direta)
Bilirrubina (indireta) Protena C reativa Amilase Lipase Creatinofosfoquinase (CPK) Atividade de protombina Tempo parcial tromboplastina

24,8 mg/dL
0,3 mg/dL 8,0 mg/dL 132 U/L 239 U/L 1773 U/L 76 % 0,75

0,2 mg/dL
0,1-0,6 mg/dL Inferior a 3 mg/L 30-130 U/L 7 - 59 U/L At 190 U/L 70-100 % <1,3

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A radiografia de trax estava normal e a ultrassonografia abdominal demonstrava apenas hepatoesplenomegalia. Internado na UTI com hiptese diagnstica de Leptospirose e iniciado tratamento com hemodilise e antibioticoterapia com penicilina cristalina 6 milhes U EV por dia.

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Aps 24 horas de internao apresentou Escarros hempticos, evoluindo com torpor, taquicardia e hipoxemia, responsiva ventilao no invasiva.

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A tomografia computadorizada de trax revelou imagens compatveis com hemorragia pulmonar.

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No 6 dia de internao, confirmado diagnstico de Leptospirose atravs de resultado de microaglutinao com Leptospira interrogans, sorovar Copenhagen, com titulao de 1:64.000 Imunofluorescncia indireta para Leptospira com IgM: reagente at 1:100

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Recebeu alta da UTI no 8 dia de internao, com melhora importante do estado geral, relatando fome, sem dor ou dispnia. Evoluiu com poliartralgia, principalmente em mos e joelhos, com picos febris dirios. Apresentou queda progressiva do hematcrito e hipotenso postural leve, sem evidncias de hemlise ou exteriorizao de sangramento.

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Como houve progresso da anemia, no 15 dia de internao realizou-se aspirado de medula ssea que demonstrou hipoplasia eritride. Ento, foi iniciado Eritropoietina Recombinante 40.000 U SC 1 x semana. O paciente teve resposta satisfatria ao tratamento clnico.

A seta mostra o incio da eritropoietina recombinante


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